quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Difícil para Mourinho (e o Benfica)

 Já escrevi o que penso sobre Mourinho, mas neste momento ele é treinador do Benfica e obviamente não estarei aqui a fazer campanha contra ele sem lhe dar sequer a oportunidade de mostrar que eu estou errado. Dito de outra forma, tem o meu apoio, pelo menos para já.

A questão é que este Benfica tem, mais uma vez, um plantel curto e desequilibrado, mesmo para a realidade portuguesa. 

As carências mais óbvias estão no meio campo e nas laterais. 

Em primeiro lugar, estou longe de estar convencido de que ficámos a ganhar com a troca de Florentino por Enzo, em segundo que Ríos traga algum valor acrescentado. 

Depois, se a ideia é jogar em 4-3-3 ou 4-2-3-1 (e já teria de o ser com Lage porque Sudakov veio para ser titular), quem é o substituto do ucraniano e quem são os extremos (já para nem falar dos seus substitutos)?

Em relação ao primeiro, é evidente que não há outro jogador no plantel com as suas características. Em relação aos extremos, temos Lubebakio. Ponto. Schjelderup é um projeto de jogador e Aursnes não é um desequilibrador nato (pelo contrário, é um jogador para equilibrar a equipa). Considerando que Dahl não tem tido capacidade para trazer perigo à ala esquerda e que Dedic começou muito bem mas neste momento está algo fatigado, o Benfica não tem dinâmica e não consegue abrir as defesas adversárias. Além disso a equipa está fisicamente em baixo, o que é perfeitamente normal considerando o Mundial de Clubes e a supertaça / pré-eliminatórias da Champions.

Temos de ser honestos: quer o Porto quer o Sporting são, neste momento, muito mais fortes. O Porto com uma dinâmica forte, velocidade e um modelo bem definido (com bons executantes), o Sporting com uma equipa de qualidade muito superior à do Benfica. Vi ontem grande parte do jogo do Sporting e as oportunidades de golo sucediam-se. O guarda-redes do Moreirense fez uma mão cheia de defesas quase impossíveis. Claro que a arbitragem foi amiga: não pelos penalties em si, mas por ter sido caseira como há muito não via - o apito do árbitro só funcionava quando a infração era do Moreirense, ao passo que os jogadores do Sporting podiam fazer basicamente tudo. Ajudou a empurrar o Moreirense para trás. Mas isso é mesmo assim: os árbitros estão sempre do lado de quem está mais poderoso e neste momento o Benfica é o patinho feio, a gata borralheira.

A tarefa de Mourinho é tão mais difícil que o nosso treinador terá jogos de derrota quase certa na Liga dos Campeões (praticamente todos, aliás) e uma deslocação ao Porto em breve. Se as coisas correrem pelo pior, conseguirá um Mourinho já sem a energia do passado dar a volta à situação e construir algo no Benfica? 

A situação é muito difícil. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Navegação à vista

 Quando escrevi o último post estava muito longe de imaginar que dois dias depois Lage deixaria de ser o treinador do Benfica.

Claro que também não imaginava perder em casa com o Qarabag, uma equipa da quarta divisão do futebol europeu, um resultado que é realmente escandaloso e inaceitável.

No entanto como é que um presidente explica que ainda há duas semanas (a fazer fé nas declarações de Lage) estivesse a contratar os jogadores que este desejava e agora o demita? 

Se, como tudo indica, o sucessor for Mourinho, como explicar a venda de Akturkoglu que foi aparentemente um pedido do então treinador do Fenerbaçe?? 

Nada disto faz sentido. 

Mais: Lage eliminou Mourinho e foi tacticamente mais astuto nessa eliminatória do que o seu conterrâneo setubalense. 

E a um mês das eleições Costa vai fazer um contrato (provavelmente de valores elevados) que vai vincular o próximo presidente do Benfica - o que não é ilegal mas coloca questões muito sérias em termos de deontologia. 

É a navegação à vista, sem rumo estratégico. É verdade que o futebol são resultados e os "projectos" são normalmente uma ilusão porque se não existe sucesso o "projecto" é sempre abandonado e se contrata um novo treinador que necessariamente terá as suas ideias próprias, mas há que ter pelo menos uma visão e um rumo. 

Há uns anos contratou-se Schmidt porque se queria (e bem) um futebol atacante e atraente. Agora escolhe-se Mourinho, um treinador defensivo e resultadista. Onde está a coerência? 

Como já escrevi anteriormente, não acredito em Mourinho. Acho que está desactualizado, que o seu melhor período já passou, que não tem ideias inovadoras e que as suas equipas jogam um futebol feio que não empolga minimamente. 

Pode-se dizer que no United e na Roma fez melhor do que os que lhe sucederam. É um facto. Mas isso parece-me um fraco argumento, insuficiente para um treinador do Benfica. 

Temo que o futebol do Benfica se torne defensivo, negativo, mais preocupado em não perder do que em ganhar.

Um futebol defensivo como o de Mourinho só é aceitável se a equipa tiver bons resultados. Mas no Benfica bons resultados é ganhar sempre a nível nacional e ter prestações razoáveis na Europa. Será Mourinho capaz de alcançar tais resultados? O que acontecerá se começar a ter empates na Liga portuguesa e a perder na Liga dos Campeões (como é previsível face aos adversários que enfrentaremos)?

Antevejo tempos conturbados para o Benfica. Espero estar enganado.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Fim da linha para Amorim. E Lage?

 Eu sei que muitos benfiquistas estão nervosos com o empate com o Santa Clara. Também me debruçarei o nosso momento neste post, mas para já quero analisar a situação de Amorim, até porque acho que há ilações importantes a retirar da mesma.

Em Portugal, Amorim tornou o Sporting uma equipa dominadora, quase hegemónica. Começou por ir buscar uma série de jogadores a equipas médias e aos poucos construiu uma equipa compacta e muito difícil de bater. Teve uma "filosofia" e um "sistema" que foi aprimorando.

Mas a Premier League não é a Liga Betclic. Ali estão os melhores dos melhores, quer jogadores, quer treinadores. Cada jogo é um desafio físico e táctico sério. Enquanto que em Portugal há três equipas decentes, três ou quatro médias e as restantes são fracas, em Inglaterra o panorama é completamente diferente. 

Primeiro há o "big six" (Arsenal, Chelsea, Liverpool, Man City, Man United e Tottenham), equipas que além das competições internas competem por títulos europeus. Depois há equipas como o Newcastle, Aston Villa, Crystal Palace, Brighton, Nottingham Forest ou West Ham que têm orçamentos maiores do que o Benfica.

Em Inglaterra quase todas as equipas são muito evoluídas física, técnica e tacticamente. O problema de Amorim é que o seu sistema pura e simplesmente não funciona em Inglaterra. Porquê? Porque os dois médios centro do United estão constantemente em inferioridade numérica face aos três ou quatro médios que as outras equipas apresentam. Acresce que os dois médios do United são normalmente desadequados para jogar neste sistema. Já foi referido por analistas que apenas o Chelsea conseguiu vencer a jogar neste sistema e os seus médios eram "apenas" Kanté e Matic, dois box-to-box com uma capacidade física incrível. Com Amorim, um dos médios é Bruno Fernandes e o outro é Casemiro ou Ugarte. Não há milagres. Depois os três defesas também têm dificuldade em encaixar quando o adversário joga apenas com um avançado e ainda mais quando este deriva para outras zonas do campo, deixando os defesas sem referências. No Sporting era fácil: o bloco subia. Em Inglaterra as coisas não são tão fáceis porque as outras equipas têm muita qualidade e velocidade para explorar o espaço nas costas da defesa.

O fracasso de Amorim está a ser espectacular: em 31 jogos da Premier League tem... 8 vitórias. Mas Amorim é teimoso e não muda. Continua a bater contra uma parede: as performances e os resultados são desastrosos, mas continua a insistir. Todos os treinadores já sabem como o Man United joga, quais as suas fragilidades e como os anular. 

É verdade que Amorim conseguiu resultados na Europa enquanto treinador do Sporting (embora nunca tenha ido longe em nenhuma competição). Não lhe retiro mérito, mas a confiança é um factor muito importante e também tinha jogadores adaptados ao seu sistema, ao contrário de agora (os avançados baixavam para apoiar os centro campistas, a equipa era mais compacta, os defesas mais capazes e teve Gyokeres que era capaz de correr quase meio campo e marcar). O que é incrível é que Amorim continua a jogar com os mesmos médios centro do ano passado (com os resultados que seriam de esperar - derrota atrás de derrota). Por outro lado, não resolveu ainda o problema do guarda-redes (no Sporting foi o mesmo). Agora vem o Chelsea e os adeptos estão completamente saturados. Depois de o acolherem cheios de entusiasmo, agora consideram que já não há esperança. Amorim está por um fio.

