quinta-feira, 31 de maio de 2012

Crónica de Leonor Pinhão

Aos que ainda a não viram, recomendo a leitura da crónica de Leonor Pinhão n "A Bola", ainda sobre o a conquista do campeonato de basquetebol pelo Benfica no "dragão". Chama-se: A culpa disto é, foi e sempre será de Lisboa.

Retomando muito de quanto aqui temos dito acerca das "provocações" que acontecem sempre que o Benfica (ou outros, como o Barcelona) têm o atrevimento de conquistar um título nas Antas ou no "dragão", Pinhão conta muitos desses episódios, incluindo aquele em que os dirigentes do Benfica, incluindo o saudoso Jorge de Brito, tiveram que se refugiar numa ambulância, escrevendo uma das suas melhores crónicas. Com ironia mas também com todas as letras quando é preciso dizer como as coisas são. A crónica já está disponível nalguns blogs e eu não a transcreverei aqui.

Também Bagão Felix escreve no mesmo jornal uma nota sobre a crónica de Eduardo Barroso (que ontem analisei) apenas para perguntar ao cirurgião "se Carlos Lisboa está a mais no desporto" (como aquele sustenta) o que dizer então do treinador do seu clube que há uns anos foi ao Jamor espancar o então treinador da selecção nacional? (O blog vozes encarnadas já o tinha aliás ontem lembrado). 

No país das polémicas (há sempre algo de "gravíssimo" a passar-se), contra o Benfica tudo hoje se justifica. Qualquer mínimo gesto, menos próprio ou susceptível de ser interpretado como tal, é visto como justificação não apenas para ataques ferozes mas até mesmo para violência física. Ao contrário das "provocações", a violência é uma coisa perfeitamente compreensível e que se explica pelos "ânimos exaltados". O verdadeiramente condenável são ainda e sempre as "provocações" - como condenável é "a segunda carga policial" (a "primeira" "não comentam") sobre "crianças e mulheres indefesas". (Isto passou-se na Síria? Não, no "dragão").

Parece-se seguir destas "análises" que a polícia deveria ter-se retirado e deixado os adeptos ("que nenhum outro crime tinham cometido senão assistir a um jogo de basquetebol") fazer o que queriam. Em resumo, tudo normal, com excepção de um crime horrível de Carlos Lisboa e de uma actuação intolerável e absolutamente injustificada da polícia.

Àqueles que assim têm intoxicado a opinião pública só se pode responder com o desprezo.

Nunca fiz nem farei a apologia da violência, de forma manifesta ou velada, por instigação ou insinuação.

Aqui pelo contrário sempre condenei - e continuarei a condenar - qualquer forma de violência ou coacção. É por isso que apelo desde já, sem prejuízo de voltar a este assunto, que todos aqueles que se deslocarem ao pavilhão da Luz para assistir ao jogo de hóquei entre o Benfica e o Porto apoiem incondicionalmente a equipa mas nunca, em momento algum, excedam o que é normal e curial no desporto. A competição não é uma guerra nem um confronto físico. Agredir adversários em campos desportivos é contrário à essência mesma do desporto e os que o fazem - esses sim - não têm nele lugar. Há valores dos indivíduos, das comunidades, das sociedades e dos clubes que se sobrepõem (infinitamente) às vitórias no desporto.Só mentalidades muito distorcidas podem ver a coisa de forma diferente.

Apelo pois a quem me possa ler que o público da Luz seja sempre exemplar (e sobretudo nos jogos grandes) demonstrando o que significa ser do Benfica. Não precisamos de inventar inimigos para afirmar uma identidade como  não precisamos  não precisamos de insultar ou ameaçar para vencer. Gostamos de vitórias limpas e justas, conquistadas através de mérito, raça, saber e classe.

Euro 2012 - transmissões televisivas



1. As televisões generalistas (RTP, SIC e TVI) transmitirão em directo 19 dos 31 jogos do Euro, obviamente incluindo os de Portugal. A Sporttv transmite todos.

2. Como possivelmente já ouviram ou leram, Portugal agora também tem um polvo (não, não me estou a referir ao submundo da corrupção) que faz "previsões". É o "sucessor" do alemão polvo Paul que no Mundial "adivinhou" os desfechos de todos os jogos da Alemanha e também o resultado da final.

De acordo com ele, não teremos muita sorte no primeiro jogo, precisamente contra a Alemanha. Esperemos que o nosso polvo se engane já à primeira.


Faltam 8 dias para o início do Euro.


