sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O que diz JJ e como o recebem os benfiquistas

O treinador do Benfica é tão conhecido pelas suas tácticas e resultados como pelos seus ditos.
Jorge Jesus é um homem com pouca instrução que, como ele próprio já admitiu, se criou muito na rua e, mais tarde, cresceu no mundo do futebol.
Expressa-se portanto com várias deficiências no tocante ao Português e tem tiques que muitos gostam de apontar, como o mexer no cabelo ou mascar pastilha.
Para mim tudo isso é absolutamente irrelevante. Numa sociedade que anda sempre a cantar a igualdade e a falar com rancor dos "grandes" nem percebo como podem ser estas questões, que no fundo são "de berço", constantemente trazidas para o discurso público.
Coisas diferentes são a educação e o respeito que se devem patentear no trato com os outros. Aí Jesus, por força do seu carácter impulsivo tem tido vários comportamentos criticáveis, pelos quais já tem sido castigado e que a estrutura do Benfica deve procurar corrigir.
Acontece que por vezes se confundem estas duas ordens de questões. A que se junta uma terceira: uma propensão para declarações polémicas, frontais e umas vezes incompreendidas outras deslocadas. Todos temos os nossos momentos menos bons e JJ, que se expõe bastante, acaba por as ter com alguma frequência.
Mas convenhamos: tudo isso (refiro-me às declarações, desde que naõ ofensivas ou insultuosas) é secundário - o que conta realmente são os resultados dentro de campo.
Por isso tenho alguma dificuldade em entender que sejam muitas vezes os próprios benfiquistas a ser mais críticos com o seu treinador do que a generalidade do mundo futebolístico.

Vem isto, bem entendido, a propósito de declarações recentes de JJ, a saber:

  • a de que o plantel (subentendendo-se que se referia a Luisinho e André Gomes) vai dando para o campeonato mas a Liga dos Campeões é outra história
  • a de que Melgarejo nunca seria extraordinário como atacante
  • a de que o Benfica antes dele era o que era.
Em relação às duas primeiras, considero que não serão as mais apropriadas. Uns acharão que elas são desmotivadoras para os jogadores em causa (e poderão ter razão, mas a este nível os jogadores têm que ter uma estrutura psicológica sólida e certamente que nos treinos JJ não lhes dirá que não prestam - se estão no plantel é porque têm qualidade para tal), outros considerarão que elas exprimem realidades e que poderão até "espicaçar" os jogadores (algo que não é fácil de comprovar).

Já quanto à terceira porém, nada como ir aos factos.

Que nos mostram isto:
JJ                                           Antes de JJ
2010 - 1º (76 pontos)            2007 - 3º (59 pontos)
2011 - 2º (63 pontos)            2008 - 4º  (52 pontos, atrás do V. Guimarães)
2012 - 2º (69 pontos)            2009 - 3º (67 pontos)
Em termos de outros títulos para além do Campeonato, no triénio anterior a JJ conquistámos uma Taça da Liga (com Quique, na polémica final contra o Sporting), ao passo que no triénio de JJ conquistámos 3 taças da Liga.

Em matéria de golos, o balanço é este:
JJ                                          Antes de JJ
2010-2012                            2007-2009 
GM   GS    DG                   GM    GS     DG
205    78    127                   154    73      81
GM - Golos marcados
GS - Golos sofridos
DG - Diferença entre marcados e sofridos.

O triénio anterior (entre 2004 e 2006) foi o de Trapattoni (um campeonato) e Camacho (uma Taça), títulos que marcaram o regresso às conquistas: Antes deles o Benfica não vencia uma Taça havia 8 anos e um Campeonato havia 10.

Nas competições europeias é o que sabemos, para além de uma excelente campanha de Koeman, os longos anos entre Toni e Jorge Jesus foram um completo desastre que incluiram várias goleadas de equipas secundárias. Convém não esquecer isso quando se fala de "oportunidades perdidas" contra o "Barcelona B".

Ou seja, o passado e o presente são realmente incomparáveis e nisso JJ tem razão.

E já nem estou falando da valorização de jogadores (Di Maria. Cardozo, Aimar, Ramirez, Coentrão, David Luiz, Witsel, Javi Garcia, entre outros), na adaptação de outros e no aproveitamente (recente, é certo, mas que espero seja para continuar) dos jovens da formação, para o que a equipa B veio dar um grande impulso.
Quanto ao resto, Jesus deve ter mais contenção (e penso que tem aprendido nesse capítulo) e, na minha perspectiva, respeitando o que os outros pensam, os adeptos devem-se é concentrar no essencial e não em factores acessórios, apoiando a equipa, sobretudo quando tantos poderes ocultos a tentam desestabilizar e prejudicar.

3 comentários:

  1. As comparações feitas no que a resultados diz respeito são factos, mas não tão justas como parecem porque só se podem fazer omeletes quando há ovos. Posso estar redondamente enganado mas pelo menos tenho a impressão que tudo quando o JJ pediu lhe foi concedido e quanto aos seus antecessores não tenho a mesma ideia.
    Não se pode negar que JJ percebe de futebol, que quase fez milagres na valorização de certos jogadores e que conhece melhor que ninguém o futebol Português. Estes atributos sem dúvida são importantes, mas insuficientes para ser o treinador que o Benfica metece pela sua grandeza.
    Podia dar vários exemplos, mas vou referir-me apenas ao que se passou depois do jogo contra o Barça.
    O Barcelona por conveniência e talvez por uma pontinha de condescendência apresentou uma equipa perfeitamente ao alcance do Benfica. A quantidade de oportunidades perdidas foi pior do que flagrante o que quanto a mim reflecte uma desatenção porque a eficácia pode-se treinar. No final do jogo o discurso feito tentou realçar o domínio absoluto quando deveria ter sido muito mais humilde face às circunstâncias. Não podemos aceitar que jogadores com a craveira dos nossos não consigam sequer acertar com a baliza em cerca de uma dúzia de remates praticamente apenas com a guarda redes pela frente.
    Uma última nota sobre as estatísticas, dando a devida atenção à corrupção instalada no futebol Português, nós Benfiquistas jamais poderemos sportinguizarmo-nos aceitando segundos lugares como victórias, muito embora deviam acesso aos milhões da UEFA. Ganhar a qualquer custo, não, mas ganhar à nossa dimenssão (em qualidade e quantidade) isso sempre.

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  2. Assino por baixo, com muito gosto!

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  3. "...os adeptos devem-se é concentrar no essencial e não em factores acessórios, apoiando a equipa, sobretudo quando tantos poderes ocultos a tentam desestabilizar e prejudicar".

    Totalmente de acordo! Definição de prioridades!

    Mas isso é apenas importante para pessoas com um mínimo de inteligência e com alguma capacidade de raciocínio e de reflexão. O que não é o caso quando se fala de muitos benfiquistas da blogosfera. Que andarão à volta dos 13%!

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