segunda-feira, 4 de junho de 2012
Euro 2012 - as chances de Portugal
1. Os jogos de preparação de Portugal não correram bem em termos de resultados. Mas correram bem naquilo que era o mais importante: ninguém se lesionou com gravidade. Lesões dos melhores jogadores antes dos torneios são coisas altamente penalisadoras. Inglaterra por exemplo, perdeu já Lampard, Barry e Cahill antes do torneio começar.
2. Numa competição como um Europeu na qual se jogam no máximo 6 jogos o factor sorte joga um papel muito importante. Há 8 anos Portugal era claramente a melhor selecção. Juntar Figo, Rui Costa, Deco, Maniche e Ronaldo (além de Pauleta e Simão) na mesma equipa é hoje quase inimaginável. No entanto perdemos com uma equipa apenas média, que como que nos hipnotizou, petrificou naquele triste jogo. Tiveram meia oportunidade e venceram o jogo. Por outro lado, poderíamos ter perdido logo nos quartos de final com a Inglaterra. Ou seja, o factor sorte desempenha um papel de enorme importância, pelo que todas as previsões (baseadas em factos e na lógica mas que não podem contar com o imponderável) são constantemente desmentidas.
3. Este ano a equipa de Portugal é inferior à de 2004 e de 2006, semelhante à de 2008 e 2010. Saiu Carvalho, que desde 2004 era um esteio da nossa defesa, Jorge Andrade, que terminou a carreira demasiado cedo, Miguel, que tinha muito pulmão e força e Bosingwa, que era um jogador semelhante, que dava muita certeza àquele corredor. João Pereira nos seus melhores jogos consegue disfarçar as carências mas noutros elas são demasiado evidentes. Bruno Alves é um bom jogador mas não tem a classe de Ricardo Carvalho. Pepe, por outro lado, está a um nível muito alto, sobretudo quando se concentra no jogo e deixa de lado as quesílias. Não temos um Costinha no meio campo, nem um Maniche, um Rui Costa ou um Deco. Dependemos muito de Ronaldo e de Nani, dois fora-de-série. Tudo ponderado, estaremos mais fracos do que nos anteriores torneios (exceptuando a África do Sul, onde tínhamos Queirós que "matava" a dimensão ofensiva da equipa) mas também não se vislumbram selecções tão fortes como no passado: mesmo a Alemanha, a Holanda e a Espanha (que me parecem as mais poderosas) não têm a dimensão de outros tempos.
4. O nosso grupo é provavelmente o mais forte e será muito difícil que dele não saia um finalista. Portugal pode emergir como primeiro classificado ... tal como qualquer outra das equipas, embora a Dinamarca me pareça a menos favorita. A sorte desempenhará portanto um factor importante, senão decisivo. Pelo que, a minha conclusão é a de que não vale a pena estabelecer muitas metas, nem criar muitas expectativas. Esse parece-me aliás o estado de espírito da maioria dos portugueses - até porque há mais vida para além do futebol, o que num cenário de crise como o que vivemos hoje se tornou demasiado evidente.
Faltam 4 dias para o pontapé de saída. Dentro de menos de um mês haverá campeão da Europa. Será curioso ler nessa altura este post e ver como a sorte tudo baralhou.
PS - Não referi a Itália, que parece ter uma das selecções mais fracas dos últimos anos, com inúmeros jogadores em fim de ciclo. No entanto a Itália tem sempre uma atitude competitiva muito forte e não pode ser descartada do lote de favoritos, pelo que a incluí na sondagem que promovo na barra direita do blog.
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