segunda-feira, 14 de maio de 2012

O apagão

Este post estava escrito há muito, mas não o publiquei antes por falta de oportunidade. Aproveito agora o balanço do "Tempo Extra" de ontem (Rui Santos tem ultimamente dito muita coisa) para o fazer.

"Quando o Benfica aqui joga passam-se coisas do outro mundo" - Artur Moraes, após o jogo Braga-Benfica.

Há pouco menos de um ano, o Benfica assistiu ao consagrar do Porto como campeão na Luz. Foi um momento difícil para todos os benfiquistas. O que então alguém fez só serviu porém para nos diminuir. Foi um acto ridículo, que nos rebaixou ao nível de determinados adversários, incompatível com a história do Benfica e dos seus valores. Falo do apagão.

Alguns meses depois, na primeira volta do presente campeonato, passou-se em Braga algo de grave, que permanece por explicar e de que muitos benfiquistas já se esqueceram.

O Benfica vinha de uma grande série (apenas dois empates, em Barcelos e Antas) e estava a entrar muito bem nos jogos, marcando cedo. A vencer em Braga ficaria a faltar apenas a deslocação a Alvalade, das três mais difíceis do campeonato, com toda a segunda volta à frente.
O Benfica entrou muito bem no jogo, pressionando e ameaçando o golo. Veio então o primeiro apagão. Seguiu-se o segundo e o terceiro, para desespero dos nossos atletas. O Benfica viria a empatar o jogo, num remate fraco de Rodrigo que Douglão desviou do alcance de Quim, depois do Braga se ter adiantado, no fim da primeira parte, num penalty muito discutível (daquele tipo de que o Benfica nunca beneficiou este ano) assinalado por...Pedro Proença.

Muitos benfiquistas se indignaram (e bem) com este triste episódio de apagão, assim como com os constantes incentivos gritados pelo speaker através do sistema de som do Estádio, em pleno decurso do jogo. No que os benfiquistas se enganam é quando dizem que nenhum episódio do género aconteceu em Braga, aliás um dos mais modernos estádios portugueses, construído para o Euro 2004.

Ora isso não é verdade, porque um novo episódio deste género  aconteceu, precisamente na jornada passada. Falo do Braga-Porto.

Nesse jogo, que poderia marcar a subida do Braga de novo ao primeiro lugar do campeonato, ainda que à condição e à espera do que faria o Benfica em Alvalade, assistiu-se a um estranho apagão de alguns jogadores do Braga. Falo sobretudo de Hugo Viana.

Contra o Benfica Hugo Viana costuma fazer exibições impressionantes tendo já marcado golos das distâncias e os ângulos mais improváveis. Na anterior jornada, na Luz, não marcara mas colocara a bola de tal forma perigosa que Elderson só teve que encostar. No entanto, contra o Porto Viana a poucos metros da baliza não conseguiu nela acertar. Além do remate, Viana destaca-se pelo passe. Mas curiosamente neste jogo com o Porto o grande passe de ruptura que fez foi o que deu o golo do Porto. São situações que se enquadram num padrão de coincidências que teima em se verificar.

Alan e Mossoró, contra o Benfica também sempre tão perigosos e aguerridos (Mossoró chegou a socar Cardozo por trás, há dois anos, ao passo que Alan acusou Javi Garcia de racismo), também se apagaram contra o Porto. De Alan até se disse que se teria ressentido da lesão e da paragem, tão fraca foi a sua prestação. Leonardo Jardim aliás substituiu-o aos 68m. O que é curioso é que Alan já jogara (e que bem) na Luz, na semana anterior.

Houve um jogador que não se resignou. Tratou-se de Lima. É curioso observar quão diferente foi a sua linguagem corporal de outros jogadores do Braga. Tentou, correu, foi perigoso, exactamente como fez na Luz, onde criou várias ocasiões, uma das quais até talvez parada ilegalmente por Javi Garcia no limite da linha de grande área. E nas antas fez o mesmo, tendo marcado dois golos.

Nas bancadas do Axa o ambiente também foi desde o início sorumbático e resignado, muitíssimo diferente de quando ali joga o Benfica. O próprio speaker esteve estranhamente silencioso durante quase todo o jogo.

No futebol português há muitas coisas estranhas.


Adenda: Temos que dar os parabéns a Pedro Proença pela nomeação para a final da Champions League e desculpá-lo pelo mal que nos fez esta época. Afinal de contas, ele sabia muito bem o que estava a fazer, porquê e para quê... Parabéns também a Platini... Num ano em que fez arbitragens como fez (Braga-Benfica, Benfica-Porto, Nacional-Sporting, Porto-Sporting), Proença está a ser premiado por o quê, exactamente? Platini saberá.

2 comentários:

  1. esse verme só merecia parabéns se passasse definitivamente a andar de cadeira de rodas...

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  2. Em relação ao comentário acima, eu diria apenas o seguinte: para além de não poder corroborar essa afirmação (que aliás tenho a certeza que não é para ser interpretada literalmente), julgo que temos que perceber que o Proença é apenas uma peça de uma engrenagem. Não digo que seja vítima, porque é um peão mas ainda assim activo do sistema. No entanto, quer ele quer os outros iguais a ele (que são quase todos os árbitros)sabem que para terem estas "recompensas" têm que agradar aos poderes do futebol - e aos observadores estrategicamente designados. Enquanto este sistema iníquo não for destruído, do topo aos alicerces - e esse é o desafio que eu lanço à direcção do Benfica e no qual a força dos adeptos em muito pode contribuir - os árbitros sérios, com coluna vertebral e com coragem nunca chegarão ao topo. Só os serviçais, aqueles que se amoldam à vontade de quem manda, que percebem o que é o sistema e agem sem criar ondas. Proença é, como se calhar seria a maioria das pessoas na sua posição, pois hoje só se pensa em dinheiro, um destes tipos humanos. E vai porfiando e há de continuar a porfiar. Até ao momento em que o Benfica der um murro na mesa que a parta. Há que assumir que com este sistema viciado nos recusamos a competir. Há que parar de alimentar a farsa.

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