domingo, 10 de novembro de 2024

Benfica - 4 Porto - 1. Amasso

 Ponto prévio: se tivesse tido tempo, teria escrito sobre o que foi dito relativamente ao jogo com o Bayern. Mas escrevi antes: o que importava era o jogo com o Porto. O jogo na Alemanha era quase garantidamente um jogo no qual teríamos hipóteses muito diminutas. Bruno Lage fez muito bem! Resguardou a equipa. Imagine-se como este jogo teria sido se tivéssemos perdido por 4 ou 5 em Munique três dias antes. Porque era isso que teria acontecido se tivéssemos lá ido jogar de peito aberto. Mais: Lage "poupou" Di Maria e Florentino, que hoje estiveram frescos e foram decisivo. Assim como Pavlidis.

Sobre o jogo desta noite não há muito a dizer que as pessoas não tenham visto e percebido. Foi uma exibição totalmente dominadora do Benfica que só foi interrompida pelo arremesso de tochas por alguns energúmenos. O golo do Porto surge pouco depois disso e foi para mim muito preocupante porque foi completamente contra a corrente do jogo e podia quebrar a nossa equipa animicamente.

Mas a resposta da equipa na segunda parte foi ainda mais forte do que a entrada no jogo. Não me lembro de uma exibição tão conseguida e dominadora contra o Porto no campeonato. Houve uma vitória por 3-0 no tempo de Souness mas foi numa era muito negativa em que não lutávamos para nada. 

Grandes exibições individuais também de muitos jogadores. Estão de parabéns, assim como Lage e os adeptos (excepto os que já referi). Agora é manter os pés no chão e continuar a trabalhar. É um lugar comum do futebol, mas aplica-se na perfeição ao atual momento.



domingo, 3 de novembro de 2024

Uma janela de oportunidade

 

O Benfica reagiu bem à derrota com o Feyenord e venceu os três jogos seguintes. Tinha obviamente obrigação disso, mas após uma derrota dura que quebrara uma dinâmica de vitórias, havia dúvidas quanto à forma como a equipa reagiria. Reagiu bem e isso deve ser valorizado. Obviamente que não vamos ganhar todos os jogos daqui até ao final da época, pelo que a consistência e a capacidade de reagir a momentos difíceis ou negativos serão de enorme importância. Isso viu-se quer em Bruno Lage quer nos jogadores.

Destaque nestes jogos mais uma vez para Akturkoglu, que aos muitos golos que tem marcado juntou no jogo com o Farense um bis de assistências (e aqui estamos a falar de "verdadeiras assistências e não do mero facto de ter sido o último jogador a tocar na bola antes do autor do golo), Carreras, cuja evolução tem sido assombrosa e Pavlidis que após uma passagem pelo banco na Taça da Liga voltou aos golos. O grego tem trabalhado bem mas faltavam os golos. Esperemos que seja para continuar. O que ainda me preocupa é a técnica de remate (não pode ser uma questão de força, porque o grego tem capacidade atlética): os seus remates são constantemente fracos e rasteiros. Compare-se por exemplo com os avançados do Porto e do Sporting... É um aspecto a rever.

Falando agora do menos positivo, daquilo em que precisamos de melhorar. Antes de mais a segurança defensiva: estamos constantemente a sofrer golos e a entrar nos jogos a perder. Isto não pode ser. Otamendi tem cometido vários erros, por vezes parecendo intranquilo. Não sei identificar o problema porque Florentino e Aurnes dão uma boa cobertura defensiva e, pelo menos em teoria, um meio campo a três deveria dar mais equilíbrio e consistência à equipa. Lage certamente também já tentou corrigir a situação, mas ainda não conseguiu. Terá de trabalhar mais e identificar o problema e pelo menos minimizar os seus efeitos negativos. No ataque há dinâmicas interessantes e o nosso corredor direito consegue carrilar muito jogo, mas por vezes Pavlidis está um pouco sozinho na zona de finalização. No jogo com o Farense apesar de um amplo domínio acabámos a sofrer e concedemos oportunidades ao adversário. Faltou controlo nessa altura, apesar de Lage ter feito várias alterações que visavam isso mesmo. Também o vi tenso e preocupado, o que não é o melhor sinal para dentro de campo. Lage tem acertado muito mais do que tem errado e precisa de ter confiança no (bom) trabalho que tem feito.

