sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Momento perigoso

 O Benfica voltou a ter dificuldades e a desperdiçar pontos em casa na Liga dos Campeões. Neste momento temos 4 pontos em casa e 6 fora, com o mesmo número de jogos disputados em ambas as situações (3).

Não creio que nos possamos queixar do sorteio porque falhámos nos jogos em que éramos favoritos e deveríamos ter vencido, ao passo que vencemos dois dos mais difíceis. Claro que este formato cria disparidades demasiado grandes: olhe-se para o Brest que praticamente só jogou com equipas secundárias e está na zona de qualificação direta. Mas há que aproveitar as oportunidades e isso nós não conseguimos, nem com o Feyenord nem agora com o Bolonha.

Este último jogo mostrou que há alguma fatiga na equipa e também algumas limitações que as vitórias têm ocultado. O Benfica ganha no Mónaco com uma sorte tremenda (a começar pela escandalosa não expulsão de Carreras), ganha com uma exibição pobre em Arouca e com muitas dificuldades ao Vitória de Guimarães. 

O efeito de chicotada psicológica já passou, o estado de graça está a passar e os jogadores vindos do banco não vão resolver sempre, principalmente se nunca são titulares. Por outro lado, Pavlidis, apesar dos índices de trabalho (com qualidade), continua a não marcar golos e a seca de um ponta de lança reflecte-se na equipa. Di Maria que vinha sendo muito bem gerido tem agora ficado em campo praticamente até aos 90 minutos e também já dá sinais de estar mais preso, menos leve. 

Este é um momento crucial na época. Sporting e Porto parecem perto do colapso, os seus treinadores estão por um fio. Este não é o momento do Benfica fraquejar! 

Lage trouxe ânimo e boas decisões tácticas mas parece ele próprio agora um pouco falho de ideias. As vitórias não podem resultar sempre do apoio das bancadas, do génio de Di Maria ou de golos "milagrosos" nos últimos minutos. Elas têm de estar sustentadas num modelo atacante (e num ponta de lança concretizador). Eu entendo que Lage tenha estabelecido um 11 base e creio que fez muito bem. Mas é preciso introduzir alterações aqui e ali para não espremer demasiado a laranja. E não deixar as substituições apenas para os últimos 15 ou 20 minutos. Por exemplo Aursnes tem estado excelente, mas tem 29 anos e será impossível correr desta forma 90 minutos de 3 em 3 dias.

Repito, este é o momento de nos afirmarmos, não é o momento de fraquejar. Tudo o que se conseguiu até ao momento, desde a chegada de Lage, irá pelo cano abaixo se abrandarmos neste momento e permitirmos a recuperação dos nossos adversários. É bom que esta mensagem venha do topo e chegue a todos os jogadores. Lage por seu lado precisa de os ajudar. Não pode haver lugares cativos no 11. 

domingo, 8 de dezembro de 2024

O momento da época - Portugal e Inglaterra

 O Benfica aproxima-se do primeiro lugar e ganhou novo fôlego na Liga dos Campeões com uma vitória no Mónaco.

Temos de ter os pés bem assentes no chão. Realisticamente, os sinais são positivos e as hipóteses do Benfica aumentaram em ambas as competições. Mas nada está conquistado e devemos ter a consciência de que nem tudo está bem. Algumas das vitórias recentes aconteceram em jogos assim não muito conseguidos. Isto pode ter duas interpretações possíveis: que estamos a conseguir ganhar mesmo quando não jogamos assim tão bem (o que é normalmente um sinal de equipas campeãs) ou que estamos a ter um abaixamento de forma (o que seria mau). 

Vamos ter agora jogos importantes que vão confirmar qual das tendências é verdadeira. Primeiro um jogo com o Bolonha em que uma vitória nos pode garantir um lugar pelo menos nos playoffs. Depois os jogos para a Liga, incluindo o derby. No futebol tudo muda muito rápido e o que está para trás não conta quando o árbitro apita para se iniciar um novo jogo, pelo que esta mensagem forte tem de ser transmitida aos jogadores.

Em Inglaterra, a melhor Liga do mundo a grande distância, a situação é muito interessante. O Liverpool tem sido claramente a melhor equipa e parece correr numa pista à parte de todos os outros. 

Mas do 2° lugar para baixo o equilíbrio é enorme. O City está agora oficialmente em crise e parece que não será mesmo o seu ano. Arsenal e Chelsea por seu turno estão bem mais fortes. O Arsenal vinha em clara recuperação depois do regresso de vários lesionados, especialmente Odegaard. Mas foi travado hoje pelo Fulham de Marco Silva, não capitalizando a vitória sobre o United e o adiamento do Everton - Liverpool.

Já o Chelsea conseguiu uma espectacular vitória fora sobre o Tottenham por 4-3, depois de ter estado a perder por 2-0, confirmando o que aqui escrevi a 1 de Outubro. Cole Palmer fez uma exibição enorme e tornou-se recordista da Premier League ao converter 12 penaltis em 12. Fê-lo com uma cobrança à Panenka... Já era o segundo jogador a chegar mais rápido aos 30 golos pelo clube, atrás de Jimmy que era um ponta de lança, assim como os outros jogadores que Palmer ultrapassou. E bateu também já o recorde (que pertencia igualmente a Jimmy) de mais contribuições para golos num ano (já vai em 39 e faltam ainda vários jogos este ano). João Félix é o suplente de luxo de Palmer, o que mostra a qualidade do plantel, o qual Enzo Maresca tem gerido muito bem. Outro Enzo, o médio ex-Benfica também está finalmente de regresso à forma que o levou à saída do nosso clube por um valor recorde.

Já Amorim está a ter muitas dificuldades, como aliás era de prever. Após duas vitórias que mostraram sinais de esperança e de uma exibição contra o Arsenal em Londres que não deslustrou (apesar da forma quase amadora como a equipa sofreu dois golos de canto), o United perdeu em casa contra o Nottingham Forest de Nuno Espírito Santo, o que deixa o clube num impensável 13° lugar. Entretanto o diretor desportivo do clube também se demitiu. Será esta a tempestade de que Rúben falou há dias?

Certo é que Rúben Amorim está agora a competir com os melhores do mundo. Não apenas jogadores, porque nesse particular Espanha compete, sobretudo através da "concentração" de estrelas no Real Madrid e Barcelona, mas também de treinadores. Ali estão mesmo os melhores dos melhores. E todas as equipas são competitivas, todas podem ganhar a todas. Por isso Rúben tem aqui um desafio monumental. 

E para terminar, no Brasil outro glorioso, o Botafogo tem hoje tudo na mão para ser campeão, juntando o título à Copa Libertadores. Será desta?