sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Nunca. Ganharam. Em. Inglaterra.

O FêQuêPê NUNCA ganhou um jogo oficial em Inglaterra.

Sublinhe-se bem isto. Nunca.

Goleadas já levaram em barda, aos 4 e 5.

Mas ganhar, isso não é com eles.

Assim de repente, lembro-me do Benfica ganhar ao Liverpool, ao Arsenal, espetar 3 no Tottenham (no Arsenal também, mas em prolongamento) tudo em Inglaterra.

Sim, perdemos de forma dura em Newcastle (equipa que eliminámos no passado). Mas o Newcastle não é um Nottingham Forest que vinha perdendo jogos uns atrás dos outros.


quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Confrangedor, mas é preciso dar tempo

 A exibição do Benfica ontem corroborou as piores expectativas acerca de Mourinho: um treinador de tracção atrás, demasiado preocupado em defender e não sofrer golos, sem rasgo na frente. Pior do que isso, mesmo esse objectivo pouco ambicioso fracassou por completo e estivemos à beira de ser goleados.

A equipa foi demasiado curta: com excepção de três boas jogadas de Lukebakio, em duas delas a centimetros de marcar, o Benfica foi inofensivo. A equipa foi demasiado frágil: em momentos pareceu homens contra rapazes. Ríos voltou a ser, pior do que uma nulidade, um elemento negativo para a nossa própria equipa, dado que perdeu bolas que criaram situações perigosas para a nossa baliza.

E o fim foi penoso, parecia tiro ao boneco, com Trubin a fazer várias grandes defesas e a evitar a goleada. 

Se nos últimos jogos se viram alguns sinais positivos, ontem tudo descambou e voltámos a ser uma equipa desgovernada, perdida em campo, a cometer erros atrás de erros (sobretudo no fim).

Se fosse Lage ou Schmidt imagino que se estaria já a exigir o despedimento. Como é Mourinho isso não acontece - e bem, note-se. 

Quando se acredita num treinador deve-se prosseguir o caminho, mesmo que por vezes os resultados e as próprias exibições não correspondam ao esperado. Rúben Amorim teve más épocas no Sporting, mas o clube acreditou nele e manteve-o mesmo nos períodos difíceis, com os resultados que se conhecem. No United também já podia ter sido despedido (em Portugal não teria sequer começado esta época) e eu pensei que o seu tempo em Manchester estava a acabar, mas Ratcliffe, o accionista que controla de facto o clube, já disse que Amorim tem três anos para o seu projeto. Veremos, mas para já isso trouxe tranquilidade ao clube.

Isto para dizer que por vezes é preciso tempo para um treinador passar a sua mensagem à equipa e começar a obter os resultados desejados. E nem sempre o progresso é linear. A questão é, repito, se existe uma visão de futuro sobre o que se pretende alcançar e qual o caminho, bem como confiança em quem lidera tecnicamente esse projecto. 

Outro ponto a considerar é que o plantel do Benfica é fraquíssimo. Comentei aqui no início da época que se Akturkoglu saísse era preciso contratar dois extremos. Mas depois disso ainda saiu Tiago Gouveia! Acresce que também Carreras foi vendido, ele que era um dos principais desequilibradores e dava muita profundidade à asa esquerda. Ou seja, saíram Di Maria, Akturkoglu, Amdouni, Tiago Gouveia e Bruma lesionou-se com gravidade e o Benfica contratou... um jogador para os substituir a todos. Isto é inconcebível. Neste momento temos dois extremos no plantel principal e Mourinho já se viu que não acredita em Schjeldrup (que aliás dá poucas razões para que alguém confie nele). 

O resto do plantel não é muito melhor: Ríos tem tido um rendimento desastroso mas não tem substituto (ainda que no actual quadro até Barreiro seria uma melhor opção, para mim), o mesmo sendo válido para Enzo (não o rendimento, que, sendo fraco, não é tão mau como o de Ríos, mas a falta de alternativa). E nas laterais a situação é tão má que ontem acabámos o jogo com dois adaptados... Imagine-se. 

Mourinho não escolheu além disso os jogadores, pelo que o plantel também não tem necessariamente jogadores com as características que precisa para aplicar melhor as suas ideias.

Note-se que não sou "mourinhista", tanto que cheguei a escrever aqui que não o desejava no Benfica, mas ele é o nosso treinador e além disso é o treinador português mais titulado de sempre. Alguma coisa de futebol há-de saber. Há por isso que lhe dar tempo para desenvolver o seu trabalho, assim como recursos no próximo mercado. 

