Bruno Lage usou, segundo ouvi nos media, a palavra consistência para definir o que o Benfica necessita e eu não posso estar mais de acordo.
O Benfica fez grandes jogos desde a chegada de Lage, como com o Porto, o Atlético de Madrid e algumas goleadas e depois começou a praticar um futebol um pouco mole que teve no jogo com o Braga o ponto mais baixo da época.
Claro que existem altos e baixos de forma ao longo de uma época, mas o abaixamento do Benfica (se é que foi realmente isso que se passou) aconteceu num mau momento porque significou uma derrota num derbi em que poderíamos ter colocado o Sporting 4 pontos atrás. Depois disso falhámos nova oportunidade para assumir a liderança com uma derrota inexplicável em casa com o Braga.
Entretanto vencemos para as taças e vimos alguns jogadores novamente em bom plano (Carreras, Florentino, Otamendi, Di Maria) e outros a aparecer bem na equipa (Barreiro, Schjelderup, Arthur Cabral). António Silva também voltou a somar minutos e em geral esteve bem apesar de um ou outro erro.
Em relação ao jogo com o Farense, vi um Benfica dominador que sofre um golo na primeira vez em que o adversário tem um canto (teve dois no jogo todo) e depois sente um pouco esse golo perante um oponente bastante fechado na defesa e sempre a perder tempo. Na segunda parte entrámos com determinação e demos rapidamente a volta não permitindo mais qualquer veleidade aos farenses. Vi entreajuda, bom pressing e boa ocupação dos espaços.
As taças são competições relevantes mas naturalmente não têm a mesma importância de campeonato e Liga dos Campeões. Nessa medida temos de esperar pelos próximos jogos para perceber se a melhoria é real e, acima de tudo, se conseguimos manter um padrão elevado em todos os jogos (a tal consistência) ou se isto foram apenas fogachos. Tenho esperança de que a primeira hipótese se verifique e que as duas derrotas seguidas tenham sido apenas um acidente de percurso.
Os jogadores do Benfica precisam de perceber de uma vez por todas que no futebol moderno há que dar tudo em cada jogo, passe o exagero. Há que manter uma intensidade elevadíssima porque se não tivermos, no mínimo dos mínimos, a mesma intensidade do que o adversário, vamos ter dissabores. A atitude competitiva tem de estar lá sempre. Veja-se o que aconteceu com o United há uns dias em Londres: reduzido a 10 homens e sofrendo um golo logo na jogada a seguir à expulsão, resistiu aos 90 minutos regulares e ainda ao prolongamento para ter o prémio nos penalties. Se os jogadores não tivessem dado tudo teriam perdido o jogo. Por isso a atitude é fundamental: os duelos, as disputas de bolas, etc. A atitude competitiva não é tudo mas sem ela nada é possível.
Já destaquei um pouco os jogadores mas queria ainda dizer algo mais. Schjelderup surge na sequência do abaixamento gritante de forma de Akturkoglu, mas para mim tem sido uma enorme e muito agradável surpresa. Tanto na final da Taça da Liga como contra o Farense, os seus golos são de tremenda qualidade. A sua capacidade de agitar e levar a bola para a frente com velocidade e critério também devem ser destacados. Quanto a Cabral, o golo de ontem é excelente: boa leitura do lance, força e qualidade de finalização. Já tinha feito aqui e ali alguns golos pelo que creio que está na hora de lhe dar a titularidade de forma mais consistente, pelo menos até Pavlidis estar num outro momento de forma e confiança (esperemos que seja apenas isso).
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