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terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Benfica merece melhor

Acontecimentos como os de domingo em Braga não constituem nada de novo. Nada. São, pelo contrário, a repetição de um filme que já meteu túneis e várias agressões.

Há uma raiva, um ódio visível em todos os jogadores do Braga contra o Benfica que denota algo que não é espontâneo mas que, pelo contrário, tem que ser antecipadamente preparado e "montado". 

Isto aconteceu em 2009 quando ali perdemos também por 2-1 e Cardozo foi agredido por trás por dois bracarenses (alegadamente porque Di Maria cuspiu para o chão...), aconteceu em 2011 quando Alan acusou Javi Garcia de racismo, faltou a eletricidade e não havia água quente... e voltou a acontecer agora. 

Os jogadores do Benfica são constantemente agredidos e muitas vezes ainda acabam expulsos. Não se conhecem razões para este ódio inusitado dos bracarenses contra o Benfica que também já se traduziu em confrontos quando adeptos do Benfica de Braga foram agredidos com violência ao tentarem festejar um título.

O filme repete-se ano após ano e o Benfica perde ali pontos atrás de pontos, ao passo que o Porto passeia naquele campo. Até um adepto do Braga as claques do Porto já mataram - perseguiram-no para o espancar, tendo ele ao fugir acabado por ser atropelado por um carro na via rápida - sem que nada se falasse ou fizesse. O ambiente continua normalíssimo, o Porto continua a ganhar ali com tranquilidade, em jogos com pouca história e menos emoção.

Em todas as situações atrás descritas não vejo nenhuma acção enérgica da direcção do Benfica para pôr cobro a este cenário inaceitável para os seus atletas e adeptos. Pelo contrário, ainda vejo o Presidente do Benfica muito próximo de António Salvador, com quem aparentemente tem vários negócios.

Ora se Domingos era o treinador do Braga em 2009, se Jardim era o treinador em 2011 e se Conceição é o actual treinador - e se praticamente todos os jogadores mudaram desde 2009 -, o problema não está no treinador nem nos jogadores. O problema está evidentemente em António Salvador. Antigamente o Benfica jogava em Braga praticamente em casa ou pelo menos era ali bem recebido. Toda esta hostilidade, este ódio, vem de Salvador.

Há dois anos no Porto os adeptos do Benfica que assistiam à final da Champions League em hóquei em patins foram gravemente agredidos, sem protecção de nenhuma polícia. As agressões chegaram aos jogadores e o clube ameaçou que não jogaria nestas condições.

Em Barcelos apenas há dias o treinador do Benfica foi agredido, enquanto os jogadores do Barcelos apelavam ao público para se manifestar ainda mais, levantando os braços para as bancadas.

Eu pergunto-me, mas este Benfica é o bobo da festa? Será que a segurança do clube está a ser acautelada? Será que não temos gente que imponha respeito? Será possível que a direção do Benfica permita que o nome do clube e os seus atletas sejam constantemente vilipendiados e agredidos?

Isto é completamente inaceitável. O Benfica merece muito melhor. Merece ser defendido com toda a firmeza e não permitir em nenhuma circunstância calúnias, afrontas e agressões. 

Os interesses pessoais de quem está à frente do Benfica vêm depois disso - e não antes. 

Há que se dar ao respeito e há que impôr respeito quando é necessário. 

Não sei até que ponto acções como o apoio a Luis Duque, assumido sportinguista, para a presidência da Liga, numa eleição em que o Porto aparece ao lado do Benfica e em que o Sporting ainda se dá ao luxo de dizer que é contra os seus interesses, dando-se ares de afectado, serão no melhor interesse do Benfica. Temo que, tal como na eleição de Fernando Gomes, tenhamos sido novamente levados. O que se viu no imediato foi muito mau. Mas vamos aguardar para ver mais. 