O Benfica está num momento complicado e é preciso estabilidade para as coisas não piorarem mais ainda.

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Difícil para Mourinho (e o Benfica)

 Já escrevi o que penso sobre Mourinho, mas neste momento ele é treinador do Benfica e obviamente não estarei aqui a fazer campanha contra ele sem lhe dar sequer a oportunidade de mostrar que eu estou errado. Dito de outra forma, tem o meu apoio, pelo menos para já.

A questão é que este Benfica tem, mais uma vez, um plantel curto e desequilibrado, mesmo para a realidade portuguesa. 

As carências mais óbvias estão no meio campo e nas laterais. 

Em primeiro lugar, estou longe de estar convencido de que ficámos a ganhar com a troca de Florentino por Enzo, em segundo que Ríos traga algum valor acrescentado. 

Depois, se a ideia é jogar em 4-3-3 ou 4-2-3-1 (e já teria de o ser com Lage porque Sudakov veio para ser titular), quem é o substituto do ucraniano e quem são os extremos (já para nem falar dos seus substitutos)?

Em relação ao primeiro, é evidente que não há outro jogador no plantel com as suas características. Em relação aos extremos, temos Lubebakio. Ponto. Schjelderup é um projeto de jogador e Aursnes não é um desequilibrador nato (pelo contrário, é um jogador para equilibrar a equipa). Considerando que Dahl não tem tido capacidade para trazer perigo à ala esquerda e que Dedic começou muito bem mas neste momento está algo fatigado, o Benfica não tem dinâmica e não consegue abrir as defesas adversárias. Além disso a equipa está fisicamente em baixo, o que é perfeitamente normal considerando o Mundial de Clubes e a supertaça / pré-eliminatórias da Champions.

Temos de ser honestos: quer o Porto quer o Sporting são, neste momento, muito mais fortes. O Porto com uma dinâmica forte, velocidade e um modelo bem definido (com bons executantes), o Sporting com uma equipa de qualidade muito superior à do Benfica. Vi ontem grande parte do jogo do Sporting e as oportunidades de golo sucediam-se. O guarda-redes do Moreirense fez uma mão cheia de defesas quase impossíveis. Claro que a arbitragem foi amiga: não pelos penalties em si, mas por ter sido caseira como há muito não via - o apito do árbitro só funcionava quando a infração era do Moreirense, ao passo que os jogadores do Sporting podiam fazer basicamente tudo. Ajudou a empurrar o Moreirense para trás. Mas isso é mesmo assim: os árbitros estão sempre do lado de quem está mais poderoso e neste momento o Benfica é o patinho feio, a gata borralheira.

A tarefa de Mourinho é tão mais difícil que o nosso treinador terá jogos de derrota quase certa na Liga dos Campeões (praticamente todos, aliás) e uma deslocação ao Porto em breve. Se as coisas correrem pelo pior, conseguirá um Mourinho já sem a energia do passado dar a volta à situação e construir algo no Benfica? 

A situação é muito difícil. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Navegação à vista

 Quando escrevi o último post estava muito longe de imaginar que dois dias depois Lage deixaria de ser o treinador do Benfica.

Claro que também não imaginava perder em casa com o Qarabag, uma equipa da quarta divisão do futebol europeu, um resultado que é realmente escandaloso e inaceitável.

No entanto como é que um presidente explica que ainda há duas semanas (a fazer fé nas declarações de Lage) estivesse a contratar os jogadores que este desejava e agora o demita? 

Se, como tudo indica, o sucessor for Mourinho, como explicar a venda de Akturkoglu que foi aparentemente um pedido do então treinador do Fenerbaçe?? 

Nada disto faz sentido. 

Mais: Lage eliminou Mourinho e foi tacticamente mais astuto nessa eliminatória do que o seu conterrâneo setubalense. 

E a um mês das eleições Costa vai fazer um contrato (provavelmente de valores elevados) que vai vincular o próximo presidente do Benfica - o que não é ilegal mas coloca questões muito sérias em termos de deontologia. 

É a navegação à vista, sem rumo estratégico. É verdade que o futebol são resultados e os "projectos" são normalmente uma ilusão porque se não existe sucesso o "projecto" é sempre abandonado e se contrata um novo treinador que necessariamente terá as suas ideias próprias, mas há que ter pelo menos uma visão e um rumo. 

