domingo, 27 de janeiro de 2013

Sob a batuta de Gaitan

Ontem em Braga aconteceu o que esperávamos: o Benfica ganhou. Treinador e jogadores perceberam a importância crucial deste jogo e jogaram para vencer, com a estratégia e a atitude certa.

Jorge Jesus tem sido "acusado" de não ser capaz de vencer os jogos importantes e nessa medida este jogo - já de si crucial no contexto de um campeonato discutido taco-a-taco - tinha esse factor adicional.

A estratégia pareceu-me desde logo a correcta. De facto um meio campo com apenas Matic e Enzo poderia ser escasso para controlar o jogo contra um adversário que é forte nessa zona do terreno, com Viana, Custódio e outros. Na antevisão, antes de se saber que equipa jogaria, antecipei que Aimar poderia ter um papel importante na partida. Não foi o caso, mas apareceu Gaitan nesse lugar a desempenhar a função que muitas vezes foi de Aimar.

No futebol, ainda mais importante do que as tácticas é a dinâmica e a atitude da equipa e aí estivemos realmente muito bem, sobretudo pela forma como entrámos em campo. O golo logo nos primeiros minutos não me surpreendeu, muito embora seja verdade que o guarda-redes adversário poderia ter feito melhor. Sálvio foi porém veloz como uma flecha e aproveitou excelentemente a óptima jogada contruída pelo nosso ataque. Sálvio foi aliás um dos melhores, juntamente com o maestro Gaitan e o letal Lima. O brasileiro fez (mais) uma grande exibição, desta vez mais como ponta de lança único e móvel no centro do ataque. Muito bem ainda ao não festejar demasiado efusivamente o golo contra uma equipa que representou durante bastante tempo e mesmo ainda no início desta temporada.

Depois do golo inicial do Benfica o Braga conseguiu algumas jogadas de perigo, resultado sobretudo de bolas paradas e passes em profundidade para as costas da defesa do Benfica.

Nesta fase do jogo devo dizer que o árbitro me pareceu ajudar bastante o Braga, marcando tudo contra a nossa equipa e nada a nosso favor, favorecendo o jogo muito duro dos bracarenses, que naturalmente queriam pressionar e manter a bola tanto quanto possível perto da nossa área. Pareceu-me também que duas jogadas de perigo relativo do Braga resultaram de foras de jogo claros. Não posso assegurar porque estranhamente a transmissão televisiva não deu qualquer repetição dos lances. Também houve cantos que me pareceu não existirem e que contribuiram igualmente para a pressão do Braga nesta altura.

Mas o momento decisivo viria precisamente de um lance de bola parada bracarense em que quase todos os seus jogadores estavam no ataque e o Benfica saiu rapidíssimo para o ataque. Com 3 para 3, a bola circulou da direita do nosso ataque para a esquerda onde estava Lima que depois de não conseguir receber o passe e ficar enquadrado com a baliza, controlou a bola e flectiu da esquerda para a direita rematando para mais um golo que poderia talvez ter sido evitado por Beto (a bola passa-lhe por baixo dos braços e apesar de um ligeiro toque na luva entra).

A partir daí percebeu-se que o Benfica muito dificilmente deixaria fugir a vitória. Luisão esteve ao nível do grande líder e capitão que é e Jardel teve apenas uma falha, tendo de resto estado em bom plano. Melgarejo esteve sensacional, sobretudo na 2ª parte, de que falaremos já de seguida, e Maxi fechou sempre muito bem o seu flanco. Pensou-se ainda que o Benfica poderia conseguir um terceiro golo em contra-ataque, mas isso seria também demasiado pesado para o Braga.

Na segunda parte, as ordens de Jesus terão sido sobretudo no sentido de controlar o jogo, dando a iniciativa ao adversário, sem nunca se desposicionar em demasia. Aos 67 minutos, a fim de limitar ainda mais os espaços no nosso meio campo, Jorge Jesus tirou Ola John (que não esteve particularmente exuberante) e fez entrar André Almeida. Entretanto Alan ia-se atirando sucessivamente para o chão, tentando "tirar" faltas a Melgarejo, que esteve simplesmente impecável. Bem o árbitro nesta fase a não ir na cantiga do brasileiro. Do lado do Braga a entrada de um jovem João Pedro mexeu bastante com o jogo, dando mais dinâmica e imprevisibilidade à sua equipa. E o golo bracarense viria mesmo a surgir, curiosamente depois de um longo período em que o Benfica conseguiu ininterruptamente manter a posse de bola, por intermédio do referido jogador.
O Benfica soube manter a cabeça fria, apesar de algumas perdas de bola algo desnecessárias. A expulsão do central do Braga acabou com o jogo.
Em relação a este lance, há uma sucessão de 3 (ou 4) decisões arbitrais que foram favoráveis ao Benfica. Em primeiro lugar, há o desarme de Luisão. Parece-me correcto e sem falta mas já tenho visto muitas decisões em sentido contrário (sobretudo em Portugal). Depois há a questão de Lima estar ou não em jogo. Aparentemente estaria em jogo mas pela minha parte tenho que admitir que não vi nenhuma repetição absolutamente esclarecedora. Finalmente há a questão da falta e, existindo falta, a cor do cartão. Mais uma vez, em sinceridade tenho que dizer que não vi ainda uma imagem que mostre claramente existir falta. Existindo penso que não há dúvida de que o cartão a mostrar é o vermelho. De qualquer modo tivemos aqui (coisa rara) uma série de decisões, numa mesma jogada, que nos foram favoráveis e que espero que tenham sido todas correctas.

Ainda sobre a arbitragem há também um lance mal anulado a João Pedro que as imagens não esclarecem inteiramente. Poderia estar em jogo mas de qualquer modo é um lance relativamente banal, sem especial perigosidade, pelo menos naquele momento, pois Melga estava perto do bracarense.

Até ao fim (e já faltavam poucos minutos quando o central bracarense foi expulso), o Benfica controlou a partida e deixou passar o tempo até poder festejar. Foi a primeira vitória em 4 anos! Desde Quique que não venciamos. Nessa altura Di Maria foi estrela. Desta vez Gaitan foi maestro.

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