terça-feira, 29 de abril de 2014

A final conquistada e a que nos querem negar

Ainda não tinha escrito acerca do jogo no Porto e nem pensava escrever sobre nenhum assunto até quinta-feira, visto que me encontro já em "estágio". No entanto, o que se está a passar é demasiado feio, demasiado vergonhoso para poder passar em silêncio. Depois de uma arbitragem absolutamente deplorável, como tive ocasião de aqui escrever, com a sonegação de um penalty evidente e uma dualidade flagrante de critérios quer em relação aos lances propriamente ditos, quer em relação aos cartões, de um árbitro sem classe, para não dizer sem vergonha (que já no ano passado expulsou Nani num lance de pé em riste, dando uma eliminatória entre Manchester United e Real Madrid de bandeja aos espanhóis), depois de tudo isto - e de ser muito bem recebida em Lisboa - a Juventus ter o desplante de tentar afastar Enzo da segunda mão através de manobras de secretaria é algo de absolutamente inqualificável e que me causa nojo e repulsa. Demonstra que de facto a Juventus não merece nenhum tipo de elogio e que se insere numa mentalidade abjecta de quem quer ganhar fora do campo, com manobras e esquemas que tão bem conhecemos cá em Portugal. É o total desvirtuamento da verdade desportiva. Só a atitude em si é já merecedora da maior crítica e repulsa. E muda desde já todo o "tom" da eliminatória: aquilo que tinha tudo para ser uma celebração do futebol, com duas grandes equipas, dois históricos, a defrontarem-se para decidir o finalista de uma competição que só tem a ganhar com a presença de Benfica e Juventus numa semi-final, torna-se agora num jogo algo azedo, com um ambiente inquinado. Temo que Enzo possa mesmo ser castigado, até porque (a fazer fé no que já li hoje) me parece que o Benfica cometeu um erro na sua defesa. De acordo com esses relatos, o Benfica teria apresentado a sua defesa dizendo que Chielini agredira Enzo antes e que este respondera à agressão. Ora a ser isso verdade, o Benfica está implicitamente a admitir a agressão de Enzo. E uma situação dessas, em sede disciplinar dará sempre uma suspensão. Quanto muito Chielini seria também ele castigado, mas penso que ainda assim ficaríamos a perder mais do que a Juventus, pois Enzo é a alma deste Benfica. Claro que a situação do penalty não é passível de análise, pois é evidente que estas comissões não avaliam o trabalho dos árbitros e menos ainda podem corrigir qualquer tipo de erro (a não ser situações disciplinares que escaparam à visão do árbitro). Uma vez que, de acordo com os tais relatos que li, essa situação faria parte da defesa do Benfica (algo de absurdo e despropositado) quero acreditar que a defesa do Benfica foi afinal feita noutros termos, consentâneos com a verdade, nomeadamente negando qualquer intenção de agredir e qualquer agressão, tratando-se tão somente de um lance de disputa de posição no qual, quanto muito, Enzo poderia inadvertidamente ter acertado em Chielini. Se assim for, Enzo, quero acreditar (pois apesar de tudo tenho que admitir que ainda haja bom senso e boa fé pelo menos nalguns responsáveis) não será castigado. Veremos. Esta manobra visa também criar diversão e instabilizar o Benfica. É, repito, algo de muito feio, de muito mesquinho e desprezível, mas que demonstra algo: a Juventus está com muito medo do Benfica. E isto por uma simples razão: o Benfica pode mesmo vencer esta eliminatória e estar novamente em Turim para a final. Uma final que já conquistámos, e assim volto ao assunto inicial, até porque não nos podemos deixar enredar em pensamentos negativos, como a Juventus desejaria, é a da Taça da Liga. Como sempre defendi, era a última prioridade da época, mas ainda assim era um objectivo. E esse foi alcançado, como deveria ser, com os jogadores menos utilizados. Mais uma vez estes demonstraram que têm capacidade para ajudar o Benfica e para entrar em momentos decisivos não nos deixando mal. E ainda por cima, esta equipa menos rodada viu-se reduzida a 10 a uma hora do fim, numa decisão que me pareceu incongruente por parte do árbitro, sobretudo considerando o seu critério disciplinar ao longo do jogo. Reduzida a 10, esta equipa defendeu com enorme garra (o Porto praticamente não teve mais nenhuma oportunidade) e podia até ter resolvido o jogo ainda nos 90 minutos, se Ivan tivesse decidido melhor um lance de contra ataque iniciado por Enzo, entretanto lançado (e bem) por Jorge Jesus. Penso que o cansaço pesou muito na forma como Ivan perdeu aquela bola que nos poderia ter dado o golo. Porém a equipa acreditou sempre e teve a sorte e o mérito de vencer nos penalties. A vitória tem um sabor ainda mais especial por ter sido conquistada ali. Fomos felizes - e agora podemos consumar em duas finais o pleno nacional - onde no ano passado fomos muito abandonados pela sorte. Este ano festejamos a nível nacional, já como campeões e se tudo correr bem com mais dois títulos no palmarés. Do jogo de Domingo gostaria de destacar as exibições de Jardel, um guerreiro a comandar as "tropas" e de André Almeida. André está a ser um jogador fundamental deste fim de época no Benfica. Capaz de ocupar três posições em campo, sempre com competência, André Almeida "secou" completamente Quaresma no Domingo, não lhe dando uma nesga de terreno nem tempo para pensar. Foi sem dúvida uma grande exibição. Também Oblak esteve em grande plano, demonstrando sempre uma grande segurança ao longo do jogo e defendendo um penalty. Mas para além destes gostei de toda a equipa, nomeadamente de Amorim, Garay, Ivan, Sulejmani, André Gomes, Siqueira e Cardozo, seja pelo que foram capazes de dar à equipa, seja pelo rigor táctico e pela enorme capacidade de sacrifício. Merecemos, só por estes atributos, chegar aos penalties e aí vencer. Um abraço também para o Steven Vitória, que evidentemente não teve um jogo feliz, acusando a falta de ritmo e rotinas, mas que não deixa de ser um jogador muito válido. Bonita a atitude de Jardel de lhe dedicar também a ele a vitória. Para além das finais nacionais, fica agora a faltar apenas a Europa. Aí será, como em tudo o mais, o que Deus quiser. Os italianos podem fazer todas as manobras que quiserem e elas terão o desfecho que tiverem. Mas o resultado final da Liga Europa já está escrito. Nós é que ainda não o sabemos. Só temos por isso que estar tranquilos, aguardar e esperar pois já não falta muito. Hoje há uma meia final da Champions para distrair. Eu aposto no Real Madrid, como aposto depois no Chelsea para o jogo de amanhã. E aposto numa vitória do Real na final. Veremos se estou certo. Saudações gloriosas para todos. Esta época já é memorável mas pode ainda ser (bem) mais.

3 comentários:

  1. Muito bom texto. Parabéns!

    Os portugueses e os argentinos já saborearam o imenso prazer de assistir aos jogos do Enzo Perez. Sorte nossa, que os italianos podem partilhar por um dia na próxima 5ªfeira. Enzo transporta a paixão pelo futebol ao mais indiferente adepto de futebol.

    Acredito que a UEFA vai defender o espetáculo desportivo.

    Após assistir a mais este jogo da 1/2 final em Turim, os próprios italianos e toda a Europa do futebol vai desejar muito ver mais um jogo do Enzo a vivo, agora na Grande Final de Turim, palco que a dimensão deste jogador merece.

    Força Enzo!

    http://influenciaarbitral.blogspot.pt/

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