Chegamos assim ao último ponto deste artigo: as perspectivas para os próximos jogos e para o resto da época. E neste ponto, sobretudo o remanescente da época há um factor novo e absolutamente transformador: a saída de Rúben Amorim do Sporting. Não nos iludamos: o Sporting de Amorim é uma equipa dominadora como há muito não se via em Portugal e provavelmente não daria qualquer hipótese a Benfica e Porto. Mas as coisas agora vão mudar. 

Não quer isto dizer que o Sporting vá começar a perder jogos atrás de jogos e que se vá desmantelar todo de um momento para o outro. A dinâmica de vitórias e o impulso que vem de trás deverão manter-se no futuro imediato, tanto mais que quem assumir o lugar não irá mexer muito. Mas há nuances, há detalhes, há personalidades que são diferentes. Quando as coisas correrem mal surgirão dúvidas, haverá alguma instabilidade. E isso abre uma janela de oportunidade para o Benfica (e para o Porto).

Assim e em conclusão, os próximos jogos são muito importantes, mas, sendo realistas, o mais importante é contra o Porto. O Bayern é um colosso que tritura adversários, especialmente em casa. Se o Benfica repetir os erros que têm sido constantes no último terço do terreno, o Bayern castigará a nossa equipa com golos. Mesmo se não errarmos ou errarmos pouco, as nossas hipóteses são bastante reduzidas. Aquilo que eu desejo é que o Benfica faça um jogo competente e consciente das suas limitações e que possa ser competitivo. Em última análise e sendo frio, que não seja goleado. Uma nota: este não é um jogo para Di Maria entrar de início, mas sim Beste. 

O jogo verdadeiramente importante e "do nosso campeonato" é o jogo com o Porto. Esse sim, temos de ganhar. É um adversário directo. Em casa temos de vencer, até para marcar já posição. E depois disso voltar a ganhar, consistentemente, semana após semana, para ainda termos hipóteses de ser campeões esta época. Com a saída de Amorim abriu-se uma janela de oportunidade. Temos de a aproveitar, a começar já no jogo com o Porto.


P. S. Uma coisa que me esqueci de mencionar no texto, foi os passes falhados no jogo com o Farense. Na primeira parte o número de bolas perdidas por passes falhados, erros não forçados, foi impressionante. Kokçu então parecia que acertava sempre no "boneco", o jogador adversário que estava mesmo à sua frente. Isto não pode acontecer. Na segunda parte melhorámos um pouco mas no final do jogo voltámos ao mesmo. Bruno Lage tem de olhar para este aspecto. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Derrota devastadora

 Após uma exibição e resultado de sonho frente ao Atlético de Madrid, o Benfica fez um jogo terrível e foi derrotado em casa de forma clara por uma equipa mediana no panorama europeu.

A habitual palhaçada na Choupana e a paragem estúpida para jogos inúteis da seleção nacional ajudaram o Benfica? Voltar à competição com um jogo com o Pevidem ajuda? Naturalmente que não. Mas Lage também não se ajudou a si próprio nem à equipa. Claro que a derrota, tal como a morte, traz sempre desculpas. Mas se há jogadores que eu teria poupado, especialmente a 90 minutos, são Florentino e Aurnes. Isto era um jogo para Leandro Barreiro ter assumido a titularidade. Florentino e Aurnes não sabem jogar com pouca intensidade e chegaram à partida com o Feyenord em condições abaixo do ideal. O seu rendimento abaixo do habitual foi uma das causas por que perdemos o jogo.