Há uns anos contratou-se Schmidt porque se queria (e bem) um futebol atacante e atraente. Agora escolhe-se Mourinho, um treinador defensivo e resultadista. Onde está a coerência? 

Como já escrevi anteriormente, não acredito em Mourinho. Acho que está desactualizado, que o seu melhor período já passou, que não tem ideias inovadoras e que as suas equipas jogam um futebol feio que não empolga minimamente. 

Pode-se dizer que no United e na Roma fez melhor do que os que lhe sucederam. É um facto. Mas isso parece-me um fraco argumento, insuficiente para um treinador do Benfica. 

Temo que o futebol do Benfica se torne defensivo, negativo, mais preocupado em não perder do que em ganhar.

Um futebol defensivo como o de Mourinho só é aceitável se a equipa tiver bons resultados. Mas no Benfica bons resultados é ganhar sempre a nível nacional e ter prestações razoáveis na Europa. Será Mourinho capaz de alcançar tais resultados? O que acontecerá se começar a ter empates na Liga portuguesa e a perder na Liga dos Campeões (como é previsível face aos adversários que enfrentaremos)?

Antevejo tempos conturbados para o Benfica. Espero estar enganado.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Fim da linha para Amorim. E Lage?

 Eu sei que muitos benfiquistas estão nervosos com o empate com o Santa Clara. Também me debruçarei o nosso momento neste post, mas para já quero analisar a situação de Amorim, até porque acho que há ilações importantes a retirar da mesma.

Em Portugal, Amorim tornou o Sporting uma equipa dominadora, quase hegemónica. Começou por ir buscar uma série de jogadores a equipas médias e aos poucos construiu uma equipa compacta e muito difícil de bater. Teve uma "filosofia" e um "sistema" que foi aprimorando.

Mas a Premier League não é a Liga Betclic. Ali estão os melhores dos melhores, quer jogadores, quer treinadores. Cada jogo é um desafio físico e táctico sério. Enquanto que em Portugal há três equipas decentes, três ou quatro médias e as restantes são fracas, em Inglaterra o panorama é completamente diferente. 

Primeiro há o "big six" (Arsenal, Chelsea, Liverpool, Man City, Man United e Tottenham), equipas que além das competições internas competem por títulos europeus. Depois há equipas como o Newcastle, Aston Villa, Crystal Palace, Brighton, Nottingham Forest ou West Ham que têm orçamentos maiores do que o Benfica.

Em Inglaterra quase todas as equipas são muito evoluídas física, técnica e tacticamente. O problema de Amorim é que o seu sistema pura e simplesmente não funciona em Inglaterra. Porquê? Porque os dois médios centro do United estão constantemente em inferioridade numérica face aos três ou quatro médios que as outras equipas apresentam. Acresce que os dois médios do United são normalmente desadequados para jogar neste sistema. Já foi referido por analistas que apenas o Chelsea conseguiu vencer a jogar neste sistema e os seus médios eram "apenas" Kanté e Matic, dois box-to-box com uma capacidade física incrível. Com Amorim, um dos médios é Bruno Fernandes e o outro é Casemiro ou Ugarte. Não há milagres. Depois os três defesas também têm dificuldade em encaixar quando o adversário joga apenas com um avançado e ainda mais quando este deriva para outras zonas do campo, deixando os defesas sem referências. No Sporting era fácil: o bloco subia. Em Inglaterra as coisas não são tão fáceis porque as outras equipas têm muita qualidade e velocidade para explorar o espaço nas costas da defesa.

O fracasso de Amorim está a ser espectacular: em 31 jogos da Premier League tem... 8 vitórias. Mas Amorim é teimoso e não muda. Continua a bater contra uma parede: as performances e os resultados são desastrosos, mas continua a insistir. Todos os treinadores já sabem como o Man United joga, quais as suas fragilidades e como os anular. 

É verdade que Amorim conseguiu resultados na Europa enquanto treinador do Sporting (embora nunca tenha ido longe em nenhuma competição). Não lhe retiro mérito, mas a confiança é um factor muito importante e também tinha jogadores adaptados ao seu sistema, ao contrário de agora (os avançados baixavam para apoiar os centro campistas, a equipa era mais compacta, os defesas mais capazes e teve Gyokeres que era capaz de correr quase meio campo e marcar). O que é incrível é que Amorim continua a jogar com os mesmos médios centro do ano passado (com os resultados que seriam de esperar - derrota atrás de derrota). Por outro lado, não resolveu ainda o problema do guarda-redes (no Sporting foi o mesmo). Agora vem o Chelsea e os adeptos estão completamente saturados. Depois de o acolherem cheios de entusiasmo, agora consideram que já não há esperança. Amorim está por um fio.