Uma coisa é certa: este Benfica bombo da festa, que aparece sempre como o coitadinho, o desgraçadinho a quem qualquer rufia pisa e domina a seu bel prazer é uma caricatura de mau gosto daquilo que deve ser uma atitude de fair play sim, mas também de firmeza e força que têm que caracterizar o nosso clube.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Desilusão

Esperava-se mais do Benfica.

Depois de se encontrar em vantagem logo aos 2 minutos, a equipa devia ter tido outro controlo do jogo, outro controlo emocional, outra atitude, mais viril, mais madura, mais confiante.

A verdade porém é que à sexta época de Jorge Jesus no Benfica, apesar de todos os méritos que ninguém lhe pode tirar, o treinador continua a ter um registo muito negativo em jogos decisivos fora do Estádio da Luz. Ou seja, em jogos "de champions" fora da Luz, perdemos quase invariavelmente. 

Os bracarenses são uns energúmenos? Abusaram da virilidade? O árbitro foi complacente? Sim, sim e sim.


Mas o Benfica tem que ser uma equipa de homens preparada para coisas deste tipo. O Benfica não se pode deixar intimidar e ser inferiorizado - nem pelo adversário, nem pelo árbitro. Tem que se impor. A verdade é que não se impõe.



Onde é que Sérgio Conceição se atrevia a fazer o que fez ontem contra o banco do Porto? Se calhar nem mesmo contra o do Sporting.


Acho muito bem que o Benfica tenha uma atitude desportivista, de fair play, de cavalheirismo. Mas quando um bando de jagunços pensa que nos pode pisar e comer as papas na cabeça, há que os pôr no seu lugar. Não podemos tolerar desrespeitos. Infelizmente parece faltar gente no Benfica que o entenda. 

Grande parte da derrota do Benfica ontem explica-se por um défice de afirmação de personalidade, mais do que por questões propriamente futebolísticas. O Benfica deixou-se arrastar no turbilhão de raiva e descontrolo que vinha das bancadas. Não teve - e normalmente não tem tido - a frieza emocional para saber aproveitar aquela histeria dos tolos adeptos bracarenses em seu proveito. Não soube actuar como equipa superior que efetivamente é a este Braga.

Esta derrota é pois uma grande desilusão que se vem somar ao que de mau vimos fazendo na Liga dos Campeões. 

O discurso de que "ainda estamos em primeiro" é completamente errado. Primeiro porque está agora a valorizar algo que há uma semana, com mais razões para o fazer, pois a vantagem era nessa altura de 4 pontos em comparação com 1 que não é nada, achava quase irrelevante. Segundo porque está a usar o "ainda", deixando no ar a ideia de que muito em breve poderemos já não estar nessa posição.

Penso que muito pelo contrário, Jorge Jesus e toda a estrutura precisam de reavaliar muito bem as coisas e perceber que o que aconteceu em Braga não se pode repetir. Já jogamos em casa com o Sporting e já fomos a Braga. Fizemos um ponto nesses dois jogos. Se à 13ª jornada formos novamente perder ao dragão (como tem sido regra nos últimos anos), dificilmente renovaremos o título.

Para terminar, isto é não é catastrofismo nem começar a atacar à primeira coisa que corre mal. É um apelo a que se percebam as causas do que está a correr mal (e que já não é assim tão pouco, considerando que a Liga dos Campeões está praticamente perdida).

Duas notas finais: 1) não percebo como é possível fazer apenas uma substituição num jogo destes; 2) Liga Europa de novo por favor não - se não conseguirmos o apuramento para os oitavos da Champions ao menos que fiquemos eliminados das competições europeias - a Liga Europa já me dá pesadelos. 

domingo, 27 de janeiro de 2013

Sob a batuta de Gaitan

Ontem em Braga aconteceu o que esperávamos: o Benfica ganhou. Treinador e jogadores perceberam a importância crucial deste jogo e jogaram para vencer, com a estratégia e a atitude certa.

Jorge Jesus tem sido "acusado" de não ser capaz de vencer os jogos importantes e nessa medida este jogo - já de si crucial no contexto de um campeonato discutido taco-a-taco - tinha esse factor adicional.