Mas a partida com o Pevidem foi má a vários níveis e não augurou boas coisas para a jornada europeia. O Benfica voltou a não criar praticamente oportunidades de golo e venceu por uma margem embaraçosa uma equipa de amadores. Bruno Lage no final pareceu muito satisfeito, o que para mim é inexplicável.

O laxismo prolongou-se para a Liga dos Campeões. Os jogadores (e se calhar o treinador) acharam que ia ser fácil. Depois de vencer categoricamente o Atlético, que hipóteses teria o Feyenord? E isso é meio caminho para se perder. 

Tacticamente o Benfica foi surpreendido e superado. Logo no início começámos a pressionar a defesa adversária para tentar ganhar a bola, mas não o fizemos suficientemente bem e o adversário mostrou argumentos suficientes para se libertar da nossa pressão e depois sair em ataques rapidíssimo, com uma grande parte dos nossos jogadores já batidos. Isto foi óbvio ao cabo de 5 minutos mas continuámos a fazê-lo durante toda a primeira parte. Resultado: a equipa desgastou-se física e mentalmente, perdemos confiança e abrimos avenidas em direção à nossa baliza. Inversamente o adversário ganhou confiança. Sofremos 3 golos (um deles anulado, numa falta "suave" sobre Otamendi, que pouca influência teve no desfecho da jogada) e praticamente não fizemos um ataque de qualidade. Tivemos uma grande oportunidade num canto, com Bah a cabecear ao poste e um golo "anulado" (na verdade Akturkoglu estava tão claramente fora de jogo que o lance poderia ter sido imediatamente parado).

Na segunda parte o Benfica melhorou como não poderia deixar de ser, mas demorou demasiado a marcar. Aliás o vencedor do jogo só não ficou definido mais cedo por alguns centímetros, num livre lateral em que os holandeses fazem o que seria o 0-3, com a nossa defesa mais uma vez completamente batida. Foi por muito pouco. O Benfica faz então o 1-2 numa boa jogada, com alguma velocidade e objetividade e depois disso teve um bom período em que conseguiu encostar o adversário atrás. Nesse período há um excelente cabeceamento de Amdouni que se fosse mais desviado em relação ao guarda-redes seria golo. Mas foi Sol de pouca dura. Os holandeses voltaram a pegar no jogo e foi com total passividade da nossa defesa e de Trubin que, com alguma naturalidade, marcaram e fecharam o jogo.

Uma exibição desastrosa e com consequências devastadoras para as aspirações do Benfica. É que se instalou novamente a dúvida ao mesmo tempo que se perderam 3 pontos absolutamente cruciais. Agora vêm aí jogos muito mais difíceis. A jogar assim, com esta falta de intensidade e de rigor táctico seremos trucidados pelo Bayern. O Mónaco também está a jogar muito e a marcar muitos golos tendo derrotado o Barcelona.

Há coisas que não podem acontecer, há derrotas inadmissíveis e esta foi uma delas. O Sporting empatou em Eindhoven com o líder do campeonato holandês (9j - 9 v). O Benfica perdeu em casa com o 4° classificado (8j - 4v 4e) e poderia ter sido goleado. Também me preocupa o discurso de Lage que foi errático e confuso. Disse que havia que compreender por que perdemos (com o que eu concordo em absoluto) mas depois parece colocar tudo em supostos erros defensivos que deram os golos. Claro que houve erros e bem graves. Mas, para já não vai contar com os dois golos anulados, que poderiam perfeitamente ter dado em golos válidos e nos quais os erros são ainda mais caricatos. E depois vai branquear o facto de que fomos dominados e ultrapassados em todos os sectores (a começar pelo meio campo), durante grande parte do jogo. O nosso ataque voltou a ser inoperante. Tal como previ, Pavlidis não é o goleador de que necessitávamos e a saída de Marcos Leonardo foi um disparate. Ou seja, a análise, ao focar-se nos erros, especialmente o que deu o primeiro golo, vai perder de vista as verdadeiras causas pelas quais perdemos.

