terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

As causas da crise do Benfica

A situação presente

 O Benfica encontra-se a meu ver numa situação gravíssima que coloca em causa o futuro próximo do clube. Não que o Benfica vá acabar ou falir, obviamente. No entanto existe um risco real de não sermos competitivos nos próximos anos / década.

Isto porque foi feito um investimento de alto risco, que não deu os resultados esperados, foi aumentada a despesa a níveis perigosos e as receitas desceram a pique devido ao Covid (e assim se manterão no futuro próximo). O Benfica não irá com toda a probabilidade à Liga dos Campeões no próximo ano (como não foi este) e o seu plantel, pago a peso de ouro, terá uma desvalorização brutal. Portanto as receitas extraordinárias também não salvarão a situação. Mas os salários estarão lá na mesma... Como resolver? Vendendo, desinvestindo. Mas essas vendas serão sempre por baixos valores, porque os jogadores não rendem e não estão na principal montra internacional. 


As causas

A principal causa é a total falta de liderança, a completa incapacidade de Vieira para tomar decisões estratégicas acertadas. Tudo começa aí e tudo deriva daí. 

Vieira foi durante alguns anos (poucos) um bom gestor de expectativas e de um modelo empresarial de valorização de jogadores e maximização das receitas que a marca Benfica facilita. Com bons "olheiros" ou scouts, o Benfica comprava relativamente barato e vendia caro. Isto não começou com Vieira (ao longo das décadas o Benfica teve, por exemplo, defesas centrais titulares da selecção do Brasil, jogadores de classe mundial) mas com ele adquiriu uma componente empresarial. Também se soube usar o benfiquismo dos adeptos para aumentar as vendas de merchandising.

No entanto essa política de comprar barato e vender caro (David Luiz, Di Maria, Rodrigo, Gaitan) e de formar jogadores - que tem que ser a política dos clubes portugueses pois não podem competir com os colosssos financeiros europeus - foi completamente invertida nos últimos anos.

Essa é outra dimensão da (não) liderança errática de Vieira. Quando o sucesso desportivo chegou, com a primeira passagem de JJ pelo clube, a porta de entrada para os jovens da formação estava praticamente fechada. São famosas as frases de JJ sobre o assunto, como por exemplo a de que os jogadores da formação teriam que "nascer várias vezes" para poderem estar ao nível de Matic (efectivamente um grande jogador). E são conhecidos os casos de Cancelo ou Bernardo Silva, apenas para citar os mais famosos. JJ queria jogadores "feitos".

Depois JJ saiu supostamente porque o Benfica ia passar a apostar no Seixal. E vários jogadores de qualidade ascenderam, como por exemplo Lindelof e Gonçalo Guedes. Com Bruno Lage (que ficaria no Benfica por "muitos e bons anos"), essa aposta ainda se acentuou mais com a dupla de centrais Rúben/Ferro, entre muitos outros.

Regressado JJ, a "aposta" na formação acabou  - mas o "modelo de negócio" (porque é disso que se trata realmente para os actuais dirigentes do SLB) já tinha mudado antes. As contratações de Raúl de Tomás, Weigl e Pedrinho, todas por 20 milhões de euros e anteriores a Jesus, marcaram uma mudança de paradigma que neste ano atingiu o seu expoente máximo. O Benfica passou a contratar caro.

Estas contratações foram apresentadas como o "dar o salto", especialmente no caso de Weigl, para passar a ser um clube comprador no mercado europeu e adquirir uma dimensão também europeia no seu futebol. Ou seja, o Benfica já tinha (supostamente) o domínio do futebol nacional e iria agora com estas contratações subir a um novo patamar de competitividade, batendo-se com os grandes europeus.

Com isto tocamos numa outra causa da crise do Benfica, intimamente ligada à falta de liderança, que é a da política de contratações errada, tema que fica para o próximo post. 