A estratégia pareceu-me desde logo a correcta. De facto um meio campo com apenas Matic e Enzo poderia ser escasso para controlar o jogo contra um adversário que é forte nessa zona do terreno, com Viana, Custódio e outros. Na antevisão, antes de se saber que equipa jogaria, antecipei que Aimar poderia ter um papel importante na partida. Não foi o caso, mas apareceu Gaitan nesse lugar a desempenhar a função que muitas vezes foi de Aimar.

No futebol, ainda mais importante do que as tácticas é a dinâmica e a atitude da equipa e aí estivemos realmente muito bem, sobretudo pela forma como entrámos em campo. O golo logo nos primeiros minutos não me surpreendeu, muito embora seja verdade que o guarda-redes adversário poderia ter feito melhor. Sálvio foi porém veloz como uma flecha e aproveitou excelentemente a óptima jogada contruída pelo nosso ataque. Sálvio foi aliás um dos melhores, juntamente com o maestro Gaitan e o letal Lima. O brasileiro fez (mais) uma grande exibição, desta vez mais como ponta de lança único e móvel no centro do ataque. Muito bem ainda ao não festejar demasiado efusivamente o golo contra uma equipa que representou durante bastante tempo e mesmo ainda no início desta temporada.

Depois do golo inicial do Benfica o Braga conseguiu algumas jogadas de perigo, resultado sobretudo de bolas paradas e passes em profundidade para as costas da defesa do Benfica.

Nesta fase do jogo devo dizer que o árbitro me pareceu ajudar bastante o Braga, marcando tudo contra a nossa equipa e nada a nosso favor, favorecendo o jogo muito duro dos bracarenses, que naturalmente queriam pressionar e manter a bola tanto quanto possível perto da nossa área. Pareceu-me também que duas jogadas de perigo relativo do Braga resultaram de foras de jogo claros. Não posso assegurar porque estranhamente a transmissão televisiva não deu qualquer repetição dos lances. Também houve cantos que me pareceu não existirem e que contribuiram igualmente para a pressão do Braga nesta altura.

Mas o momento decisivo viria precisamente de um lance de bola parada bracarense em que quase todos os seus jogadores estavam no ataque e o Benfica saiu rapidíssimo para o ataque. Com 3 para 3, a bola circulou da direita do nosso ataque para a esquerda onde estava Lima que depois de não conseguir receber o passe e ficar enquadrado com a baliza, controlou a bola e flectiu da esquerda para a direita rematando para mais um golo que poderia talvez ter sido evitado por Beto (a bola passa-lhe por baixo dos braços e apesar de um ligeiro toque na luva entra).

A partir daí percebeu-se que o Benfica muito dificilmente deixaria fugir a vitória. Luisão esteve ao nível do grande líder e capitão que é e Jardel teve apenas uma falha, tendo de resto estado em bom plano. Melgarejo esteve sensacional, sobretudo na 2ª parte, de que falaremos já de seguida, e Maxi fechou sempre muito bem o seu flanco. Pensou-se ainda que o Benfica poderia conseguir um terceiro golo em contra-ataque, mas isso seria também demasiado pesado para o Braga.

