terça-feira, 24 de junho de 2014

O melhor do mundo (e arredores...)




Como se não bastasse a lamentável imagem deixada por esta selecção no Brasil, Ronaldo agravou ainda mais o estado de coisas.

Depois do célebre "Perguntem ao seleccionador", aquando da nossa eliminação em 2010, desta vez a culpa foi dos colegas, porque afinal de contas "não temos grandes jogadores" (com excepção dele, claro).

Naquele momento senti vergonha de que aquele jogador fosse português.

Aturei muito a Ronaldo (muitos penteados, muitas calinadas, muita vaidade, muitos momentos ridículos) sem lhe fazer críticas, porque estava convencido de que ele sentia genuinamente o seu País e porque evidentemente o seu valor futebolístico é de facto superior.

No entanto estas declarações, depois de ter deixado alimentar a conversa d' "o melhor do mundo" durante semanas a fio, depois dos seus próprios colegas terem aceitado completamente o seu estatuto quase de única estrela da seleção, depois de jogarem para ele a bola constantemente, são inqualificáveis e não podem ser defendidas. 

Basicamente Ronaldo disse que:

os Portugueses se deviam dar por muito satisfeitos por ele se dignar jogar pela seleção, uma vez que era "muito fácil ficar em casa" com um campeonato "espectacular" e uma Liga dos Campões ganha; 
que os seus colegas não estavam à altura da sua categoria, pois a nossa selecção (apesar dele ser "o melhor do mundo") afinal é apenas média e não tem grandes jogadores (com excepção dele claro);
que ganhar era uma ilusão (apesar do próprio ter dito uma semana antes que este ia ser o ano de Portugal);
que "podia ter dado mais" mas que deu "a cara" (ficando por perceber qual a razão pela qual não deu tudo o que podia).

NÃO SÃO PALAVRAS DIGNAS DE UM CAPITÃO DE PORTUGAL.

Ronaldo deveria ter pensado muito melhor no que ia dizer pois desrespeitou a selecção e defraudou muitos portugueses.

Importa dizer que a selecção tem estado em geral muito mal e que não tem criado condições para praticamente ninguém brilhar. Mas Ronaldo tem estado igual ou pior: uma absoluta desilusão que apenas pede a bola a todo o mundo e  quando a tem a única coisa que faz é correr e fazer remates quase sempre sem nexo.

Ronaldo tem 2 golos em 3 mundiais, o que é um péssimo registo, muito longe de qualquer jogador que se queira intitular "o melhor do Mundo".

Ao ver Messi (sem jogar particularmente bem) resolver, ao ver Neymar jogar como joga e marcar como marca, ao ver Robben, Van Persie, Ruiz, Rafa Marquez, Suárez, penso que "o melhor do mundo" deveria fazer muito, mas mesmo muito mais pelo seu País.

5 comentários:

  1. Interpreto a frase do "ano de Portugal", como uma forma de motivar as tropas. Realisticamente falando, a seleção portuguesa é constituida por jogadores medianos. E infelizmente para os adeptos, o medianismo este Mundial foi gritante.

    Agora pior do que pôr as culpas num elemento que se destaca há anos dos restantes, é fazer comparações com a Holanda ou Argentina, onde a maioria dos elementos tem mais categoria que qualquer jogador português.

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    1. O seu comentário não faz sentido. Se o "ano de Portugal" é para "motivar as tropas" então a "selecção média" é para desmotivar?
      É evidente que a nossa selecção não tem uma qualidade por aí além, agora não cabe ao capitão de equipa, no meio da competição, vir dizer isso desvalorizando completamente os seus companheiros. É algo de impensável e é preciso muita falta ou de capacidade de análise ou de espírito crítico para não o ver.

      "Pior do que por as culpas... é fazer comparações com Holanda ou Argentina".

      Se alguém pôs as culpas em alguém foi o Ronaldo que basicamente disse que os seus colegas não prestavam. Eu limitei-me a dizer que como melhor jogador é dele que mais se espera. Ora até ao momento ele não correspondeu. Antes de criticar os colegas ele devia analisar o que (não) fez até agora.

      Mas vamos à segunda parte: "fazer comparações com a Holanda ou Argentina". Primeiro não há propriamente uma comparação de selecções, há uma comparação entre o que as estrelas dessas equipas fizeram e o que o Ronaldo não fez.

      Mas mesmo que houvesse, estarei eu enganado se disser que ganhámos à Holanda há dois anos? Tal como em 2004 e em 2006? E ainda noutras ocasiões. Agora de repente já nem nos comparamos com eles? São um país mais pequeno que Portugal, não têm o melhor do mundo.

      Terceiro, também será assim tão disparatado compararmo-nos à Costa Rica, ao México, ao Uruguai (outras selecções implicitamente referidas no post a par da Argentina e Holanda)?

      Tudo bem que se defenda o Ronaldo. Também não o quero de modo nenhum crucificar. Agora que teve um momento muito triste em que colocou o seu ego acima de um País, disso não tenho dúvidas e acho que não se pode aceitar.

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  2. Apesar de não apreciar a "pessoa" Ronaldo, acho que o "jogador" Ronaldo é muito bom quando bem enquadrado.
    Acho que o Ronaldo não é mais nem menos egoísta que a maioria daqueles que o acompanham e sim penso que portugal não tem assim tantos jogadores de nível mundial que possa formar uma seleção para disputar e ganhar grandes competições Europeias e/ou mundiais. Espero que seja um fenómeno passageiro.

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    1. Claro que Portugal não tem esses jogadores. Agora as declarações do Ronaldo têm dois problemas: um é que ele é um desses jogadores de nível mundial e até agora não fez nada; o segundo é que ele não é um analista ou comentador, é o capitão dessa equipa e como tal não pode desvalorizar os seus colegas.

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  3. É capaz de ter dito alguma mentira!! Que ele não está no seu melhor, não está, mas, como dizia o outro, adormecer ao lado de Bale e acordar ao lado do Postiga é um bocadito diferente!
    Sim, os outros não passam de vulgares, sim há 2 anos deve ter sido um acaso, sim falta muita muita qualidade e vontade. E sim, só lá estamos porque Ronaldo decidiu quando foi preciso!
    Ainda assim, na pouca bola que teve no último jogo conseguiu rematar com perigo e fazer uma assistência.
    Por se continuar há anos a tratar a maior parte dos jogadores da seleção que são fracos como se fossem bons e não criticáveis é que também não se avança, não se muda.

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