quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Para variar, algo diferente: André Villas-Boas
Algumas pessoas espantam-se de Hulk ainda não ter saído do Porto - eu não.
Hulk beneficia do sistema de protecção de que o clube do Porto usufrui no nosso país. Um sistema que se faz sentir nas arbitragens, nas decisões dos Conselhos de disciplina e até na imprensa, televisão incluída. Quem acompanha este blog sabe do que estou falando e quem não acompanha pode aqui pesquisar a palavra "sistema" e ler os posts que sobre o assunto venho escrevendo.
Acrescentaria apenas, sobre a imprensa, que ao passo que os jornalistas afectos ao Benfica e ao Sporting procuram (nem sempre é certo) manter alguma isenção, já no Porto não existe essa preocupação. A defesa do Porto (como se vê até nos programas de "painel") é muito mais intransigente e unida do que a dos clubes de Lisboa.
Voltando a Hulk, os clubes europeus que a imprensa diz interessados (e que até poderão estar mas não pelos valores que o clube do Porto quer embolsar) não deixarão de franzir o sobrolho face a este "fenómeno" quando se lembram de casos como Secretário, Vitor Baía e... André Villas-Boas.
Este outro "fenómeno", aureolado de invencível e génio, adulado pela imprensa nortenha, pleno de confiança e expressões altísonantes, como a "cadeira de sonho", tem feito desde que saiu do Porto uma carreira confrangedora.
Aliás, antes de ingressar no Porto, a sua carreira era inexistente, a tal ponto que até Mourinho, de quem anteriormente não se haviam ouvido críticas ao seu ex-clube, se manifestou estupefacto com a sua contratação. Villas-Boas tinha feito meia dúzia de jogos com a Académica e antes disso limitara-se a fazer relatórios dos adversários para Mourinho.
Na pré-época que antece o ano "de sonho", o Porto fizera exibições sofríveis e não marcara golos. O jogo que altera tudo é a final da Supertaça que (mais uma vez) o Benfica perde para o clube do Porto. Entrando em campo de forma sobranceira e pouco empenhada, convencido da sua superioridade, o Benfica (Roberto) sofre a frio um golo esquisito e não mais se recomporia.
Esse jogo daria o mote para uma época humilhante do Benfica, que fez rapidamente fez esquecer a brilhante época anterior. Muito prejudicado pelas arbitragens nas primeiras jornadas, nas quais foi sôfrego e ansioso, o Benfica permitiu ao Porto uma vantagem que nunca mais recuperaria apesar de uma impressionante série de vitórias.
Já o Porto de Villas-Boas, protegido nas primeiras jornadas, em que alcançou vitórias tangenciais, derrotaria o Benfica por 5-0 (David Luiz a lateral esquerdo...), embalando depois, muito graças ao grande jogador (esse sim) que é Falcao, e a uma confiança tremenda nas suas capacidades, para uma época sem derrotas. Todos nos recordamos disso (infelizmente).
A capacidade de Villas-Boas para motivar os seus atletas, aliada à percepção dos mesmos de que o Benfica era afinal um tigre de papel (JJ ficou aparvalhado e sem reacção após declarações iniciais de Villas-Boas irónicas a desconsiderá-lo), levaram o Porto a superiorizar-se ao Benfica e a vencer 4 títulos nesse ano. JJ parecia bloqueado e impotente face ao "benjamim". "Aluno dá lição ao Mestre da táctica" diziam os jornais. Tenho para mim que JJ nunca mais recuperou do trauma que certamente sofreu e que isso explica algumas das suas decisões mais incompreensíveis desde então.
Estava criado o "fenómeno" Villas-Boas.
Mas não durou muito. A ambição ou a ganância levaram-no a deixar o Porto e em Londres foi o que se viu. Com a agravante de que que Di Matteo, recuperando uma eliminatória praticamente perdida por Villas-Boas (entretanto despedido) contra o Nápoles, viria a fazer o impensável e a vencer a Champions. Foi uma estocada ainda mais dura para Villas-Boas do que propriamente a demissão, tanto mais que Matteo desfez tudo o que o seu antecessor fizera e apostou de novo em Lampard, Drogba e outros veteranos para arrecadar o prémio máximo do futebol europeu. À italiana.
Este ano, nova aposta - o Tottenham. E as coisas já começaram a correr mal. Com uma herança pesada (Harry Rednap, também chamado Harry Potter, por alegadamente ser capaz de fazer "magia" com as suas equipas) e o objectivo declarado de fazer melhor do que no ano passado (4º lugar), Villas-Boas começou a época com uma derrata e um futebol desgarrado, inconsequente e inseguro. Perdeu por 1-2 com o seu Newcastle e o seu golo (em possível fora-de-jogo), que na altura empatou o jogo, veio de uma jogada fortuita, tendo pouco depois sofrido o golo da derrota.
Villas-Boas entrou no futebol "a matar" e beneficiou da estrutura de protecção (a legítima e a ilegítima) de que o futebol do Porto beneficia em Portugal. Agora está só e por si. Mourinho triunfou, mostrando o seu valor inerente, Villas-Boas está perto do insucesso. Nova época decepcionante seria um rude golpe na sua curta e meteórica carreira.
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Acho que os clubes europeus nem se lembram do Secretário... e o Real Madrid bem o quer esquecer. Mas lembram-se do Quaresma e do Anderson. Dois super craques do Porto que nunca se conseguiram impor noutros clubes de nomeada. Aliás, o top25 de vendas do Porto está recheado de casos destes. Fenomenais no Porto e fiascos noutros lados.
ResponderEliminarOs clubes europeus acham estranho sobretudo que se peça mais de 40M por um jogador que nem sequer é titular absoluto da selecção e que nem jogou a titular na final numa selecção em que ele era dos únicos não sub-23 lol
ao villas boas faltam os adjuntos. se ele levar para lá o benquerença, o proença, o soares dias, o costa... é garantido que é campeão.
ResponderEliminarÉ verdade, o Anderson, já nem me lembrava. Depois temos ainda os casos do Lucho e do Lisandro, que apesar de terem mostrado qualidade nunca foram em França os jogadores que eram no Porto não justificando investimentos tão grandes. Aliás isso viu-se no Lucho que foi devolvido a custo 0. E depois temos ainda o caso do Sissoko, que o Milão ia contratar por 15 milhões até que alguém os deve ter alertado para o monumental barrete que estavam a enfiar. Foi então que sucedeu uma das mais hilariantes histórias: o Milão cancelou a transferência por causa dos ... dentes do jogador.
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