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Eduardo Barroso e a violência no desporto

Eduardo Barroso é uma figura importante da sociedade portuguesa. Não apenas é sobrinho de Soares; é também um dos maiores cirugiões que temos. Por isso mesmo deveria poupar-se às figuras tristes que faz nos programas e nas crónicas que escreve sobre futebol.
Vem a isto a propósito da sua última crónica onde apelida de "comportamento vergonhoso" e de "impensável provocação" os alegados gestos de Carlos Lisboa no pavilhão do "dragão", considerando que ele "devia ser demitido e severamente castigado". Em relação ao que se passou com os adeptos, Barroso tem palavras de compreensão e desculpabilização: "também não aprovo" mas... "como reagiria qualquer claque naquelas circunstâncias?"; se no Jamor tivesse havido uma situação semelhante "penso que seria difícil evitar uma invasão de campo" e Barroso nessas circunstâncias saberia "identificar o culpado": o agente provocador.

Volto a dizer, Barroso é uma pessoa com tremendos méritos e que deve ser reconhecida no seu campo da medicina. O que diz sobre o desporto (onde aliás tem um cargo dirigente) é porém absolutamente inqualificável, porventura mesmo (como o próprio aliás admite na mesma crónica) digno de um "troglodita". Porquê?

Em primeiro lugar, está por demonstrar que os gestos de Lisboa, no calor dos festejos, significassem o que lhes foi atribuido e tivessem sido dirigidos para os adeptos do Porto. Em segundo lugar está por demonstrar que, mesmo que esse fosse o caso, os adeptos tivessem visto esses gestos e que o seu comportamento subsequente tivesse sido por eles (gestos) motivados. Em terceiro lugar porque jogadores e técnicos do Porto têm habitualmente gestos e palavras insultuosos para com o Benfica na Luz sem que se tenha alguma visto Eduardo Barroso ficar com isso incomodado. Em quarto lugar, porque durante esse mesmo jogo o Benfica e os seus atletas foram continuamente insultados e provocados pelas bancadas, pelo que, seguindo uma "lógica da provocação" teria que se apurar quem começou. Em quinto lugar porque nenhuma provocação, real ou virtual, pode justificar tentativas de agressão e de invasão do campo.

Muito diferente desta posição é a de Daniel Oliveira, que é Sportinguista e escreve no Record e soube ver nestes incidentes o que eles são: um acto de mau perder por parte de quem acha que vale tudo no desporto. Notável aliás a sua leitura da atitude de Pinto da Costa no fim do jogo: "Perante isto, o que fez Pinto da Costa? Pôs-se, como faz sempre, do lado da violência. Indignado por a polícia ter impedindo que os jogadores do Benfica fossem atacados pela multidão em fúria, dirigiu às forças da ordem a sua ira de mau perdedor. Compreendo que tenha saudades do guarda Abel e da conivência das forças de segurança com a sua falta de escrúpulos. Compreendo que ameaças sobre jornalistas seja a ideia que tem do que deve ser a segurança pública. Entendo, por isso, a sua estupefação por a polícia ter defendido os jogadores em risco."

Vergonha senhor Dr. Barroso são todos os comportamento de violência de qualquer adepto ou claques de qualquer clube e isso é que devia ter liminarmente condenado. Foi pena que a sua crónica não tivesse sido sobre a dedução de acusação contra 18 adeptos, 16 do seu clube e 2 do Benfica. O que se passou foi isto: "tudo começou quando 4 elementos da Juve Leo esperaram junto do Estádio a passagem de adeptos do Benfica - a quem lançaram pedras por entre os carros que passavam, lançando o pânico no trânsito. Dois elementos do "grupo ilegal" No Name Boys reagiram com garrafas e engenhos pirotécnicos e estão também acusados por isso". Dentro do estádio, os adeptos da Juve Leo envolveram-se em confrontos com a polícia e lançaram cadeiras e "bolas incendiárias", tendo um deles "incendiado um agente da PSP", ao passo que outro "agredindo com pontapés nas costas um agente o fez cair desamparado nas bancadas tendo logo a seguir festejado este "feito" com outros elementos da claque e ainda tentou fotografar". (As citações são retiradas do "Correio da Manhã de hoje, que por sua vez se baseou na acusação do DIAP). Eu acrescento que após a retirada ou fuga da políciada multidão em fúria, grande parte do estádio de Alvalade irrompeu em aplausos e começou a gritar "Sporting, Sporting".

Tal como, para concluir, são graves e lamentáveis as imagens inqualificáveis de adeptos ucranianos a agredirem barbaramente outros adeptos (aparentemente até do seu próprio clube) apenas porque estes últimos eram asiáticos, que surgiram recentemente na TV inglesa.

