Já aqui não escrevia há quase duas semanas. O essencial do que queria dizer acerca do início de época já tinha sido dito e não quis contribuir para um ruído excessivo que se fazia sentir entre os benfiquistas.
Apesar das paixões inerentes ao futebol, procuro ser justo nas minhas análises (todos temos essa pretensão) e manter alguma coerência naquilo que digo.
Acima de tudo, depois do desapontamento com o resultado da supertaça e de algumas exibições pouco conseguidas no início de época, a minha perspectiva foi que se deveria dar algum espaço a Vitória para respirar e ter oportunidade de tentar impor as suas ideias. Para isso era preciso baixar as expectativas e retirar alguma pressão à equipa. No último artigo que escrevi, disse isto:
O campeonato agora para por duas semanas para compromissos das seleções. A boa notícia é que estamos apenas 1 ponto atrás dos nossos adversários e que haverá agora tempo para trabalhar com calma (os que ficarem, porque muitos se ausentarão para representar as suas selecções) e assentar ideias e processos. Há muito trabalho pela frente! Rui Vitória tem que perceber que o Benfica tem que ter muito mais consistência defensiva, muito mais segurança na troca de bola (o número de passes falhados ou mal feitos é inacreditável) e mais soluções ofensivas para desmontar as defesas cerradas dos adversários da liga dos pequeninos (que são quase todos com excepção do Porto e do Sporting). O Benfica precisa de mais velocidade no ataque, nas combinações e nas desmarcações, mais movimentação dos jogadores e mais dinâmica ofensiva.
Ora nestas duas semanas, para além do tempo que teve para trabalhar (nesse artigo também defendi que a pré-época nos EUA não tinha ajudado) Rui Vitória recebeu da parte de LFV um grande, necessário e merecido apoio. Numa entrevista a A Bola, cujo alcance alguns benfiquistas pouco perspicazes não compreenderam, Vieira disse duas coisas muito importantes: 1) não conseguiu dar a Vitória um ou outro reforço de que a equipa precisava; 2) a alteração de modelo implica "dores de crescimento".
Aquilo que vários benfiquistas, precipitados e sempre prontos para atacar o presidente, não entenderam é que com essas declarações Vieira estava a retirar pressão sobre Vitória (admitindo que o plantel poderia ter um ou outro reforço) e que esta época seria de algum modo de transição. Vencer o campeonato seria importante, vencer seria desejável, vencer seria óptimo, mas não vencer não significaria a demissão do treinador e não significaria o abandono e a desistência deste novo modelo. Isto demonstra para mim que aquilo que se está a fazer está a ser feito com critério e com sustentabilidade e deu um sinal inequívoco para dentro, permitindo maior tranquilidade.
E o resultado imediato está à vista.
A exibição de ontem dá aos benfiquistas razões para encarar o futuro com esperança e optimismo moderado.
Não há que embandeirar em arco! O Belenenses é uma equipa limitada que ontem não foi capaz de nos colocar nenhuns problemas. Mas isso é também mérito do Benfica e da excelente exibição que fez. Crédito total para Rui Vitória e para os jogadores. Sem prejuízo de uma análise mais detalhada ao jogo e às exibições individuais e colectiva, penso que ficou ontem claro que o plantel tem qualidade, muita qualidade!
Vêm agora aí desafios importantes e dificuldades acrescidas. Vêm aí jogos da Champions e jogos importantes para a definição do campeonato pelo facto de serem marcantes psicologicamente. É importante estar à altura. O jogo de ontem dá-nos confiança para preparar esses jogos com grande rigor e determinação.
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