Tudo estava a correr bem. É preciso agora descer à terra e concentrarmo-nos nas competições internas. Aí não há desculpas para não ganhar pelo menos aos Estrelas da Amadora e afins, semana após semana. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Classe numa noite europeia à Benfica

 O jogo começou a ser ganho na escolha do 11.

Como escrevi, Bah é o lateral direito do Benfica e a solução Tomás Araújo não poderia senão ser transitória. Num jogo deste nível e intensidade precisávamos de Bah. Mas Lage fez uma coisa ainda mais inteligente que foi colocar simultaneamente Bah e Araújo no 11, deixando desta vez António Silva no banco. Aproveitou-se o bom momento do central (que além disso é mais técnico do que Silva) e Bah regressou ao 11 como tinha de ser. Por acaso as coisas até podiam ter corrido mal e o jogo ter sido completamente diferente, logo por aquele lado. É que ainda no primeiro minuto Araújo tenta fintar um adversário, perde a bola quase sem colegas atrás de si e dá azo a um lance que foi bem resolvido mas que poderia ter sido de muito perigo. No entanto esse lance não gerou qualquer intranquilidade, fosse em Araújo, que embarcou para uma exibição sem nada a apontar, fosse na restante equipa que vulgarizou por completo um Atlético de Madrid que ainda não tinha perdido esta época, nem sequer contra o super Real Madrid. Nota ainda para a manutenção de Pavlidis no 11, quando alguns defendiam que se deveria jogar sem avançado fixo. Pelo contrário, Pavlidis permitiu fixar os centrais do Atleti e ao mesmo tempo serviu de ponto de apoio para os nossos ataques, tendo estado perto de marcar duas vezes e tendo conquistado o penalti que permitiu à equipa tranquilizar ainda mais. 

Galeria de fotos: clicar


Também escrevi aqui, logo antes do jogo, que seria muito difícil bater esta equipa madrilena, cínica e simultaneamente muito talentosa. Uma equipa onde há 4 campeões do mundo. Uma equipa que jogou com um ataque extremamente móvel e perigoso. Eu tinha até algum receio de que um eventual resultado menos bom pudesse colocar em causa o momento positivo que se vive, quer a nível futebolístico quer em termos de empatia e ambiente entre jogadores e adeptos. Obviamente estava muito longe de imaginar uma goleada por 4-0!!

Foi uma noite europeia, uma noite de gala na qual o Benfica foi superior em tudo ao Atlético de Madrid, praticamente do princípio ao fim. A dada altura foi bem claro que os jogadores da equipa espanhola desistiram e apenas queriam que o jogo acabasse para evitar o avolumar do resultado. 

Foi uma noite de grandes exibições no Benfica: Aurnes, Florentino, Carreras, Di Maria, Kokçu, Bah, Otamendi, Akturkoglu, Pavlidis, todos estiveram a um nível elevadíssimo. Eu hesitaria no homem do jogo, embora Carreras tenha sido a maior surpresa. A segurança e a confiança que demonstrou, com apontamentos de classe, foram algo de que não estava necessariamente à espera num jogo de tamanha responsabilidade. Tem sido dos jogadores que mais tem amadurecido e subido de rendimento esta época. O passe de Aurnes a isolar Akturkoglu, o movimento deste e a finalização foram talvez o ponto mais alto do jogo que de resto só teve golos de bola parada. É que tudo é muito rápido e feito praticamente de olhos fechados. Florentino foi gigante no meio campo, não se tendo limitado a cortar (muitas) bolas: também soube endossar jogo com qualidade. Mais uma vez quem veio do banco acrescentou: Amdouni ganhou um penalti; Beste assistiu num excelente canto em que a bola baixou subitamente caindo mesmo na cabeça de Bah; Leandro Barreiro deu pulmão nos últimos minutos, tendo ainda feito um excelente corte em carrinho que proporcionou mais uma oportunidade e Rollheiser também voltou a jogar muito bem. Já falei de Pavlidis que terá feito um dos melhores jogos enquanto referência atacante. Tudo somado houve Benfica a mais para um Atlético de Madrid que claramente não conseguiu recuperar do derbi de Domingo e foi simplesmente atropelado.