Isto Dr. Eduardo Barroso é que são vergonhas. Isto é que são comportamentos graves e muito perigosos. Isto é que o devia preocupar. Mas o que faz o senhor, cujo nível de instrução está muito acima da média e é visto por milhões de pessoas? Ignora isto, desculpa isto, dizendo que o grave, grave é o que fez ou não fez Carlos Lisboa. Que até se compreende a reacção das claques. Que os culpados não são os autores da violência mas os outros, que "provocaram". Que "não se revê" (foi incapaz de condenar) nos incêndios do Estádio da Luz mas que a "jaula", de que andou falando semanas "incendiando" o ambiente, é que era algo de gravíssimo.

Tenha vergonha Dr. Barroso e deixe de actuar como um irresponsável. Dedique-se à medicina onde salva vidas e deixe o futebol onde declarações desse tipo podem contribuir para que um dia elas se percam.

Sálvio dado como garantido

O "Record" dá Sálvio como garantido no Benfica na próxima época, a título definitivo. O "Correio da Manhã" também garante que Sálvio "já deu o sim ao Benfica e aguarda pelo desfecho das negociações entre o Atl. de Madrid e o Benfica por uma verba entre os 8 a 9 milhões de euros".
A confirmar-se trata-se indiscutivelmente de uma boa notícia. Sálvio é um ótimo jogador e nem percebo bem porque não era titular no Atlético de Madrid (que aparentemente vai assinar com ... Cebola) de tal forma era decisivo quando entrava. É um jogador forte, incisivo e com sentido de baliza que pode ser altamente útil ao Benfica.
A minha única questão prende-se com o número de extremos. A confirmar-se esta contratação haverá certamente saídas e talvez até uma nova disposição táctica da equipa. Não é possível manter Cardozo, Rodrigo, Nélson Oliveira, Saviola, Melgarejo, Djaló, Nolito, Bruno César, Ola John, Sávio e Aimar (11 jogadores) para apenas 4 lugares de titular.
Claro que bons jogadores são sempre bem vindos, como bem assinalam seguidores deste blog em anteriores comentários. Sálvio inscreve-se nesta categoria. O que a sua contratação indicia é que haverá também saídas.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Euro 2012 - calendário sintético



O Euro começa dia 8. A partir de hoje, o nosso blog vai começar a dedicar mais atenção à competição e a partir do seu início conto ter (pelo menos) uma crónica diária.

Aqui fica um apanhado dos nossos jogos.

O primeiro jogo de Portugal é já dia 9 de Junho, ou seja, de sábado a uma semana, às 19.45h. Começamos pelo mais difícil - a Alemanha, eterno candidato a ganhar tudo. Imediatamente antes terão jogado entre si a Holanda e a Dinamarca, às 17.00h.
Dia 13 jogamos novamente, desta vez às 17.00h e com a Dinamarca. Alemanha e Holanda jogam de seguida.
Na última jornada da fase de grupos, ambos os jogos são à mesma hora (19.45h) no dia 17. É a vez do nosso arqui-inimigo Holanda.

Caso passemos, jogamos os quartos de final a 21 ou a 22 se ficarmos em primeiro do grupo. Jogaremos com o 1º ou 2º classificado do grupo A (Polónia, Grécia, Rússia, República Checa). As meias finais são a 27 e 28 e a final a 1 de Julho. Serão ao todo 31 jogos divididos por 24 dias.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Não serão extremos a mais?

O Benfica joga, desde que Jorge Jesus chegou á Luz, com dois jogadores nos corredores (para além dos laterais). No primeiro ano, consegui-se um equilíbrio único nas "asas": o jogador rápido, explosivo e virtuoso que é Di Maria, tinha, como contraponto do lado oposto, um outro fora-de-série, capaz de interpretar os momentos defensivos e ofensivos da equipa, no sentido de lhe dar ora equilíbrio, ora profundidade. Trata-se obviamente de Ramirez cuja capacidade sempre admirei e que tem uma enomíssima quota parte de mérito quer nas vitórias desse ano quer na conquista da Champions pelo Chelsea esta época.
Com estes jogadores na equipa, sobretudo Ramirez mas também devido à velocidade e poder de antecipação de David Luiz, o Benfica podia jogar com apenas um jogador no meio campo defensivo, Javi Garcia, que tem uma enorme capacidade física e de choque.