Na segunda parte, as ordens de Jesus terão sido sobretudo no sentido de controlar o jogo, dando a iniciativa ao adversário, sem nunca se desposicionar em demasia. Aos 67 minutos, a fim de limitar ainda mais os espaços no nosso meio campo, Jorge Jesus tirou Ola John (que não esteve particularmente exuberante) e fez entrar André Almeida. Entretanto Alan ia-se atirando sucessivamente para o chão, tentando "tirar" faltas a Melgarejo, que esteve simplesmente impecável. Bem o árbitro nesta fase a não ir na cantiga do brasileiro. Do lado do Braga a entrada de um jovem João Pedro mexeu bastante com o jogo, dando mais dinâmica e imprevisibilidade à sua equipa. E o golo bracarense viria mesmo a surgir, curiosamente depois de um longo período em que o Benfica conseguiu ininterruptamente manter a posse de bola, por intermédio do referido jogador.
O Benfica soube manter a cabeça fria, apesar de algumas perdas de bola algo desnecessárias. A expulsão do central do Braga acabou com o jogo.
Em relação a este lance, há uma sucessão de 3 (ou 4) decisões arbitrais que foram favoráveis ao Benfica. Em primeiro lugar, há o desarme de Luisão. Parece-me correcto e sem falta mas já tenho visto muitas decisões em sentido contrário (sobretudo em Portugal). Depois há a questão de Lima estar ou não em jogo. Aparentemente estaria em jogo mas pela minha parte tenho que admitir que não vi nenhuma repetição absolutamente esclarecedora. Finalmente há a questão da falta e, existindo falta, a cor do cartão. Mais uma vez, em sinceridade tenho que dizer que não vi ainda uma imagem que mostre claramente existir falta. Existindo penso que não há dúvida de que o cartão a mostrar é o vermelho. De qualquer modo tivemos aqui (coisa rara) uma série de decisões, numa mesma jogada, que nos foram favoráveis e que espero que tenham sido todas correctas.

Ainda sobre a arbitragem há também um lance mal anulado a João Pedro que as imagens não esclarecem inteiramente. Poderia estar em jogo mas de qualquer modo é um lance relativamente banal, sem especial perigosidade, pelo menos naquele momento, pois Melga estava perto do bracarense.

Até ao fim (e já faltavam poucos minutos quando o central bracarense foi expulso), o Benfica controlou a partida e deixou passar o tempo até poder festejar. Foi a primeira vitória em 4 anos! Desde Quique que não venciamos. Nessa altura Di Maria foi estrela. Desta vez Gaitan foi maestro.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Da atitude do Braga

Disse Artur, no final do jogo de Braga no ano passado, em que faltou a luz por três vezes e Proença viu uma mão de Emerson na área mas não viu um agarrão a Luisão dentro da área do Braga e, numa agressão à cotovelada de Djamal a Gaitan, só viu razão para amarelo, disse Artur no fim desse jogo que "quando o Benfica aqui joga acontecem sempre coisas do outro mundo".

Já quando o Porto joga em Braga, não acontecem nenhumas coisas do outro mundo. Pelo contrário só acontecem coisas bem deste mundo, deste nosso mundo do futebol português: previsíveis e risíveis.

O ano passado deu-se o apagão da equipa do Braga (na altura dizia-se até que Leonardo Jardim estava apalavrado para ser o futuro treinador do Porto). Neste ano deu-se o apagão dos seus dirigentes.

Após um jogo em que nem o árbitro (o tal Xistra que em Coimbra via penalties de cada vez que a Académica se aproximava da área do Benfica - no primeiro, o jogador nem precisou de lá entrar...), nem o fiscal de linha viram um penalty do tamanho da pedreira, em que houve confrontos entre adeptos (e também com a polícia) e lançamento de inúmeros petardos por parte da claque visitantes, Salvador, sempre tão cioso da defesa do seu clube estava desaparecido em parte incerta.

***

É curioso o que vem acontecendo em Braga de há uns anos para cá. Uma cidade hospitaleira e pacífica tornou-se de um momento para o outro de uma hostilidade violenta para com o Benfica e os seus apoiantes. Primeiro foram as agressões cobardes (pelas costas) a Cardozo e até a Raúl José, que ali tinha sido treinador adjunto com Jesus.

Depois foram as agressões, físicas e verbais, de Alan a Javi Garcia que, naturalmente, viria a ser expulso num dos jogos. Pelo meio houve speakers furiosos a berrar durante os jogos, casos de apagões, casos de arbitragens, alegados insultos ao Presidente LFV e ainda casos de agressões, em pleno centro da cidade, a adeptos benfiquistas que pacificamente festejavam a conquista do único título dos últimos anos.