Há agora que dar continuidade contra o Nacional. Depois virá um outro grande desafio: fazer com que a pausa para as seleções não interrompa a série de bons resultados e boas exibições.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Equipa cínica e difícil de bater

 É como vejo o Atlético de Madrid. E não digo cínica (podia dizer também traiçoeira) num sentido moral negativo. Simplesmente têm um futebol que não necessita de muita posse de bola e muitas oportunidades para marcar. Viu-se com o Real Madrid como são difíceis de bater e lutam até ao fim. Mas atenção, não nos confundamos: o Atético não é meramente uma "equipa de combate"; há qualidade a rodos no seu plantel. Será muito, mas mesmo muito difícil.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

O novo prodígio inglês

 Guardiola também se engana. 

No início da época passada um jovem jogador inglês relativamente desconhecido para o grande público foi contratado pelo Chelsea ao Manchester City por 47 milhões de euros. No meio de uma loucura despesista iniciada com a compra de Enzo Férnandes ao Benfica por 120 milhões, e que ultrapassou já os 1000 milhões, a contratação de Cole Palmer ao City foi apenas mais uma e até passou relativamente despercebida.

Palmer é produto das escolas do City e deu nas vistas nos escalões jovens. Em 2020 teve a sua primeira aparição pela equipa principal e um ano depois marcou o primeiro golo na Taça da Liga Inglesa. Teria mais algumas aparições e golos (incluindo na final da Supertaça Europeia), mas numa equipa com tanto talento, as oportunidades eram limitadas. 

Surgiu o Chelsea e Palmer transferiu-se, tendo sido eleito o melhor jogador da equipa na época passada. Fez 27 golos e 15 assistências em todas as competições.

Este sábado Palmer fez 4 golos ao Brighton, tornando-se o primeiro jogador a fazer um poker na primeira parte de um jogo. Um caso sério a acompanhar. O Chelsea aliás, após uma época de absoluto desastre em 2022-23 no imediato pós Abramovic em que ficaram em 12º lugar com mais derrotas do que vitórias e um ano seguinte desapontante, mas melhor, em que ficaram em 6º, terá, tudo o indica, este ano uma palavra a dizer na luta pelos primeiros lugares. João Félix está pois em boa companhia para evoluir e finalmente se afirmar:muito embora seja evidente que a concorrência no plantel será fortíssima. 

domingo, 29 de setembro de 2024

Galo bateu o pé mas Águia deu-lhe a mão

Foi um jogo bem disputado e com emoção qb, aquele a que cerca de 60.000 espectadores assistiram na Luz esta noite de sábado. 

O Benfica confirmou os sinais positivos dos últimos jogos, mas voltou a sofrer um golo logo no início da partida, na primeira jogada de perigo do adversário, neste caso o Gil Vicente. E perigo relativo, diga-se, pelo menos na aparência. É que o lance parecia relativamente controlado, com a defesa posicionada e poucos adversários na zona de finalização. No entanto um passe magistral de Fujimoto (um jogador para voos mais altos do que um Galo) e uma desmarcação igualmente inteligente do avançado gilista inventaram uma jogada que surpreendeu por completo o Benfica. Na cara de Trubin, Félix Correia atirou de primeira e fez o golo.

Mais um jogo na Luz em que o Benfica entrou praticamente a perder e necessitava a partir desse momento de marcar pelo menos dois golos. 

A equipa não acusou o golpe e continuou a executar o plano delineado. Cerca de 9 minutos mais tarde, num canto de Di Maria, surgiu o empate através de um excelente cabeceamento de Otamendi. O capitão elevou-se até ao terceiro anel e no segundo poste cabeceou para o outro lado da baliza, sem hipóteses para o guarda-redes do Gil. E 8 minutos depois, desta vez de bola corrida, mas novamente de cabeça, o Benfica fez a reviravolta. Desta vez foi Aurnes a cruzar, mais uma vez da direita, e Akturkoglu cabeceou como mandam as regras, de cima para baixo, com força (beneficiando do facto de ter os dois pés no chão) para a direita e fora do alcance do guarda-redes. Mais um óptimo golo - e bem importante - do extremo turco.