Que lição se retira daqui? Creio que mais do que uma. A primeira, evidente, é que a Premier League é o topo dos campeonatos e que ser "o maior da sua rua" significa pouco ali. A segunda é que um bom treinador tem de ser capaz de fazer correções e adaptações, por muito que acredite no seu modelo. Amorim não está a demonstrar essa capacidade. Em Portugal, na Grécia, talvez na Turquia, Amorim tem uma elevada probabilidade de sucesso, em Inglaterra, tem uma elevada probabilidade de fracasso. A confirmar-se o descalabro, será um falhanço embaraçoso, com um custo de muitos milhões para o clube, mas na verdade apenas mais um fracasso no já grande cemitério de treinadores em Old Trafford.

Face aos números atrozes de Amorim (pelo meio ainda eliminado da Taça da Liga por uma equipa da quarta divisão), o empate do Benfica com o Santa Clara torna-se mais relativo. 

O problema é que em Portugal qualquer empate pode ter consequências muito prejudiciais tal o desnível  dos três grandes para os outros e, ainda mais importante,  o nível de jogo medíocre do Benfica é preocupante nesta altura. 

No entanto temos de reconhecer que há vários factores atenuantes: a quase ausência de pré-época, muitas entradas e saídas, grande número de jogos de exigência elevada logo em Agosto (o jogo ter sido na sexta-feira também foi um disparate). E estamos ainda no início. É possível que com a adaptação dos jogadores recém-chegados e o seu entrosamento com os colegas, o rendimento individual e colectivo aumente. Não apenas é possível, é mesmo exigível.

Temos de mantter calma e não entrar em histeria. Lage é um treinador razoável para a nossa realidade. Não vamos ter Klop, nem Tushel, nem Guardiola, nem Marco Silva. Para vir um Anselmi ou um Borges (ou um Mourinho já sem a energia nem a confiança de outros tempos) não vale a pena mudar. Claro que se não houver melhoria na qualidade de jogo e por outro lado houver mais resultados negativos, a pressão aumentará, como acontece sempre, e terá de se pensar em alternativas. Mas ainda é cedo. O jogo com o Porto será para mim o momento para fazer uma avaliação mais fundamentada. 

A seu tempo escreverei também sobre as contratações e o plantel do Benfica. 

domingo, 10 de agosto de 2025

Primeiras impressões

 O Benfica mudou em todos os sectores face ao ano passado: na defesa, com dois novos laterais, no meio campo com nova dupla no "miolo" e no ataque também há várias entradas e saídas. 

O próprio esquema táctico mudou no último jogo (veremos se é para continuar): de um 4-2-3-1 ou 4-3-3 passámos para um 4-4-2 clássico com dois pontas de lança (embora com Aurnes a titular este se possa juntar mais aos elementos do meio campo para formar um trio). 

São muitas mudanças em lugares chave. 

O meio campo é a "sala das máquinas", onde se fazem os equilíbrios, se pauta o jogo, se organiza o ataque ou impede o do adversário. Mudámos aqui as duas posições de trinco e médio centro (8) de Florentino/Kokçu para Enzo/Rios.

Os primeiros sinais parecem positivos: o Benfica vence o Sporting não direi que com facilidade, mas com uma certa naturalidade e simplifica com o Nice. Os jogadores contratados chegam com boas referências e dão indicações favoráveis. 

No meio campo faltava agressividade, como foi penosamente evidente no final da época passada e Kokçu apesar de ser um jogador com qualidades nunca se impôs verdadeiramente, além de ter uma personalidade conflituosa. Veremos como os que chegaram se adaptam. Ainda é cedo. Para mim Florentino ficaria no plantel, a não ser que houvesse uma oferta irrecusável. É um jogador fiável e com uma tremenda capacidade de desarme, apesar das limitações no passe. 

Dedic parece uma boa aposta, mas Dahl não é Carreras. Convém recordar que este foi um dos melhores jogadores da época passada e não é por acaso que o melhor clube do mundo o contratou. 

No ataque a contratação de Ivanovic traz novas opções, mas claro que estamos a falar de um jovem a quem tem de se dar tempo para crescer. Além disso saíram Di Maria, Amdouni e Kokçu, Akturkoglu diz-se que sairá e Bruma estará lesionado muito tempo, ou seja saiu talento e fantasia que é preciso colmatar. 

Em relação aos nossos adversários, o Sporting continuará a ser forte a nível nacional, especialmente se Hujlmand continuar, e o Porto parece ter uma equipa bem mais competitiva do que no ano passado. Por isso não haverá facilidades. 

Uma última nota para a Premier League que tem dominado este mercado. O Liverpool operou uma mini revolução no plantel, fez contratações sonantes e espera ainda contar com Isak, mas começou mal a época ao perder a Charity Shield (supertaça inglesa) para o Chrystal Palace. O City espera recuperar o ceptro. O Arsenal contratou Gyokeres. E o Chelsea, vencedor da Liga Conferência e do Mundial de Clubes também se reforçou. Há ainda que contar com o Tottenham e o Newcastle, numa segunda linha. Ou seja, as coisas não se afiguram nada fáceis para Amorim. Este ano já não haverá a tolerância do ano zero. E para já os sinais não são brilhantes. 



sábado, 5 de julho de 2025

O Mundial de clubes e o Benfica

 A participação do Benfica no Mundial de clubes teve um saldo neutro e correspondeu ao expectável: uma goleada a um clube de amadores, um empate com um um grande da Argentina, uma vitória inesperada (a primeira de sempre) com um Bayern em modo poupança e uma derrota por 4-1 perante um Chelsea com argumentos superiores aos nossos. A goleada com o Chelsea é um pouco atenuada pelo facto dos golos terem surgido quase todos no fim, quando jogávamos com 10. Mas por outro lado o Benfica foi uma sombra de si mesmo nesse jogo: sempre demasiado encolhido e defensivo, sem capacidade de ser incisivo no ataque.

No final, o saldo é "normal": tínhamos uma secreta esperança de chegar longe e quem sabe ganhar a competição, fazendo jus à história do Benfica e tirando partido do facto da competição surgir no final de época, com as equipas a não terem o mesmo rendimento que alcançam na Liga dos Campeões, mas no fim a lógica imperou e alcançámos o que é habitual na competição continental - passar a fase de grupos e perder na primeira ronda a eliminar.

Perder com o Chelsea não é desprestigiante, mas o nível que apresentámos fica abaixo, na minha opinião, dos mínimos. Lage tentou aplicar a mesma receita que funcionou com o Bayern, mas sem sucesso desta vez. É verdade que a Grécia foi campeã da Europa a jogar assim, mas isso acontece uma vez a cada 50 anos. Acho que o Benfica poderia ter assumido o jogo de outra forma. 

De resto a competição vai avançando para a fase final de acordo com o que seria expectável: as equipas mais fracas vão desaparecendo e os gigantes europeus posicionam-se. Houve algumas surpresas, como acontece sempre: o Inter foi eliminado pelo Fluminense e o City pelo Al Hilal. Mas nas meias finais estarão Paris Saint Germain, Real Madrid e Chelsea e um dos dois primeiros deverá levantar o troféu.

Quando o Benfica foi eliminado li dezenas dos milhares de comentários feitos por brasileiros dirigidos ao nosso clube e aos portugueses, todos eles insultuosos. Fiquei admirado, não sei o que é que lhes fizemos para justificar tanta hostilidade. Os brasileiros, sobretudo adeptos do Flamengo, recordavam a vitória da sua equipa sobre o Chelsea na fase de grupos e gozavam com o Benfica chamando-nos equipa pequena e assegurando que no campeonato brasileiro lutaríamos pela manutenção. Mas via-se ali muito ódio, muito ressentimento.

Tais adeptos esqueceram-se de duas coisas:

1) as equipas europeias estão no "pós-época", com muitas dezenas de jogos nas pernas, separados desta competição por uma pausa competitiva de semanas, física e mentalmente cansados, ao passo que as sul americanas estão no início da época, com os índices físicos e motivacionais no máximo;

2) iam jogar com o Bayern de Munique, que o Benfica tinha vencido, a seguir (e, claro, perderam). Além disso perderam qualquer simpatia que os portugueses poderiam ter pelas equipas brasileiras. 

E fico-me por aqui para não extrapolar do futebol para outras situações, porque os brasileiros que trabalham arduamente em Portugal (centenas de milhares) não têm culpa dos comentários de alguns idiotas. 

