Podia ser o lema do Porto de Pinto da Costa. Se é verdade que nenhum clube está isento de culpas em termos de episódios de violência ou de faltas de desportivismo, não o é menos que nunhum clube em Portugal tanto tem incitado ao ódio como o clube do Porto, liderado por Pinto da Costa.
Para a generalidade dos clubes, a violência e o ódio aos adversários são derivações ou degenerescências da paixão clubística. Algo que se tenta erradicar definitivamente, sabendo que sempre haverá manifestações episódicas, que cumpre reprimir e trabalhar para erradicar. Para o Porto porém é uma forma de estar na competição - embora seja precisamente o contrário da essência do desporto. Só assim conseguem fomentar em adeptos e jogadores o espírito de vitória a todo o custo que os caracteriza.
Vem isto a propósito dos comentadores do Porto, nomeadamente Guilherme Aguiar e Miguel Guedes nas suas últimas intervenções.
Aguiar, um homem poderoso no futebol que ainda por cima se move nos meandros da UEFA, tem vindo a usar do seu tempo de antena para defender uma pesa pesadíssima para Luisão. Ora, isto vem de um homem cujo clube ainda o ano passado teve um jogador (Belushi) a fazer igual ou pior, num jogo oficial, do campeonato. Que teve Kostadinov a fazer muito pior há uns anos. Que teve Baía, Pinto, Fernando Couto a fazerem 10 vezes pior do que fez Luisão! Que teve Hulk e Sapunaru a fazerem o que fizeram (Sapunaru reincidindo no ano seguinte). Que teve Deco a fazer o que fez - e Deco confessou já no Brasil que atirou a bota ao árbitro - e levou 3 jogos (depois reduzidos para dois).
Como é possível ser tão hipócrita como Guilherme Aguiar? Não ter vergonha disso e aparecer todas as semanas na televisão?
Depois há Miguel Guedes. No "I" de hoje, em resposta à pergunta sobre se o Benfica passará a fase de grupos da Champions, diz que se não passar "será uma calamidade" (o seu clube não passou no ano passado, sendo eliminado pelo Apoel), o que nem se percebe pois financeiramente o Benfica está agora desafogado, continuando por considerar que "a Administração estará confiante na rentabilidade a tempo inteiro de Aimar e Martins", como que agoirando lesões destes dois jogadores, e acabando com a torpe insinuação: (se Luisão não jogar) "o Benfica já demonstrou a sua confiança de sobra em Jardel, insistindo na sua contratação ao Olhanense entre jogos com o clube". Nem uma palavra de boa sorte ao Benfica.
É o mesmo que andou semana após semana a repetir, como o seu antecessor, sobre o qual já nem quero falar, que o Benfica era o clube do regime e continuanado a denegrir um árbitro morto e enterrado há anos.
Que baixeza, que velhacaria. Como é possível que esta gente não tenha vergonha de dizer em público, para milhões, estas coisas? A resposta é simples: para eles vale tudo. Só fomentam, entre os seus e entre os adversários, que naturalmente se indignam e revoltam com tais enormidades, raiva e ódio.
Aos comentadores do Benfica, certamente haverá também que apontar. No entanto o que não existe é um destilar constante de fel (como Guedes) ou de hipocrisia (como Aguiar). (Nesse aspecto, Serrão até é o menos criticável. Diz muitas coisas insultuosas, faz ataques às vezes quase alarves, mas não é torpe como os outros.)
Seara é claramente alguém que tenta ser imparcial (o que face ao fanatismo dos seus colegas, faz dele um mole na defesa do Benfica). Rui Gomes da Silva é provocador e truculento, não faz o meu estilo, mas ainda assim não se compara aos portistas. Gobern é tão ou tão pouco moderado que foi comentador, tendo-se apenas há poucos meses conhecido com certeza a sua preferência clubística.
Isto só para dizer que não somos todos iguais. Felizmente. Espero que possamos ser mais iguais - mas nunca por nos tornarmos como eles! Nesse dia o Benfica que eu conheço deixará de existir. Espero que sejamos mais iguais por aqueles que há 30 anos fomentam o ódio deixem de vez o futebol português, porventura pagando na justiça o muito que andaram fazendo.
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