Estamos numa fase crucial da época, na fase das decisões. A deslocação a Moreira de Cónegos era, como quase todas, um dos jogos mais difíceis até ao fim da época: teremos ainda que ir a Arouca, Vila do Conde, Barcelos, Restelo e Guimarães. Os restantes 7 jogos são em casa.
À partida os jogos fora são todos difíceis mas o desenrolar das partidas é o que determina verdadeiramente. Qualquer jogo (como o demonstrou a partida nos Barreiros) se pode tornar fácil, tal a qualidade do Benfica face aos restantes adversários. Mas também (como o provou Paços) se pode tornar difícil caso as equipas adversárias cerrem fileiras na defesa e se comece a instalar entre os nossos jogadores a ideia de que não conseguirão marcar.
Ora nesta medida o jogo de Moreira teve tudo para correr mal.
Depois de uma boa entrada em campo e de algumas oportunidades, o Benfica viu-se a perder sem que rigorosamente nada o justificasse. O Moreirense não tinha feito uma jogada de que me lembre e o golo surge completamente contra a corrente de jogo, num remate que bate no peito de Jardel, o que praticamente impossibilita a defesa de Artur.
A partir daí o Benfica ressentiu-se, pairou o fantasma de Paços e a tarefa complicou-se muito.
No entanto, o golo "de raiva" de Luisão (excelente momento para regressar aos golos) mudou completamente a dinâmica e carga emocional da partida, desde logo prenunciando um triunfo do Benfica. Nunca saberemos o que seria do jogo sem a expulsão, mas a minha ideia é que o Benfica passou a estar por cima e venceria a partida independentemente do Moreirense ter 10 ou 11. O segundo e terceiro golo surgiram com naturalidade e outros poderiam ter surgido caso a equipa tivesse continuado a forçar.
Existem lições a retirar deste jogo: o nosso ataque precisa de maior agressividade e objectividade, nomeadamente como aconteceu na segunda parte e, nalguns momentos, menos passes e menos elaboração. Sálvio (já o sabemos) está num momento mau. Esperemos que Gaitan possa voltar rapidamente porque faz muita falta.
Outro aspecto que pode ser analisado é a titularidade de André Almeida em detrimento de Cristante. Claro que o treinador terá as suas razões mas não me pareceu a melhor opção. Possivelmente JJ terá achado que, com um jogador pouco vocacionado para as tarefas defensivas como Pizzi, seria melhor ter um jogador mais posicional e mais "certinho" como André. Penso porém que o nosso meio campo ficou um pouco carente de dinâmica. Não foi das exibições mais conseguidas de André Almeida que não deixa por isso de ser uma excelente solução e um jogador valioso para o nosso plantel.
No espectro positivo, há que destacar o regresso aos golos de Eliseu, um jogador que a imprensa passa a vida a atacar e desvalorizar. Eliseu tem valido golos que dão vitórias e dá sempre à equipa dinâmica, ainda naqueles jogos em que, nos momentos finais, não tem tido as melhores decisões. No global Eliseu tem sido um jogador com um rendimento elevado e sempre empenhado emocionalmente com a equipa, contribuindo para a união e força mental do grupo.
Finalmente mais uma vez apraz-me elogiar a exibição de Pizzi, que entre outras coisas, aponta muito bem as bolas paradas, nomeadamente os cantos. Talisca irá naturalmente subir de rendimento constituindo-se muito em breve (estou em crer) em mais uma boa "dor de cabeça" para o nosso treinador.
O Benfica tem agora que enfrentar o jogo com o Estoril com a seriedade que tem sempre encarado os jogos e vencer para poder depois beneficiar do resultado do jogo entre os nossos rivais.
Como nota final, gostava de assinalar que os jogos se tornarão progressivamente mais difíceis até ao fim do campeonato. É natural que os nossos adversários queiram ganhar os seus jogos mas não é normal que enfrentem os jogos com o Benfica (em princípio de "outro campeonato") como se de vida ou morte se tratassem. Caso isso aconteça é porque algo de estranho à normalidade do campeonato se está a passar.
Vem isto a propósito de algum descontrolo emocional que detectei nos jogadores do Moreirense, a ponto de um ter sido expulso por insultar de forma grosseira o árbitro. Afinal de contas o que justificava insultar o árbitro daquela forma naquele momento do jogo? Teria porventura havido algum "caso" até aquele momento? Não, nada de nada, a não ser a história do "canto-penalty". Serve pois isto para dizer que teremos que contar com uma motivação extra, por vezes anormal, dos nossos adversários mas que poderemos usar esse facto em nosso favor, designadamente tirando partido do desequilíbrio emocional dos nossos adversários.
Quanto ao resto, os nossos adversários que continuem a falar e gritar nos programas de falatório, semana após semana até ao fim do campeonato. São os votos que lhes deixo.
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