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Goleada histórica. Sporting-11 Benfica-1





Aqui fica uma análise a todos os casos da final da Taça de Portugal de dia 25. A análise é 100% objetiva como se poderá constatar. Limito-me a apresentar as situações. As minhas apreciações ou comentários pontuais sobre os lances não interferem sobre a objetividade e validade da análise. 


três penalties a favor do Benfica 


1) remate de Bruma contra o braço de jogador do Sporting, assinalado e posteriormente anulado por fora de jogo de Kokçu no início da jogada;

2) Hjulmand toca/pisa Dalh, árbitro assinala simulação com direito a cartão amarelo;

3) agarrão sobre Belotti na área transformado em livre lateral por uma falta anterior... a favor do Benfica (possivelmente é uma nova regra que ainda não conhecemos);


um penalti para o Sporting


4) um penalti marcado a favor do Sporting;


um golo anulado ao Benfica

5) um golo anulado ao Benfica por alegada falta de Carreras no início da jogada (uma das repetições mostra claramente o jogador do Benfica a cortar a bola que depois ressalta para o pé do jogador do Sporting - não é um erro claro e evidente do árbitro e está portanto fora do protocolo do VAR)

quatro cartões vermelhos perdoados a jogadores do Sporting


6) vermelho direto a Matheus Reis por agressão a Belotti;

7) vermelho direto a Maxi Araújo por agressão ao mesmo jogador ou, no mínimo, cartão amarelo, que seria o segundo; 

8) segundo amarelo para Harder por cotovelada a Otamendi (negligência, se fosse propositado seria cartão vermelho direto);

9) segundo amarelo para Harder por provocação aos adeptos benfiquistas após o seu golo (fazendo demorada e repetidamente um gesto para que se calassem);


golos validados com possíveis ilegalidades


10) um golo validado ao Benfica em que o jogador do Sporting no início da jogada aparece no chão

11) um golo validado ao Sporting num lance em que Otamendi surge no chão


Em 11 decisões cruciais no jogo a equipa de arbitragem decidiu 10 vezes a favor do Sporting e uma a favor do Benfica. 


Análise


Fazendo uma análise mais fina, vamos avaliar essas decisões por categorias.

I. Situações relativamente claras - três a favor do Sporting, uma a favor do Benfica

As situações 1, 4, 10 e 11 podem ser consideradas mais ou menos pacíficas e o juízo geral é que o árbitro decidiu bem.

II. Situações dúbias - todas a favor do Sporting

As situações 2, 3, 8 e 9 são de algum modo de interpretação e podem ser decididas para ambos os lados. Em quatro poderiam ter sido decididas duas para cada lado. Foram decididas as quatro a favor do Sporting. Acresce um cartão amarelo limitativo para Dahl logo no início do jogo.

III. Caso do jogo - decisão a favor do Sporting

A decisão 5 para mim é inaceitável porque não é um lance de erro claro e óbvio do árbitro e portanto o VAR não pode intervir. É uma situação grave porque distorce a verdade desportiva, a favor do Sporting. Já sei que a maioria dos árbitros comentadores dizem que foi uma boa decisão, mas a sua credibilidade é nula: olhemos para o inqualificável Coroado e fica tudo dito. Além disso eles tendem sempre a acompanhar os árbitros nas suas decisões e só dizem que errou quando esse erro é demasiado evidente para o público. Mas se quisermos colocar este lance na categoria anterior então aí temos um 5-0 arbitral a favor do Sporting.

IV. Erros grosseiros - a favor do Sporting

As situações 6 e 7 não merecem comentários. 

V. Tempo de compensação

Foram dados 10 minutos de tempo suplementar, algo nunca visto esta época e que naturalmente beneficiou o Sporting, tanto mais que o penalti é já depois dos 8 minutos de descontos (Pinheiro na Luz deu 7).

Temos assim Sporting - 11 Benfica - 1.

Ninguém me vai convencer de que isto não foi intencional. Erros acontecem para os dois lados, não sempre para o mesmo. Quando pelo meio dos erros há erros grosseiros o assunto deve ser investigado. O Benfica deveria aliás protestar o jogo


Nota 1: a linguagem corporal de Hujlmand no lance do possível penalti sobre Dahl e de Maxi Araújo no lance com Belotti é de jogadores que esperam vir a ser punidos pela arbitragem, ficando surpresos pelo seu comportamento não ter consequências. Nem eles próprios estavam à espera de uma arbitragem tão tendenciosa.

Nota 2: os mesmos árbitros e comentadores que garantiram que Tomás Araújo fez mesmo penalti sobre Ricardo Horta explicaram agora que Dahl fez simulação sobre Hjulmand. Num dos lances, a bola está noutro local e o toque de Araújo não tem qualquer influência sobre o desfecho da jogada. No outro Dahl tem a bola controlada dentro da área. Ou seja, o lance de Dahl seria por maioria de razão mais claro e merecedor de penalti do que o de Horta. Isto suscita-me duas reflexões: a primeira é reiterar que os ex-árbitros e comentadores não valem nada, são anti-benfiquistas e têm zero credibilidade; a segunda é de que os nossos jogadores são muito anjinhos: ao passo que Horta ficou no chão e a contorcer-se até que o VAR principal - Luís Freitas Lobo da Sport TV - dissesse que era penalti e assim passasse a mensagem para o pau mandado que estava na "cidade do futebol",  já Dahl levantou-se logo.

Nota 3: falaram décadas de Calabote porque, supostamente para o Benfica marcar mais golos, o árbitro deu... 4 minutos de descontos. Falaram anos da "Taça Lucílio Baptista" porque na sua opinião foi marcado um penalti inexistente contra o Sporting. Comentários para quê?


Maxi Araújo com as mãos atrás das costas, indicando ao árbitro que não fez nada. Mas o árbitro nem se dirige a ele...A preocupação de Godinho é que Belotti saia do campo para o jogo poder seguir rapidamente. (Ainda havia tempo...)


quinta-feira, 29 de maio de 2025

ADN Benfica

 

As próximas eleições para a presidência do Benfica serão cruciais para o futuro do clube. Os resultados dos últimos anos têm sido desastrosos e o clube não aguentará financeiramente muito mais tempo de insucessos. 

Estamos todos magoados, indignados mesmo, e com toda a razão, com o que aconteceu na final da Taça. Esse jogo lamentável confirmou para além de todas as dúvidas que o Benfica é desprezado e quase gozado pelas instâncias do futebol português. 

Sabemos, em parte, por que razão as coisas chegaram a este ponto: práticas pouco claras, pessoas nada recomendáveis, apoio a um presidente da federação que sempre fez gala, enquanto árbitro, em prejudicar o Benfica, uma comunicação social hostil). É preciso olhar para isto e delinear estratégias (a comunicação, atualmente inexistente, é parte, mas apenas parte, da solução).

No entanto é preciso também olhar para dentro, para o modelo de organização (que hoje é muito deficitário) e, não menos importante, para a identidade do Benfica. 

A identidade, o ADN do Benfica vêm-se perdendo há décadas. O problema começou com Damásio (embora mesmo com Fernando Martins já se tivessem cometido erros sérios) e agravou-se com Vale e Azevedo. 

Depois desse Vietname, era preciso reconstruir quase do zero. E construiu-se fisicamente, em betão, dotando-se o clube de infraestruturas modernas, algo que urgia fazer sob pena de nos atrasarmos ainda mais em relação aos rivais. O problema é que isso foi feito a custo do benfiquismo autêntico. 


Vieira tinha um estilo e uma prática que não se coadunam com o ADN Benfica. 

E qual é esse ADN? Dirão alguns que é ganhar. Certamente que o Benfica tem de ser um clube vencedor. A sua dimensão e história existem-no. 

Mas todos querem ganhar, nenhum clube dirá que o seu ADN é perder, o querer, ou dizer, não basta. 

Ganhar não se declara, ganhar é o resultado de vários factores. O que importa quando se fala de identidade é de onde se parte, quais os princípios e valores. 

O Benfica é geneticamente um clube popular, mas, tomando emprestado um termo da política, nunca foi um clube populista, não sacrifica os valores para obter resultados e não pode embarcar em demagogias. 

Outra coisa que não faz parte do ADN fundador do clube, contra o que Cosme Damião se insurgia, é o "mercantilismo" ou a comercialização excessiva. A vertente desportiva tem sempre de prevalecer sobre a empresarial, sob pena de se vencer apenas esporadicamente. 

O Benfica é também um clube unido, no qual os egos se sacrificam em nome da instituição e no qual todos se juntam para uma causa comum. 

No plano dos valores, o Benfica sempre se viu como a maior instituição de Portugal. Os maiores presidentes do Benfica, os que mais sucessos alcançaram, foram grandes senhores e a sua cultura de elevação, desportivismo, respeito e integridade transmitia-se a todos os atletas. 

Essa integridade não se confunde com ingenuidade ou moleza. Pelo contrário, é dela que vem a força para ultrapassar obstáculos e adversidades. Quem conhece o seu valor, quem tem honra não aceita ultrages e não deixa passar em claro a menor ofensa ao clube.

Sabemos que a nossa identidade nos impede de contar com a batota de banqueiros ou árbitros, por isso temos que trabalhar mais e melhor do que os outros, com mais raça, abnegação e inteligência.  

O Benfica vencedor trabalha, luta e fala pouco. Não se vangloria por uma conquista porque já está a pensar na próxima. 

Este é o ADN Benfica. Nas próximas eleições os sócios têm que escolher aquele que melhor representar estes valores. Alguém que tenha perfil, carácter e capacidade de liderança. O Benfica não se pode dar ao luxo de errar novamente. 


terça-feira, 27 de maio de 2025

Roubados, agredidos e gozados

 Todos temos amigos e familiares do Sporting.

