segunda-feira, 29 de julho de 2013

Os últimos 30 anos - balanço e títulos

Com a morte de Fernando Martins, a quem aqui presto a minha homenagem de adepto benfiquista e o agradecimento pelos títulos e a obra deixada, desaparece o último Presidente do Benfica que conseguiu ser vitorioso para os padrões benfiquistas.

Numa altura em que muito se discute o balanço dos vários mandatos de Luis Filipe Vieira e na ressaca de mais um ano de desilusões, resolvi aqui deixar de forma absolutamente objectiva a relação dos títulos conquistados pelo nosso futebol sénior nos últimos 30 anos. Faço-o de forma comparativa para que cada um possa fazer a sua apreciação sobre os dados de forma informada.

É importante referir que este período de 30 anos coincide com um período em que Pinto da Costa já presidia ao FC Porto. 

Aos títulos acrescentei as presenças em finais europeias, marcos fundamentais de qualquer clube de topo. Inclui também obviamente a Taça da Liga. Apesar deste troféu só existir desde 2007/08 é um troféu oficial nacional.

Os períodos estão divididos não pelas décadas tradicionais (anos 70, 80, etc) mas por comparação com a década 2003-2013, que equivale ao período de gestão de Luis Filipe Vieira, remontando depois duas décadas para trás (83-93 e 93-2003). Poderia também incluir a década 73-83 e até 63-83. Não o fiz por considerar que a realidade futebolística portuguesa era nessa altura demasiado diferente da actual para o quadro comparativo poder ter utilidade. 

Convém igualmente, a bem do rigor, referir que na realidade Luis Filipe Vieira não cumpriu ainda 10 épocas como Presidente do Benfica, pois entrou para a presidência da direção apenas em Outubro de 2003, quando a época tinha já começado. Não obstante, fazia já parte da SAD e a sua eleição veio na continuidade do mandato de Vilarinho, no qual tinha já há algum tempo assumido um lugar de liderança pelo que incluí já essa época no seu mandato.

Aqui fica então a relação de títulos:

                      2003-13                       1993-2003                            1983-1993*

campeonatos         2005 e 2010                          94                               84, 87, 89, 91
Taça de Portugal       2004                                   96                              85, 86, 87, 93
Supertaça                  2005                                                                           85, 89
Taça da Liga        2009, 2010, 2011,2012      Não existia                      Não existia                       
Finais europeias   Liga Europa 2013                                                  Taça UEFA 1983
Final da Taça dos campeões 88 e 90


*Os períodos compreendidos (todos de 10 épocas) são os seguintes: da época 1983/84 até à época 1992/93 inclusivé, de 1993/94 a 2002/2003 e de 2003/2004 a 2012/13. Os períodos não correspondem obviamente a décadas (década de 80, década de 90, década de 2000 e de 2010) de modo a abrangerem o período de Luis Filipe Vieira por comparação aos dois períodos de 10 anos que o antecederam. 



A década 83-93 teve como Presidentes Fernando Martins, João Santos e Jorge de Brito. Este último (que teve um mandato breve) esteve precisamente no período de transição das décadas aqui analisadas, tendo começado a seguinte (93-2003), que viu serem ainda presidentes: Manuel Damásio, Vale e Azevedo e Manuel Vilarinho. Finalmente de 2003 a 2013 o Benfica teve apenas como Presidente Luis Filipe Vieira.

Nestas 3 décadas houve apenas dois presidentes que não conquistaram nenhum título: Vale e Azevedo e Manuel Vilarinho. Seguidamente, Manuel Damásio é o Presidente menos titulado com apenas uma Taça e um campeonato, este a meias com Jorge de Brito que também apenas ganhou este campeonato de 1994 a meias (saiu em Janeiro desse ano para dar lugar a Damásio) e uma Taça (1993). Brito só esteve porém como presidente pouco mais de ano e meio, ao passo que Damásio esteve quase 4 anos.

A década 93-2003 é o período mais negro da história do Benfica, iniciado com a destruição do plantel campeão por parte de Artur Jorge e as contratações de jogadores sem categoria para o Benfica a par da gestão desastrosa de Damásio, continuado com a calamidade Vale e Azevedo, a tempo interrompida pela eleição de Vilarinho e o regresso da sanidade ao clube.

