Numa entrevista hoje dada a "A Bola", Jorge Jesus diz querer continuar no Benfica, onde está de alma e coração. Admite erros, nomeadamente o de ter colocado demasiados "ovos" na Champions quando a prioridade deveria ter sido o campeonato. Refuta porém qualquer falta de motivação ou de dedicação e descarta em absoluto uma ida para o Porto.
São considerações interessantes e que confirmam muito do que temos vindo a dizer neste blog (Jesus tem muitas vezes "mais olhos do que barriga" e faz opções demasiado arriscadas, quase suicidas).
Porém talvez ainda mais importante é que JJ coloca o dedo na ferida, como também aqui temos insistentemente feito, no que respeita à arbitragem. Diz ele: "Mas por que razão os critérios para a marcação de penalties são uns para o Benfica e outros para outro clube? Há alguma razão? Porque é que uma mão na nossa área é sempre motivo para a marcação de um penalty e na área adversária nunca é?" E continua, assinalando outro aspecto que também já tinha apontado, que é o do desgaste que os contantes roubos (não se trata de outra coisa) provocam nos jogadores: "os erros de arbitragem afetam desde logo a motivação dos jogadores nos jogos seguintes e, em consequência, o rendimento daqueles. A revolta e indignação na maioria dos casos retira tranquilidade e provoca um desgaste anímico muito grande"; e, adiante: "a dado passo há um desgaste e cansaço psicológico que é difícil contrariar. Quando os jogadores interiorizam que estão a ser prejudicados e que não conseguem sair daquela situação, como é que isso se resolve?". Jesus diz ainda sobre o castigo de Aimar: "como é que se explica a um jogador que vai ficar de fora dois jogos por uma entrada dura mas leal, enquanto todos os restantes jogadores que foram expulsos durante a época apanharam apenas um jogo, que um jogador que agrediu outro a soco levou apenas um jogo. Tudo isto pesa, não tenha dúvidas".
Jesus disse quase tudo e se não disse mais foi para evitar, como inclusivamente admitiu, ser castigado pelos poderes iníquos do futebol português que, em vez de combaterem situações de grosseiras adulterações da verdade desportiva, ainda castigam que as denuncia.
Penso que os benfiquistas devem entender que enquanto o sistema vigorar no futebol português, o Benfica só será campeão quando for esmagadoramente superior aos seus adversários. Isso só acontece uma vez em cada quatro ou cinco anos, ou mesmo mais. E mesmo assim, sendo muitíssimo superior em campo, ganhará, como aconteceu há 2 anos, apenas tangencialmente, na penúltima ou última jornada. Por outro lado, quando os nossos adversários nos forem superiores, como foi o caso do ano passado, vencerão com 15 ou 20 pontos de avanço sobre nós, como sucedeu no ano passado.
As coisas têm que mudar no futebol português, mas não com estes árbitros, não com estes dirigentes. A sua credibilidade, se alguma vez existiu, está totalmente esgotada. Quer o treinador, quer os jogadores do Benfica sabem que entram em campo já em desvantagem. Olegários, Jorges Sousas, Capelas, Proenças, Miguéis e tantos outros não têm honorabilidade para arbitrar jogos. Só quando forem erradicados do futebol, juntamente com as estruturas que os condicionam e comandam, poderá haver justiça e o melhor vencerá. Esta verdade tem que ser assumida sem rodeios pelo Benfica - ontem já era tarde - e daí serem retiradas consequências. É preciso uma limpeza completa no futebol português, a começar com o Presidente da Federação, Fernando Gomes, cuja saída é uma condição sine qua non para a recredibilização do campeonato nacional. Caso contrário, volto a insistir, não vale a pena sequer competir.
Em rigor, esta é uma batalha em que não cabe ao treinador do Benfica estar na linha da frente. Aguardam-se notícias sobre o que estão o presidente e a estrutura dirigente do Benfica a fazer neste domínio.
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