terça-feira, 23 de julho de 2013

Benfica - regresso ao passado ou o completo desnorte

Vejo com estupefação e sincera preocupação o que se passa por estes dias no Benfica.

Um clube com uma folha salarial de mais de 100 jogadores (!!) continua a contratar jogadores por atacado para posições onde já existem 3 (!!) alternativas, dispensa jogadores da formação e jogadores que ainda o ano passado renovavam contratos, não realiza nenhuma venda, não define o seu plantel e continua a evidenciar carências evidentes para qualquer analista amador como eu.
Não vale a pena estar a enunciar as situações pois elas são evidentes para quem queira olhar para a realidade com olhos de ver e não apenas chamar "papagaios" e "abutres" a quem mantém um mínimo de perspectiva crítica sobre as coisas.
O Benfica de hoje voltou aos piores tempos de Damásio e Vale e Azevedo, quando entravam e saiam jogadores sem os adeptos terem sequer tempo para memorizar os seus nomes.

Chegou-se ao cúmulo dos jogadores nem sequer chegarem a vestir a camisola do glorioso, andando de empréstimo em empréstimo até aterrarem na equipa B na ténue esperança de ser encontrada uma "solução" ou uma "colocação". Anos a fio! Isto acontece com Sidney, Kardec (novamente emprestado) e Urreta há anos, com Djaló e Jara, agora com Carlos Martins, Luisinho e Hugo Vieira e por aí adiante.

Quantos milhões estão empatados nestes jogadores, pergunto-me eu?

Acho que isto começa a ser demais e começa a evidenciar uma de duas coisas (ou as duas conjuntamente): ou alguém dentro do Benfica está a fazer (muito) dinheiro à conta destas contratações e dispensas (com evidente prejuízo para o clube) ou há um completo desnorte e irresponsabilidade por parte de quem dá o aval a contratações com custos consideráveis (Jara custou 5 milhões) que de repente deixam de servir.
Para chamar as coisas pelos nomes, começamos a estar perante um caso de gestão danosa.

O último destes actos de má gestão é o dossier Cardozo.

Decidiu-se internamente após a final da Taça que o jogador tinha que sair. Como foi então possível ter o mesmo ido de férias com a situação por resolver? E como é possível chegar ao fim de Julho com este resultado: negociações entre Benfica e Fenerbahçe abortadas? E agora?

Depois temos as lacunas que continuam por colmatar: para a posição de lateral esquerdo não é líquido que tenhamos já uma alternativa fiável; para substituir Matic (imaginando que ele fica) não há nem um jogador contratado (quanto mais dois para a tal eventualidade, que de acordo com JJ "é quase impossível" não se verificar, da saída do sérvio) e na baliza continuamos - tudo o indica - também com um problema bicudo. Isto para já não falar de como será difícil substituir Cardozo se de facto se consumar a sua saída. Realmente só faltava agora o paraguaio continuar (algo que pessoalmente e numa análise mais imediata até gostaria, pois é um goleador) e virem-nos explicar que afinal nada de especialmente grave se passou e que a continuidade sempre fôra uma possibilidade...

Isto, repito, ao mesmo tempo que se contratam extremos atrás de extremos, alguns inclusivé já com "guia de marcha" para a equipa B.

Por falar em equipa B, como será o ambiente no seio daquele grupo de homens, considerando que aquele é um "desterro" para os enjeitados do plantel principal, jogadores com currículo, que obviamente nunca poderão deixar de estar insatisfeitos naquela situação, como Carlos Martins e outros? A resposta é simples: de cortar à faca! Será esse o meio mais favorável para os jovens saídos das camadas jovens evoluírem? Claro que não!

Há demasiadas coisas a correr ao mesmo tempo e que já deviam estar resolvidas. Num ano em que embarcámos numa decisão complicada e temerária (que apesar de tudo ainda considero ir na decisão certa, mas isto no pressuposto de que as coisas foram bem pensadas antes, algo de que neste momento já duvido) de não ter receitas directas das transmissões televisivas, optando pela Benfica TV.
Para as coisas funcionarem importava tudo o resto estar definido e bem decidido. Haver estabilidade e os subscritores saberem exactamente com o que contavam. Isto naturalmente para além de se terem acautelado todos os aspectos legais, pois sabemos que o sistema tudo fará para boicotar este projecto.


Em suma, navegamos à vista, cheios de incertezas e instabilidade, com saídas e entradas permanentes, reais, pensadas ou fictícias.



Isto é o pior começo que se podia imaginar.


E não, não sou anti-Vieira ou Jesus, nem sou abutre nem papagaio. Sou um benfiquista que já viajou muito e deu muito pelo seu clube. Um benfiquista apaixonado que neste momento está extremamente preocupado.

O que se passa neste momento faz lembrar o que de pior aconteceu nos anos de Manuel Damásio e João Vale e Azevedo.

O valor da estabilidade, que Vieira tem defendido está neste momento completamente esquecido. A instabilidade não vem sequer de fora. São os próprios dirigentes que a promovem, não digo que propositada mas objectivamente. 



5 comentários:

  1. quanto ao Cardozo é uma boa noticia.

    o Tacuara não pode sair.

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  2. Essa do "mais de 100 jagadores" é um bocado ridícula não é?

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    1. O que é ridículo: ter 100 jogadores contratados ou manifestar estranheza por tal FACTO?

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  3. O rapaz que escreve é demasiado novo para se lembrar do que se passou com Vale e Azevedo. Não havia jogadores a entrar e sair sem ninguém os conhecer e sabes porquê? Porque não havia sequer dinheiro, mesmo que JVA quisesse fazer isso.

    Com JVA os planteis eram curtos, e na altura até se criticava a gestão do Benfica porque o plantel tinha apenas 24 jogadores, quando FCP e SCP tinham cerca de 30. Aliás na altura tudo servia para criticar JVA, agora que andamos há 12 anos com o mesmo presidente, com os mesmos interesses dentro do Benfica, com passivos assustadores, com juros anuais de 20 milhões, agora nao há criticas sobre a gestão de Vieira.

    Eu percebi logo que ia ser assim há quase 13 anos atrás...

    Já com Damásio tens razão. Era o tempo que se contratava por cassete ... o Paulão veio, fez um jogo em Barcelos, meteu água, perdemos, e foi logo despachado. Com JVA isso NUNCA aconteceu. Havia critério e não eram os empresários que mandavam...

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    1. Com Damásio contrataram-se muitos jogadores, talvez mais do que com V & A. Não fiz nem tenho tempo para fazer essa contabilidade. Mas, assim de repente, lembro-me de Gary Charles, Steve Harkness (que chegou numa terça e jogou no domingo), de um rapaz chamado Luis Carlos, de Pembridge, de Dean Saunders, de Brian Deane, um avançado matulão que marcou uns golos ao Porto numa vitória por 3-0 na Luz. Houve boas contratações também, destacando-se obviamente o Poborsky e o Van Hoijkonk, mas este não esteve muito tempo. E lembro-me muito bem também da saída de João Vieira Pinto a custo zero e da maior humilhação a seguir aos 7-1: os 7-0 do Celta de Vigo. Já agora: aqui não há rapazes, só homens. Da próxima vez tem isso em atenção no teu comentário.

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