quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Conseguiram o que queriam ou a lei de murphy

Desde o primeiro momento que considerei que Luisão tinha arriscado um castigo pesado. Na altura alguma imprensa dizia que esse castigo não era provável, o que era uma boa notícia mas não apagava o erro cometido, aliás totalmente desnecessário.

Simplesmente a chamada lei de Murphy aplica-se ao Benfica como uma certeza matemática.

Porquê? Será um mero acaso?

Eu penso que não.

Ponto prévio: reitero que Luisão, que prezo imenso, que me deu uma alegria gigantesca em 2005 e muitas outras ao longo da sua grande carreira no Benfica, cometeu um erro. Um erro de avaliação: correu extemporaneamente para o árbitro.

Tenho porém a certeza absoluta que a sua intenção não era agredir o árbitro. A coisa sai de proporção quando o árbitro cai daquela forma patética. O mal estava porém feito e o importante era atenuar os estragos. Falar com o árbitro, falar de imediato com o clube alemão. Esse trabalho cabia à direção e não foi feito. O Benfica - mais uma vez - andou distraído. Mas outros estavam - estão sempre - atentos. E não deixam passar oportunidades destas. A lei de murphy aplica-se ao Benfica porque o Benfica tem inimigos (não adversários mas inimigos) que se movem nos meandros do futebol com tremenda eficácia.

O castigo de Jorge Jesus (15 dias durante o defeso) serviu para mostrar que afinal o CD da Federação era nosso "amigo". Tal como Fernando Gomes era nosso amigo e tinha-se zangado com Pinto da Costa quando quis ser eleito para Presidente da Liga (e depois da Federação, quando o poder disciplinar para ali foi transferido).

Acreditem no que vos digo, a lei de murphy aplica-se ao Benfica porque há gente no futebol português que não dorme em serviço. Que sabe muito bem o que anda fazendo.

Depois da "ajuda" e do castigo "amigo" no caso de Jesus (que nada interessava) veio o castigo de Luisão.

Luisão deveria ter sido castigado por comportamento incorrecto. E a fundamentação do parecer deveria ser a de que se tratava de um jogo particular e que não tinha existido nenhuma intenção de agredir o árbitro mas sim um acto irrefletido que tinha tido consequências indesejadas e pelas quais o jogador, aliás exemplarmente correcto durante toda a sua carreira, estava profundamente arrependido.

A moldura penal seria assim outra e o castigo mínimo não seriam 2 meses mas sim 2 jogos.

O Benfica deixou-se dormir - os outros não. Os outros, e penso que Guilherme Aguiar ter-se-á traído quando, cheio de si próprio e provavelmente sabedor do que vinha a caminho, falou na segunda-feira dos grandes amigos que tinha na UEFA e das suas funções de observador internacional, andavam trabalhando nos bastidores para ter a certeza de que o caso estava nos radares da UEFA e FIFA e que assim fosse colocada pressão sobre o CD da Federação.

Nos dias que antecederam o castigo interno foi-se passando a convicção de que se o castigo não fosse pesado a FIFA o poderia agravar. O CD, pressionado, achou que o melhor seria então dar logo uma pena grande, interpretando a "peitada" como agressão. O Benfica calou-se mais uma vez porque ficou satisfeito de, pelo menos, o mesmo não se alargar às competições internacionais.

Mas, mais uma vez, outros não dormiam. Então se o Benfica aceitava que se tratara de uma agressão, se a pena aplicada até fora a mais pequena, como se justificava que Luisão continuasse a actuar em jogos internacionais, nos quais as mensagens ao Fair-Play são constantes e há grande preocupação em proteger a autoridade dos árbitros? Era uma questão de tempo até ao castigo se alargar. E assim aconteceu.

Há quem não ande aqui a dormir - e há quem seja muito ingénuo. Na intersecção destas duas realidades reside a explicação da perfeita aplicação da lei de murphy ao Benfica.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Os comentários são agora automaticamente publicados. Comentários insultuosos poderão ser removidos.