Entre hoje e amanhã completar-se-à a primeira jornada da fase de grupos do Rússia 2018. Hoje entra em campo o grupo G e amanhã o H. São os únicos grupos que não têm um favorito ou forte candidato à conquista do Mundial: no grupo G a Bélgica é à partida a equipa mais forte, seguida pela Inglaterra, ao passo que no H esse papel cabe à Colômbia, a par da Polónia. Não existem porém nestes grupos uma Argentina, um Brasil, uma Espanha ou uma Alemanha, ou seja um candidato declarado ao título. E como todas estas já jogaram, assim como Portugal, é altura de fazer um primeira análise e avaliação ao que se passou até ao momento.
A única goleada até agora
O Mundial começou com uma goleada. No jogo de abertura os anfitriões castigaram severamente os sauditas com um 5-0 que já não se usa. Foi uma belíssima demonstração de qualidade futebolística por parte da Rússia, a fazer sonhar com um bom Mundial, desanuviando para já as muitas dúvidas se colocavam ao valor desta seleção.
A única estrela a brilhar
Ronaldo é até agora a única estrela, o único astro a brilhar intensamente neste Mundial. Messi voltou a desiludir e Neymar também, ao passo que Salah ainda não se estreou. Esta tarde entrará em campo Hazard de quem se pode também esperar sempre algo de especial.
Mas Ronaldo já se destacou - e de que maneira. Foi de facto mais uma exibição portentosa do nosso avançado, "inventando" praticamente do nada um hat trick e carregando a equipa às costas para um empate saboroso com a Espanha, sobretudo nas circunstâncias. O penalty resulta de uma jogada sua, o livre idem e o segundo golo é um remate espontâneo que só ele faria e que felizmente contou com a colaboração de De Gea. Tudo somado é uma noite (mais uma) para recordar de Cristiano. A continuar assim, tudo será possível para Portugal. Mas como não é razoável esperar que Ronaldo possa sempre ser tão determinante, Portugal terá que, como um todo, subir o seu rendimento e acertar o equilíbrio da equipa do ponto de vista defensivo. É verdade que também no ataque poderíamos ter feito mais: Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Gonçalo Guedes não renderam tanto quanto podem, mas há que atender que foi, para todos eles, o primeiro jogo neste tipo de palco e que o adversário também era de um nível superlativo, o que não tornava a sua tarefa propriamente fácil.
As surpresas e as desilusões
A Argentina voltou a desapontar depois de uma fase de qualificação muito abaixo do exigível para uma equipa com jogadores desta qualidade. Há opções discutíveis (Dybala no banco é uma delas, como será a titularidade da dupla Biglia-Masherano, com uma idade combinada de 66 anos) mas mesmo com estes 11 a equipa podia e devia fazer mais. Claro que teve oportunidades para vencer mas mal seria se uma seleção como a Islândia anulasse por completo um candidato ao título tão importante como a Argentina. O mesmo é válido para o Brasil frente à Suíça, embora me pareça que a exibição canarinha tenha estado um pouco acima da alviceleste. Sobre Neymar e Messi já dissemos que não corresponderam às expectativas, com o argentino a falhar mesmo um penalty.
Pela positiva deve-se destacar a vitória do México, com uma exibição de grande garra e entrega dos seus jogadores que foram destemidos e mostraram a qualidade e capacidade física que já lhes era reconhecida mas que por alguma razão não conseguiram colocar em prática em anteriores competições internacionais. O portista Herrera foi um dos que mais se destacou. A continuar assim haverá que contar com esta seleção.
O Mundial dos pequeninos
Para já as equipas dos continentes mais fracos em termos futebolísticos confirmaram o pouco potencial que têm. A Coreia perdeu com a Suécia e a Nigéria com a Croácia. O Peru e a Costa Rica, apesar dos jogos razoáveis que fizeram também perderam. O mesmo é válido para Marrocos e para o Egipto. Dificilmente alguma destas equipas conseguirá progredir, o que, a conformar-se, significaria que teríamos uma fase final dominada por europeus com a presença de alguns (veremos quantos) sul-americanos.
Mas ainda é cedo
Esta primeira avaliação vale no entanto o que vale, que é pouco, porque estamos ainda muito no início da competição. Os principais candidatos tiveram falsas partidas (especialmente os já referidos e a Alemanha, mas a própria França esteve abaixo do esperado, vencendo apenas in extremis uma trabalhadora mas pouco talentosa Austrália). No entanto Portugal também começou o Europeu com um empate com a Islândia (e a onda de empates prolongou-se até aos quartos, com uma vitória sobre a Croácia pelo meio), o que não nos impediu de nos sagrarmos campeões. O Brasil continua favorito a passar aos oitavos de final, assim como a Espanha e os restantes candidatos estão longe de poderem ser considerados descartados. Aliás por vezes qualificações difíceis ou recuperações de situações complicadas motivam as equipas e dão-lhes um suplemento de crença. Mas uma coisa é certa: a margem de erro destes países diminuiu. Resultados negativos frente à Croácia ou à Suécia, deixarão os dois finalistas do último Mundial, respetivamente a Argentina e a campeã do Mundo Alemanha em muito maus lençóis. Nesta competição não há repescagem de 3ºs classificados, apenas os dois primeiros de cada grupo avançando para os oitavos de final.
Quanto a Portugal não há, obviamente, nenhuma razão para embandeirar em arco. Quarta-feira enfrentaremos um jogo complicado, na medida em que Marrocos tem vários bons jogadores e terá nesta partida um palco único para se mostrar ao mundo do futebol. Claro que Marrocos perdeu com um fraquíssimo Irão, mas para esse jogo não existiam os índices de motivação que agora estarão presentes. E há que recordar a derrota por 3-1 que sofremos perante Marrocos no Mundial de 1986. Por tudo isto precisamos de ter cautela e estar bem avisados. Acima de tudo precisaremos da atitude que se viu contra a Argélia. Pressão, rápida reacção à perda de bola e acutilância ofensiva.
Diz-se que Fernando Santos tirará Guedes e Fernandes para dar a titularidade a André Silva e João Mário. Parece-me prematuro. Penso que a sua utilização contra Marrocos poderá fazer ainda mais sentido do que o faria contra a Espanha.
Claro que o beato santos vai tirar o Guedes e por ventura o Bernardo,são jogadores formados no Benfica e ao 1° jogo menos conseguido têm a sentença lida. Que jogue com a academia lagarta que são todos muita bons. Força magrebinos.
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