O Sporting é obviamente um clube com muita gente não apenas "normal", mas gente de bem, com valores, desportivos e não só. Repito, todos temos familiares e amigos do Sporting de quem gostamos muito. 

Dito isto, o que aconteceu no Jamor não foi uma "festa". O que aconteceu no Jamor foi uma total indecência (para não dizer javardice) que envergonha o futebol nacional.



Sobre a arbitragem já falei - o Benfica foi espoliado de uma vitória que merecia e teria sido sua se os supostos árbitros não tivessem inclinado o campo de uma forma tão escandalosa.

Mas isso não é tudo. 

Ontem vi, pela primeira vez  desde os famigerados factos de domingo, parte de um programa de debate e ouvi Fernando Mendes justificar o pisão na cabeça com o very light que matou um adepto do Sporting nos anos 90. E quero começar justamente por aí.

Há uns anos estive numa final da Taça de Portugal e dois adeptos do Benfica à minha frente, já alcoolizados, entravam à minha frente. Um deles começou a cantar "very light olé". Agarrei-o pela t-shirt e disse-lhe "isso não". Ele ficou surpreendido mas aceitou e calou-se.

No domingo, uns energúmenos imitaram o som de um very light e pensei: "ainda vamos perder o jogo". Mas depois disse para mim mesmo: "não, os outros adeptos do Benfica não têm culpa destes idiotas e não merecem, vamos ganhar".

Sejamos claros: gente que goza com a morte de um inocente não merece nada de bom e tem de ser EXPULSA do Benfica. A próxima direcção do Benfica tem de ter a coragem de limpar a PORCARIA que existe no clube: os marginais, os criminosos. O Benfica não é isto e não pode admitir que gente desta ande entre os seus. 

Dito isto, houve maus comportamentos da parte de adeptos de ambos os clubes (dizem que houve cânticos racistas para com o nosso guarda redes), o que é difícil de controlar e não pode servir de desculpa para o que os intervenientes no jogo fazem. 

O Sporting empata quando deveria estar a perder por 2, pelo menos, e a jogar com 9, no máximo. Isso já sabemos.

Do que ainda não falei - e não vi ninguém falar - é da provocação de Harder aos adeptos do Benfica depois de marcar um golo. É isso a "festa do futebol"? Gozar com os adeptos adversários? Mandá-los calar? 

Harder teria de ter visto o cartão amarelo por gestos provocatórios, que seria o segundo. Seria expulso. De Godinho e Martins evidentemente nada se poderia esperar (os jornalistas da transmissão também nada disseram - ai se fosse ao contrário...), mas os próprios jogadores do Benfica deveriam ter rodeado o árbitro e não deixar passar a situação em claro. Já nem falo da situação de Belotti em que o banco do Benfica teria de ter entrado em campo e não deixar o jogo ser retomado até pelo menos o "jogador" que lhe pisa a cabeça ser expulso. Mas somos uns anjinhos e pelos vistos gostamos de ser sacos de pancada. E esquecemos o nosso lema...



Se as coisas tivessem ficado por aqui já seria muitíssimo mau. Mas os jogadores do Sporting ainda não estavam satisfeitos. Um jogador deles resolveu partilhar uma foto no balneário a provocar e insultar o nosso capitão, dando mais um exemplo de baixo nível e não saber ganhar. 

O pior estava porém ainda para vir: os jogadores do Sporting, incluindo o seu capitão, a exaltarem o jogador que criminosamente pisou a cabeça de Belotti, fazendo dele uma espécie de herói desta partida. E alguém da estrutura do Sporting ainda partilhou o vídeo nas redes sociais. Pelos vistos, "aqui nós pisa na cabeça" é motivo de orgulho para essa gente. Claramente alguém faltou à escola, mas pior do que isso faltam-lhes valores.



O Benfica precisa de um líder que saiba responder à altura quando alguém se atreve a tratar o  nosso clube desta forma. 

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Ultrapassados todos os limites, Presidente tem de se demitir JÁ (atualizado com Comunicado)

 O que aconteceu ontem é o culminar de um padrão que não se verifica apenas no futebol sénior: acontece noutros escalões e em praticamente todas as modalidades.

O Benfica é o maior clube de Portugal, mas é tratado pelos árbitros e pela comunicação social como um pária, como um clube estrangeiro, como uma espécie de intruso que não devia andar no desporto. 

Parte deve-se a Vieira, às suas trapalhadas e à imagem criada pelos casos dos emails. Ficou no ar a ideia de que pessoas ligadas ao Benfica, incluindo "empresários" andaram a trabalhar na sombra para que o Benfica ganhasse de forma ilícita, ideia que constantes investigações e notícias vão mantendo viva.

Mas outra parte deve-se a um anti-benfiquismo doentio e raivoso de que padecem muitos fazedores de opinião.

O que aconteceu ontem é inclassificável e ultrapassa todos os limites. Desde um penalti revertido por alegado fora de jogo, a um penalti em que o nosso jogador é punido com cartão amarelo por simulação, a um golo anulado por uma falta que, a existir, nunca seria um erro "claro e óbvio", única circunstância em que o VAR pode intervir, a uma arbitragem tendenciosa e com dualidade de critérios sempre em prejuízo do Benfica, até à escandalosa tripla agressão a Belotti que passou impune, aos 10 minutos de descontos que depois do Sporting marcar acabaram logo, o que se assistiu no Jamor foi um roubo que entra para os anais do futebol português como das coisas mais indecentes e injustas já vistas. Foi pornográfico.

E isto perante o silêncio dos media, dos comentadores e mesmo de alguns benfiquistas. 

Por exemplo, na transmissão SportTV, Miguel Prates riu-se com o pisão na cabeça de Belotti e Catarino (que começou a carreira na Benfica TV) também pouco disse. Falou muito de um jogo "épico" e nada sobre a arbitragem. Já em Braga, o VAR número 1, Luis Freitas Lobo, disse logo que o lance de Tomás Araújo (praticamente igual ao no qual Dahl viu ontem amarelo), teria que ser analisado pelo VAR 2 e este rapidamente ouviu a mensagem e chamou o árbitro para este ir ao monitor e marcar penalti contra o Benfica. 

Os jogadores do Sporting gozam com o pisão na cabeça (https://www.abola.pt/futebol/video/festa-com-matheus-reis-aqui-nos-pisa-na-cabeca-2025052522371617687) e Jorge Coroado também. Os jornais desportivos, incluindo "A Bola", suposto jornal benfiquista, fazem primeiras páginas de glória para o Sporting, como se nada de anormal se tivesse passado.

Em jogos em que o Benfica teve alguma decisão de arbitragem a seu favor, todos nos lembramos das conferências de imprensa em que todas as perguntas dos "jornalistas" iam sempre desembocar ali, como se a vitória do Benfica tivesse ficado definitivamente manchada e todo o jogo se resumisse a uma única decisão do árbitro. Eu lembro-me até de um jogo com o Belenenses em que todas as perguntas foram sobre por que razão o Miguel Rosa (jogador da nossa formação, que estava na altura no Belenenses) não tinha jogado, como se este fosse o Messi. Quando o Benfica ganha mas há algo que o possa ensombrar, os jornalistas parecem cães de fila. Ontem foram cordeirinhos. 

O que é verdade para o futebol sénior é-o também para equipa B, escalões de formação e modalidades.

Rui Costa não é o único e provavelmente não é o principal culpado deste estado de coisas, mas é culpado de ter apoiado Proença e isso é imperdoável. Em todo o caso, mais ou menos culpa, o que importa é a realidade: o Benfica não é respeitado, pelo contrário é insultado, cuspido e gozado. Rui Costa é o presidente do Benfica, pelo que é sempre o responsável máximo. Independentemente do seu benfiquismo, permitiu que as coisas chegassem a este ponto de indecência e desrespeito total pelo clube, por parte de árbitros, adversários e jornalistas.

Rui Costa se ama o clube demita-se imediatamente e convoque eleições para o mais cedo possível.


PS: como eu aqui previ desde o primeiro momento, o VAR não veio trazer nenhuma "verdade desportiva". Pelo contrário é mais uma ferramenta para manipular resultados. Dá para anular golos e penaltis quando estes não dão jeito e para arranjar outros penaltis quando eles são úteis. 


PS2: Comunicado oficial do Benfica

No decorrer do atual mandato e sempre em defesa do futebol nacional, da credibilização desta indústria e do fair play, da valorização das competições e do espetáculo, o Sport Lisboa e Benfica manteve uma postura de grande seriedade, intervindo de forma construtiva e positiva junto das instituições sempre que considerou necessário e não na praça pública.

Acreditámos que o futebol nacional teria muito a ganhar se a maior instituição desportiva do país, o Sport Lisboa e Benfica, assumisse esse papel de enorme responsabilidade. E fizemo-lo na defesa intransigente do futebol português. No entanto, somos obrigados a admitir que o caminho de valorização não foi respeitado pelas entidades que o tutelam.