O que fizeram os benfiquistas (tão numerosos em Braga) para merecer este tratamento é algo que permanece por explicar.

Já com o Porto - neste momento bicampeão e até vencedor sobre o Braga de uma final europeia - tudo se parece passar na maior das tranquilidades. E assim foi mais uma vez, pelo menos para os dirigentes do Braga. E os jogadores.

Não consta que Rúben Micael, Hugo Viana (apesar de um bate boca com Vítor Pereira), Mossoró ou Alan tenham agredido ou acusado de racismo ou de qualquer outra falta de carácter nenhum jogador do Porto.

Mais do que isso - e mais surpreendente - é de assinalar que nem de nenhum deles se ouviu qualquer indignação pelo penalty não assinalado. Nem Douglão, que lamentou a falta de sorte, se referiu (que eu tenha ouvido) ao lance.

E do presidente já falei. António Salvador, que na semana anterior se referira ao golo anulado à sua equipa, desta vez ficou mudo e quedo. Eu imagino o que seria se isto se passasse com o Benfica. Mas não passa - não neste mundo. Em três jogos com os grandes, o Braga foi prejudicado em dois e beneficiado num. Advinhem com quem.

Assim se passam as coisas neste mundo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Peseiro na porta de saída?

Diz muita imprensa que depois da derrota em Alvalade e das declarações completamente desajustadas proferidas após esse jogo, da prestação desoladora na Liga dos Campeões que resultou na eliminação das competições europeias, Peseiro tem a sua continuidade no Braga em jogo nos próximos confrontos com o Porto. Não é claro que resultados seriam aceitáveis para António Salvador nessas duas recepções ao Porto, mas é quase seguro que duas derrotas ditariam o afastamento de Peseiro.

Confesso que tenho alguma simpatia por este treinador, apesar dele se afirmar sportinguista. Tenta jogar um futebol pela positiva e para a frente. Mas isso também tentava Luis Campos...

Penso que Peseiro tem dois problemas: o primeiro é não assegurar uma suficiente consistência das suas equipas (quer atacar muito mas desguarnece defensivamente as equipas), o segundo é não conseguir (pelo menos até ao momento) estar à altura dos momentos de decisão. Não é falta de sorte, tem sido falta de capacidade.

Toda a pressão está portanto do seu lado. Desta vez Peseiro não tem crédito a que apelar, como tinha por exemplo no Sporting quando perdeu duas "finais", uma das quais o célebre jogo que praticamente nos garantiu o título em 2005, em duas semanas. Pelo menos aí Peseiro pode refugiar-se num bom trabalho, num bom futebol e numa campanha europeia ainda assim positiva (como terá que ser sempre considerada uma ida a uma final). Mas ficou um amargo demasiadamente grande para os sportinguistas, que ali viram perder-se uma oportunidade única de fazer história.

Peseiro deslumbrou-se no Braga, depois de algumas boas exibições (em mesmo aqui elogiei a prestação que qualificou a equipa para a Champions) e alguns jogos com muito futebol atacante e muitos golos. Pensou que estava a treinar o Benfica ou o Porto - e não está.

A grande força do Braga nos últimos anos foi a sua solidez como equipa, construída a partir de trás, com muita segurança defensiva e muita eficácia ofensiva. Foi isso que Jesualdo mas sobretudo Jesus e Domingos conseguiram dar à equipa. Jesus era mais ofensivo (embora no Belenenses fosse exactamente o contrário), ao passo que Domingos soube aproveitar essas dinâmicas ofensivas mas trabalhou sobretudo o aspecto defensivo. Leonardo Jardim deu continuidade a esse equilíbrio, ficando ainda assim aquém dos resultados de Domingos, precisamente por ter balanceado a equipa mais para o ataque do que ela estava habituada.

Com Peseiro, o equilíbrio, que apesar de tudo restava, foi rompido depois de algumas vitórias na Champions (na fase de qualificação e sobre o Galatasaray) que levaram o treinador a acreditar que tinha uma super-equipa. A partir daí sucederam-se maus resultados.