No ano seguinte, a saída de Ramirez e Di Maria expôs mais as fragilidades do sistema do Benfica no meio campo, criando desequilíbrios evidentes. Que foram este ano corrigidos com a entrada de Witsel e a reorganização do meio campo.

O que faltou este ano foi um lateral esquerdo capaz de dar profundidade e segurança, um substituto de Maxi Pereira e um substituto de Witsel, que nalguns jogos se perceber não estar nas melhores condições físicas. Nas faixas laterais, existia abundância e o lugar que chegou a parecer cativo de Gaitan deixou um jogador explosivo e combativo como Nolito demasiadas vezes no banco. Aliás, com algumas nouances tácticas e técnicas, um certo ajustamento do sistema, até Rodrigo e Nélson Oliveira podem jogar nas faixas (e fizeram-no nalguns jogos) tal como Djaló. Até Emerson, no último jogo, ocupou a posição de extremo esquerdo. Em resumo, para o ataque não nos faltaram jogadores, mesmo considerando que Enzo Perez pouco jogou e saiu a meio da época.

Espanta-me portanto um pouco que o Benfica tendo já contratado um jogador, Ohla John, e aparentemente esteja ainda interessado em Sálvio. Em causa não está a respectiva qualidade, que parece evidente, mas a super abundância de jogadores para apenas dois lugares: John, Nolito, Bruno César, Djaló, sendo que ainda não é claro o destino de Perez e se fala na vinda de Sálvio. A isto acrescem ainda outros emprestados e os jogadores que, foi anunciado por Vieira, serão promovidos dos júniores aos séniores. Parecem-me jogadores a mais.

Por outro lado, para defesas laterais fala-se de Ansaldi, Rojo e Fábio (que afinal aparentemente já não virá) mas ainda nada se concretizou.

sábado, 26 de maio de 2012

Sporting (pode estar) à beira de fechar as portas

Ponto prévio: este não é um post contra o Sporting. O título não expressa um desejo meu (antes pelo contrário) mas o que temo que possa ser uma realidade.


Nas últimas semanas assisiram-se no Sporting a algumas movimentações estranhas que podem indicar que algo de muito errado pode estar a acontecer pelas bandas de Alvalade.

Primeiro foi o "regresso" de Pereira Cristovão a funções, depois se ter auto-suspendido. Esta decisão de voltar atrás com o que tinha dito foi muito mal recebida entre vários membros da direcção do Sporting, que terão cedido a uma chantagem de Pereira Cristovão apoiada em duas ameaças: i) fazer cair a direcção (ao arrastar consigo elementos que lhe são próximos), forçando eleições antecipadas e ii) usar as claques para criar instabilidade e caos no clube. O que motivou o vice-Presidente a voltar atrás na sua decisão de se auto-suspender terá sido a convicção de que estaria mais "protegido" se se mantivesse em funções.
De qualquer modo, a aceitação por parte dos outros dirigentes do Sporting de uma situação em que não se revêem e consideram que pode prejudicar o seu clube, indicia que o clube está tão frágil, que é melhor uma situação destas do que criar mais focos de instabilidade.

Em segundo lugar há a questão das viagens e dos silêncios de Godinho Lopes. Pelo que se sabe, e o próprio já o admitiu, o Sporting precisa urgentemente de "investidores". Godinho anda pela China e outras paragens basicamente a tentar vender o Sporting.

Por fim, a questão da transferência de João Pereira. Como se justifica vender um jogador por um preço tão baixo quando o mais certo é que ele venha a ser titular da selecção nacional num campeonato da Europa visionado em todo o mundo? De uma e uma só forma: o Sporting precisa de realizar dinheiro de imediato para fazer face a compromissos de pagamentos a bancos e funcionários.

A situação em Alvalade pode ser muito mais grave do que se julga. O Sporting pode estar em perigo de falência a curto prazo.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Não provoquem os meninos...



As imagens acima estão a circular por vários blogs e muitos de vós já as terão visto. De qualquer modo, quando alguns procuram, através de manobras de propaganda, atirar areia para os olhos das pessoas, convém recolocar as coisas no seu devido lugar.

Não há imagens nem montagens, por muitas repetições para a frente e para trás e câmeras lentas que façam, que possam justificar o que se passou no fim do jogo no "caixa dragão". Carlos Lisboa e a equipa festejaram, como têm todo o direito de fazer, de forma efusiva e própria do desporto e de uma final decidida nos últimos segundos.