O problema da liderança, para além dos factores da personalidade de Luís Filipe Vieira, tem também a ver a segunda causa da crise: os múltiplos casos judiciais. 


Graças a Luís Filipe Vieira, o Benfica viu o seu nome envolvido em múltiplos casos judiciais. Houve buscas, denúncias anónimas, há processos, e várias suspeitas. Isto enfraquece a imagem e a influência do Benfica nos órgãos decisórios.

Não gostei de saber que o Benfica oferecia vouchers aos árbitros. Não me parece uma prática salutar. Gosto de pensar no Benfica como um clube impoluto que não recorre a esquemas e expedientes pouco claros. Desde que o caso veio a público, veio-se a saber que vários outros clubes têm práticas semelhantes (alguns tiveram outras bem piores, como sabemos), o que atenua o caso mas mesmo assim deixa sempre um gosto desagradável.

O problema é que as coisas não ficaram por aqui. Houve depois o caso dos emails, o e-toupeira, o caso lex e alegadamente outros relativos a denúncias de subornos (jogos viciados e mala ciao).

Quero deixar claro que na análise que faço dos diferentes casos, com base no que tem vindo a público, não me parece existir matéria de facto para tanto ruído. Uns bilhetes dados a uns funcionários para quebrar o segredo de justiça (que toda a gente faz e nunca se provou que fosse para obter qualquer benefício), um caso em que Vieira queria receber das Finanças dinheiro que aparentemente lhe era devido e conversas truncadas obtidas através da violação de correspondência privada que também nunca provaram coisa nenhuma, a não ser que existiam "cartilheiros". Quanto aos processos por subornos não quero sequer admitir que existam ou pelo menos que tenham a mais pequena credibilidade. Isso seria o fim.

Dito isto, sobram dois problemas: 1) será que há uma conspiração da justiça e das polícias contra LFV, ou pelo contrário haverá um conjunto muito alargado de suspeitas sobre as actividades do mesmo e estes são os casos em que se conseguiram obter indícios para acusações?; 2) não será evidente que estes casos enfraquecem LFV e por arrastamento o Benfica? É que à mulher de César não basta ser séria, tem que o parecer também. Aqui há a suspeita de que nem uma coisa nem outra.

Sem ter respostas definitivas para as perguntas, porque para além de observar que o Benfica é um grande negócio para muitos e que este é o seu principal interesse para estarem no clube, não tenho provas concretas de que Vieira ou qualquer outro elemento da direcção (em que não se incluem obviamente motoristas traficantes de droga) estejam envolvidos em actividades criminosas. Não deixa no entanto de ser estranho que existam tantos casos, tantos rumores e tantas suspeitas.

Do que não tenho dúvidas no entanto é que estes casos prejudicam e enfraquecem o Benfica, retiram-lhe força moral e são grande parte da razão pela qual a nossa equipa de futebol é claramente prejudicada pelas arbitragens e pelas instâncias decisórias do futebol em Portugal. 

Será que nada disto ocorre a LFV? Será que nunca pensou que as sombras que o envolvem se projectam sobre o clube? Uma pessoa inocente e que amasse o Benfica preocupar-se-ia com isso e tentaria proteger o clube. Pelo contrário uma pessoa que estivesse comprometida poderia ter a tentação de usar o clube como escudo protector. Uma tal pessoa tenderia a manter-se em silêncio e a não agitar as águas.

Assim, é legítimo perguntarmo-nos se estes casos (e eventualmente outros que desconhecemos) estão também na origem do silêncio do Benfica perante os roubos arbitrais que se vão acentuando jornada a jornada, ao passo que os rivais se manifestam com grande vigor ao mínimo prejuízo das suas equipas (que nalguns casos inclusivé existem apenas nas suas cabeças).


(CONTINUA)




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O futebol português é uma farsa

 Quem aqui costuma vir, sabe que eu sou extremamente crítico do actual momento do Benfica e das opções erráticas - e erradas - desta direcção, assim como do futebol nulo da nossa equipa, que é evidentemente responsabilidade do treinador. 