Depois de uma peregrinação no deserto, pela Arábia Saudita, Peseiro teve no Braga uma segunda oportunidade de treinar ao mais alto nível no futebol português. A sua carreira depende agora de dois jogos com o Porto.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Outros destaques da noite europeia

O maior destaque pela negativa vai para o inacreditável golo do Shaktar: uma autêntica vergonha. É lamentável que se possa assistir a algo deste género no futebol europeu de topo. Sobretudo o jogador mas o próprio treinador (Lucescu, com longa história e prestígio no futebol) e o clube ficam marcados por este lance. Seguidamente podiam ter deixado o adversário marcar sem oposição e repor a verdade do jogo mas não o fizeram.

O Braga, que tanto elogiei pela qualificação para a fase de grupos, foi uma completa desilusão, sobretudo ontem. Se as derrotas com o Manchester já tinham deixado um travo amargo entre os bracarenses, sobretudo por a equipa ter estado em ambos em vantagem, a derrota de ontem deve levar Peseiro a repensar o seu modelo, que parece altamente desequilibrado - muita vontade de atacar mas pouco critério e nenhuma segurança defensiva. Assim não vão longe.

O petardo. Apesar dos apelos do speaker, apesar de pairar sobre o Benfica ameaças de interdição do Estádio, apesar do repúdio da sociedade portuguesa pelo que aconteceu há uma semana e em que os petardos voltaram a estar associados à violência, apesar do que se passou na Assembleia Geral do Benfica e na própria noite das eleições, apesar de tudo isto houve um energúmeno que voltou a rebentar um petardo. O Estádio assobiou e vi por ali alguns seguranças a tentar identificar o marginal. Espero que a própria claque se dissocie completamente deste comportamento e que seja a primeira a facilitar a identificação do dito e a vigiar os seus elementos no sentido desta ter sido mesmo a última vez que ouvimos petardos.

A demissão de di Matteo. Pelos vistos Abramovich não aprende. Pelos vistos ganhar uma Champions não dá crédito suficiente para atravessar uma fase menos positiva. O Presidente do Chelsea deve pensar que tem Messi, Ronaldo e Ibrahimovic no seu plantel.

Quanto a destaques pela positiva, para além da vitória do Benfica, que tinha impreterivelmente de fazer 6 pontos nos dois últimos jogos e não acusou a pressão, assinalando exibições de classe, registe-se a presença ordeira dos adeptos escoceses em Lisboa, o acerto de Rui Pedro (hat trick) e de Paulo Sérgio (treinador) na vitória do Cluj sobre o Braga e o "extra-terrestre" Messi que continua a marcar golos atrás de golos.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Parabéns Braga

Que grande exibição esta noite do Sp. de Braga!
Personalizada, autoritária, cheia de classe.
Face ao que vi esta noite, vejo-me obrigado a reavaliar o que disse após o jogo da primeira jornada: o Benfica não empatou com uma equipa banal, empatou isso sim com uma equipa madura, com muita qualidade e que joga futebol (o que não quer dizer que não devessemos ter ganho).
No jogo desta noite, houve períodos em que o Braga massacrou a Udinese, "oferecendo" um verdadeiro banho de futebol. Sem medo de enfrentar o adversário, ter a bola e trocá-la, sem medo de ocupar o meio campo adversário, o Braga mereceu inteiramente a "sorte" que teve. Aliás, merecia ter vencido no tempo regulamentar.
Parabéns também a Peseiro, um treinador que gosta de correr riscos, abordagem que Jesus leva ao extremo, o que nem sempre valorizamos. O treinador do Braga montou um esquema ousado que fez com que a sua equipa fosse quase sempre superior. Não fôra o guarda-redes italiano e a eliminatória ter-se-ia decidido mais cedo.
Uma última palavra para a arbitragem: excepcional. Espero que os árbitros portugueses tenham visto, porque só podem ter aprendido. Indiferente a pressões, decidindo sempre em consciência e nunca "compensando", o árbitro foi exactamente aquilo que deve ser no terreno de jogo - um juiz imparcial.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O apagão

Este post estava escrito há muito, mas não o publiquei antes por falta de oportunidade. Aproveito agora o balanço do "Tempo Extra" de ontem (Rui Santos tem ultimamente dito muita coisa) para o fazer.