Que lição se retira daqui? Creio que mais do que uma. A primeira, evidente, é que a Premier League é o topo dos campeonatos e que ser "o maior da sua rua" significa pouco ali. A segunda é que um bom treinador tem de ser capaz de fazer correções e adaptações, por muito que acredite no seu modelo. Amorim não está a demonstrar essa capacidade. Em Portugal, na Grécia, talvez na Turquia, Amorim tem uma elevada probabilidade de sucesso, em Inglaterra, tem uma elevada probabilidade de fracasso. A confirmar-se o descalabro, será um falhanço embaraçoso, com um custo de muitos milhões para o clube, mas na verdade apenas mais um fracasso no já grande cemitério de treinadores em Old Trafford.

Face aos números atrozes de Amorim (pelo meio ainda eliminado da Taça da Liga por uma equipa da quarta divisão), o empate do Benfica com o Santa Clara torna-se mais relativo. 

O problema é que em Portugal qualquer empate pode ter consequências muito prejudiciais tal o desnível  dos três grandes para os outros e, ainda mais importante,  o nível de jogo medíocre do Benfica é preocupante nesta altura. 

No entanto temos de reconhecer que há vários factores atenuantes: a quase ausência de pré-época, muitas entradas e saídas, grande número de jogos de exigência elevada logo em Agosto (o jogo ter sido na sexta-feira também foi um disparate). E estamos ainda no início. É possível que com a adaptação dos jogadores recém-chegados e o seu entrosamento com os colegas, o rendimento individual e colectivo aumente. Não apenas é possível, é mesmo exigível.

Temos de mantter calma e não entrar em histeria. Lage é um treinador razoável para a nossa realidade. Não vamos ter Klop, nem Tushel, nem Guardiola, nem Marco Silva. Para vir um Anselmi ou um Borges (ou um Mourinho já sem a energia nem a confiança de outros tempos) não vale a pena mudar. Claro que se não houver melhoria na qualidade de jogo e por outro lado houver mais resultados negativos, a pressão aumentará, como acontece sempre, e terá de se pensar em alternativas. Mas ainda é cedo. O jogo com o Porto será para mim o momento para fazer uma avaliação mais fundamentada. 

A seu tempo escreverei também sobre as contratações e o plantel do Benfica. 

domingo, 10 de agosto de 2025

Primeiras impressões

 O Benfica mudou em todos os sectores face ao ano passado: na defesa, com dois novos laterais, no meio campo com nova dupla no "miolo" e no ataque também há várias entradas e saídas. 

O próprio esquema táctico mudou no último jogo (veremos se é para continuar): de um 4-2-3-1 ou 4-3-3 passámos para um 4-4-2 clássico com dois pontas de lança (embora com Aurnes a titular este se possa juntar mais aos elementos do meio campo para formar um trio). 

São muitas mudanças em lugares chave. 

O meio campo é a "sala das máquinas", onde se fazem os equilíbrios, se pauta o jogo, se organiza o ataque ou impede o do adversário. Mudámos aqui as duas posições de trinco e médio centro (8) de Florentino/Kokçu para Enzo/Rios.

Os primeiros sinais parecem positivos: o Benfica vence o Sporting não direi que com facilidade, mas com uma certa naturalidade e simplifica com o Nice. Os jogadores contratados chegam com boas referências e dão indicações favoráveis. 

No meio campo faltava agressividade, como foi penosamente evidente no final da época passada e Kokçu apesar de ser um jogador com qualidades nunca se impôs verdadeiramente, além de ter uma personalidade conflituosa. Veremos como os que chegaram se adaptam. Ainda é cedo. Para mim Florentino ficaria no plantel, a não ser que houvesse uma oferta irrecusável. É um jogador fiável e com uma tremenda capacidade de desarme, apesar das limitações no passe. 

Dedic parece uma boa aposta, mas Dahl não é Carreras. Convém recordar que este foi um dos melhores jogadores da época passada e não é por acaso que o melhor clube do mundo o contratou. 

