quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Fim da Sporttv - análise preliminar

É a notícia mais importante da actualidade benfiquista e uma das mais aguardadas.

O tema das transmissões televisivas é importante por três motivos: a valorização da imagem (agora diz-se "marca") do Benfica inclusivamente fora de Portugal, o aumento da receita financeira (fundamental face à austeridade e à diminuição do consumo em Portugal) e finalmente o que eu chamo o combate ao sistema.

Se as duas primeiras razões são autoexplicativas, já sobre a terceira convirá dizer alguma coisa.

Quem acompanha este blog sabe como tenho falado acerca do sistema. Abri inclusivamente um separador que concentra os artigos sobre o tema e permite ao leitor uma fácil consulta dos mesmos.

O sistema tem uma cúpula que é ocupada por Pinto da Costa, que é o líder quase mítico dos adeptos e jogadores e o "papa" do sistema, quer dizer a sua "autoridade" (i)moral. Mas vivemos hoje no tempo do dinheiro. Este é que realmente comanda quem não tem fidelidades a valores ou à sua consciência - condição de grande parte da gente que anda no mundo do futebol. Nessa medida era necessário que a "autoridade" tivesse uma fonte de poder, o que equivale a dizer uma fonte de dinheiro.

Como pode o Porto, com uma base de adeptos relativamente limitada, com assistências médias no seu estádio de 35.000 espectadores (embora mesmo estes números oficiais do Porto me suscitem dúvidas porque poderão estar inflacionados - ver a este propósito o excelente trabalho do site ser benfiquista), ter um orçamento tão elevado e constantemente ter mais capacidade financeira do que o Benfica para contratar jogadores? A resposta passa em parte pelo papel da Olivedesportos.

Joaquim Oliveira é dono de um grupo de comunicação que domina há anos o futebol português, através de vários "esquemas" que envolvem governantes e a RTP. Nele Pinto da Costa muito se apoiou, lícita e ilicitamente.

Convém não esquecer que o escandaloso caso das viagens pagas a árbitros foi agenciado pela "Cosmos", operador turístico que é aliás o agente oficial da UEFA na península ibérica e que evidentemente pertence a Joaquim Oliveira. Como chegou a ser agente UEFA uma organização que participou num esquema criminoso é algo que custa a entender, sobretudo dadas as invectivas de Platini contra a batota. Mas sabe-se que o Porto sempre teve boas relações no organismo que gere o futebol europeu, onde Guilherme Aguiar soube cultivar boas relações.

Oliveira conquistou um império que abrange a TSF, o Jogo, o DN e o JN e que tem na Sporttv a joia da coroa. E o posicionamento desta é bem conhecido, apesar da sua linha editorial e opinativa ter sido algo disfarçada nos últimos anos face à indignação dos benfiquistas que, como maioria dos adeptos de futebol em Portugal, constituem fatia de mercado que não se pode alienar completamente.

Pinto da Costa, o "papa", e Oliveira, o "guru" dos negócios amparam-se assim mutuamente e constituem as duas faces do poder futebolístico em Portugal: um através da sua autoridade "moral", o outro através do poder económico. Todos os agentes do futebol sabem que dependem economicamente e desportivamente destes dois homens. Os árbitros, condicionados pela necessidade de obter boas classificações para conseguir apitar jogos internacionais, que garantem altas remunerações, são os que mais dependentes estão desta estrutura e portanto pautam as suas carreiras pela subserviência a tais poderes. Mas os próprios clubes e a Federação conhecem esta realidade e agem de forma a proteger os seus interesses.

Octávio Machado disse-o mais do que uma vez com todas as letras - a Olivedesportos põe e dispõe, inclusivamente dos nomes para seleccionador nacional. António Oliveira, irmão desavindo de Joaquim, também já o afirmou e usou mesmo a expressão "sistema".

O sistema está aliás montado de tal forma que a própria Sporttv, controlando as transmissões e a colocação de cameras nos estádios sempre saberá que imagens seleccionar para oferecer os ângulos mais "convenientes" dos lances e criar uma narrativa das arbitragens que permita ao sistema ir subsistindo. Só não o vê quem não quer.

Face a esta realidade, a quebra do monopólio da Sporttv é fundamental para começar a desmantelar o sistema e começar a tornar limpo o futebol português. A própria Liga já o compreendeu e está a tentar concentrar em si os direitos televisivos. Veremos como esta intenção, a concretizar-se

Percebo que para os apoiantes do juiz Rui Rangel, que ainda ontem davam conta de que tinham informações de que Vieira estaria secretamente a negociar com a Olivedesportos, a notícia da não renovação de contrato surja na pior altura. Penso porém que, independentemente das eleições, esta é uma notícia muito importante para os benfiquistas que tem reprecussões mais vastas e que pode marcar um momento de viragem no futebol português.

1 comentário:

  1. esta decisão mostra o comprometimento de Vieira em lutar contra o sistema.

    é muito importante votar Vieira para garantir a indepenencia do benfica no futuro

    ResponderEliminar

Os comentários são agora automaticamente publicados. Comentários insultuosos poderão ser removidos.