terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Regresso ao passado

 O Benfica de Luís Filipe Vieira foi desportivamente um fracasso até à chegada de Jorge Jesus. Assim de repente, lembro-me de uma Taça vencida com Camacho e um campeonato com Trapattoni, para além de uma Taça da Liga com Quique Flores. Um pecúlio fraquíssimo.

Depois chegou JJ e o Benfica foi campeão, com uma grande equipa. De imediato se declarou um novo ciclo, mas a verdade é que o Porto logo vence mais um tri, com JJ ajoelhado no dragão no último deles e goleadas por 5-0 e celebrações na Luz pelo meio. Anos de tristeza desportiva e desapontamento.

Jesus voltaria a vencer dois campeonatos, mas o melhor período até veio depois, com Rui Vitória (dois campeonatos) e Lage (um), somando 3 campeonatos no espaço de 4 anos.

Vieira, em desespero face a um campeonato e Taça perdidos no ano passado para um adversário intervencionado pela UEFA e quase impedido de contratar (o segundo campeonato do Porto em três anos), tratou de ir buscar Jesus ao Brasil e investir fortemente na equipa. Ganhou as eleições, como queria (essa foi a principal razão do investimento - não o desejo de sucesso desportivo), mas as coisas não estão a funcionar. De todo.

O futebol do Benfica é uma nulidade. Não atacamos nem defendemos em condições. O meio campo não controla o jogo. Taarabt é um jogador nulo: não marca golos, não faz assistências, não faz equilíbrios defensivos, não rouba bolas, só as perde. Com um meio campo a dois, é impensável ter um jogador destes a titular. Leva a bola para a frente? Mas quantas dessas investidas resultam em golo? E quantas resultam em perdas de bola, muitas vezes com a equipa em contra pé? 


Jorge Jesus recebe milhões de euros por ano e os resultados apresentados são miseráveis. Mais: apresenta resultados negativos, pois já fez o Benfica perder a qualificação para a Liga dos Campeões, colocou o Benfica na porta de saída da Liga Europa, ao ficar atrás do Rangers na fase de grupos e ir em consequência jogar com o Arsenal, perdeu a Supertaça (com mais uma exibição miserável), está em 3° no campeonato, 4 pontos atrás de um Sporting de tostões; e como se não bastasse continua (aparentemente) a contratar jogadores, nomeadamente um central para uma posição para a qual há já 4 jogadores.

É uma vergonha. É até, de certa forma, uma imoralidade, em tempos de pandemia. Mas parece-me que pouca gente no Benfica hoje partilha destes sentimentos. Acho que estão sobretudo preocupados com o seu próprio futuro e os seus interesses pessoais.

O Benfica parece estar a regressar ao tempo "pré-JJ" de Vieira, um tempo de derrotas sucessivas, curiosamente com o mesmo treinador que há 16 anos levou a uma quebra (apenas parcial) da hegemonia do Porto. 

Hegemonia que, com curtas interrupções, dura desde 1985: 22 campeonatos para o Porto contra 11 campeonatos para o Benfica, 12 Taças de Portugal contra 8 do Benfica, 19 Supertaças contra 7 do Benfica. Um domínio avassalador. A Supertaça é o troféu que melhor o reflecte, pois é mais ou menos contemporâneo da mudança de ciclo no futebol português. Curiosamente, a Taça da Liga que evidentemente também entra nesta contabilidade é uma competição em que o Benfica tem um grande domínio: 7 contra zero do Porto; esse domínio coincide com o período em que o Benfica quebrou temporariamente o domínio do Porto; mas não a vencemos há 4 anos (Sporting 2 vezes, Braga 1 e Moreirense 1 foram os clubes vencedores desde então). O que confirma que a aparente hegemonia do Benfica não o chegou a ser e que a cultura vencedora não foi suficientemente implementada. 

O que a contabilidade global desde 1985 mostra é isto: 53 títulos para o Porto, 33 para o Benfica. Sem a Taça da Liga teríamos menos de metade dos títulos do Porto (e isto sem incluir competições europeias em que o Porto acrescenta mais 7 contra zero do Benfica no mesmo período...). 

