O Benfica perdeu de forma justa e por culpa própria um jogo em que não percebeu o que se estava a passar.
De facto pouco depois do golo madrugador e sobretudo a partir do início da segunda parte comecei a pensar que o jogo se estava a tornar muito perigoso para o Benfica.
Pela terceira vez esta época o Benfica perde jogos em que foi superior ao seu adversário em posse de bola e ataques. Duas dessas três derrotas surgiram no tempo de descontos, duas delas depois de termos estado em vantagem no marcador muito cedo no jogo.
Todos têm que perceber as lições destas derrotas, parecidíssimas entre si. Jorge Jesus tem mais uma vez que aceitar que, apesar de todas as qualidades, não tem sempre razão.
Os sinais do jogo apontavam exactamente para o que aconteceu, sobretudo a partir da bola ao poste. O Benfica deixou que um jogo no qual estava em vantagem se tornasse um jogo partido, no qual a bola passava quase diretamente das defesas para o ataque. Era a altura para ter mais um médio em campo, era altura para controlar o jogo de outro modo. Isto até porque Samaris não foi desta vez particularmente feliz. Depois da entrada de Diego, percebeu-se que o Benfica tinha que ter outra cobertura defensiva.
Por outro lado, foi desde o início patente que o Rio Ave apostava sobretudo nas bolas nas costas dos nossos defesas, explorando a velocidade dos seus avançados. Ora isto para mim torna ainda mais incompreensível as exigências de JJ para que a defesa subisse. Como isto foi uma má ideia é algo que ficou demonstrado na expulsão de Luisão. Mas havia já o caso de Eliseu que estava em manifesta inferioridade física (depois de uma entrada violenta de Ukra que não valeu qualquer sanção disciplinar por parte do árbitro) e a quem JJ exigia o que o jogador não podia dar quando o que devia ter feito era substitui-lo.
Felizmente o Porto acusou a pressão não conseguiu ganhar o seu jogo e a situação praticamente não se alterou. Continuamos na frente e em vantagem no confronto directo.
Na verdade e olhando agora para o lado positivo das coisas, esta jornada pode marcar uma viragem definitiva para a conquista do campeonato por parte do Benfica. Desde Paços que estamos em perda: tivemos oportunidade de "matar" o campeonato, pois o Porto perdera antes na Madeira com o Marítimo, e baqueámos. O Porto sentiu que era a sua oportunidade e venceu uma série de jogos. Desta vez passou-se o contrário: o Porto poderia ter diminuído a desvantagem para um ponto (colocando a liderança à distância de uma imaginada vitória na Luz) e deixou fugir a oportunidade. O Porto sabe agora que caso não haja mais escorregadelas entrará na Luz a ter que vencer por 3-0 para subir à liderança... Ora acrescentando a isso o facto de terem a caminho uma eliminatória da Champions com o Bayern, a sua situação não é famosa. A pressão está agora sobre eles.
Quanto ao Benfica espero sinceramente que todos tenham aprendido a lição que eu achava já sabida na ponta da língua: para ganhar os jogos é preciso nunca "desligar", é preciso ter sempre a noção que contra nós os adversários dão tudo e é preciso ter espírito "matador". Não tenham pena dos adversários que eles também não têm pena de nós. Depois também é preciso ter realismo e capacidade de sofrimento para conservar as vantagens importantes quando não é possível dilatá-las.
Boa análise. Não se pode passar 90 minutos a defender uma vantagem mínima. Ainda por cima a jogar num estádio pintado de vermelho... Exige-se mais à equipa e outro tipo de estratégia ao treinador. Abraços
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