Ao contrário do que temos dito, este campeonato não foi perdido só contra o Estoril.
Este campeonato começou a ser perdido quando o Benfica, na altura da época em que estava mais forte, não foi capaz de derrotar o Porto em sua casa. Foi a jornada 14.
Este é um estigma que o Benfica (e Jesus, se continuar como tudo indica) terão que ultrapassar rapidamente. E rapidamente é já na próxima época, vindo já com pelo menos dois anos de atraso.
O Benfica estava muito melhor do que o Porto e entrou no jogo a medo, tendo sofrido logo um golo nos primeiros minutos.
Foi um remake do que aconteceu na época passada, quando o Benfica tinha 5 pontos de avanço, deixou-os fugir (também graças ao inenarrável Hugo Miguel e a um penalty escandaloso sobre Aimar em Coimbra, que o árbitro propositadamente não marcou) e ainda foi "capaz" de perder com o Porto na Luz a 9 jogos do fim. Ainda houve muito mais batota até ao fim: por exemplo o jogo com o Sporting em Alvalade, perdido muito graças aos penalties que Soares a Dias não viu a nosso favor e ao que inventou contra nós; o escândalo da penúltima jornada contra o Rio Ave perpetrado pelo inefável Olegário e a capelada (sim, foi esse mesmo!, o da Liga Capela) de Olhão.
Em campeonatos que se discutem a 2, o Benfica precisa de ganhar ao Porto - pelo menos em casa. São mais 3 pontos, acabam-se os ciclos infinitos de invencibilidade e dá-se um rude golpe na confiança do adversário. Se o Benfica vencer os seus jogos em casa terá muito mais facilidade em pelo menos empatar nas antas. E mesmo se perder já não será por aí que está em desvantagem.
Em 4 anos de Jorge Jesus no Benfica, o Benfica tem uma vitória, dois empates e 5 derrotas com o Porto para o campeonato. Isto é demasiado mau e obriga a muita reflexão.
Este ano o Benfica foi claramente infeliz mas será que o Porto tem sempre sorte? E se tem, porque é que a tem?
Existe - parece-me claro - um bloqueio psicológico. Há medo em jogar com o Porto. É aliás por isso que normalmente perdemos pontos nos jogos que antecedem confrontos com o Porto.
Há uma questão de mentalidade. Já o vi escrito noutros blogs e concordo: para o Porto estes não são jogos normais, nem são apenas clássicos: são capítulos de uma guerra santa. O ódio dos portistas é evidente. E os nossos jogadores pelo contrário tentam encarar estes jogos (penso que essa será mesmo a mensagem de Jesus) como iguais aos outros que importa ganhar como os outros. Ora estes não são jogos iguais aos outros e se os abordarmos dessa forma nunca os ganharemos.
O Benfica tem que se impor desde o primeiro minuto, a pressão tem que ser constante, o ambiente à volta do campo (em todas as suas vertentes) tem que ser muito forte, tem que tirar o Porto da sua zona de conforto. O Benfica tem que mostrar a sua força, tem que assumir a sua identidade e remeter o Porto a uma dimensão provinciana. Lisboa tem que voltar a ser um trauma para os nortenhos e a Luz tem que ser uma fortaleza inexpugnável para o Porto. Como já foi e como tem que voltar a ser.
Jesus tem que perceber isto. No seu primeiro ano venceu o Porto e foi campeão. Desde então não voltou a vencer e nunca mais celebrou. Isto tem que ser inculcado nos jogadores. O ambiente tem que ser muito mais hostil, muito mais desfavorável ao Porto. Este clube tem-se usado da hospitalidade e do cosmopolitismo de Lisboa e da tradição desportivista do Benfica para vir a Lisboa passear, sem grande pressão adicional extra-futebol, retribuindo com recepções feéricas e selváticas ao nosso clube, onde tudo vale para desestabilizar e intimidar a nossa equipa. Não admira que os resultados sejam o que são.
É altura de mudar este estado de coisas.
Finalmente aguem que percebeu isso. Andam a bater no Estoril mas foi nesse jogo que começou o problema.
ResponderEliminar"alguém",correção...
ResponderEliminarConcordo. Ainda hoje estava a falar com o JAS e a dizer: 'O Benfica tem de começar a ganhar ao Porto'. Isso é fundamental para nos dar segurança e para os vergarmos mentalmente. Enquanto isso não acontecer será mais complicado ganhar campeonatos.
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