Dito isto, não é possível observar as decisões arbitrais semana após semana e fingir que não se passa nada. É que começa a ser demais.

Mas antes de lá ir, um parêntesis: como eu previ, o VAR não resolveu nenhum problema da arbitragem em Portugal. Deixou de se festejar os golos com a mesma emoção (há sempre o receio de que venha a ser descoberta alguma irregularidade, real ou fabricada) e criou-se mais uma camada de influência arbitral no jogo. 

Quanto ao que se está a passar este ano, os adjectivos são redundantes para descrever o que está à vista de todos. 

Os nossos adversários já se dão ao luxo de gozar com o Benfica, dizendo que não temos penalties porque não chegamos à área das outras equipas. 

É que as evidências são de tal ordem que não vale a pena estar aqui a ilustrar. Qualquer jogador do Porto que caia na área é penalti, mas para marcar um a favor do Benfica é preciso... nem sabemos o quê, visto que já houve vários CLARÍSSIMOS que os árbitros e os VARs pura e simplesmente se recusam a marcar. Mãos, rasteiras, empurrões, tudo... 

Mas o problema não são só os penalties, os cartões, os descontos (que quando os nossos rivais estão empatados se prolongam quase até aos 100 minutos mas quando é o Benfica não passam dos 4 ou 5), as faltas e as faltinhas. 

O problema está também na (in)justiça desportiva. Quando Taremi leva um jogo de suspensão depois da entrada que teve sobre Ottamendi ou Sérgio Conceição leva multas de 200 euros, está tudo dito. 

Ou seja, as regras estão viciadas e este campeonato é uma fraude. E a Sporttv é parte desta fraude, como também em tempo assinalei, porque a sua edição das imagens não é isenta. Seria fastidioso estar aqui a ilustrar este ponto. Já o fiz em tempo e não vou insistir nisso. Acho que é algo de evidente para qualquer observador que não seja fanático. Aliás foi nessa base que o Benfica começou a transmitir os seus jogos na BTV e que a dada altura chegou a ter os direitos de transmissão da Liga Inglesa. 

Agora, que postura assumem os dirigentes do Benfica sobre isto, sobre esta fraude? Numa palavra, uma postura frouxa. Eles lá saberão porquê. Uma coisa é certa: não é assim que defendem o Benfica. Mas se calhar também não estão muito preocupados. Só nós, os adeptos, os idiotas que não ganham nada mas que alimentam os que ganham (e muito) com este negócio do futebol, é que nos preocupamos e sofremos. 


 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

O que mais será necessário?

 Já não há muito mais a dizer. 

Nem Vieira nem Jorge Jesus têm condições para continuar no Benfica.

O que mais será necessário? Sofrer goleadas? Descer para o 6° lugar? 

Está na cara há que tempos que: 

1) não há estratégia, não há rumo, não há liderança; 

2) Jorge Jesus não tem condições (talvez de saúde, certamente psicológicas e mentais, para além de técnicas e tácticas) para continuar a treinar a equipa do Benfica.

Já no último post, a seguir ao anterior empate no campeonato, disse aqui que as coisas não iam melhorar e que provavelmente não ganharíamos ao Farense. A questão é portanto apenas uma: quanto tempo mais se deixará esta situação arrastar?

É a única pergunta que se coloca neste momento. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Benfica à deriva. É preciso acção urgente.

 Vieira contratou Jesus para ganhar as eleições. Não devia ter ganho, porque os sinais já são preocupantes há muito, mas aparentemente ganhou, contando com uma grande ingenuidade por parte de uma maioria dos sócios (em que não me incluo).

Vieira pensou que Jesus era uma aposta segura. Como pessoa que, apesar de andar no futebol há décadas, não percebe muito do fenómeno, achou que o sucesso no Brasil era transponível para Portugal. É um raciocínio básico, mas errado. 