Ora voltando ao tema principal, deste período de 36 anos (desde 1984/85 até metade da época 2020/21), quase 20 são já da responsabilidade de Vieira (17 como presidente e 3 como director desportivo e principal figura atrás de Vilarinho). 

7 comentários:

  1. sobre o taarabt tenho precisamente a mesma opinião, mas depois para alguns o que interessa é que faz passes de ruptura, mesmo que depois dai nunca resulte nada.

    a central até existem 5 no plantel principal, e assim de repente vejo quatro posições muito mais carenciadas do que a de central.

    aos contrario do que este dirigentes querem fazer crer a hegemonia não se anuncia , nem se propela, apenas se trabalha para ela e depois apenas se constata.
    é que passam a vida a falar na hegemonia como que se falando muito dela ela se concretiza.

    era evidente que tínhamos o plantel desequilibrado nalgumas posições mas depois a táctica e a maneira deste treinador jogar ainda coloca mais em evidencia os defeitos dos jogadores em vez de os disfarçar e de colocar em evidencias as suas melhores características.
    neste momento até jogadores de qualidade parecem jogadores banais.

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    1. Concordo em quase tudo, excepto no que diz respeito a um plantel desequilibrado. Não é que eu ache que não há carências no plantel, até posso concordar com isso. Simplesmente muito poucos plantéis têm todas as soluções. Em geral há sempre algumas lacunas.
      Acho que o problema é mesmo a péssima gestão dos recursos por parte do treinador.
      Quanto aos centrais, sim, até me esqueci do Todibo que segundo o Jorge Jesus não conta...
      Sinceramente isto é inacreditável

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    2. AINDA EXISTE O CONTI,MORATO PR CENTRAL !!!

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    3. mas algumas das lacunas até já vem de outros anos sem ser resolvidas e isso é que não se percebe.

      agora estamos de acordo que a maioria das lacunas do plantel foram provocadas por decisões do treinador, com florentino , vinicius e com gabriel a jogar a 8 as lacunas eram mínimas.

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  2. Onde andam os 62% de sócios que votaram para a continuidade do Luís Filipe Vieira e dos seus muchachos (Rui Costa, DSO, Luisão, etc...)???

    A equipa tem jogado miseravelmente e ninguém vem dar a cara??? Devem estar mais preocupados com as suas negociatas.

    Mas a de 100 Milhões de euros investidos e jogam zero!

    Quanto a Jorge Jesus só vejo duas opções:

    1) está ressabiado com o Benfica o ter tentado empandeirar para a Arábia antes de ter assinado pelo Sporting e está a enterrar o Benfica de propósito;

    2) está a cumprir o prometido na sua apresentação de que a equipa ia jogar o triplo ( 3 x zero = zero).

    Agora temos dois problemas nas mãos: como tirar o Vieira do poder e como despachar Jorge Jesus sem lhe pagar o resto do contrato milionário!

    Acordem sócios do Benfica e convoquem uma assembleia destitutiva ou eleições antecipadas!

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  3. Onde andam os 62% de sócios que votaram para a continuidade do Luís Filipe Vieira e dos seus muchachos (Rui Costa, DSO, Luisão, etc...)???

    NAO ANDAM PORKE ELES NAO EXISTEM,FORAM FABRICADOS PELOS KE MANDAM, O PROBLEMA FORAM ELES TEREM ACEITA A VOTAÇAO SEM CONTAR OS VOTOS FISICOS!!!

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  4. Os vieiristas e afins adoram romancear o passado após a chegada de JJ. Facto era que, antes de sua chegada, eramos banalíssimos tanto em Portugal como na Europa, fora quando eliminámos o Liverpool e o Man United. JJ pôs o Benfica a jogar como há anos não se via, a golear, a vencer os rivais, a conquistar troféus. Mas, se analisarmos o que JJ ganhou desde que entrou até que saiu (na primeira vez) ficamos com, 5 taças da liga e 3 campeonatos, em 6 anos. Posto isto, não é exatamente isto que deveria sempre ser esperado e exigido? Desde quando se começaram a endeusar treinadores só porque vencem campeonatos? A resposta é, desde 2003. E a partir daí o Benfica de Eusébio e Coluna, o glorioso, o que encantava a Europa, morreu.

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