Entre aquilo que se disse na imprensa e nos blogs, para além do meu anterior post, ficou coberta grande parte dos acontecimentos da noite passada. Pensei escrever um relato detalhado do que se passou mas creio que, até porque não apenas benfiquistas lêem o que escrevemos, é melhor deixar certas coisas dentro de portas.
O que não posso deixar de dizer, até porque é público e vem na imprensa, é que é inexplicável e intolerável lançar um petardo, dentro de um pavilhão, em seio de Assembleia Geral. Como o é insultar o Presidente do Sport Lisboa e Benfica, seja ele quem fôr, e outros associados.
Compreende-se que exista insatisfação (eu exprimi-a aqui múltiplas vezes e continuarei a exprimi-la sempre que ache que os interesses do Benfica não estão a ser devidamente defendidos).
Não está - nem podia estar - minimamente em causa o direito dos associados em rejeitar as contas. A apresentação e as explicações prestadas foram manifestamente insuficientes para um défice de exploração e para um passivo tão grande.
O voto de desconfiança foi dado e até aí nada há a apontar.
Sem sequer as intervenções mais apaixonadas e críticas daqueles que fizeram uso da palavra merecem qualquer reparo. Os excessos fazem parte do debate, num clube tão plural como o Benfica, que atravessa todos os extractos sociais e chega a todos os pontos do país.
O que não se pode porém admitir, num clube com a tradição democrática e de debate de ideias como é o Benfica, é que se procurem silenciar e condicionar aqueles que não pensam da mesma forma que nós.
Se se critica o modelo liderança de Vieira, nomeadamente por ser pouco transparente e democrático, não se pode actuar daquela forma.
Penso que nenhum benfiquista se deve regozijar com o que o que de errado se passou ontem. Até porque isso fragiliza a imagem do Benfica no exterior e prejudica a verdadeira cruzada que é preciso fazer pela limpeza do futebol português.
Se queremos um futebol limpo, sem manobras de bastidores, sem benefícios e coacções a árbitros, então temos que aplicar esse modelo dentro da nossa casa.
Houve ontem um apelo à unidade que lamento que não tenha sido mais ouvido.
Não está em causa, reitero, o direito da oposição a expressar-se (gostaria aliás de ter ouvido o juíz Rangel e outros membros da oposição assumida e não apenas Bruno de Carvalho). Está, isso sim, a necessidade de manter face ao exterior um mínimo de unidade. Caso contrário essas brechas não deixarão de ser exploradas pelos nossos adversários para nos prejudicar ainda mais no futuro. Quereremos ver no Benfica o triste espectáculo do Sporting dos últimos anos?
As eleições chegarão e nessa altura será a hora de nos pronunciarmos. Espero sinceramente que surjam candidatos credíveis e com ideias, que não tenham rabos de palha e não estejam presos a redes de interesses ou favores. Que sejam capazes de assumir a ruptura com o sistema. Mas até lá saibamos manter-nos unidos. O campeonato continua. Não esqueçamos quem são os verdadeiros adversários.
PS: vão dar uma olhada aos sites dos desportivos. Os nossos adversários exultam com a instabilidade gerada e com a imagem dada para fora. Mais uma vez, não está em causa a totalmente legítima discordância mas sim a forma. Assistiu-se ali a uma manifestação de desagrado de tal grau que não me lembro de ver com em relação às arbitragens miseráveis com que temos sido fustigados.
ResponderEliminarPS2: Carlos Lisboa esteve presente e não se ouviu uma palavra de apreço pelo feito do nosso básquete. Ele que deu a cara e teve a coragem de ir vencer ao dragão e festejar e tão atacado foi pelos nossos adversários. Merecia bem melhor! Pelo contrário, sempre que houve alusões às modalidades ouviram-se apupos e protestos. Isto num ano em que ganhámos em hóquei, basquete e futsal. Se os resultados do futebol foram profundamente desapontantes isso não nos deve impedir de ver como noutras modalidades houve sucesso assinalável.