domingo, 29 de setembro de 2024

Galo bateu o pé mas Águia deu-lhe a mão

Foi um jogo bem disputado e com emoção qb, aquele a que cerca de 60.000 espectadores assistiram na Luz esta noite de sábado. 

O Benfica confirmou os sinais positivos dos últimos jogos, mas voltou a sofrer um golo logo no início da partida, na primeira jogada de perigo do adversário, neste caso o Gil Vicente. E perigo relativo, diga-se, pelo menos na aparência. É que o lance parecia relativamente controlado, com a defesa posicionada e poucos adversários na zona de finalização. No entanto um passe magistral de Fujimoto (um jogador para voos mais altos do que um Galo) e uma desmarcação igualmente inteligente do avançado gilista inventaram uma jogada que surpreendeu por completo o Benfica. Na cara de Trubin, Félix Correia atirou de primeira e fez o golo.

Mais um jogo na Luz em que o Benfica entrou praticamente a perder e necessitava a partir desse momento de marcar pelo menos dois golos. 

A equipa não acusou o golpe e continuou a executar o plano delineado. Cerca de 9 minutos mais tarde, num canto de Di Maria, surgiu o empate através de um excelente cabeceamento de Otamendi. O capitão elevou-se até ao terceiro anel e no segundo poste cabeceou para o outro lado da baliza, sem hipóteses para o guarda-redes do Gil. E 8 minutos depois, desta vez de bola corrida, mas novamente de cabeça, o Benfica fez a reviravolta. Desta vez foi Aurnes a cruzar, mais uma vez da direita, e Akturkoglu cabeceou como mandam as regras, de cima para baixo, com força (beneficiando do facto de ter os dois pés no chão) para a direita e fora do alcance do guarda-redes. Mais um óptimo golo - e bem importante - do extremo turco.

O mais difícil estava feito, ainda na primeira parte. O Benfica continuou num bom ritmo, mas o Gil Vicente não desarmou nem se desorganizou, mantendo a incerteza sobre o desfecho da partida. 

Na segunda parte o Benfica entrou bem, mas o golo da tranquilidade não aparecia e sentia-se que faltava alguma coisa. Com o jogo a chegar à fase decisiva e com o resultado na vantagem mínima, Lage mexeu na equipa - e muito bem.

Elogiei aqui Amdouni e Cabral pelas recentes exibições defendendo que mereciam mais minutos e Lage colocou os dois em campo assim como Rollheiser aos 68 minutos. O treinador do Benfica foi proactivo e não ficou à espera do que poderia acontecer. E 10 minutos mais tarde, as substituições deram frutos. Rollheiser jogou para Amdouni, este deu duas passadas largas e em corrida e sem pedir licença disparou forte e colocado para a esquerda do guarda-redes. Mais um excelente golo, do tipo que eu gosto: futebol corrido, remate fácil e espontâneo. Um prémio justo para um jogador que já tinha atirado duas vezes aos ferros nos últimos jogos mas ainda estava à procura do primeiro golo pelo Benfica.

O jogo ficou resolvido (apesar do Gil ainda ter tido uma grande oportunidade para reduzir, com Trubin a fazer bem a mancha e evitar o golo). Nos últimos minutos vieram ainda mais dois golos: o terceiro do jogo de cabeça e segundo de canto (bem batido por Best) através de Florentino e um de Rollheiser, aí sim, com muitas culpas do guarda-redes - uma verdadeira oferta.

Tudo somado, foi um bom jogo do Benfica, no qual o Gil Vicente vendeu cara a derrota e não mereceria sofrer uma goleada. Mas o futebol é assim e desta vez o Benfica foi bastante eficaz. 

Nota para a titularidade de Tomás Araújo, algo que me surpreendeu um pouco, embora admita que, tendo Bah sofrido um golpe fundo na perna, Lage tenha preferido não arriscar. Araújo não comprometeu, até é um jogador tecnicamente evoluído e teve um par de chegadas à linha, mas a dinâmica que Bah dá é incomparável, pelo que é o titular em circunstâncias normais.

Em termos de exibições, toda a equipa esteve em bom plano (Pavlidis terá sido dos menos felizes, não porque tenha jogado mal mas porque não marcou nem teve quase finalizações - situação a rever), mas destaco Florentino, Aurnes, Akturkoglu e Amdouni (apesar do pouco tempo em jogo, teve um impacto decisivo). Gostei muito da dinâmica pelo corredor direito com Di Maria e Aurnes que carrilou muito jogo ofensivo na primeira parte. Di Maria também esteve bem - está mais disciplinado e fresco e o seu talento está a sobressair mais. Mas Florentino com imensas recuperações de bola e um golo seria talvez a minha escolha para homem do jogo (ainda que o prémio oficial tenha ido para Aurnes). Otamendi e Silva também estiveram bem. O capitão assinalou os 200 jogos pelo Benfica com um grande golo e António Silva também fez uma centena de jogos ontem. Absolutamente notável - é importante não esquecer que ainda não completou 21 anos.

Embandeirar em arco? Certamente que não. O Benfica tem obrigação de vencer os jogos para o campeonato, sobretudo em casa e não há qualquer razão para euforias, sobretudo quando estamos a 5 pontos do 1° lugar e, caso o Porto vença, ainda em 3°. No entanto o momento é positivo e devemos desfrutar dele. O Benfica jogou bem, ganhou e goleou. Há que continuar neste caminho. 

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