"Quando o Benfica aqui joga passam-se coisas do outro mundo" - Artur Moraes, após o jogo Braga-Benfica.

Há pouco menos de um ano, o Benfica assistiu ao consagrar do Porto como campeão na Luz. Foi um momento difícil para todos os benfiquistas. O que então alguém fez só serviu porém para nos diminuir. Foi um acto ridículo, que nos rebaixou ao nível de determinados adversários, incompatível com a história do Benfica e dos seus valores. Falo do apagão.

Alguns meses depois, na primeira volta do presente campeonato, passou-se em Braga algo de grave, que permanece por explicar e de que muitos benfiquistas já se esqueceram.

O Benfica vinha de uma grande série (apenas dois empates, em Barcelos e Antas) e estava a entrar muito bem nos jogos, marcando cedo. A vencer em Braga ficaria a faltar apenas a deslocação a Alvalade, das três mais difíceis do campeonato, com toda a segunda volta à frente.
O Benfica entrou muito bem no jogo, pressionando e ameaçando o golo. Veio então o primeiro apagão. Seguiu-se o segundo e o terceiro, para desespero dos nossos atletas. O Benfica viria a empatar o jogo, num remate fraco de Rodrigo que Douglão desviou do alcance de Quim, depois do Braga se ter adiantado, no fim da primeira parte, num penalty muito discutível (daquele tipo de que o Benfica nunca beneficiou este ano) assinalado por...Pedro Proença.

Muitos benfiquistas se indignaram (e bem) com este triste episódio de apagão, assim como com os constantes incentivos gritados pelo speaker através do sistema de som do Estádio, em pleno decurso do jogo. No que os benfiquistas se enganam é quando dizem que nenhum episódio do género aconteceu em Braga, aliás um dos mais modernos estádios portugueses, construído para o Euro 2004.

Ora isso não é verdade, porque um novo episódio deste género  aconteceu, precisamente na jornada passada. Falo do Braga-Porto.

Nesse jogo, que poderia marcar a subida do Braga de novo ao primeiro lugar do campeonato, ainda que à condição e à espera do que faria o Benfica em Alvalade, assistiu-se a um estranho apagão de alguns jogadores do Braga. Falo sobretudo de Hugo Viana.

Contra o Benfica Hugo Viana costuma fazer exibições impressionantes tendo já marcado golos das distâncias e os ângulos mais improváveis. Na anterior jornada, na Luz, não marcara mas colocara a bola de tal forma perigosa que Elderson só teve que encostar. No entanto, contra o Porto Viana a poucos metros da baliza não conseguiu nela acertar. Além do remate, Viana destaca-se pelo passe. Mas curiosamente neste jogo com o Porto o grande passe de ruptura que fez foi o que deu o golo do Porto. São situações que se enquadram num padrão de coincidências que teima em se verificar.

Alan e Mossoró, contra o Benfica também sempre tão perigosos e aguerridos (Mossoró chegou a socar Cardozo por trás, há dois anos, ao passo que Alan acusou Javi Garcia de racismo), também se apagaram contra o Porto. De Alan até se disse que se teria ressentido da lesão e da paragem, tão fraca foi a sua prestação. Leonardo Jardim aliás substituiu-o aos 68m. O que é curioso é que Alan já jogara (e que bem) na Luz, na semana anterior.

Houve um jogador que não se resignou. Tratou-se de Lima. É curioso observar quão diferente foi a sua linguagem corporal de outros jogadores do Braga. Tentou, correu, foi perigoso, exactamente como fez na Luz, onde criou várias ocasiões, uma das quais até talvez parada ilegalmente por Javi Garcia no limite da linha de grande área. E nas antas fez o mesmo, tendo marcado dois golos.