Em face dos graves acontecimentos das últimas jornadas da Liga Portugal e da final da Taça de Portugal, que desvirtuaram por completo a verdade desportiva, com prejuízo relativo à entrada direta na Liga dos Campeões, o Sport Lisboa e Benfica decidiu:

1 – Participar disciplinarmente da equipa de arbitragem e de VAR do jogo da final da Taça, a saber: Luís Godinho, Tiago Martins e respetivas equipas;

2 – Participar disciplinarmente dos jogadores Matheus Reis e Maxi Araújo pelas múltiplas agressões ao jogador Andrea Belotti;

3 – Exigir a divulgação imediata dos áudios entre Árbitro e VAR da final da Taça de Portugal, bem como as notas que lhes venham a ser atribuídas;

4 – Fazer uma exposição à FIFA, à UEFA e ao IFAB, em face da ilícita aplicação do protocolo VAR em Portugal, que colocou em causa a verdade desportiva;

5 – Exigir ao recém-eleito Conselho de Arbitragem uma posição pública, onde apresente medidas e soluções concretas que corrijam a sua atuação, sob pena de não ter condições para continuar em funções;

6 – Suspender a participação nos grupos de trabalho da Liga Centralização e solicitar ao Governo uma audiência com caráter de urgência, informando-o de que, neste momento, não estão reunidas as condições para avançar com este processo;

7 – Informar a FPF que, enquanto a verdade desportiva não prevalecer nas competições nacionais, o Sport Lisboa e Benfica estará indisponível para acolher jogos da Seleção Nacional no seu Estádio.

O Sport Lisboa e Benfica exige que a próxima temporada seja decidida em campo, de forma transparente, o que não sucedeu na época desportiva que agora finda.

Nós assumimos sempre as nossas responsabilidadesExigimos que quem tutela e rege o futebol português também assuma as suas.




domingo, 25 de maio de 2025

Nojo

 Rui Costa, pede a demissão por favor. Não por termos hoje perdido, mas por teres permitido que o Benfica fosse destratado desta forma pelos poderes instalados do futebol português, por teres apoiado Pedro Proença, um inimigo do Benfica e por não teres qualquer estratégia para um Benfica vencedor.

A arbitragem e o VAR decidiram esta final da Taça. 

Não tenho mais nada a dizer neste momento.


PS - mais a frio e após rever alguns dos lances, tenho a acrescentar que a arbitragem e o VAR não decidiram a final, eles ROUBARAM-NOS a Taça. 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Meira, Maniche e Amorim

 No início da época, Fernando Meira, antigo atleta do Benfica transformado em comentador, vaticinou que o nosso clube seria "a grande desilusão da Champions". Foi uma previsão estranha, que não se confirmou, mas que nem me espantou muito. Meira teve uma carreira internacional razoável (chegou a ser campeão na Alemanha) que foi evidentemente foi impulsionada, para não dizer proporcionada, pelo Benfica. Apesar disso foi sempre muito distante em relação ao Benfica e nunca me pareceu grato ou emocionalmente ligado ao clube. Aquela previsão, gratuita pelo seu negativismo e até anormal face a tantas equipas mais prováveis como "candidatas" a esse estatuto, como disse, não se confirmou: o Benfica fez uma Champions razoável, com momentos altos sobretudo face ao Atlético de Madrid, com goleada histórica e a qualificação para os oitavos de final. Meira não é por isso hoje uma figura muito querida pelos benfiquistas.

Maniche, que fez toda a sua formação no Benfica e jogou na equipa principal, tornou-se, já todos sabemos, um fervoroso portista, tendo no final da carreira tido ainda uma passagem completamente falhada pelo Sporting. Desse já nada se esperava, mas conseguiu ainda assim surpreender pela negativa também com comentários depreciativos sobre o Benfica recentemente.

Já Rúben Amorim veio na passada semana declarar o seu amor pelo Sporting, antes da decisão do campeonato. É um facto que, tendo ele iniciado o campeonato com o clube de Alvalade, não fosse de esperar nada de muito diferente. Mas a poucos dias de uma final europeia e atendendo ao seu passado no Benfica, Amorim talvez se devesse ter concentrado mais no seu actual clube e sido mais neutro em relação à realidade nacional. Pela minha parte, registo e não esqueço. Os benfiquistas são livres de pensar o que quiserem como é óbvio, mas para mim marcou o seu destino: talvez traidor seja um adjetivo demasiado forte, mas não o quero ver novamente no Benfica. E desejei-lhe o mesmo que ele nos desejou a nós: que perdesse a final da Liga Europa, como realmente aconteceu. Não temos pena. A sua época foi aliás um fracasso total e absoluto.

Foto Sports Ilustrated

Dito isto, há que reconhecer aqui um padrão: jogadores que passaram pelo nosso clube e não sentem qualquer ligação afectiva. Isto é um sintoma de uma crise do benfiquismo, que é inegável, tema a que voltarei depois da final da Taça. 

domingo, 18 de maio de 2025

Assim não, Benfica!

 A época ainda não acabou e uma final tem obviamente um peso grande na avaliação que se fará. A Taça de Portugal é uma competição importante e terminar a época com esse troféu ou com uma derrota são coisas muito diferentes. Até porque o Benfica defrontará o clube com o qual disputou o campeonato até à última jornada, clube que não vence há seis jogos.

Até por isso, Rui Costa não deveria ter dito que Bruno Lage vai ser o treinador do Benfica na próxima época. Caso não vença, não me parece que Lage tenha muitas condições para continuar, apesar de ter entrado já com a época em andamento e ter recuperado alguns pontos. Aliás, o próprio presidente terá nesse cenário muitas dificuldades em convencer os adeptos que é a pessoa certa para continuar a liderar o Benfica: um campeonato em 6 é manifestamente insuficiente, para já nem falar de um bicampeonato e uma dobradinha do Sporting.

As avaliações finais ficam portanto ainda adiadas uma semana, mas há já algumas coisas que podemos constatar.

O 4-3-3 de Bruno Lage procura alcançar um maior equilíbrio e controlo de jogo, reforçando o meio campo, face a um 4-4-2 mais atacante e de "vertigem" que desde Jorge Jesus caracterizava o futebol do Benfica. 

Isso foi até certo ponto conseguido e o Benfica teve alguns bons momentos na época, como as vitórias por 4-0 ao Atlético de Madrid, por 4-1 ao Porto e goleadas a equipas menores. Na Liga dos Campeões, a prestação foi razoável. 

No entanto a equipa acaba a época com falhanços em momentos decisivos.

Sobre o jogo com o Sporting na Luz já falei. Em Alvalade perdemos, num jogo cuja importância era crucial pois foi o primeiro jogo do novo treinador e poderíamos logo ter marcado uma posição. Em Braga, a vitória era o único desfecho que nos permitia sonhar com o título e o Benfica entrou lento, com poucas ideias e falta de agressividade. Na primeira parte não faz um remate digno desse nome. Na segunda, a jogar contra 10 imenso tempo, não consegue criar oportunidades de golo. Trubin é o melhor em campo. 

É preocupante que apesar de Florentino ser um dos melhores recuperadores de bolas da Europa, Otamendi tenha estado numa forma tremenda e Trubin tenha feito inúmeras defesas quase impossíveis em vários jogos, o Benfica sofra tantos golos. O 4-3-3 deveria dar outras garantias defensivas, mas claramente isso não está a acontecer. Vendo os jogos do Benfica sentimos que a equipa não é segura defensivamente e isso resulta mais dos posicionamentos do que da qualidade dos jogadores.

O problema é agravado com a inoperância no ataque. O Barcelona, por exemplo, é permeável na defesa: concede muito espaço o que se traduz em oportunidades e golos dos adversários. Mas a sua dinâmica e qualidade no ataque compensa. Já o Benfica, sobretudo nesta fase final da época, não consegue desbloquear os jogos, não consegue desmontar os blocos defensivos dos adversários. Mais uma vez, o problema não é (sobretudo) de jogadores. Vemos equipas pequenas jogarem com o Benfica e criarem muitos problemas à nossa defesa com jogadores de segunda e terceira linha.

A final da Taça será um momento importante para o clube. Mas mesmo que vençamos há que avaliar muito bem o que aconteceu esta época. O Benfica não pode época após época ter o maior orçamento a nível nacional e ganhar apenas esporadicamente. 

sábado, 17 de maio de 2025

O que significa ser benfiquista?

Segundo alguns, o benfiquismo está em crise. Há uma certa orfandade de um sentimento clubista que se diluiu face a desilusões e à erosão do tempo presente, dominado pelo imediatismo e consumismo. A era do vazio, segundo Lipovetsky. 

Há uma certa dose de verdade nessa avaliação: o tempo do amor à camisola, que coincidiu com as conquistas europeias do Benfica, dificilmente voltará. Os atletas hoje jogam por regra onde lhes pagam mais e raramente ficam num clube por mais de 3 anos, especialmente num clube de uma liga menor, como é o caso da portuguesa. Isso dificulta a manutenção de uma identidade. Paralelamente, os adeptos são cada vez mais impacientes e intolerantes e o futebol é o escape da monotonia do dia a dia. Passam da idolatria ao ataque muito rapidamente, quase de um dia para o outro. E atenção que não estou a dar lições de moral a ninguém, até porque não me ponho de fora da massa geral de adeptos e não sou de modo nenhum imune a esta forma de estar.

