Aconselho a respetiva leitura, sobretudo àqueles que têm cargos de responsabilidade no Benfica.
Deixando de lado aquilo que para mim é uma certa desresponsabilização dos árbitros e do seu próprio papel, nos erros a que todas as semanas se assitiu este ano, refugiando-se no "treino" que é ministrado e nos "testes" a que estes se submetem, destacaria o seguinte: Vítor Pereira assume que os árbitros foram sujeitos a uma enorme pressão e que se deixaram condicionar. Isto é de uma enorme gravidade, especialmente vindo do responsável pela Arbitragem.
Cito as palavras de Vítor Pereira, para que vejam que não estou a adulterar ou a subverter o que ele disse:
(a propósito da divulgação de dados pessoais dos árbitros)
"Foi uma coisa muito grave (...) logo que saíam as nomeações, os árbitros começavam a receber ameaças (...) que iam ao ponto de pôr em risco a integridade e a segurança física das famílias. (...) Isto criou uma grande instabilidade e levou os árbitros a (...) dizerem muito claramente, que se a situação continuasse assim, eles deixavam de apitar, porque a situação estava a tornar-se insustentável".
Ora noutra parte da entrevista, Vítor Pereira admite que as decisões são condicionadas por estas e outras formas de pressão:
"(Questão d'"A Bola") - Muitos dos árbitros que estão a caminhar para o final da carreira parecem carregados de vícios e manhas, estão muito mais perto da geração anterior do que estavam quando começaram...
(resposta) - Não posso fazer nada. Os árbitros são seres humanos. E não digo isto para desculpabilizar os erros. Os árbitros ajustam-se ao meio ambiente e este é muito adverso. Têm de encontrar defesas. Hoje em dia, os árbitros não podem sair à rua (...) são agredidos (...) Há factores psicológicos de defesa, que levam os árbitros a atuar de acordo com as situações que lhes criam."
Penso que esta citação dispensa comentários e só confirma, através do testemunho do próprio Presidente do CA, o que há muito sabemos: os árbitros estão condicionados nas suas actuações. Daí o Benfica ter errado redundantemente quando anunciou aos 4 ventos que não falaria de arbitragem.
Quanto às questões dos observadores, Vitor Pereira, apesar de tentar iludir habilmente a questão, acaba por admitir a existência de um vasto problema ("procuraremos que os relatórios transmitam a verdade do jogo" - algo que, pelos vistos admite, agora não acontece), anunciando que "esse vai ser um dos grandes eixos de intervenção para o futuro". Neste momento, diz-nos, "a maioria dos observadores vêm o jogo ao vivo... Veem-no de longe sem pormenor (...) Há claras possibilidades de começar a ser implementado um sistema de observação mista, em que para além do observador ao vivo haja uma observação por via da televisão". Se por um lado isto parece um desenvolvimento positivo, por outro ... cuidado.
Aliás, logo no início da entrevista ficamos a saber quão credível é o sistema: "Tivemos 5,72 % de jogos com desempenho abaixo da expectativa, com eventual prejuízo dos resultados finais, mais 3 % dos jogos onde houve eventuais erros disciplinares". E isto no total das duas divisões profissionais.
O que realmente seria uma boa notícia, caso se confirmasse, era a nomeação de árbitros estrangeiros de topo para apitar em Portugal: "estamos abertos a isso, desde que haja reciprocidade".
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