Ao tempo o Benfica estava perto da falência (semelhante ao Sporting de hoje) e Vilarinho teve que fazer um trabalho de recuperação da credibilidade do clube e saneamento das contas.

Nesses 10 anos loucos, o Benfica conquistou um campeonato com a equipa deixada por Jorge de Brito e uma Taça durante o mandato de Damásio (com Mário Wilson a comandar  equipa, depois do despedimento de Artur Jorge). Depois disso foi um deserto de 10 anos.

Houve que recuperar o clube e muitos anos depois os títulos voltaram a surgir, primeiro uma Taça, depois um campeonato, depois uma taças da Liga e mais um campeonato. 

Estamos portanto perante a velha questão do copo meio cheio ou meio vazio.

Comparando com o período 83-93, em que já existia Pinto da Costa, o saldo é muitíssimo mau. São 4 campeonatos para 2 e 4 Taças para uma. Depois temos 2 supertaças contra uma do actual presidente e 4 taças da Liga conquistadas no presente mandato. O balanço (um campeonato por cada 5 anos e uma taça em 10 anos) não é aceitável, tanto mais que neste período se acentuou algo que (em toda a história do futebol português) só tem paralelo no pico do período negro do Benfica de Damásio e Vale: a absoluta hegemonia do Porto.

Nestes últimos 10 anos, o Porto conquistou mesmo algo inédito: 8 campeonatos. Hegemonia absoluta.

Do outro lado, em relação ao copo meio cheio, temos aqueles que assinalam que clube foi recuperado, que o Benfica vem subindo degraus competitivos e que depois de uma seca de títulos voltou a conquistar campeonatos. Assinalam (bem) que o Benfica voltou a ter boas prestações na Europa, algo que há muito não acontecia.

Para mim, percebendo este argumento, o balanço começa a ser demasiado escasso. Vamos neste momento em 3 anos de seca em termos de títulos maiores. O ano passado as coisas pareciam de novo encaminhar-se mas tudo se esfumou em poucas semanas. Não, estar "nas finais" não chega para um clube como o Benfica. Para o Belenenses ou o Braga isso poderão ser feitos, para o Benfica deve ser a regra. Isso tem que ser dito claramente ao treinador que não pode eximir-se às responsabilidades pelos insucessos da equipa.

A partir deste ano penso que há que assumir com toda a clareza: o copo neste momento está vazio, ou não comparasse este período de muito perto com os anos negros Damásio/Vale e Azevedo (apenas mais um campeonato e uma supertaça). Veremos como está no fim da época. Azar, arbitragens e 92 minutos não servirão mais de justificações. Menos ainda nos poderão apresentar como eventuais causas de insucesso carências ou insuficiências no plantel quando todos os dias se contratam novos extremos.

2 comentários:

  1. Eu neste momento estou de costas voltados pro benfica e sabes porque? Porque perder,opah como se pode ver,desde 84 que foi o ano que nasci,nao vivi grandes glorias nem conquistas,ate secalhar perdi mais do que ganhei.

    Mas estes ultimos 3 anos foram demais,eu pelo menos nao aguento isto. LEvamos 5,eles foram campeoes no nosso estadio,vieram la dar reviravoltas incriveis pra taca,levantaram a sua 4 taca internacional do seculo enquanto nos eramos eliminados pelo braga,tudo no mesmo ano.

    Mas pronto,la consegui levantar a cabeca,ano seguinte tinhamos 5 pontos de vantagem,e perdemos na mesma,e logo com eles outra vez.

    Ano seguinte temos 4 de vantagem,voltamos a ser o bombo da festa,em casa deles ainda por cima...quer dizer santa paciencia,eu nao sou de ferro,eu vivo aqui a 5 minutos do porto,ja que mais ninguem tem,eu pelo menos tenho vergonha na cara e nem a rua me apetecia sair. Depois andam ai gajos a dizer...ah ate foi uma epoca boa e tal...Ganhem vergonha nessa cara caralho.

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  2. O Liverpool não vence à mais de 20 anos.
    Tem os estádios sempre cheios. Os adeptos são-no do clube. Não das vitórias.

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