No ataque a contratação de Ivanovic traz novas opções, mas claro que estamos a falar de um jovem a quem tem de se dar tempo para crescer. Além disso saíram Di Maria, Amdouni e Kokçu, Akturkoglu diz-se que sairá e Bruma estará lesionado muito tempo, ou seja saiu talento e fantasia que é preciso colmatar. 

Em relação aos nossos adversários, o Sporting continuará a ser forte a nível nacional, especialmente se Hujlmand continuar, e o Porto parece ter uma equipa bem mais competitiva do que no ano passado. Por isso não haverá facilidades. 

Uma última nota para a Premier League que tem dominado este mercado. O Liverpool operou uma mini revolução no plantel, fez contratações sonantes e espera ainda contar com Isak, mas começou mal a época ao perder a Charity Shield (supertaça inglesa) para o Chrystal Palace. O City espera recuperar o ceptro. O Arsenal contratou Gyokeres. E o Chelsea, vencedor da Liga Conferência e do Mundial de Clubes também se reforçou. Há ainda que contar com o Tottenham e o Newcastle, numa segunda linha. Ou seja, as coisas não se afiguram nada fáceis para Amorim. Este ano já não haverá a tolerância do ano zero. E para já os sinais não são brilhantes. 



sábado, 5 de julho de 2025

O Mundial de clubes e o Benfica

 A participação do Benfica no Mundial de clubes teve um saldo neutro e correspondeu ao expectável: uma goleada a um clube de amadores, um empate com um um grande da Argentina, uma vitória inesperada (a primeira de sempre) com um Bayern em modo poupança e uma derrota por 4-1 perante um Chelsea com argumentos superiores aos nossos. A goleada com o Chelsea é um pouco atenuada pelo facto dos golos terem surgido quase todos no fim, quando jogávamos com 10. Mas por outro lado o Benfica foi uma sombra de si mesmo nesse jogo: sempre demasiado encolhido e defensivo, sem capacidade de ser incisivo no ataque.

No final, o saldo é "normal": tínhamos uma secreta esperança de chegar longe e quem sabe ganhar a competição, fazendo jus à história do Benfica e tirando partido do facto da competição surgir no final de época, com as equipas a não terem o mesmo rendimento que alcançam na Liga dos Campeões, mas no fim a lógica imperou e alcançámos o que é habitual na competição continental - passar a fase de grupos e perder na primeira ronda a eliminar.

Perder com o Chelsea não é desprestigiante, mas o nível que apresentámos fica abaixo, na minha opinião, dos mínimos. Lage tentou aplicar a mesma receita que funcionou com o Bayern, mas sem sucesso desta vez. É verdade que a Grécia foi campeã da Europa a jogar assim, mas isso acontece uma vez a cada 50 anos. Acho que o Benfica poderia ter assumido o jogo de outra forma. 

De resto a competição vai avançando para a fase final de acordo com o que seria expectável: as equipas mais fracas vão desaparecendo e os gigantes europeus posicionam-se. Houve algumas surpresas, como acontece sempre: o Inter foi eliminado pelo Fluminense e o City pelo Al Hilal. Mas nas meias finais estarão Paris Saint Germain, Real Madrid e Chelsea e um dos dois primeiros deverá levantar o troféu.

Quando o Benfica foi eliminado li dezenas dos milhares de comentários feitos por brasileiros dirigidos ao nosso clube e aos portugueses, todos eles insultuosos. Fiquei admirado, não sei o que é que lhes fizemos para justificar tanta hostilidade. Os brasileiros, sobretudo adeptos do Flamengo, recordavam a vitória da sua equipa sobre o Chelsea na fase de grupos e gozavam com o Benfica chamando-nos equipa pequena e assegurando que no campeonato brasileiro lutaríamos pela manutenção. Mas via-se ali muito ódio, muito ressentimento.

Tais adeptos esqueceram-se de duas coisas:

1) as equipas europeias estão no "pós-época", com muitas dezenas de jogos nas pernas, separados desta competição por uma pausa competitiva de semanas, física e mentalmente cansados, ao passo que as sul americanas estão no início da época, com os índices físicos e motivacionais no máximo;

2) iam jogar com o Bayern de Munique, que o Benfica tinha vencido, a seguir (e, claro, perderam). Além disso perderam qualquer simpatia que os portugueses poderiam ter pelas equipas brasileiras. 

E fico-me por aqui para não extrapolar do futebol para outras situações, porque os brasileiros que trabalham arduamente em Portugal (centenas de milhares) não têm culpa dos comentários de alguns idiotas.