segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Inimigos do peito - culpas e castigos.

Luisão foi castigado por dois meses, depois de, em jogos oficiais, jogadores do Porto terem feito igual ou pior.
Novidade?
Só para quem não quer ver as coisas tal como elas são.
João Querido Manha (é benfiquista, obviamente, mas não é por isso que deixa de ter um olhar objectivo sobre o futebol português) disse-o tal qual é: o Benfica é sistematicamente trucidado pelos poderes do futebol português.

Nem todas as "peitadas" têm o mesmo valor e a mesma gravidade. Quem não o compreende é porque não conhece a essência do futebol português.
Uma peitada num jogo do campeonato nacional, por exemplo, não pode de forma alguma ter o mesmo castigo do que uma peitada num jogo particular, disputado fora do território nacional.
Há "peitadas" que não têm qualquer maldade, como por exemplo esta:



Esta peitada deve ser vista como amigável e mesmo se não o fôr, certamente por espíritos mal intencionados, há que a compreender no contexto das emoções do jogo e da natural competitividade de quem quer (e merece!) ganhar. Quem não compreende isto é porque desconhece a essência do futebol (português).

Há peitadas em sequência que têm que ser compreendidas como um natural desejo de um jogador de se fazer ouvir, de passar o seu argumento, de demonstrar a sua inocência.

É o caso destas:


Para além das peitadas, também há correrias. Não vale a pena mostrar aqui os vídeos de António Rola ou José Pratas a fugirem de Fernando Couto, João Pinto ou Vítor Baía, porque elas estarão certamente presentes na memória de todos.
Há ainda o caso de Sapunaru, que, no jogo da taça de há dois anos na Luz (após ganhar, note-se bem) foi provocar e empurrar um steward e não contente com isso tentou ainda agredir o árbitro a pontapé. É curioso que essas imagens tenham misteriosamente desaparecido da net. Quando se pesquisa por elas aparecem vídeos com os títulos de "agressões" de Cardozo e Javi Garcia. É um certo padrão de comportamento praticado por quem acha que vale tudo para ganhar, inclusivamente andar a inundar a net de spam achando que com isso passa a ter razão.

Mas o que é realmente importante sublinhar é que os comportamentos atrás documentados não tiveram qualquer sanção disciplinar (Sapunaru, foi castigado pela expulsão, aliás na sequência de um segundo amarelo já depois do jogo terminado, mas nada mais que isso).

Mas a culpa é nossa. Disso não tenho dúvidas. É nossa por nos pormos a jeito, com a acção intempestiva de Luisão num jogo a feijões, pela reacção errada dos nossos dirigentes ao não perceber o que se "cozinhava". Mas a culpa é nossa sobretudo - e isto, além de incompreensível é quase imperdoável - por termos deixado cair Hermínio Loureiro e Ricardo Costa. Com estes dois à frente do futebol português houve um interregno na vergonha dos últimos 30 anos. Houve aplicação da lei e o fim da vassalagem a Pinto da Costa.

Desde então voltou-se ao antigamente com o beneplácito da imprensa e opinião pública.

Este país futebolístico está tão demente que até o castigo de 15 dias a Jorge Jesus é visto como um benefício ao Benfica. Isto depois do Benfica ter sido literalmente expoliado de um título. Isto depois do treinador do Porto ter dito igual ou pior a JJ, por exemplo, que com arbitragens como a do Gil Vicente-Porto "podiam entregar as faixas ao Benfica". Apesar disto, toda a imprensa desportiva (a começar pel' "A Bola") se levantou num coro de indignação pelo facto de Jesus ter sido castigado no defeso.

Ora para mim, o estranho é JJ ter sido castigado por dizer a verdade (que o jogador do Porto esteve sempre adiantado no célebre golo que resolve o campeonato, inclusive antes da bola partir) pelo que se o fiscal de linha não assinalou é porque não quis. Isto é um facto.

Mas isto é o mesmo país em que um clube não é punido pelos seus adeptos atearem fogo a um estádio, ao passo que o presidente do clube que viu o seu estádio queimado é punido por ter perguntado a Luís Duque algo como "é para isto que querias controlar a arbitragem?" (após uma arbitragem que expulsara Cardozo por sofrer duas faltas). O mesmo em que um dirigente deposita dinheiro na conta de um árbitro e o clube de que é dirigente não desce de divisão como as regras determinam.

O que mais querem que vos diga? Este é o nosso país. Este é o nosso futebol. É o mesmo há 30 anos. Desde então já houve a agência de viagem Cosmos, já houve as denúncias de Carolina Salgado, já houve as escutas, já houve o processo da noite do Porto. No entanto tudo permanece na mesma. Em Itália, país em que a Máfia teve um poder tremendo, a Juventus desceu de divisão. Aqui no pasa nada, como diria Pedro Gil, grande hoquista que durante anos jogou no Porto e que sábado desrespeitou Portugal da forma que se viu. No pasa nada.

A propósito, parabéns Pedro Proença pelo reconhecimento público dos seus amigos. Depois dos abraços e beijinhos do jogo de consagração no Dragão no fim da época passada só faltava mesmo esta homenagem.

1 comentário:

  1. Bem observado , e já agora dá que pensar porque é que neste momento temos o Presidente , o treinador e o Capitão castigados .
    Será que só nós é que nos portamos mal?
    Para não falar o castigo do Aimar na fase mais importante da época passada .
    Eles têm tudo controlado , só não vê quem não quer !!!

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