quarta-feira, 4 de julho de 2012

Os melhores de Portugal e a necessidade dos grandes terem mais portugueses

Cristiano Ronaldo esteve finalmente em grande e carregou Portugal, com a sua força, qualidade e determinação até ao momento em que saímos do torneio. Depois de um jogo infeliz contra a Dinamarca, compensou em absoluto com grandes exibições contra a Holanda e a República Checa, tendo faltado apenas o golo no minuto 89 contra a Espanha para alcançar a glória e, quem sabe, nos levar ao primeiro título europeu da nossa história.

Pepe e Bruno Alves foram enormes. Bruno Alves, no seu estilo concentrado e agressivo foi imperial nas alturas e Pepe foi um monstro a defender tudo e ainda a conseguir marcar nas balizas adversárias. De Pepe saliento ainda o tremendo espírito. Além de se ter formado como jogador em Portugal, para onde veio muito jovem, a sua mulher é portuguesa, tal como os seus filhos e tal como ele. A forma como sempre canta o hino e sente a camisola da selecção é um exemplo para todos.

Moutinho também esteve muito bem. Incansável a trabalhar, a correr, a roubar bolas, sempre com grande rotatividade e espírito competitivo. Merecia estar nos 23 que a UEFA escolheu. Miguel Veloso esteve também ao melhor nível que alguma vez o vi, dando um enorme equilíbrio ao meio campo português e ainda com qualidade técnica e de passe. Meireles foi igual a si próprio mas denotou muita fatiga e esteve abaixo dos outros centro campistas.

Nani foi intermitente, tendo alternado o excelente com períodos em que pareceu algo desligado do jogo. A sua qualidade é porém tremenda e esteve no melhor da selecção.

Coentrão foi também dos melhores. Incansável, batalhador, a dar dinamica e profundidade ao corredor esquerdo, que por vezes ocupou quase na totalidade. Notável e exemplar.

João Pereira não comprometeu e ainda fez um passe de morte para o primeiro de Ronaldo contra a Holanda. Deu o que tinha e disfarçou quase sempre bem as carências que tem no seu jogo, com excepção de um ou outro lance em que complicou mas felizmente sem consequências de maior.

Patrício esteve em grande nível. Está-se a fazer um grande guarda-redes.

Postiga deu o que tinha e conseguiu um golo decisivo contra a Dinamarca. É esforçado, tem técnica e não pode render mais do que fez, o que ainda assim é insuficiente para uma selecção que ambiciona vencer competições. Quanto a Hugo Almeida, também se esforça e dá o que sabe, infelizmente isso não chega. As limitações de Hugo Almeida foram óbvias e as suas qualidades pouco visíveis. Por fim, Nélson Oliveira apesar de algumas indicações positivas no primeiro jogo, contra a Alemanha, nunca conseguiu "carburar", demonstrando estar ainda muito verde.

Varela foi uma agradável aposta de Paulo Bento, sobretudo com o golo salvador contra a Dinamarca. Tem velocidade e é incisivo e é nesta fase claramente um suplente à altura da selecção. Custódio entrou para dar segurança defensiva ao meio campo e pouco mais. Contra a Espanha infelizmente isso não serviu de nada.

Tive pena de não ter visto Quaresma jogar, mas tenho que aceitar a decisão de Paulo Bento pois a sua intermitência exibicional, causada por uma certa indolência e falta de espírito competitivo, não dão garantias. É pena, porque o talento está todo lá. Espero que ainda vá a tempo de ser útil à selecção pois tenho a convicção que poucos têm a sua qualidade.

Quanto ao treinador, penso que Paulo Bento foi excepcional e é meredor de sinceros parabéns. Praticamente só com 11 jogadores chegou a uma meia final de um Europeu e podia com sorte tê-lo vencido. A atitude sóbria, o rigor e o espírito obreiro que promoveu na selecção permitiram-nos chegar longe e sonhar ainda com mais. Erros que possa eventualmente ter cometido, não ofuscam sequer o mérito excepcional do seu trabalho.

Por fim, creio que é imperativo que as equipas nacionais, a começar pelo Benfica, apostem muito mais em jogadores nacionais. Já tenho insistido muito nesta questão, a propósito da necessidade do Benfica ter uma cultura benfiquista, assente em jogadores nacionais que entendam o que é a mística. A aposta em talentos sul-americanos tem que ser equilibrada com a promoção de espaço para a evolução dos jogadores portugueses.

Se isto não acontecer e Sporting, Braga e Porto seguirem o mesmo caminho, começará a prazo a tornar-se impossível ter jogadores suficientes para formar uma selecção. Há que agir urgentemente!

Quais os jovens portugueses, para além de Nélson Oliveira que vemos na calha para a selecção?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Os comentários são agora automaticamente publicados. Comentários insultuosos poderão ser removidos.