segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O outro grande líder

Diz-se que no Porto há um que manda e os outros obedecem. O grande e incontestado líder Pinto da Costa é sem dúvida um homem que sabe mandar, quer no lado legítimo das suas funções, quer manobrando nos bastidores os poderes obscuros do futebol.
Não é porém verdade que seja um líder único no Porto.
Há um outro que é seguido por parte dos adeptos, de forma quase incontestada e que actua por vezes sem qualquer controle, nem mesmo de Pinto da Costa.
Falo de alguém que se auto-intula também "o líder" e que dá também pelo nome de "macaco da Ribeira". Ontem esteve envolvido em confrontos e foi parar ao hospital. Mas foi apenas mais um episódio de uma longa história, que teve um dos seus primeiros episódios em Faro em 1994.
O facto de ao longo destes quase 20 anos, o "macaco" ter passado com quase total impunidade por inúmeras situações como as que se descrevem adiante, muito embora ateste como poucos outros casos a inoperância da nossa justiça, não é o mais espantoso da história. O mais espantoso é sem dúvida o facto deste "líder" se ter permitido escrever um livro em que descreve, vangloriando-se, os múltiplos crimes e violências cometidos por ele e a sua claque, perante a indiferença generalizada do País.

Nem vale a pena adjectivar toda esta situação que já entra na esfera do inacreditável. Limitar-me-ei a deixar, nalguns posts sobre o assunto, palavras do próprio macaco, desde já advertindo para a linguagem imprópria ali contida. A justiça da República pode ignorar tudo isto, mas a Justiça Benfiquista não esquece.

Início de citação:

"Os 36 e a bela Russa"

" Na época em que "os dragões partiam tudo", as deslocações aos campos adversários, raramente, acabavam sem confusão. Os Super Dragões estavam a começar a adquirir a força e as outras claques também não queriam ficar atrás.
Era o auge das picardias e das esperas, principalmente, com a claque do Benfica "No Name Boys".
O Farense - Porto, da época 1994/95, foi uma sexta-feira, a noite; por isso, saimos do Porto na quinta-feira, de madrugada: - uma viagem que ficou conhecido pelos "36 e a Bela Russa", ja que éramos trinta e seis homens e somente uma mulher.
Reservámos um autocarro ao senhor Albino, da Renex, dos Clérigos, mas, na hora de saida, o dinheiro não chegava para pagar o aluguer, que era cerca de cento e cinquenta contos. Se fôssemos cinquenta, a viagem ficava por cerca de três contos a cada um, mas como só tinhamos conseguido reunir trinta e sete elementos, o preço ficou muito superior. Para além disso, muitos nem seuqer tinha dinheiro e as finanças da claque, naquela altura , não tinham qualquer comparação com as de hoje. Foi um momento complicado, porque só tinhamos noventa contos e a camioneta não arrancava, enquanto não tivessemos o resto do dinheiro. Ao ver o nosso desespero, e como já eramos clientes habituais, o senhor Albino baixou o preço para cento e trinta contos. Mesmo assim ainda faltavam quarenta contos. Era preciso encontrar ums solução.
por volta da meia noite, lembrei-me de ir ter com um amigo, o Vitor do ouro, que morava na rua Escura.
-"Ó Vitor, podias dar-nos um patrociniozinho...íamos,agora, para Faro para apoiar o Porto e não temos dinheiro que chegue para o aluguer do autocarro.
Se não arranjarmos quarenta contos, ficámos em terra."
Mal acabei de falar, o Vitor olhou para mim, meteu a mão no bolso, e sacou o dinheiro. graças a ele, o autocarro partiu rumo a Faro.Adormeci.
por volta das 05h da manha, acordei estremunhado, sem perceber o que estava a acontecer. Tinhamos parado numa bomba de gasolina, no Alemtejo...Quando olho para fora do autocarro, só vejo entrar carregados de caixas de gelados. Tinham dado a rapadela geral a uma barraca de gelados. A camioneta arrancou, de imediato, e só parou em Faro, ás 09h da manhã.
Ficámos junto a ria e aproveitámos para apanhar uns banhos de sol...perto da hora do almoço, como estava tudo micho, andámos a ver o que é que podiamos arranjar para comer. Juntámos algumas coisas que alguns "desviaram" das prateleiras e fizemos um piquenique.
Da parte da tarde, fomos todos ao banho. Parecia que estavamos na Ribeira. Estava tudo calmo, quando passaram entretanto três gajos de caschecol dos No Name Boys. Foi tudo em cima deles!...Começaram a bater-lhes e até queriam manda-los ao rio...não consenti, porque era demais.

