quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A pré-época do Benfica

A época 2012-2013 do Benfica começa dentro de pouco mais de duas semanas, com a primeira jornada da Liga (recepção ao Braga, Domingo dia 19 de Agosto).
Isto quer dizer que a pré-época está a acabar - falta apenas um compromisso contra o Fortuna em Dusseldorf no próximo sábado.
Penso que foi uma boa pré-época (a dada altura pareceu-me que estávamos a jogar demasiado mas a extensão do plantel permitiu gerir o esforço) e que começamos bem a época. Existem porém situações que, na minha opinião, permanecem por resolver.
Em primeiro lugar a do defesa esquerdo. Estaremos perante mais uma teimosia de Jorge Jesus, que insiste em Melgarejo sem alternativa credível, com custos irreversíveis para a época desportiva?
Jesus disse que também no caso de Coentrão tinha sido criticado por ensaiar a adaptação que tão bem tinha resultado. É verdade.
Mas Jesus também foi criticado pelas apostas em Roberto e Emerson e em nenhum dos casos teve razão. Pelo contrário, no fim das últimas duas épocas dispensou estes atletas, aliás sem lhes dar satisfações. O caso de Emerson roçou o desumano: depois de ter sido colocado insistentemente em campo, em muitas ocasiões sendo patente a sua intranquilidade e desgaste, o jogador é chamado à Luz e dispensado 15 minutos depois sem uma palavra de Jesus nem de qualquer outro alto responsável. Não gostei mesmo nada. O Benfica tem que ser grande não apenas em vitórias e títulos mas no comportamento com todos aqueles que defendem as suas cores. Se Emerson não servia - como era evidente para todos menos JJ - isso não foi culpa sua mas de quem o contratou e colocou a jogar.
Mas, independentemente destes aspectos, o que mais importa relevar é que o ponto nem sequer é aqui o de determinar quem tem mais razão. O que importa perceber é que duas teimosias do treinador custaram muito provavelmente títulos.
Roberto foi, nalguns jogos, simplesmente confrangedor. Custou pontos e mais pontos no início da época e deu o título de mão beijada na Luz ao Porto - com um golo na própria baliza! Porquê? Porque JJ insistiu num erro, colocando a sua própria personalidade à frente dos interesses da equipa.
Com Emerson o mesmo se passou. Claro que o exercício de "o que seria se" é sempre especulativo e nunca pode ser comprovado. No entanto, é indesmentível que Emerson foi, na altura mais crítica da época, além de uma fragilidade, um foco de permanente intranquilidade que afectou a confiança dos seus colegas e da equipa. Tivemos Dezembro para buscar um defesa esquerdo (já que Capdevila nunca foi opção para JJ) e nada fizemos.
Neste ano começamos a época com um plantel de uma qualidade imensa - superior até ao da época passada que era já o melhor dos últimos anos. No entanto, temos uma lacuna evidente e nada parece estar a ser feito para a colmatar. Mesmo que Melgarejo se adapte bem à posição (o que é um grande se), não existe qualquer alternativa. (Por favor não me falem em Luisinho, um jogador adaptado do Paços de Ferreira).
Para além disso, o mesmo problema se coloca à direita. O que fazer quando Maxi não puder jogar? Colocar um junior em campo? Com graus de exigência como o da Liga (onde qualquer ponto perdido pode ser fatal, conhecendo-se as habilidades da nossa arbitragem) e da Champions? Talvez Miguel Vitor possa nalguns jogos fazer a posição, mas para isso Jesus deveria começar a testar a sério essa solução.
O que me parece, o que me preocupa, é que Jesus mais uma vez esteja deslumbrado com as opções atacantes (que são muitas e de tremenda qualidade - espero aliás que Mora se mantenha porque me parece de uma enorme mobilidade e imprevisibilidade) e esteja a descurar a defesa.
Por fim, há a novela Witsel. Grande jogador, dos mais valiosos do plantel, espero que não estejamos à espera do início da época para o vender. Claro que se a cláusula de rescisão for acionada o Benfica nada pode fazer. Mas pode - e deve - acautelar a situação e assegurar um plano B se realmente perceber que um cenário desses se está a preparar. Por outro lado, a relação com o Real Madrid pode e deve também servir para falar abertamente com os espanhóis para perceber quais as suas reais intenções.
Em suma, está a ser uma boa pré-época, que espero que não seja deitada a perder por erros de estratégia. Estou optimista, mas escaldado das últimas épocas. Mais desilusões não, por favor.

2 comentários:

  1. Se o Jesus falhou com Roberto e Emerson, acertou em Witsel, Coentrão (andava perdido), Cardozo (era um mero suplente), Saviola, Garay, Ramires, Javi Garcia, Gaitan e muitos outros.

    De certo que houve outros que falharam para além de Emerson e Roberto. Mas isto é o normal. Até o Guardiola falhou com o Ibrahimovic.

    Se o Jesus apostou no Roberto e no Emerson foi porque achava que não tinha melhores no plantel. E de facto, acho que não tinha. E nunca ouvi o Jesus a dizer mal destes dois jogadores em público. E nos não sabemos se o Jesus falou ou não com os jogadores. O que sei é que o Roberto disse que foi uma experiência positiva e que aprendeu muito. Já sobre o Emerson não se pode dizer muito. Mas também se sabe que o Jesus gostava dele e que foi dispensado porque os adeptos o maltrataram e isso não podia continuar a acontecer. Ou seja, quem não deu apoio ao Emerson e ao Roberto foram os adeptos.

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  2. É verdade. Podia-se também referir o Di Maria, que pouco jogava com o Quique e foi o que foi com Jesus. Ele de facto pôs os jogadores a jogar o dobro ou mesmo o triplo e fez ou sugeriu contratações que se revelaram óptimas. Também errou nalguns casos, como, começa a ser evidente, o Djaló ou o Jara, mas isso é normal. Penso que o balanço é muitíssimo positivo. O que eu questiono é a insistência nos casos em que se vê que a coisa não está a funcionar e que de alguma forma acabam por comprometer todo o bom trabalho que se fez. É como dar tiros nos pés. Este ano a fragilidade parece-me ser novamente o lugar de defesa esquerdo. Aquele Rojo que foi para o Sporting não presta? Então porque andámos atrás dele? Enfim são perplexidades que se me deparam. De qualquer modo espero estar redondamente enganado e que a minha preocupação não tenha fundamento.

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