Na verdade, a aposta em Jesus era tudo menos segura - era altamente arriscada. E os resultados estão à vista. 

Jesus veio ainda mais arrogante, se é que isto é possível, convencido de que sabe tudo sobre futebol e que os outros andam a ver passar comboios. 

Nada mais errado. É o contrário que é verdade: no Brasil Jesus encontrou um futebol pouco competitivo, no qual os treinadores estão muito longe das melhores práticas dos europeus, têm uma cultura táctica limitada e de certo modo estão parados no tempo.

Claro que generalizo, claro que há excepções. Mas este é o panorama geral, um retrato relativamente fiel da realidade futebolística sul-americana.

Em Portugal, Jesus não beneficiou do efeito surpresa (pelo contrário) e encontrou treinadores muito competentes no que diz respeito ao processo defensivo e à redução de espaços. 

Jesus não tem qualquer antídoto para isso. Qualquer treinador médio da nossa Liga manieta a equipa do Benfica que se torna absolutamente inofensiva e inconsequente. Isto porque Jesus esteve anos lá fora em que não apenas não evoluiu como ainda regrediu. 

Este Benfica não tem dinâmica, não tem velocidade, não tem agressividade e nem sequer tem uma ideia de jogo definida. 

Jesus também não conseguiu ter um efeito positivo no plantel. Mais uma vez, muito pelo contrário: ao estar permanentemente a querer contratar jogadores, criou mal estar e desconfiança no plantel. Também a prepotência de colocar Ottamendi a capitão (e o jogador não tem culpa nenhuma disso) não contribuiu para o bom ambiente no balneário, nem para a união da equipa. 

Claro que Jesus não teve sorte. Se nos tivéssemos apurado para a Liga dos Campeões, se não tivéssemos perdido aquele jogo com o Boavista, se tivéssemos ganho no Dragão, se não tivéssemos tido tantos casos de covid, se não tivéssemos perdido em Alvalade ao minuto 92, talvez as coisas fossem diferentes. Mas ninguém vive de ses.

O campeonato está perdido, o apuramento directo para a Liga dos Campeões também está muito difícil e arriscamo-nos mesmo a ficar fora dos 3 primeiros lugares. 

O futebol do Benfica é deprimente e os problemas que já vinham da época passada mantém-se exactamente iguais. Jesus não foi capaz de melhorar rigorosamente nada no futebol do Benfica. 

Os erros tácticos são evidentes, as substituições por regra pioram a equipa e agora pelos vistos o desnorte é tamanho que já nem se sabe em quanto tempo de jogo se vai. 

É mau demais para ser verdade. 

Pensar que se gastaram mais de 100 milhões de euros nisto é imoral em tempos de pandemia. 

Jesus só ainda não saiu do Benfica porque o presidente praticamente apostou tudo nele e porque a indemnização será brutal. Se despedir o treinador, Vieira sabe que as atenções e a insatisfação se passam a focar 100 % nele. 

No entanto é altamente improvável que as coisas melhorem. O mais natural é perdermos na quinta feira com o Arsenal e não será muito surpreendente se também não ganharmos em Faro. Depois virá provavelmente nova derrota com o Arsenal.

Portanto a questão é quanto mais tempo se deixará arrastar esta situação.

O problema do Benfica é porém mais profundo do que a mera situação do treinador. O problema do Benfica neste momento é duplo: falta de liderança e falta de benfiquismo. 

É precisa uma revolução no Benfica. É preciso tirar de lá Luís Filipe Vieira. É preciso mudar a estrutura de alto a baixo. Precisamos de uma estratégia que não passe por dar dinheiro a ganhar a sanguessugas mas sim por dar títulos ao Benfica e aos benfiquistas. 

