Não tenho acompanhado muito a blogosfera pelo que não sei se a entrevista de Miguel Vitor a "A Bola" teve algum destaque. Que merece, pelo que não deixarei pela minha parte de aqui partilhar alguns excertos.
Antes de mais importa dizer que Miguel Vitor (24 anos) esteve 13 anos no Benfica (com um ano e meio de empréstimo pelo meio) tendo sempre sido um atleta exemplar. Tem por isso conhecimento da realidade benfiquista e toda a autoridade para falar tanto mais que o fez com frontalidade mas sem rancor. Com elevação.
Trata-se de um jogador que esteve no Benfica desde os 11 anos, fez ali a sua formação, cresceu como jogador e teve um percurso ascendente, até a sua carreira estagnar, levando ao desfecho que se conhece - saiu no fim do seu contrato para o PAOK.
É Miguel Vitor um predestinado, um Humberto Coelho, um Beckenbauer? Com toda a probabilidade não. É Miguel Vitor um jogador da formação, com espírito benfiquista, muito fiável, que nunca desiludiu e podia ser o 4º central do plantel? Com toda a probabilidade sim.
Na sua entrevista, Miguel Vitor começa por dizer que sai com "mágoa" e que esta decisão lhe "custou" dada a longa ligação ao Benfica.
Vinha de uma época em que fora muito utilizado por Quique Flores e depois foi complicado. Tenho de admitir que o Benfica teve boas duplas de centrais, mas sinto também que podia ter tido outras oportunidades. O treinador nunca me deu oportunidades a sério. Ele lá teve as suas opções, sempre respeitei e trabalhei da mesma forma, ninguém me pode acusar de nada, mas tenho pena de as coisas terem acontecido desta forma.
(...) com a continuidade deste treinador senti que as minhas hipóteses seriam muito reduzidas.
Depois esclarece que o Benfica lhe propôs a renovação mas neste quadro de estagnação da sua carreira não a quis aceitar. "A Bola" pergunta-lhe então se sentiu que a lesão no jogo com o Braga em 2011/12, quando estava a fazer uma grande exibição, terá sido um momento marcante, pela negativa.
Não foi só esse momento, mas sim, esse jogo podia ter sido o click. Mas sinceramente não acredito que quando regressassem os outros jogadores, o treinador mudasse alguma coisa (...) Mas houve outras situações que me entristeceram. Por exemplo: entrei em Old Trafford, frente ao Manchester United, devido à lesão de Luisão. O jogo correu-me bem, aqueles 30 minutos foram elogiados por todos, e a seguir tivemos um jogo com o Sporting e quem jogou foi o Jardel, tal como aconteceu nos jogos seguintes. Que jogou bem, mas quem garante que se tivesse sido eu não teria jogado igualmente bem ou melhor? Acho que são aqueles momentos que mudam a carreira de um jogador. Não tive essa felicidade no Benfica, foi procurá-la agora noutro lado.
Sente-se injustiçado?
Claro. Trabalhei muito para jogar no Benfica, sabia que a dupla de centrais era boa mas eu podia ser opção em mais jogos. Não compreendi, por exemplo, o que aconteceu em Freamunde: um jogo para a Taça em que o mister rodou a equipa e foi buscar o Sidney à equipa B e eu fui para o banco, que era da equipa A. Essa é uma das situações que nunca irei entender.
(...)
O que gostaria de ter dito a Jorge Jesus?
Eu disse tudo. Tive algumas conversas com ele para tentar perceber onde é que estava a errar mas nunca me respondeu com honestidade e frontalidade porque é claro que nunca fui aposta para ele (...).
Lembro-me bem destas situações e digo com todas as letras: se a questão da titularidade de Jardel em detrimento de Miguel nos jogos referidos é questionável, já a titularidade de Sidney no jogo com o Freamunde é um insulto a quem o não merecia.
A esta entrevista (e aos factos que ali se descrevem) juntam-se outras declarações, nomeadamente de Michel, do agora regressado (com melhor contrato) Rúben Amorim e de outros. Junta-se ainda à inaceitável situação de Miguel Rosa. Ser português, da formação e benfiquista pelos vistos é visto negativamente por quem pode e manda.
Jorge Jesus põe e dispõe em demasia neste Benfica. Actua em roda livre e parece algo perdido, continuamente deslumbrado e inebriado nas suas opções e poderes. O que se passou na Taça de Honra é mais um triste e revelador episódio da actual desgovernação no Benfica.
Do ano passado para este, nada parece ter sido aprendido ou interiorizado. Nenhuma lição foi tirada, como se vê quer pela entrevista de JJ à Benfica TV, quer pela política de contratações aos molhos. A descaracterização do Benfica continua em ritmo acelerado.
Do ano passado para este o que mudou? Saiu Norton de Matos, contratado um ano antes (se com ou sem indemnização não sei) e entrou Hélder, que tem um passado no Benfica mas cujas primeiras impressões são de uma grande dependência de Jorge Jesus. Saiu Carraça, que bom ou mau por vezes se via tentar refrear JJ e entrou para o seu lugar Lourenço Pereira Coelho, que é um profissional muito qualificado mas que dificilmente (estou em crer) terá peso suficiente para questionar JJ seja no que for.
Depois de 3 anos a perder, os sinais são preocupantes.
Queixar-se depois de sair é fácil...depois de 4 anos a receber o salário sem piar.É um jogadorr razoavel e bom suplente mas não vedeta nenhuma.
ResponderEliminarManuel
Esse comentário é completamente ao lado pelo seguinte:
Eliminar1) no primeiro ano, como aliás aqui está referido, foi bastante utilizado por Quique Flores, pelo que quanto muito se podia apenas falar de 3 anos e nunca 4
2) foi um profissional exemplar que lutou pelo seu espaço
3) o que deveria fazer, queixar-se em público do seu clube ou treinador? Se calhar sim, a avaliar pelo que aconteceu com Rúben Amorim...
4) Quem diz que é vedeta? Ele? Eu? O que é dito no texto acima? É isso?
5) o jogador queixa-se de não ser sequer opção para suplente, em detrimento por exemplo de Sidney
TENHAM OUTRO RESPEITO POR QUEM HONRA A CAMISOLA DO BENFICA E DÁ TUDO, EM VEZ DE FAZER COMENTÁRIOS QUE VISAM SER DEFESAS ACRÍTICAS DE COISAS QUE NÃO TÊM JUSTIFICAÇÃO POSSÍVEL. DEFENDER O BENFICA NÃO É ISSO!