quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Derrota devastadora

 Após uma exibição e resultado de sonho frente ao Atlético de Madrid, o Benfica fez um jogo terrível e foi derrotado em casa de forma clara por uma equipa mediana no panorama europeu.

A habitual palhaçada na Choupana e a paragem estúpida para jogos inúteis da seleção nacional ajudaram o Benfica? Voltar à competição com um jogo com o Pevidem ajuda? Naturalmente que não. Mas Lage também não se ajudou a si próprio nem à equipa. Claro que a derrota, tal como a morte, traz sempre desculpas. Mas se há jogadores que eu teria poupado, especialmente a 90 minutos, são Florentino e Aurnes. Isto era um jogo para Leandro Barreiro ter assumido a titularidade. Florentino e Aurnes não sabem jogar com pouca intensidade e chegaram à partida com o Feyenord em condições abaixo do ideal. O seu rendimento abaixo do habitual foi uma das causas por que perdemos o jogo.

Mas a partida com o Pevidem foi má a vários níveis e não augurou boas coisas para a jornada europeia. O Benfica voltou a não criar praticamente oportunidades de golo e venceu por uma margem embaraçosa uma equipa de amadores. Bruno Lage no final pareceu muito satisfeito, o que para mim é inexplicável.

O laxismo prolongou-se para a Liga dos Campeões. Os jogadores (e se calhar o treinador) acharam que ia ser fácil. Depois de vencer categoricamente o Atlético, que hipóteses teria o Feyenord? E isso é meio caminho para se perder. 

Tacticamente o Benfica foi surpreendido e superado. Logo no início começámos a pressionar a defesa adversária para tentar ganhar a bola, mas não o fizemos suficientemente bem e o adversário mostrou argumentos suficientes para se libertar da nossa pressão e depois sair em ataques rapidíssimo, com uma grande parte dos nossos jogadores já batidos. Isto foi óbvio ao cabo de 5 minutos mas continuámos a fazê-lo durante toda a primeira parte. Resultado: a equipa desgastou-se física e mentalmente, perdemos confiança e abrimos avenidas em direção à nossa baliza. Inversamente o adversário ganhou confiança. Sofremos 3 golos (um deles anulado, numa falta "suave" sobre Otamendi, que pouca influência teve no desfecho da jogada) e praticamente não fizemos um ataque de qualidade. Tivemos uma grande oportunidade num canto, com Bah a cabecear ao poste e um golo "anulado" (na verdade Akturkoglu estava tão claramente fora de jogo que o lance poderia ter sido imediatamente parado).

Na segunda parte o Benfica melhorou como não poderia deixar de ser, mas demorou demasiado a marcar. Aliás o vencedor do jogo só não ficou definido mais cedo por alguns centímetros, num livre lateral em que os holandeses fazem o que seria o 0-3, com a nossa defesa mais uma vez completamente batida. Foi por muito pouco. O Benfica faz então o 1-2 numa boa jogada, com alguma velocidade e objetividade e depois disso teve um bom período em que conseguiu encostar o adversário atrás. Nesse período há um excelente cabeceamento de Amdouni que se fosse mais desviado em relação ao guarda-redes seria golo. Mas foi Sol de pouca dura. Os holandeses voltaram a pegar no jogo e foi com total passividade da nossa defesa e de Trubin que, com alguma naturalidade, marcaram e fecharam o jogo.

Uma exibição desastrosa e com consequências devastadoras para as aspirações do Benfica. É que se instalou novamente a dúvida ao mesmo tempo que se perderam 3 pontos absolutamente cruciais. Agora vêm aí jogos muito mais difíceis. A jogar assim, com esta falta de intensidade e de rigor táctico seremos trucidados pelo Bayern. O Mónaco também está a jogar muito e a marcar muitos golos tendo derrotado o Barcelona.

Há coisas que não podem acontecer, há derrotas inadmissíveis e esta foi uma delas. O Sporting empatou em Eindhoven com o líder do campeonato holandês (9j - 9 v). O Benfica perdeu em casa com o 4° classificado (8j - 4v 4e) e poderia ter sido goleado. Também me preocupa o discurso de Lage que foi errático e confuso. Disse que havia que compreender por que perdemos (com o que eu concordo em absoluto) mas depois parece colocar tudo em supostos erros defensivos que deram os golos. Claro que houve erros e bem graves. Mas, para já não vai contar com os dois golos anulados, que poderiam perfeitamente ter dado em golos válidos e nos quais os erros são ainda mais caricatos. E depois vai branquear o facto de que fomos dominados e ultrapassados em todos os sectores (a começar pelo meio campo), durante grande parte do jogo. O nosso ataque voltou a ser inoperante. Tal como previ, Pavlidis não é o goleador de que necessitávamos e a saída de Marcos Leonardo foi um disparate. Ou seja, a análise, ao focar-se nos erros, especialmente o que deu o primeiro golo, vai perder de vista as verdadeiras causas pelas quais perdemos.

Tudo estava a correr bem. É preciso agora descer à terra e concentrarmo-nos nas competições internas. Aí não há desculpas para não ganhar pelo menos aos Estrelas da Amadora e afins, semana após semana. 

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