Rui Moreira, convém também não esquecer, não é o líder dos superdragões. É alguém com altas responsabilidades que pensou até ser candidato à Presidência da Câmara (mas não teve apoios).
Convém por fim recordar que este discurso se alimenta de e legitima um outro, que é o de classificar a população portuguesa de Lisboa e do sul em geral como "mouros", que seriam assim uma espécie de sub-humanos. Este discurso, para além de divisionista e racista (e aparentemente ninguém se preocupa com isto neste País), incita à violência, pois gera a ideia de que os outros, os "mouros", são de uma sub-raça que é legítimo insultar, agredir, roubar e espancar.
Pois bem, acontece que foi no Porto que os juízes criaram um invólucro, uma espécie de bola de cristal à volta de Pinto da Costa que lhe permitiu furtar-se (a si e ao seu clube) à justiça.
Acontece que só por razões formais Pinto da Costa não foi condenado por corrupção.
Acontece que só através de um ambiente de intimidação, de impunidade (Carolina Salgado até foi agredida à porta do Tribunal do Porto) e de compadrio com juízes é que Pinto da Costa conseguiu fugir à justiça. Só num sistema de troca de favores e compadrios se aceita que uma visita de um árbitro a casa de um dirigente, durante a noite da véspera de um jogo, com uma testemunha a dizer que lhe entregou um envelope de dinheiro ao árbitro, passe incólume, descredibilizando-se a testemunha e acreditando-se na palavra dos acusados, engolindo-se a versão de que a visita serviu apenas "para falar do pai do árbitro".
Isto não aconteceu em Lisboa, aconteceu no Porto.
Como foi no Porto que houve um caso chamado "noite branca", do gang da Ribeira. Não apenas o caso, que meteu inúmeras "esperas", agressões, tiroteios e mesmo mortes foi no Porto, como teve ligações a Fernando Madureira, líder da claque do clube e convidado do presidente do clube da noite de Natal.
Em Lisboa, os jogadores do Porto passeiam no Parque Eduardo VII nas vésperas de jogos importantes. No Porto, os jogadores do Benfica são recebidos à pedrada, só por milagre não tendo há dois anos acontecido uma tragédia com Pablo Aimar.
Mas para cúmulo do azar de quem quer chamar a Lisboa, capital histórica de um Império Mundial, que ia do Brasil a Timor, de Palermo, acontece que foi agora no Porto (notícias de hoje dos jornais) que:
- Inspectora da PJ do Porto mata avó do marido com 14 tiros;
- Chefe da PSP do Porto garantia impunidade do tráfico de droga.
E estes casos juntam-se a um outro, de que não quero falar muito por respeito para com a família do falecido, porque quase nada sei e porque se diz que foi suícidio, de uma morte no Estádio do dragão.
Nada tenho contra o Porto cidade. Infelizmente há problemas e criminalidade em todas as grandes cidades. Mas não posso aceitar que se chame de Palermo à capital do meu País. Há limites para tudo, apesar de alguns julgarem que tudo vale para ganhar.
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