Nas bancadas do Axa o ambiente também foi desde o início sorumbático e resignado, muitíssimo diferente de quando ali joga o Benfica. O próprio speaker esteve estranhamente silencioso durante quase todo o jogo.

No futebol português há muitas coisas estranhas.


Adenda: Temos que dar os parabéns a Pedro Proença pela nomeação para a final da Champions League e desculpá-lo pelo mal que nos fez esta época. Afinal de contas, ele sabia muito bem o que estava a fazer, porquê e para quê... Parabéns também a Platini... Num ano em que fez arbitragens como fez (Braga-Benfica, Benfica-Porto, Nacional-Sporting, Porto-Sporting), Proença está a ser premiado por o quê, exactamente? Platini saberá.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Jogos que decidem uma época

O Benfica entra hoje na fase crucial da época, praticamente sem qualquer margem de erro.
A táctica para sábado será hoje ensaiada a partir das 5 da tarde no Seixal.
Ao jogo com o Braga seguir-se-ão a viagem para Londres na terça-feira e jogo com o Chelsea na quarta.
Depois virão alguns dias de descanso e segunda-feira, dia 9 de Abril, o jogo com o Sporting.

O resultado destes 3 jogos grandes determinará se a Final da Taça da Liga, que se disputa dia 14 de Abril no Algarve, é ou não importante. Se o campeonato estiver encaminhado (e uma improvável qualificação para as meias-finais da Champions se alcançar) a conquista da Taça da Liga será vista como um acrescento de brilho, um factor extra de motivação para as jornadas finais. Se aqueles jogos tiverem corrido mal, a Taça da Liga será uma fraca consolação e os benfiquistas sentir-se-ão demasiado fragilizados para contrariar a desvalorização que os nossos adversários constantemente fazem desta competição.

Tudo se joga portanto em aproximadamente duas semanas.

Sem prejuízo de uma análise mais detalhada do jogo de sábado, que ainda farei até lá, apontarei por agora o seguinte.
O Braga atravessa neste momento a fase que o Benfica viveu até ao factídico jogo com o Zénite. Está forte e motivado, tem jogadores em excelente forma. É consistente e seguro.
Também o Benfica, até São Petersburgo e Guimarães, parecia uma equipa muito sólida, que dificilmente perderia um jogo. Na verdade esteve imbatível até àqueles jogos.
Por outro lado, o Benfica tem vindo a fazer jogos que, sem serem brilhantes, em circunstâncias normais teriam tido outros desfechos.
A sorte desempenha no futebol, como na vida, um papel importante. Na minha análise, que muitos partilham, o Benfica não tem sido feliz em momentos decisivos do jogo, quer na concretização de oportunidades, quer nas decisões dos árbitros.
A qualidade porém não desapareceu. Cardozo continua a ser dos melhores a finalizar, Gaitan, Bruno César e até Nolito não deixaram de um dia para o outro de ser jogadores criativos, imprevisíveis, Javi Garcia e Luisão não desaprenderam de jogar futebol, ao passo que Maxi está (continua) num grande momento de forma.
Serve tudo isto para dizer que sábado as coisas podem mudar e a sorte que nos tem faltado pode-nos voltar a sorrir.
Para além dos treinos e das tácticas, há porém algo que será decisivo - a motivação e a confiança dos jogadores em si próprios. Neste capítulo o treinador tem um papel fundamental.
Ao invés de medo de perder tudo em duas semanas, os profissionais do Benfica têm que sentir que os grandes objectivos da época estão ao seu alcance e que ganhando os jogos que se seguem quase os garantirão. A sorte vem por marés e gosta de se dar aos que confiam em si mesmos. Saiba o Benfica meditar nisto. Apesar dos maus momentos que vivemos esta época, nada está perdido, havendo muito (tudo) para ganhar.