sábado, 5 de abril de 2014

Porto trabalha para regresso da batota

 
 
Sempre que, nos últimos anos, o Porto perde um campeonato (e infelizmente têm sido poucas as vezes que tal acontece), de imediato começa uma campanha nos bastidores para novamente garantir o regresso da batota e da viciação dos resultados.

Vejamos, após anos e anos de apitos frutados, passou a haver sorteio dos árbitros - e o Porto perdeu. Na altura o Benfica estava demasiado fraco (devastado pela era Artur Jorge e, depois, por Vale e Azevedo), mas o Boavista e o Sporting conseguiram títulos.
 
 

O que aconteceu? O Porto manobrou para acabar com o sorteio dos árbitros e voltou a ganhar, nomeadamente com visitas nocturnas de árbitros para aconselhamentos matrimoniais.

Paulatinamente, o Benfica fora-se reconstituindo, construindo bons plantéis e começou a apresentar-se como candidato a regressar às vitórias.

Em 2005, com uma "vigilância" muito grande resultante de um Euro em Portugal, que atraiu sobre nós as atenções dos organismos internacionais, e com José Veiga no departamento de futebol do Benfica (ele que conhecia bem os meandros do futeluso e o modus operandi portista), o Benfica de Trapattoni conseguiu voltar aos títulos.

Veiga saiu, Trappatoni também (o Benfica também não tinha de facto um plantel assim tão forte) e o Porto voltou a ganhar.

Entretanto chega Hermínio Loureiro e Ricardo Costa e há uma tentativa de moralizar o futebol português. Em 2010 o Benfica é campeão com mérito inquestionável, mas rapidamente o Porto manobra para voltar a controlar o poder do futebol. Depois de desgastar e minar o poder de Loureiro (nomeadamente a campanha infame do "campeonato do túnel", na qual agressores são transformados em vítimas), com vigílias e outras singularidades, o Porto (operando então através da Federação) consegue que aquele saia da Liga. Através do poder da Federação, o Porto conquista o poder da Liga. A primeira medida de Fernando Gomes é demitir Ricardo Costa e o Conselho de Disciplina.  

O sinal estava dado e os protagonistas rapidamente o perceberam - o poder voltara ao Porto e agora assumia-se até como legítimo, porque eleito. Joaquim Oliveira, com a sua Olivedesportos e Sporttv, Pinto da Costa e seus sequazes promovem os seus árbitros, que se tornam as principais vedetas e principais desequilibradores dos campeonatos: é a era de Proença, Benquerença (ambos já com muita história), Jorge Sousa e Artur Soares Dias, todos eles candidatos a melhor do burgo e, quem sabe, do mundo.
 
 
 
O Benfica não desarma, o Sporting insurge-se e abandona a sua posição de acólito do Porto e as coisas começam a mudar. A BenficaTV é uma pedrada no charco que provoca ondas de choque brutais. A crise afecta muito o grupo de Oliveira e o sistema abana.
 
De imediato o Porto sente os efeitos de uma alteração do equilíbrio de poder, agora mais distribuído, e é relegado para a sua justa posição, condicente com a sua capacidade dentro das quatro linhas: se nas últimas duas épocas (para não recuar demasiado no tempo), o Porto não tivesse sido tão escandalosamente beneficiado, teria acabado os campeonatos à mesma distância a que agora está do Benfica.
 
E eis senão quando um filme já tantas vezes visto, qual sequela de má qualidade, volta às telas: desta vez sob a forma de uma campanha incessante para demitir o presidente da Liga (pela simples razão deste ter afrontado o monopólio e o poder da Sporttv), com episódios caricatos como a reunião de ontem debaixo de um toldo de uma bomba de gasolina. Esteve lá a fina flor...
 
 
 
Não se iludam, o desejo do Porto é só um: voltar ao passado, voltar à batota, voltar a ser constantemente beneficiado, voltar a contar com o proteccionismo dos árbitros, voltar a controlar todas as instâncias decisoras do futebol português (neste momento controlam apenas algumas), voltar a colocar o papa no poleiro.
 
Pois eles sabem que só assim não vão parar ao seu lugar natural, que é o terceiro, vencendo apenas muito episodicamente.

Por isso estão a tentar colocar um fantoche, possivelmente o tal Rui Pedro Soares, à frente da Liga. Para lhes fazer todos os fretes, amparar todos os golpes, para jogar o seu jogo. Que todos sabemos qual é: fruta com café com leite.

Vergonha para os acólitos deste papa miserável e decrépito, que andam ao seu lado em bombas de gasolina em beija-mãos desonrosos para comer algumas migalhas que caiam da mesa do seu suserano.

Chega! Chega de tanta vigarice! Não podemos desarmar, não podemos dar espaço a esta gente para continuarem uma história suja de 30 anos. Se baixarmos a guarda arriscamo-nos a mais ter mais 3 ou 4 anos de xistradas e palhaçadas e o futebol português arrisca-se a falir de vez. O Sistema não quer mesmo morrer, mas cabe ao Benfica assumir a liderança da batalha para não o deixar voltar ao poder.

Sem espantalhos não haverá mais papas no futebol português e deixará de haver estruturas infalíveis. O Porto tornar-se-á um clube igual aos outros: ganhará quando tiver que ganhar (quando for realmente melhor) e perderá todas as outras vezes (e serão muitas). E o ambiente tornar-se-á muito mais sadio no futebol português.

2 comentários:

  1. Frank, excelente texto e leitura do que está a acontecer.

    Apenas, acho que não deve ser apenas o Benfica, de um lado contra todos os outros. O Glorioso deve mais do que nunca fazer sinergias com outros clubes profissionais para ter massa crítica para expulsar toda esta corja mafiosa, que servem-se dos clubes para enriquecimento próprio.

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    1. Obrigado pelo comentário. Eu penso que o Benfica está também a juntar uma série de outros clubes (todos ou a grande maioria dos que não estiveram nesta triste iniciativa). Agora, há clubes que de facto gravitam muito à volta do Porto, como o Braga, o Nacional, a Académica, liderada por um presidente que todos sabem que não é uma pessoa de confiança (e que felizmente deve estar de partida). Depois há o Belenenses, que está nestes "filmes" devido à personagem que está à frente da SAD. O Estoril é mais surpreendente. À frente deste clube está um brasileiro que não sei bem que tipo de pessoa será e até que ponto conhecerá o futebol português. O Guimarães também parece que se virou para o Porto com este presidente e isso é lamentável. Sem dúvida que temos que dialogar mais com alguns destes clubes.

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