quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Eleições disputadas - questão dos direitos televisivos.

É muito positivo o facto do juíz Rui Rangel se estar a preparar para apresentar uma lista alternativa à de Luis Filipe Vieira.
Assente a poeira e acalmados os ânimos depois dos excessos, alguns dos quais inadmissíveis, da última Assembleia Geral, a apresentação desta lista permitirá um debate e troca de ideias entre os benfiquistas e servirá para fomentar maior exigência por parte de todos na defesa do Benfica.

Acresce que ambos os candidatos estão a tentar atrair para as respetivas listas figuras conceituadas, tendo sido referido os nomes de José Eduardo Moniz, para número 2 e Presidente da SAD na lista de Vieira, e de Bagão Felix, Manuel Boto e Camilo Lourenço na lista de Rangel. Confesso que tenho algumas dúvidas que pelo menos alguns destes nomes venham realmente a integrar as listas, mas só facto de serem chamados à vida do Benfica neste momento importante da sua existência, é em si mesmo positivo.

Acima de tudo, é importante que ambos os projectos dêm garantias de estabilidade e de um rumo para o Benfica, o que parece acontecer. Por muitas críticas que se façam a Luis Filipe Vieira - e eu fiz bastantes ao longo do tempo - ninguém deixará de reconhecer que o Benfica tem hoje uma estabilidade que não pode ser comparada com os tempos (não tão longínquos e dramáticos) de irresponsabilidade e semi-caos em que a própria existência do clube tal como o conhecemos chegou a estar ameaçada. Que voltou a vencer no futebol (embora ainda aquém do esperado e do necessário) e que nas modalidades começa a ser novamente o Benfica que todos conhecemos. O Benfica tem para além disso hoje uma marca muito valiosa, um estádio de topo e um canal de TV.

Por outro lado, nomes como os de Bagão Felix, Manuel Boto e até Tavares, que conhecem bem o Benfica e já deram múltiplas provas da sua competência e capacidade de gestão, são também garantias de que o que foi construído não seria deitado borda fora.

Estão portanto reunidas as condições para um debate sério, para olhar para os problemas e desafios que se apresentam para o futuro com diferentes caminhos e propostas de solução entre as quais os benfiquistas poderão serenamente escolher as que lhes derem mais garantias.

Entre as várias questões, as mais importantes são a da sustentatibilidade financeira (mantendo a competitividade desportiva) num contexto global de crise e escassez financeira que afecta toda a Europa e a questão dos direitos televisivos.

Em relação a esta questão, é preciso compreender que a Olivedesportos é uma peça muito importante do sistema que o Benfica tem que combater e erradicar para que a competição volte a ser limpa em Portugal.

Ao longo de décadas, a Olivedesportos criou uma teia de interesses e compadrios em Portugal, beneficiando de uma posição de monopólio, que permitiou ao Porto ser o clube dominante em termos de poder nas estruturas dirigentes e manter uma liquidez financeira superior ao Benfica, quando nós somos o clube com maior capacidade geradora de receita.

Ou seja, a Olivedesportos, pelo que faz e pelo que (num país pequeno em que muitos se sentem inclinados a bajular o poder) insinua, desequilibrou artificalmente a competição em Portugal. Porque é dela que tem vindo o dinheiro que permite a muitos clubes manterem-se à tona de água. Porque as próprias estruturas dirigentes do futebol sabem que são dela dependentes. Porque uma parte do próprio poder político tem sido mantido sob a sua dependência. São jogos de favores, são trocas de influências que se reflectem mais que não sejam no subconsciente dos agentes desportivos (para já não falar dos mal formados, que conscientemente alteram e adulteram a verdade das competições).

A Olivedesportos tem dominado as federações e as ligas, sendo um dos principais instrumentos do sistema. Tem, em termos de puro mercado, injectado no Porto mais dinheiro do que deveria e menos no Benfica. E tem igualmente, através da questão das imagens televisivas, condicionado as arbitragens e as classificações dos árbitros. Sendo que estes dependem de boas classificações para terem carreiras bem remuneradas, tudo fica desvirtuado. As arbitragens de Pedro Proença, recompensadas com finais ao mais alto nível e homenagens que chegam ao caricato, ou de Jorge de Sousa são o resultado deste sistema iníquo. Acredito que hoje já não exista "fruta para dormir", "café com leite", "quinhentinhos" ou viagens ao Brasil, mas existem classificações como árbitros internacionais, arbitragens de jogos da Champions League e finais de grandes competições.

Por tudo isto, a questão dos direitos televisivos é, para mim, a par da questão da sustentabilidade financeira do Benfica, a mais importante destas eleições. Esperemos que ela seja discutida convenientemente no pouco tempo disponível de campanha eleitoral. Cabe ao benfiquistas mantê-la na agenda.

1 comentário:

  1. Bom postm, Frank, tal como me parece que tu também, o que espero é que este período eleitoral sirva para discutir Benfica, porque se for para lavar roupa suja, então desligo-me de imediato de qualquer campanha, queremos sim, ideias para o Benfica.

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