quarta-feira, 4 de abril de 2012

João Gobern demitido da RTP

Mais do que uma vez já assinalei que o panorama comentarístico das televisões portuguesas é altamente desfavorável ao Benfica. Num país em que a maioria é benfiquista isto não deixa de causar estranheza. Parece existir uma reverência profunda da maioria dos comentaristas ditos independentes face ao Porto e ao seu presidente, ao passo que nos programas de adeptos (Benfica, Porto, Sporting) é sempre "dois contra um". Assim, nestes últimos (Trio d'ataque, Jogo Falado e Prolongamento) quando se trata de lances de dúvida em que o Benfica foi potencialmente prejudicado, nunca houve falta, os jogadores do Benfica fizeram teatro ou "deixaram-se cair". Em suma, trataram-se de "lances normais de futebol". Na inversa há sempre penalty e os jogadores do Benfica deveriam ter sido expulsos. Como são "dois contra um" e, em dois dos três programas, os comentadores do Benfica são moderados, reconhecendo (ao invés dos seus colegas) os lances nos quais o Benfica é beneficiado, fica sempre a ideia de que o Benfica é auxiliado pelas arbitragens.

Isto num ano em que Cardozo, que passa os jogos a sofrer faltas, por vezes no limite da agressão, como é o caso das cotoveladas, foi expulso duas vezes. Uma vez por "agredir" a relva (contra o Sporting, num jogo decisivo sublinhe-se), outra por saltar por cima de um guarda-redes que se lançou às suas pernas.

Isto num ano em que Aimar é expulso (noutro jogo decisivo e curiosamente pelo mesmo árbitro que expulsou Cardozo contra o Sporting) por ter feito menos que Toy, que entrou de sola à virilha de Javi Garcia e nem amarelo viu.

Isto num ano em que, noutro jogo ainda mais decisivo que os anteriores, tivemos novamente um jogador expulso (Emerson) depois de ter feito duas faltas absolutamente insignificantes, ao passo que Djalma e Álvaro Pereira fizeram entradas assassinas e viram apenas o amarelo e Janko, recordista de faltas que conseguiu ainda lesionar Garay, nem isso. Para culminar sofremos um golo que nos tirou o comando do campeonato em claro fora-de-jogo.

Há muito mais casos - o penalty sobre Aimar em Coimbra por exemplo - mas não vale a pena continuar. Para a análise ser completa teria que referir ainda o que se passou em muitos jogos do Porto e não o quero agora fazer.

Vem tudo isto a propósito de João Gobern, acabado de demitir pela RTP.
O programa em que participava (Zona Mista) não se enquadrava na categoria de "adeptos" mas sim entre os que se pretendem "isentos". Nesse sentido, é natural que os comentadores se abstenham de demonstrações clubísticas. A questão é que eu vi o programa (na sua segunda edição ou seja, em repetição) e não me apercebi da manifestação de regozijo (levantar do braço) de Gobern quando o Benfica marcou o segundo golo contra o Braga. Curiosamente, apercebi-me de que o repórter RTP que estava num café de Braga e entrou em directo durante o programa logo a seguir ao golo do empate não disfarçava o seu contentamento, sublinhando que a atmosfera tinha "melhorado" muito. Quando uns minutos depois se fez novo directo de Braga já com o jogo terminado, o mesmo repórter parecia abatido. Disse ainda, quando um adepto do Benfica lhe colocou um cachecol nos ombros (que o jornalista imediatamente tirou), que aquele não era o seu clube, tendo depois, apercebendo-se do que dissera, corrigido para "nem aquele nem nenhum enquanto trabalhava". O seu anti-benfiquismo já tinha porém ficado bem patente. Agora pergunto-me eu: se este repórter representa a Televisão estatal e se João Gobern se representa apenas a si próprio, qual das duas acções foi mais "grave"? E quem foi demitido?
João Gobern era para mim dos poucos comentadores que não prestava vassalagem ao clube do norte. Naturalmente acabou demitido à primeira oportunidade.

PS - já se apurou cabalmente o (último) episódio de agressão a um jornalista (desta vez da TVI) perpetrado por agentes do Porto, após Pinto da Costa o ter insultado?

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