Face à saída de última hora de Witsel o Benfica ficou com um problema no meio campo.
Como todos se recordam, no primeiro ano de Jesus no Benfica, Javi Garcia assumia sozinho o lugar mais recuado do meio campo (à frente tinha Aimar) mas a versatilidade e a tremenda capacidade física de Ramirez davam à equipa um equilíbrio defensivo que se perdeu no ano seguinte. Foi o tal ano catastrófico em que a equipa parecia bipolar. Apanhado em contrapé, o Benfica expunha-se tremendamente - e consequentemente sofremos um número anormal de golos nessa época, perdendo ingloriamente vários troféus (nomeadamente não estando, pelo menos, nas finais da Liga Europa e da Taça de Portugal).
Na terceira época de Jesus, foi contratado Witsel. Inicialmente pensando-se tratar-se de um substituto para Aimar (que foi nalguma medida), Witsel veio sobretudo dar outro desenho ao nosso meio campo. Jogava tanto ao lado como à frente de Javi, permitindo outros equilíbrios, outra gestão da posse de bola e outra segurança defensiva.
Este ano perdemos Witsel (e Javi) pelo que a forma de jogar terá que ser outra.
Nesta medida, há soluções que se podem utilizar para jogar à frente de Matic. Desde logo Carlos Martins: quando em boa forma física penso que poderá ser titular muitas vezes. Mas também há Bruno César, que pode jogar no meio, com características diferentes de Aimar. E, além deste último (que jogará sobretudo num esquema de apoio a um único ponta de lança ou como 10, sozinho à frente de Matic, em jogos "fáceis" em casa), há ainda Enzo Peres.
O jogo de ontem de Enzo agradou-me, tal como já tinha gostado da sua exibição em Setúbal, numa posição diferente, na ala mas derivando também para o meio, onde se sente muito bem.
Enzo tem características diferentes dos nossos restantes jogadores pois gosta de ter a bola, que trata muito bem. É um futebolista maduro, que tem noção o que fazer à bola, no que recorda Witsel. Não tem a mesma capacidade defensiva deste último mas tem uma maior intencionalidade atacante. Enzo tem ainda polivalência, pois além da ala e da posição 8, como agora se diz, pode ainda jogar mais à frente, como 10, na posição de Aimar. Conheço aliás quem defenda que esse será o seu lugar mais natural no futuro.
A sua boa exibição no exigente jogo de ontem, de que o momento alto foi o passe soberbo a isolar Rodrigo, é mais um aspecto positivo que retiro do jogo de ontem.
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