A tactica do extintor

Por volta das 17h30, disse ao motorista que íamos a pé para o estádio, porque fomos alertados para o facto dos No Name Boys, de Faro, poderem estar junto da claque do Farense, South Side Boys, à nossa espera. Era bulha pela certa!.
Lá fomos com as mochilas ás costas e ainda demorámos cerca de quarenta minutos. Ao lado do Estádio de São Luís, havia um parque com árvores, onde decorria uma feira, do género da de custóias, ou de Espinho. Era terreno propíco a uma emboscada e por isso, o grupo pegou em paus e pedras, de forma a estarmos prevenidos para qualquer eventualidade. Na altura, não tínhamos tochas, mas o sugla tinha roubado um extintor numa bomba de gasolina.
Chegámos ao estádio ás 18h30. Ainda faltavam duas para horas para o jogo. Damos, de caras, com quarenta gajos dos No Name Boys e dos South side Boys. Eles olham para nós, meios expectantes, porque não estavam a contar connosco ali e...gerou-se um impasse. A única hipótese de nos safarmos era atacar primeiro. Virei-me para o suga, mandei-o ir a frente com extintor, enquanto nós o seguiamos aramdos com perdas, paus e mais tarde os ferros dos guarda-sóis.
O suga abriu o extintor e ficou tudo branco. Aproveitámos e começamos a atacar. Eles contra-atacaram com tochas, acertando nos feirantes. Começou tudo a arder e nós todos á porrada, com as pessoas da feira a gritarem e a fugirem; de facto, não se via nada com o fumo. Foi uma tourada...até que chegou a polícia, que nos separou, isolando-nos com um cordão. Os tonos tinham fugido, mas, quando nos viram isolados, voltaram a juntar-se e armados em otários, preparando-se para nos atacar. nem pensámos duas vezes. Furámos o cordão da polícia e fomos para cima deles. A polícia só nos voltou a separar á bastonada, voltando-nos a isolar.
-"Como é que vocês vieram aqui parar. Vêm para o jogo e não nos dizem nada?"
-perguntou-me o comandante da polícia, surpreendido com aquela confusão e a querer saber onde é que ámos comprar os bilhetes.
-" Nós não temos bilhetes. E se quer um conselho, da forma como isto está, acho melhor que nos ponha lá dentro, sem bilhetes...e conforme eles estão vão andar aqui, vão andar aqui o resto da tarde e durante o jogo, a fazer asneiras, de outra forma não vão ter sossego."
Ele pôs-se a olhar para mim e disse-me para esperar uns minutos. Foi, entretanto, falar com outro elemento e veio com uma solução:
-"Esta resolvido.Vocês vão entrar de graça, mas é só desta vez...para não fazerem asneiras."
Lá fomos para dentro do estádio, de borla, duas horas antes do jogo. Ninguém tinha dinheiro e, por isso, acabámos por ficar a ganhar. Durante o jogo, ao lado da claque da claque dos Sout Side Boys estava uma faixa da Ala Dura dos "No Name Boys". Já não restavam dúvidas que eles estavam juntos.
Nem as duas claques juntas tiveram vida para nós. à saida, já com uma vitória por três Zero no "saco", os nossos "amigos" estavam de novo à nossa espera. Não lhes bastou terem levado no focinho, no início, e queriam mais!...Porém, a polícia não nos deixou sair, enquanto eles não dispersassem. Ficámos, cerca de uma hora e meia, dentro do estádio.
Entretanto, a camioneta chegou e entrámos, de imediato, à porta do estádio. Ao fundo, vejo cerca de 10/15 gajos preparados para foder a camioneta. pedi ao motorista para deixar a porta aberta por uns minutos, porque faltava um colega nosso. A polícia foi aos carros para nos escoltar até à saida de Faro, e aproveitando a distracção doa agentes, sáimos a correr em direcção a eles.
Quando nos viram, desapareceram como ratos. Foi a única forma de regressarmos ao Porto com a camioneta, sem um único risco. De outra Forma, podem ter a certeza que tinha sido apedrejada. "

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