Precisamos de benfiquismo e de acção. Vieira não vai sair de lá pelo seu pé, precisa de ser corrido. Os benfiquistas têm que se pôr em campo para que isso se torne uma realidade - enquanto é tempo. Por este andar, Vieira deixará o clube numa situação igual ou pior à que encontrou, quando Vale e Azevedo se preparava para liquidar o clube com a constituição de uma SAD que o colocaria (a preço de saldo) nas mãos de estrangeiros. 

Num cenário de pandemia e quebra brutal das receitas, o Benfica pelo andar da carruagem dirige-se a grande velocidade para o abismo. 

O tempo de agir é agora. 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Se não ganhamos ao Nacional...


 Ganhamos a quem?

A pergunta, colocada num vídeo viral de Paulo Parreira, o "adepto possuído", tem toda a razão de ser. 

Ganhamos a quem? Na verdade a muito poucos, e mesmo essas vitórias têm sido, na maioria dos casos, pouco convincentes. 

JJ gabou-se de que colocaria o Benfica a jogar o triplo, mas é o inverso que tem acontecido. O "seu" Benfica apresenta um futebol lento, triste, previsível, sem intensidade.

Jogadores de 15, 20 e 24 milhões parecem amadores. 

Darwin tem 3 golos na Liga. Isto admite-se? Os nossos rivais contrataram por 3 e 5 milhões jogadores que apresentam um rendimento muitas vezes maior... 

Que gestão é esta? Desportiva e financeira. Contratamos caro (Pedrinho, Cebolinha, Weigel ou Raul de Tomaz são outros exemplos) para depois retirar um rendimento desportivo baixíssimo destes jogadores.

Mas voltando ao jogo com o Nacional, a falta de determinação, de atitude, de intensidade dos jogadores do Benfica é gritante e inadmissível. 

Depois do Nacional se ter recusado a adiar o jogo, o Benfica tinha obrigação não apenas de vencer mas de HUMILHAR os madeirenses.

Mas este Benfica é uma equipa de moles, jogadores sem raça (e pelos vistos pouco orgulho em si próprios). O jogo do Porto foi uma excepção. Com o Nacional voltou-se ao normal. 

Cervi foi e é a excepção e é provavelmente por essa razão que o querem pôr fora do Benfica.

Uma última palavra para o cartão amarelo a Palhinha. É inconcebível e roça o escândalo. Espero que seja despenalizado porque o cartão não faz sentido e é completamente injusto.

Agora não venham os sportinguistas apresentar isto como a prova de que o Benfica manda nisto tudo. Se a intenção fosse beneficiar o Benfica, como explicar a escandalosa decisão de não marcar um penalty descarado a nosso favor no jogo com o Nacional que provavelmente nos daria os três pontos?



segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Notas soltas - mercado, momento do Benfica e Octávios

 A vitória do Benfica sobre o Tondela foi cinzenta, mantendo-se vários problemas. Também houve no entanto algumas coisas positivas. Se eu estivesse certo de que as melhorias fazem parte de um percurso ascendente, estaria mais optimista. O problema é que a trajectória esta época tem sido de altos e baixos, com mais baixos do que altos, infelizmente.

Em todo o caso houve coisas positivas, como por exemplo a defesa. Os nossos centrais começam a mostrar a qualidade que indiscutivelmente têm. Ottamendi voltou a fazer um grande jogo, depois de já contra o Porto ter sido um dos poucos com uma exibição positiva (no seu caso, muito positiva mesmo). É um jogador que para além de defender muito bem (comentendo como é evidente alguns erros - não há nenhum jogador que os não cometa e os que muito raramente os cometem são foras de série como van Dijk), constrói bem, com uma qualidade técnica muito acima da média para um central. Também Vertonghen tem vindo a subir de rendimento. É um jogador muito bom no jogo aéreo (melhor do que Ottamendi), muito sólido e fiável.

