Acontecimentos como os de domingo em Braga não constituem nada de novo. Nada. São, pelo contrário, a repetição de um filme que já meteu túneis e várias agressões.
Há uma raiva, um ódio visível em todos os jogadores do Braga contra o Benfica que denota algo que não é espontâneo mas que, pelo contrário, tem que ser antecipadamente preparado e "montado".
Isto aconteceu em 2009 quando ali perdemos também por 2-1 e Cardozo foi agredido por trás por dois bracarenses (alegadamente porque Di Maria cuspiu para o chão...), aconteceu em 2011 quando Alan acusou Javi Garcia de racismo, faltou a eletricidade e não havia água quente... e voltou a acontecer agora.
Os jogadores do Benfica são constantemente agredidos e muitas vezes ainda acabam expulsos. Não se conhecem razões para este ódio inusitado dos bracarenses contra o Benfica que também já se traduziu em confrontos quando adeptos do Benfica de Braga foram agredidos com violência ao tentarem festejar um título.
O filme repete-se ano após ano e o Benfica perde ali pontos atrás de pontos, ao passo que o Porto passeia naquele campo. Até um adepto do Braga as claques do Porto já mataram - perseguiram-no para o espancar, tendo ele ao fugir acabado por ser atropelado por um carro na via rápida - sem que nada se falasse ou fizesse. O ambiente continua normalíssimo, o Porto continua a ganhar ali com tranquilidade, em jogos com pouca história e menos emoção.
Em todas as situações atrás descritas não vejo nenhuma acção enérgica da direcção do Benfica para pôr cobro a este cenário inaceitável para os seus atletas e adeptos. Pelo contrário, ainda vejo o Presidente do Benfica muito próximo de António Salvador, com quem aparentemente tem vários negócios.
Ora se Domingos era o treinador do Braga em 2009, se Jardim era o treinador em 2011 e se Conceição é o actual treinador - e se praticamente todos os jogadores mudaram desde 2009 -, o problema não está no treinador nem nos jogadores. O problema está evidentemente em António Salvador. Antigamente o Benfica jogava em Braga praticamente em casa ou pelo menos era ali bem recebido. Toda esta hostilidade, este ódio, vem de Salvador.
Há dois anos no Porto os adeptos do Benfica que assistiam à final da Champions League em hóquei em patins foram gravemente agredidos, sem protecção de nenhuma polícia. As agressões chegaram aos jogadores e o clube ameaçou que não jogaria nestas condições.
Em Barcelos apenas há dias o treinador do Benfica foi agredido, enquanto os jogadores do Barcelos apelavam ao público para se manifestar ainda mais, levantando os braços para as bancadas.
Eu pergunto-me, mas este Benfica é o bobo da festa? Será que a segurança do clube está a ser acautelada? Será que não temos gente que imponha respeito? Será possível que a direção do Benfica permita que o nome do clube e os seus atletas sejam constantemente vilipendiados e agredidos?
Isto é completamente inaceitável. O Benfica merece muito melhor. Merece ser defendido com toda a firmeza e não permitir em nenhuma circunstância calúnias, afrontas e agressões.
Os interesses pessoais de quem está à frente do Benfica vêm depois disso - e não antes.
Há que se dar ao respeito e há que impôr respeito quando é necessário.
Não sei até que ponto acções como o apoio a Luis Duque, assumido sportinguista, para a presidência da Liga, numa eleição em que o Porto aparece ao lado do Benfica e em que o Sporting ainda se dá ao luxo de dizer que é contra os seus interesses, dando-se ares de afectado, serão no melhor interesse do Benfica. Temo que, tal como na eleição de Fernando Gomes, tenhamos sido novamente levados. O que se viu no imediato foi muito mau. Mas vamos aguardar para ver mais.
Uma coisa é certa: este Benfica bombo da festa, que aparece sempre como o coitadinho, o desgraçadinho a quem qualquer rufia pisa e domina a seu bel prazer é uma caricatura de mau gosto daquilo que deve ser uma atitude de fair play sim, mas também de firmeza e força que têm que caracterizar o nosso clube.