quarta-feira, 18 de abril de 2012

Caixa de Pandora?

O caso Pereira Cristovão ameaça não desaparecer tão cedo. E ainda bem. É uma janela de oportunidade que se abre para que a Justiça entre no mundo do futebol e a verdade desportiva possa começar a prevalecer. Espero que os dirigentes benfiquistas o percebam e que não deixem fugir esta oportunidade.

É que ficou provado que continua a existir corrupção no futebol português. Das duas uma: ou houve suborno ou houve uma tentativa de simular um suborno. A verificar-se a primeira das hipóteses não há dúvida quanto às consequências (para o Sporting, para o Marítimo ou quem quer que se prove ser o responsável pelo depósito); a verificar-se a segunda, há que determinar qual o objectivo que se pretendia atingir, que tanto poderia ser o de manchar os nomes de Cardinal e do Marítimo como simplesmente o de coagir a actuação do árbitro em causa. Em qualquer dos casos há um crime. Em qualquer dos casos, tentativa de retirar dividendos da situação. Em qualquer situação tentativa de adulterar a verdade desportiva.

Acima de tudo exige-se assim, depois de tudo o que tem acontecido esta época, que a direcção do Benfica não deixe de modo nenhum morrer este caso e que exerça todo o seu peso (que aparentemente hoje é diminuto, mas ainda assim) junto das instâncias do futebol para que se vá até às últimas consequências.

Neste e noutros casos. Muitas vezes o mais difícil é desfiar-se uma ponta e o resto vem atrás. Tenho alguma esperança de que outras coisas se venham a descobrir por arrasto. O que disse ontem o Presidente do Nacional da Madeira dá que pensar. Diz ele que Pereira Cristovão não viajou com a equipa do Sporting para a Madeira (para o jogo com o Nacional da meia final da Taça de Portugal) mas sim noutro voo "ao lado de Pedro Proença". Claro que isto não prova nada, mas, se juntarmos a esta alegação o que foi a arbitragem de Proença nesse jogo, a suspeita fica no ar. Proença expulsou um jogador do Nacional de forma muito forçada e marcou um penalty inacreditável contra o Nacional. Mas Rui Alves diz mais, muito mais. Segundo ele: "Paulo Pereira Cristovão detém dados dos árbitros que não estão ao alcance de qualquer dirigente desportivo. Tenho testemunhas do que estou a dizer. O que se passou foi uma estratégia de coacção dos árbitros".

São acusações muito graves, perante as quais espero que quer a justiça quer as instâncias do futebol tenham já encetado diligências. É que, a serem verdadeiras estas acusações, o Sporting incorre numa pena de descida de divisão.

Mais uma vez insisto, o Benfica não pode deixar este caso morrer. Acredito que quanto mais dele se vier a saber mais perto ficaremos de eliminar a batota do futebol.

Tenho como verdadeiro que é o Porto e não o Sporting que exerce o maior poder sobre os árbitros portugueses. Mas, a serem verdade as acusações que agora impendem sobre Cristovão, há que recuar ao que passou em Alvalade na última jornada e reapreciar a arbitragem de Artur Soares Dias.

Escrevi a quente sobre esse Sporting-Benfica. Ponderei na altura sobre se deveria deixar passar algum tempo, de forma a não ser tão emotivo, mas estou contente por não o ter feito. É que a indignação esmorece com o tempo e quando nos habituamos a reprimi-la corremos o risco de nos tornarmos insensíveis à injustiça. Ora eu espero que isso nunca me aconteça - ou não fosse o nome deste blog Justiça Benfiquista.

Para além dos penaltis vergonhosos, estão a circular na internet novas imagens (nomeadamente do pisão de João Pereira a Gaitan) e vídeos sobre esse jogo. Que mostram que o árbitro viu determinadas situações que não sancionou.

Já tenho defendido que em que muitos casos de arbitragem não acredito que se tratem de erros, de tal forma as situações são evidentes. A presunção de inocência não pode ser uma carta que constantemente se lança para branquear decisões inexplicáveis e tornar inimputáveis os árbitros. Pelo contrário, quando há erros flagrantes os árbitros deveriam ter que se explicar. Pelo menos ao organismo que os tutela.

Ora se as referidas imagens e vídeos provam que a dualidade de critérios foi gritante e que o árbitro viu e não puniu inúmeras situações em prejuízo do Benfica, não fica a sua imparcialidade (no mínimo) em causa? Qual a sua defesa, quais as suas justificações? Na ausência delas, não podemos deixar de especular: existirá alguma relação entre a arbitragem tendenciosa desse jogo e a identificação de Paulo Pereira Cristovão pela PSP, (a pedido de Soares Dias), no intervalo do Sporting-Marítimo? Por que razão foi feita essa identificação? Soares Dias sentiu-se ofendido por PPC? Intimidado? Coagido? Se assim foi, teria condições psicológicas para arbitrar o Sporting-Benfica?

Volto a dizer, o caso Pereira Cristovão é uma janela de oportunidade para acabar com a corrupção e o tráfico de influências no futebol português. Apelo a uma atenção muito grande por parte da direcção do nosso clube. O Benfica não pode permitir que mais uma vez as coisas caiam no esquecimento. Uma oportunidade destas não aparece todos os dias. Há que ir até ao fim. Até porque isto pode ser só uma pequena parte do que se passa nos bastidores do futebol. Continuo a acreditar que é o Porto quem ali mais se movimenta. Abra-se a caixa de Pandora.

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