O mais difícil estava feito, ainda na primeira parte. O Benfica continuou num bom ritmo, mas o Gil Vicente não desarmou nem se desorganizou, mantendo a incerteza sobre o desfecho da partida. 

Na segunda parte o Benfica entrou bem, mas o golo da tranquilidade não aparecia e sentia-se que faltava alguma coisa. Com o jogo a chegar à fase decisiva e com o resultado na vantagem mínima, Lage mexeu na equipa - e muito bem.

Elogiei aqui Amdouni e Cabral pelas recentes exibições defendendo que mereciam mais minutos e Lage colocou os dois em campo assim como Rollheiser aos 68 minutos. O treinador do Benfica foi proactivo e não ficou à espera do que poderia acontecer. E 10 minutos mais tarde, as substituições deram frutos. Rollheiser jogou para Amdouni, este deu duas passadas largas e em corrida e sem pedir licença disparou forte e colocado para a esquerda do guarda-redes. Mais um excelente golo, do tipo que eu gosto: futebol corrido, remate fácil e espontâneo. Um prémio justo para um jogador que já tinha atirado duas vezes aos ferros nos últimos jogos mas ainda estava à procura do primeiro golo pelo Benfica.

O jogo ficou resolvido (apesar do Gil ainda ter tido uma grande oportunidade para reduzir, com Trubin a fazer bem a mancha e evitar o golo). Nos últimos minutos vieram ainda mais dois golos: o terceiro do jogo de cabeça e segundo de canto (bem batido por Best) através de Florentino e um de Rollheiser, aí sim, com muitas culpas do guarda-redes - uma verdadeira oferta.

Tudo somado, foi um bom jogo do Benfica, no qual o Gil Vicente vendeu cara a derrota e não mereceria sofrer uma goleada. Mas o futebol é assim e desta vez o Benfica foi bastante eficaz. 

Nota para a titularidade de Tomás Araújo, algo que me surpreendeu um pouco, embora admita que, tendo Bah sofrido um golpe fundo na perna, Lage tenha preferido não arriscar. Araújo não comprometeu, até é um jogador tecnicamente evoluído e teve um par de chegadas à linha, mas a dinâmica que Bah dá é incomparável, pelo que é o titular em circunstâncias normais.

Em termos de exibições, toda a equipa esteve em bom plano (Pavlidis terá sido dos menos felizes, não porque tenha jogado mal mas porque não marcou nem teve quase finalizações - situação a rever), mas destaco Florentino, Aurnes, Akturkoglu e Amdouni (apesar do pouco tempo em jogo, teve um impacto decisivo). Gostei muito da dinâmica pelo corredor direito com Di Maria e Aurnes que carrilou muito jogo ofensivo na primeira parte. Di Maria também esteve bem - está mais disciplinado e fresco e o seu talento está a sobressair mais. Mas Florentino com imensas recuperações de bola e um golo seria talvez a minha escolha para homem do jogo (ainda que o prémio oficial tenha ido para Aurnes). Otamendi e Silva também estiveram bem. O capitão assinalou os 200 jogos pelo Benfica com um grande golo e António Silva também fez uma centena de jogos ontem. Absolutamente notável - é importante não esquecer que ainda não completou 21 anos.

Embandeirar em arco? Certamente que não. O Benfica tem obrigação de vencer os jogos para o campeonato, sobretudo em casa e não há qualquer razão para euforias, sobretudo quando estamos a 5 pontos do 1° lugar e, caso o Porto vença, ainda em 3°. No entanto o momento é positivo e devemos desfrutar dele. O Benfica jogou bem, ganhou e goleou. Há que continuar neste caminho.