Mas se há alguma mensagem que eu quero passar, é a de que num momento como estes devemos valorizar o esforço e dedicação dos jogadores e reconhecer os pontos altos da época. O golo de Pavlidis contra o Sporting é um momento quase poético de futebol. O seu hat trick contra o Barcelona é algo quase épico. A dedicação de Otamendi, um jogador que tem 37 anos e tantos jogos nas pernas, é de reconhecer e apreciar. Claro que ganham muito dinheiro, mas se achamos que esse é um critério para desqualificar o empenho dos jogadores, então não vale a pena ver futebol.

Ser benfiquista é ter um espírito vencedor, a chama imensa de acreditar e lutar sempre, com lealdade, até ao último minuto de cada jogo, com raça, pela vitória. É estar com o clube nos bons e maus momentos, nunca desistir. Quando ganhamos, festejar como ninguém. Quando não ganhamos - o Benfica nunca perde - saber aceitá-lo com desportivismo e estar ao lado dos nossos, com o mesmo benfiquismo de sempre.


PS - o golo contra o Sporting foi marcado por Akturkoglu, a meias com um defesa do Sporting. Mesmo assim optei por não corrigir o texto, porque aquele é realmente um golo criado por Pavlidis, num momento quase sublime de benfiquismo. 

terça-feira, 13 de maio de 2025

"Derruba o adversário com a cabeça"

 Parece mentira mas foi desta forma que um árbitro justificou manter a decisão de marcar um penalti contra o Benfica, após ser chamado pelo VAR a rever o lance.  

E não, o nosso jogador não derrubou o adversário por lhe dar uma cabeçada e o nocautear. Não, o nosso jogador supostamente rasteirou os pitons do adversário com a cabeça... e isto sem sequer ter feito um arranhão na mesma.

Deve ser caso único no futebol profissional.

Aconteceu contra o Arouca, jogo em que perdemos 2 pontos.

É incrível que um lance desses seja penalti mas contra o Estoril o derrube a Belotti  não seja nada, nem sequer mereça ir ao VAR.

Como é incrível que nesse mesmo jogo Pavlidis leve cartão amarelo por ter sido rasteirado por um adversário logo no início da partida. Pavlidis, um jogador sempre leal e correcto, é derrubado claramente mas o árbitro conseguiu ver ali uma simulação... Custa a crer que o árbitro não tivesse uma intenção de prejudicar o jogador do Benfica. Ou porque não gosta dele ou porque o queria condicionar - e condicionou.

E como entender que no Benfica-AFS o árbitro dê 2 minutos de desconto e no Estoril-Benfica 8 minutos? Qual é o critério?

Expliquem-nos por favor qual o critério para justificar que um jogo com 6 golos tenha 4 vezes menos tempo de desconto do que um com 3. Se o Benfica estiver à procura de marcar dá-se menos tempo, se fôr o adversário dá-se mais? É o que parece...

Já noutras paragens, a conversa é outra.

Como é possível que Tiago Martins não tivesse visto o penalti de St Juste sobre o jogador do Gil mesmo à sua frente? Que fosse necessário o VAR intervir para assinalar um penalti que não deixa dúvidas a ninguém?

Também nos diferentes jogos em que o Sporting esteve em desvantagem os períodos de desconto foram sempre "generosos". Mesmo na primeira parte. E nalguns, como no caso do Gil Vicente, nem sequer justificados.

Já tive aqui oportunidade de dizer que no derby não considero que tenhamos razões de queixa da arbitragem pois há um lance em que Otamendi claramente comete falta para, no mínimo, o segundo amarelo, o que nos deixaria numa posição ainda mais difícil. No entanto há dúvidas sobre se o lance é para vermelho directo e, em caso afirmativo, se é "claro e óbvio" (penalty não é porque é fora da área), pelo que se aceita a não intervenção do VAR. Já o lance do penalty sobre Otamendi é claro e óbvio e é evidentemente dentro da grande área. Portanto aqui o VAR estava obrigado a intervir. Entrou em jogo a tal "lógica da compensação" de que falei no anterior post, a qual evidentemente não faz parte das regras. Ainda sobre este tema, coloca-se ainda a questão sobre se o primeiro amarelo a Otamendi não terá sido demasiado rigoroso. 

Também é absurdo que o árbitro tenha assinalado mais 10 faltas ao Benfica do que ao Sporting, quando o Benfica era quem estava permanentemente a ter a iniciativa e o Sporting só estava interessado em parar o jogo. É verdade que houve algumas faltas atacantes pouco inteligentes por parte do Benfica, mas houve muitas vezes em que Hjulmand se atirou de forma ostensiva para o chão e o árbitro apitou falta contra o Benfica.

Não estou a desculpar nada com as arbitragens. Acho que o Benfica teve oportunidades para chegar a esta fase em 1º lugar e as deixou fugir por esta ou aquela razão. No entanto à entrada para a jornada que finalmente decidirá o campeão 2024/2025 temos de exigir que pelo menos nesse último dia as arbitragens não tenham qualquer interferência. Na era do VAR é o mínimo dos mínimos. 


sábado, 10 de maio de 2025

Inadmissível

 Uma equipa que necessita de vencer não pode sofrer um golo aos 3 minutos na primeira vez que o adversário faz um ataque.

O golo sofrido é absolutamente inadmissível, inacreditável, ridículo até. O Benfica está a atacar, o Sporting tem um único jogador sobre o meio campo, três defesas vão para ele mas só recuam, deixam-no avançar sem tentar sequer um desarme, deixam-no fazer um passe para a cabeça da área, onde Trincão que correu sozinho todo o meio campo do Benfica aparece para rematar sem oposição.

Poucos minutos mais tarde, numa jogada parecida, é Pote quem corre sozinho para ficar isolado frente a Trubin. Otamendi faz falta para vermelho directo (ele que já tinha amarelo) que o árbitro não assinou. Teria sido provavelmente o fim do jogo. 

Depois há um penalti evidente sobre o mesmo Otamendi, em que o jogador do Sporting o empurra ostensivamente e de forma óbvia, no qual o VAR não intervém, provavelmente numa lógica de "compensação". 

Mas o essencial é o que já disse no primeiro parágrafo: uma equipa que precisa de vencer não pode sofrer um golo no primeiro ataque do adversário. Muito menos um golo que não se admite nem nos juniores. Por isso não merecemos vencer e, mais importante do que isso, não vencemos.

Olhando para os jogos do Sporting nos últimos meses, o Benfica teria tido todas as possibilidades de ganhar caso não fosse tão permeável, tão macio, tão ingénuo e tão incompetente na sua defesa. Incluo aqui todos: o treinador que colocou em campo Di Maria que fez o jogo que eu imaginava e é completamente incapaz de fazer uma recuperação num lance daqueles, o treinador também é culpado pelo modo como a equipa aborda aquele lance; António Silva que deixou Gyokeres à vontade; Carreras que não acompanha Trincão; Florentino que não ocupa o espaço onde surge o remate; assim como Otamendi e Tomás Araújo que também estão a rodear Gyokeres e não fazem nada; e o próprio Trubin que poderia ter defendido a bola.

De resto aconteceu o que se poderia esperar: o Benfica, que tinha de ganhar, a correr atrás do prejuízo e o Sporting com setas na frente sempre a deixar a nossa defesa desconfortável. Ainda assim marcámos e tivemos outra boa oportunidade, mas sempre tudo em esforço e sem criar aquele sufoco que se exigia. 

Tudo resultou de sofrer um golo aos 3 minutos. O ano passado em Alvalade, num jogo também decisivo, o Benfica sofrera um golo ao minuto... 1. 

É um annus horribilis para o Benfica que perde em todas as modalidades (até no voleibol e depois de ter uma vantagem de dois jogos!, tendo também perdido hoje para a meia final da Liga dos Campeões de hóquei para o Porto), culminando agora no futebol. 

É o sexto jogo consecutivo com o Sporting que o Benfica não consegue vencer (3 empates e 3 derrotas - um dos empates, na Taça da Liga, valeu um troféu no desempate por penalties). 

Há que fazer uma reflexão profunda. 

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Finalíssima da Liga

 Pela primeira vez em muitos anos, talvez mesmo a primeira que vivo, o campeão pode decidir-se matematicamente num jogo entre os dois rivais. 

Claro que já houve muitos jogos decisivos com contornos parecidos: lembro-me por exemplo de um jogo nas Antas com dois golos de César Brito, do 6-3 em Alvalade, ou do 1-0 de Luizão. Mas no final desses jogos o Benfica não era (ainda) campeão. Desta vez ambas as equipas podem terminar o jogo como campeãs, matematicamente. 