Isto leva-me à questão de Lucas Veríssimo. Acredito que seja um grande central. No entanto não me parece que esta seja a posição que urgia reforçar. Temos ainda Jardel que ao longo dos anos mostrou ser um jogador que cumpre (apesar da idade e do histórico de lesões limitarem o seu rendimento), Ferro que foi campeão pelo Benfica como titular ao lado de Rúben, Todibo, que alguma qualidade há-de ter ou o Barcelona não o teria contratado e ainda os jogadores da equipa B.

Se Veríssimo vier para jogar numa defesa a 3, a sua contratação fará sentido e aí as minhas dúvidas deixam de ter razão de ser. Suspeito porém que não é isso que vai acontecer. Dito isto, a partir do momento em que chegar não volto a este assunto e contará obviamente com o meu apoio.

Fala-se também de William Carvalho. Mais uma vez não percebo. O Benfica investiu para cima de 100 milhões de euros nos últimos 12 meses. Tem no seu plantel Samaris, Gabriel, Weigl. Tinha ainda Florentino. Vai-se contratar mais um centro campista de características defensivas? Não deveria antes JJ melhorar os jogadores que tem? Será que deixaram os 3 de saber jogar? Isto para já nem insistir na questão Florentino, jogador que aprecio.

Ainda outra questão a este respeito: porque nunca jogou JJ com uma dupla em que constem dois destes três jogadores (Samaris-Gabriel-Weigel)? Porque tem sempre que jogar Taarabt ou Pizzi na segunda posição do meio campo? É algo para que não encontro qualquer resposta. Qualquer um daqueles três sabe construir. A ideia de que temos que ter um médio (muito) ofensivo na segunda posição do meio campo quando já temos dali para a frente 4 atacantes é algo que não me parece fazer sentido. Aliás, isso obriga os alas a defender demasiado. Cebolinha tem sido vítima disso.

Também na frente se diz que Seferovoc está de saída. É o nosso melhor goleador... A decisão aparentemente prende-se com o salário do suíço. Mas quererá ele sair? Vai ser empurrado do clube? Antes dele já Vinícius saiu para o Tottenham. Também há rumores de que queremos extremos. Que os que temos não desequilibram. Sobre isto prefiro nem fazer comentários. Mas esta roda viva cria uma instabilidade que não ajuda à consolidação da equipa. 

Finalmente, os Octávios. Há três na CMTV mas falaremos apenas de dois. Um que defende sempre JJ. De certo modo fica-lhe bem, pois mostra que é leal aos seus amigos. Mas muitas vezes exagera. No entanto não posso deixar de sublinhar que Octávio é uma espécie de antíodo anti-Porto. No Sporting mudou a mentalidade e fez com que o clube passasse a derrotar frequentemente o Porto. Pergunto-me se não teria um impacto positivo no Benfica também. E antes que aqui surjam "indignações", recordo que Eurico foi jogador dos três grandes, assim como Futre ou Carlos Alhinho, entre outros.

Já o outro Octávio, o Lopes, consegue ser, de entre todas as figuras que pululam por estes programas de comentadeiros, nalguns casos mal frequntados, claramente o pior. O seu ódio ao Benfica é de tal ordem que chega a espumar da boca. É desagradável, é torpe. Berra a toda a hora. Entra em confronto com toda a gente. Mas este indivíduo é também conhecido por estar permanentemente a atacar, a acusar e a difamar o Benfica. Muitas vezes com insinuações ínvias, mas outras com acusações directas de corrupção. Eu só tenho uma pergunta: porque é que o Benfica ainda não processou este senhor?


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Regresso ao passado

 O Benfica de Luís Filipe Vieira foi desportivamente um fracasso até à chegada de Jorge Jesus. Assim de repente, lembro-me de uma Taça vencida com Camacho e um campeonato com Trapattoni, para além de uma Taça da Liga com Quique Flores. Um pecúlio fraquíssimo.