As probabilidades de tal acontecer são elevadas, mas mesmo que que não haja campeão logo na Luz, quem sair em primeiro lugar do derby terá enormes possibilidades de ser consagrado na última jornada.

Uma coisa é absolutamente certa: uma vitória por 2-0 do Benfica significa sermos de imediato campeões. Uma simples vitoria por um golo significa que um ponto em Braga bastará. 

Mas ao Sporting o empate na Luz praticamente dar-lhe-ia o título, pois bastar-lhe-ia fazer os mesmos pontos do que o Benfica na última jornada e nós temos um jogo muito mais difícil. Vencendo o jogo seria de imediato campeão.

Já o cenário de uma decisão por golos ficou definitivamente afastado.

Tudo resumido, o Benfica precisa de vencer o Sporting no derby dos derbies. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Pavlidis, Belotti e o mercado de inverno

Manifestei aqui algumas dúvidas acerca de Pavlidis, numa fase em que o avançado grego andava longe dos golos. Mas houve dois factores que durante essa fase serviram para alimentar algum optimismo. O primeiro tem a ver com o seu nível de trabalho, entrega e permanente "ligação ao jogo", mesmo nas alturas mais complicadas dos jogos. O segundo factor tem a ver com as suas prestações nos jogos da Liga dos Campeões que foram sempre de um nível elevado. Se nos jogos de maior exigência, Pavlidis tinha rendimento é porque necessariamente teria de ter qualidade.
Contra o Barcelona vimos o melhor do grego, com uma exibição monumental. Infelizmente o Benfica perdeu e por isso não foi dado o devido destaque a essa exibição. Mas esse jogo não parece ter sido um acidente e penso que nesta altura já podemos estar confiantes de que temos ali um avançado com qualidade - e golo - para ser titular do Benfica. Vejo agora Pavlidis a jogar com confiança, sobretudo no momento de rematar e colocar a bola dentro da baliza adversária. O golo contra o Estrela da Amadora (que o Benfica deveria ter ganho com outra tranquilidade) foi de grande nível. (E ainda marcou outro que lhe deveria ter sido atribuído, na minha opinião).
Nessa medida, a posição de Arthur Cabral no plantel, com um ordenado elevado, torna-se mais precária. 
A contratação (por empréstimo) de Belotti enquadra-se na lógica de uma saída de Cabral. O italiano não é um jogador que dê muitas garantias de golos, mas apesar de tudo é mais rápido e combativo do que Cabral (demasiado pesado e lento), podendo pressionar os defesas adversários de outra forma. Desejo-lhe evidentemente o melhor, apesar de não ter expectativas elevadas.
Fora essa contratação, acho que o Benfica fez apostas relativamente seguras e reforçou o plantel. Passa a haver alternativa a Florentino (Barreiro é, como já é evidente, outro tipo de jogador), um suplente para Carreras (veremos com que tipo de rendimento) e um extremo com características diferentes - Bruma é rápido, agressivo e objetivo no ataque à baliza contrária. Todos os que chegaram (o lateral esquerdo é a maior incógnita) têm condições para entrar no 11 no imediato. É isso que se pede no mercado de inverno. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Frangos e Galinhas não chegam a Águias

 Ouvi ontem declarações de um putativo candidato à presidência do Benfica que me fizeram lembrar Vale e Azevedo. Demagogia, ilusões de grandeza, falta de noção, banalidades proferidas como sentenças lapidares. Há que manter este homem bem longe de qualquer lugar directivo no Benfica. O vieirismo que se mantém no Benfica vem sobretudo da anterior "oposição" (Fernando Tavares, por exemplo - e atenção que nada de pessoal me move contra ele, simplesmente refiro um facto). Do que não precisamos é de um regresso ao passado e de promessas vazias, como a de que "existem empresários prontos a ajudar o Benfica". Não há nenhum empresário em Portugal com dimensão ou sequer vontade de colocar dezenas ou centenas de milhões de euros no clube por paixão e altruísmo. Nem no Benfica nem em nenhum clube do mundo. 

Rui Costa cometeu erros e os sócios a seu tempo farão o seu juízo do trabalho que realizou. Mas do que não se pode duvidar é do seu benfiquismo. Rui Costa certamente faz o seu melhor e neste momento é claro que tentou dar ao treinador mais soluções para enfrentar a segunda fase da época.

Talvez existam soluções melhores para o Benfica. Noronha Lopes, se quiser voltar a candidatar-se, será certamente uma opção válida e credível. Já Galinhas e reis dos frangos são tudo o que o Benfica não precisa. Competência e rigor, sim. Demagogia e narcisismo, não. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Imprensa nojenta

 Claro que o "caso áudios" não é bonito, nem positivo. Mas a exploração feita pela imprensa mete NOJO. Mas alguém foi atacado no seu carro, como aconteceu com a família de Sérgio Conceição no Porto, ou jogadores e treinadores do mesmo clube? Nessa altura estes mesmos jornalistas fizeram o mesmo estardalhaço? O mesmo chiqueiro? E atenção, porque esses foram incidentes bem mais graves.

Num dia em que o Benfica faz uma grande exibição e venceu brilhantemente a Juventus na sua casa, passando aos playoff, numa situação em que o presidente se prestou a falar longamente com a imprensa e começou logo por reconhecer que o episódio não era positivo, um bando de jornalistas e comentadores imbecis continuam a atacar e a estrebuchar. É uma imprensa nojenta, repito, anti-benfiquista, a que temos.

Note-se que não sou nenhum fanático e evito certo tipo de linguagem, mas tudo o que é demais cheira mal. Estou indignado com isto. Espero sinceramente que os benfiquistas se unam. Nem tudo está bem, mas não podemos admitir que o clube seja miseravelmente atacado deste modo. Atacado, sim, porque é por demais evidente que fossem quais fossem as explicações dadas, estas hienas nunca estariam satisfeitas. Só se comportam assim com o Benfica, com outros clubes não se atrevem. Chega! 

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Escândalo rouba noite histórica ao Benfica

 Foi um jogo absolutamente tremendo o que aconteceu ontem na Luz, dos melhores de sempre na Liga dos Campeões. Não vamos deixar que a derrota e a revolta contra a arbitragem (já lá vou) nos toldem a visão e nos impeçam de o reconhecer.

Também convém que os benfiquistas tenham a plena noção de com quem jogámos. Uma equipa recheada de estrelas mundiais que há pouco deu 5 (a 2...) ao Real Madrid, que só tem o Liverpool à frente e que acima de tudo joga muito.

O Benfica fez uma primeira parte de um nível superlativo, incrível mesmo. É verdade que tem a felicidade de marcar o segundo golo num lance caricato, mas esse foi o resultado da forma arriscada como o Barcelona joga tão subido e de saídas muito rápidas e executadas quase na perfeição pelos nossos jogadores com trocas de bola e desmarcações espectaculares. O discurso dos "erros" é aliás algo com que discordo. Vemos por vezes treinadores que perdem por três ou quatro "explicar" que o primeiro golo resultou de uma perda de bola, o segundo de uma bola parada e o terceiro de um mau posicionamento... Os jogos têm uma história e os golos são os momentos chave. Não resultam de meros erros acidentais. Se enveredarmos por esse discurso então o jogo perfeito é o que acaba 0-0 porque ninguém errou... 

O Benfica foi para o intervalo com uma vantagem justa, mas todos tínhamos a noção de que o jogo estava longe de estar ganho.

A segunda parte teve vários períodos. O Benfica entrou bem e teve o jogo controlado durante bastante tempo, mas um novo lance caricato em que a bola bate na cabeça de Raphinha dá alento ao Barcelona. Eis porém que o Benfica volta a marcar pouco depois, desta vez num autogolo de Araújo (mas uma boa jogada do Benfica) e nessa altura pareceu que a vitória já não nos escaparia. E de facto o Barcelona começava a dar sinais de já não acreditar muito. Aliás já os dava antes do seu segundo golo.

Eis quando o árbitro comete a meu ver um erro, assinalando o segundo penalti contra o Benfica. Sinceramente não sei se o árbitro marcou a suposta falta de Carreras ou um pretenso derrube de Otamendi (que evidentemente não existiu porque este cortou apenas a bola) pois deu cartão a Otamendi. Não sei se houve comunicação com o VAR mas se não houve deveria ter havido. Se o árbitro penaliza a intervenção de Otamendi o VAR deveria alertá-lo para que não há infração. Se assinala a mão de Carreras no ombro de Lamal parece-me um penalti muito "leve". Para mim não existe, mas até posso aceitar que não seja um erro claro e óbvio para o VAR intervir.

Seja como for, esse lance sim, dá vida ao Barcelona e a equipa acreditou de novo. As substituições no Benfica não resultaram bem, apesar de terem lógica e de os que saíram estarem visivelmente esgotados, em parte pela dificuldade em entrar num jogo desta intensidade e dimensão, em parte porque o Benfica entrou em perda à medida que o Barcelona crescia face às incidências referidas, nomeadamente o penalti. 

Aurnes e Di Maria podiam ter resolvido o jogo de vez mas em diferentes momentos falharam quando estavam isolados frente ao guarda redes e o Barcelona acabou mesmo por chegar ao empate. O jogo entrou então numa fase louca com ambas as equipas a quererem ganhar e a arriscar tudo (o Barcelona já há muito adoptara essa visão quase suicida). 

E chegamos finalmente ao lance que tudo decide. É um lance de penalti claro sobre Barreiro. O nosso jogador tem a bola em sua posse e um jogador que está atrás dele salta-lhe em cima, sem qualquer possibilidade de jogar a bola, projectando-o contra o guarda redes que ainda o soca na cabeça. Um penalti absolutamente indiscutível que não é marcado e que decide o jogo pois o lance (excelente) de Raphinha (já bem para lá do tempo de descontos dado pelo árbitro) seria obviamente anulado. Mais: antes ainda do lance do penalti indiscutível, há um outro na mesma jogada que não tive oportunidade de rever que também deu a ideia de penalti. A jogada continou até porque Barreiro depois ficou em posição de poder marcar mas também esse lance anterior deveria pelo menos ser repetido pela realização para se perceber o que realmente aconteceu. Seja como for, o de Barreiro não oferece dúvidas e na ausência de decisão do árbitro o VAR teria de o chamar ao monitor, como fez no primeiro dos dois penaltis de que o Barcelona beneficiou. 

Já vi comentários de adeptos internacionais, de outros clubes, e todos consideram a decisão absolutamente escandalosa. "Benfica roubado em frente ao mundo inteiro" ou "Engraçado como o Barcelona teve as decisões todas a seu favor", "Já percebi porque o Barcelona está falido a encher os bolsos dos árbitros desta forma" são apenas alguns dos comentários: 

https://x.com/footballontnt/status/1881823664062009807

Foi portanto uma arbitragem altamente incompetente no mínimo, mas que parece mais realista considerar tendenciosa, beneficiando de forma clara o Barcelona e lesando o Benfica. É um jogo em que podemos dizer que a arbitragem foi directamente responsável pela derrota do Benfica. Se venceríamos ou não é impossível dizer porque penalti não é sempre golo, mas que não teríamos perdido se a arbitragem tivesse sido isenta, isso é objectivo.

Dito isto foi um jogo extraordinário que fica para a história da Champions. Merecíamos evidentemente outro resultado mas temos de olhar para esta exibição como o patamar que o Benfica pode alcançar e usá-la para o que aí vem da época. A jogar assim ou lá perto o Benfica terá certamente mais títulos quando a época acabar. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Consistência

 Bruno Lage usou, segundo ouvi nos media, a palavra consistência para definir o que o Benfica necessita e eu não posso estar mais de acordo.

O Benfica fez grandes jogos desde a chegada de Lage, como com o Porto, o Atlético de Madrid e algumas goleadas e depois começou a praticar um futebol um pouco mole que teve no jogo com o Braga o ponto mais baixo da época. 

Claro que existem altos e baixos de forma ao longo de uma época, mas o abaixamento do Benfica (se é que foi realmente isso que se passou) aconteceu num mau momento porque significou uma derrota num derbi em que poderíamos ter colocado o Sporting 4 pontos atrás. Depois disso falhámos nova oportunidade para assumir a liderança com uma derrota inexplicável em casa com o Braga.

Entretanto vencemos para as taças e vimos alguns jogadores novamente em bom plano (Carreras, Florentino, Otamendi, Di Maria) e outros a aparecer bem na equipa (Barreiro, Schjelderup, Arthur Cabral). António Silva também voltou a somar minutos e em geral esteve bem apesar de um ou outro erro.

Em relação ao jogo com o Farense, vi um Benfica dominador que sofre um golo na primeira vez em que o adversário tem um canto (teve dois no jogo todo) e depois sente um pouco esse golo perante um oponente bastante fechado na defesa e sempre a perder tempo. Na segunda parte entrámos com determinação e demos rapidamente a volta não permitindo mais qualquer veleidade aos farenses. Vi entreajuda, bom pressing e boa ocupação dos espaços. 

As taças são competições relevantes mas naturalmente não têm a mesma importância de campeonato e Liga dos Campeões. Nessa medida temos de esperar pelos próximos jogos para perceber se a melhoria é real e, acima de tudo, se conseguimos manter um padrão elevado em todos os jogos (a tal consistência) ou se isto foram apenas fogachos. Tenho esperança de que a primeira hipótese se verifique e que as duas derrotas seguidas tenham sido apenas um acidente de percurso. 

Os jogadores do Benfica precisam de perceber de uma vez por todas que no futebol moderno há que dar tudo em cada jogo, passe o exagero. Há que manter uma intensidade elevadíssima porque se não tivermos, no mínimo dos mínimos, a mesma intensidade do que o adversário, vamos ter dissabores. A atitude competitiva tem de estar lá sempre. Veja-se o que aconteceu com o United há uns dias em Londres: reduzido a 10 homens e sofrendo um golo logo na jogada a seguir à expulsão, resistiu aos 90 minutos regulares e ainda ao prolongamento para ter o prémio nos penalties. Se os jogadores não tivessem dado tudo teriam perdido o jogo. Por isso a atitude é fundamental: os duelos, as disputas de bolas, etc. A atitude competitiva não é tudo mas sem ela nada é possível. 

Já destaquei um pouco os jogadores mas queria ainda dizer algo mais. Schjelderup surge na sequência do abaixamento gritante de forma de Akturkoglu, mas para mim tem sido uma enorme e muito agradável surpresa. Tanto na final da Taça da Liga como contra o Farense, os seus golos são de tremenda qualidade. A sua capacidade de agitar e levar a bola para a frente com velocidade e critério também devem ser destacados. Quanto a Cabral, o golo de ontem é excelente: boa leitura do lance, força e qualidade de finalização. Já tinha feito aqui e ali alguns golos pelo que creio que está na hora de lhe dar a titularidade de forma mais consistente, pelo menos até Pavlidis estar num outro momento de forma e confiança (esperemos que seja apenas isso). 

domingo, 12 de janeiro de 2025

Ganhar não é importante - é a única coisa

 Como escrevi aqui há um mês, o Benfica estava num momento delicado, em que alguns jogadores davam sinais de cansaço e o efeito psicológico da mudança de treinador se esgotava.

As coisas correram talvez pior do que eu esperava, com dois empates (Aves e Bolonha) e duas derrotas (Sporting e Braga). Foram resultados comprometedores que complicaram muito as nossas aspirações tanto no campeonato quanto na Liga dos Campeões. As boas notícias é que nada está perdido e, olhando agora para o presente, acabamos de vencer a única competição que foi já disputada. 

As derrotas com Sporting e Braga foram algo inexplicáveis pela forma como ocorreram. Em Alvalade, a equipa tinha obrigação de entrar muito forte no jogo e tentar ser dominadora de modo a não permitir a previsível reação do Sporting à mudança de treinador e a um período absolutamente desastroso após a saída de Amorim e à perda da liderança. Mas isso não aconteceu. O Sporting foi bastante superior na primeira parte e chegou ao intervalo a vencer. O Benfica reagiu na segunda, mas com pouca qualidade e pouco discernimento, não aproveitando situações de pura atrapalhação e quase pânico na defesa adversária.

Contra o Braga as coisas foram tão más que ficou a ideia de falta motivação e entrega e da existência de divisões no balneário.

Não sei se realmente é assim ou não, mas sei que Lage já enviou vários recados para alguns jogadores e claramente não está satisfeito com a postura de alguns. 

Em geral, este tipo de abordagem não costuma resultar. O caso mais recente é o de Paulo Fonseca no Milan. Mas o próprio treinador que o foi substituir fez várias criticas aos seus jogadores no ano passado (e afastou alguns do plantel principal) e acabou em terceiro lugar. O próprio Lage terá tido conflitos com jogadores na anterior passagem pelo Benfica e as coisas não acabaram bem. 

Ontem, após o Benfica vencer nos penaltis, Lage deu várias entrevistas em que pareceu reclamar os méritos para si próprio, centrando muito o discurso na sua figura. Não me parece a melhor forma de unir. O Benfica fez uma boa partida frente a um Braga vulgar e é um vencedor justo da competição, mas podia facilmente ter perdido ontem, bastava a infelicidade que coube a Trincão ter recaído sobre um dos nossos jogadores.

Espero que reveja a sua postura, que corrija os seus próprios erros, os quais têm sido evidentes, e que todos comecem a remar para o mesmo lado. Que a vitória sirva para marcar uma nova etapa na época: a qualificação ainda é possível na Liga dos Campeões e no campeonato nada está perdido. Precisamos porém de subir de rendimento e não ter estas intermitências. E entretanto reforçar o plantel, nomeadamente com um avançado que realmente garanta golos. Sem isso será difícil alcançar o sucesso nesta época. Tudo o que fique abaixo da vitória no campeonato dificilmente deixará de ser um fracasso numa época em que os rivais estão tão fracos.