Depois chegou JJ e o Benfica foi campeão, com uma grande equipa. De imediato se declarou um novo ciclo, mas a verdade é que o Porto logo vence mais um tri, com JJ ajoelhado no dragão no último deles e goleadas por 5-0 e celebrações na Luz pelo meio. Anos de tristeza desportiva e desapontamento.

Jesus voltaria a vencer dois campeonatos, mas o melhor período até veio depois, com Rui Vitória (dois campeonatos) e Lage (um), somando 3 campeonatos no espaço de 4 anos.

Vieira, em desespero face a um campeonato e Taça perdidos no ano passado para um adversário intervencionado pela UEFA e quase impedido de contratar (o segundo campeonato do Porto em três anos), tratou de ir buscar Jesus ao Brasil e investir fortemente na equipa. Ganhou as eleições, como queria (essa foi a principal razão do investimento - não o desejo de sucesso desportivo), mas as coisas não estão a funcionar. De todo.

O futebol do Benfica é uma nulidade. Não atacamos nem defendemos em condições. O meio campo não controla o jogo. Taarabt é um jogador nulo: não marca golos, não faz assistências, não faz equilíbrios defensivos, não rouba bolas, só as perde. Com um meio campo a dois, é impensável ter um jogador destes a titular. Leva a bola para a frente? Mas quantas dessas investidas resultam em golo? E quantas resultam em perdas de bola, muitas vezes com a equipa em contra pé? 


Jorge Jesus recebe milhões de euros por ano e os resultados apresentados são miseráveis. Mais: apresenta resultados negativos, pois já fez o Benfica perder a qualificação para a Liga dos Campeões, colocou o Benfica na porta de saída da Liga Europa, ao ficar atrás do Rangers na fase de grupos e ir em consequência jogar com o Arsenal, perdeu a Supertaça (com mais uma exibição miserável), está em 3° no campeonato, 4 pontos atrás de um Sporting de tostões; e como se não bastasse continua (aparentemente) a contratar jogadores, nomeadamente um central para uma posição para a qual há já 4 jogadores.

É uma vergonha. É até, de certa forma, uma imoralidade, em tempos de pandemia. Mas parece-me que pouca gente no Benfica hoje partilha destes sentimentos. Acho que estão sobretudo preocupados com o seu próprio futuro e os seus interesses pessoais.

O Benfica parece estar a regressar ao tempo "pré-JJ" de Vieira, um tempo de derrotas sucessivas, curiosamente com o mesmo treinador que há 16 anos levou a uma quebra (apenas parcial) da hegemonia do Porto. 

Hegemonia que, com curtas interrupções, dura desde 1985: 22 campeonatos para o Porto contra 11 campeonatos para o Benfica, 12 Taças de Portugal contra 8 do Benfica, 19 Supertaças contra 7 do Benfica. Um domínio avassalador. A Supertaça é o troféu que melhor o reflecte, pois é mais ou menos contemporâneo da mudança de ciclo no futebol português. Curiosamente, a Taça da Liga que evidentemente também entra nesta contabilidade é uma competição em que o Benfica tem um grande domínio: 7 contra zero do Porto; esse domínio coincide com o período em que o Benfica quebrou temporariamente o domínio do Porto; mas não a vencemos há 4 anos (Sporting 2 vezes, Braga 1 e Moreirense 1 foram os clubes vencedores desde então). O que confirma que a aparente hegemonia do Benfica não o chegou a ser e que a cultura vencedora não foi suficientemente implementada. 

O que a contabilidade global desde 1985 mostra é isto: 53 títulos para o Porto, 33 para o Benfica. Sem a Taça da Liga teríamos menos de metade dos títulos do Porto (e isto sem incluir competições europeias em que o Porto acrescenta mais 7 contra zero do Benfica no mesmo período...). 

Ora voltando ao tema principal, deste período de 36 anos (desde 1984/85 até metade da época 2020/21), quase 20 são já da responsabilidade de Vieira (17 como presidente e 3 como director desportivo e principal figura atrás de Vilarinho).