Como festejaram já jogadores e adeptos do clube do Porto, por regra sempre protegidos - e bem - pela polícia de Lisboa no Estádio da Luz. Aliás, se alguma violência houve na Luz envolvendo atletas do Porto nos últimos anos, ela foi praticada por Hulk e Sapunaru. Mas, até nesse caso, os agressores eram, na mentalidade distorcida dos fanáticos do clube do Norte... as vítimas. Até deu direito a vigílias e a apelidar esse campeonato do campeonato do túnel...

Mais uma vez, os portistas teriam sido alvo de ... provocações.

Quem não se impressionou muito com isso foi o Ministério Público que deduziu acusação contra Hulk e Sapunaru, confirmada pelos tribunais. Haverá mesmo julgamento.

O que aparentemente não é provocação é receber o autocarro de uma equipa à pedrada, atirar bolas de golfe para dentro de um campo de futebol, interromper finais da taça da Liga com arremesso de cadeiras, colocar galinhas dentro da baliza do adversário, passar os jogos a entoar "cânticos" de insulto à equipa adversária (por vezes em coro com os jogadores), apelidar metade da população portuguesa de mouros ou marroquinos ou ter um treinador que diz que o seu colega é um "egocêntrico" e que a equipa adversária faz "bloqueios".

É deixá-los a falar sozinhos.

Carlos Lisboa é um campeão. A sua atitude competitiva é impecável e o seu espírito benfiquista transmite-se aos atletas. Bem haja.

Venha o hóquei.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Os Foras da lei.


Imagem DN



Há algum tempo atrás, Rui Moreira, um homem que gosta de dar lições de moral aos outros mas que é intelectualmente desonesto, dizia que Lisboa era Palermo.

Naquele clube é assim: de há alguns anos para cá, fomentar o bairrismo e o divisionismo do país não basta - há que cultivar o ódio.

Já critiquei muitas vezes, não apenas mas também aqui no blog, as partes gagas das regas e dos apagões na Luz há um ano atrás. Comportamentos desse tipo não são dignos da história e da dimensão do Benfica.

Não descemos porém ao nível do que o clube do Porto fez ontem, numa repetiçaõ de um filme que já vimos  muitas outras vezes - e espero sinceramente que nunca o façamos. Gente desta não merece senão uma resposta. Vencermo-los, como ontem fizemos com todo o mérito e categoria.

Isto não quer porém dizer que o que aconteceu ontem deva ser ignorado. Há um jogador do Porto que, enquanto os atletas do Benfica festejam, vai dizer "não, vocês não podem fazer isso aqui" e, não contente, ainda ameaça de punho fechado o treinador do Benfica.

"Não podem"? Não podemos celebrar uma conquista de um campeonato? A taça tem que ser entregue nos balneários e os nossos jogadores têm que ali permanecer fechados hora e meia até haver "condições de segurança"?

Mas onde chegámos nós? Estamos no mundo do desporto ou estamos numa guerra?

Como se não bastasse, o clube do Porto faz ainda um comunicado intitulado "A vergonha da polícia", já depois de Pinto da Costa ter andado, de dedo esticado, no pavilhão a ameaçar a polícia. A culpa, diz o tal comunicado, seria afinal de Carlos Lisboa (que, em vez de celebrar com "urbanidade" teria andado a insultar os adeptos do Porto com palavrões). Tudo estava portanto justificado, menos - claro - a carga policial "sobre crianças e mulheres indefesas". Para aquele clube tudo são vergonhas, excepto o comportamento selvagem dos seus adeptos e dirigentes.

Mas que gente é esta? Até onde vai isto chegar?

Este clube quando perde entra à pancada. E ai dos outros - é bom que fujam porque caso contrário arriscam-se a ficar logo ali. É por estas e outras que os árbitros têm medo. Mas é que é mesmo de ter.
É que esta gente é mal formada, é gente perigosa, que ataca em grupo.

Acabo com as seguintes questões. Será que tudo é permitido a este clube? Para que servem os regulamentos disciplinares? O que mais será preciso acontecer para se tomarem medidas? Ou será que vamos passar todos a deixar o Porto vencer para não incomodarmos os seus adeptos?

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Vitória

Tal como tinha aqui escrito ontem, tinha muita confiança em Carlos Lisboa, que sabe como poucos o que é o Benfica e a sua cultura desportiva. Graças a ele e aos atletas, que não se amedrontaram, conquistámos esta noite mais um título importante (que juntamos ao Troféu António Pratas). O Benfica é campeão nacional de basquetebol. Parabéns a todos!

Ainda sobre o Sporting

Breves notas apenas, para assinalar comportamentos que o clube "diferente" teve antes, durante e depois da final de Domingo e que são merecedoras de censura.

1) Não foi muito comentado mas o raspanete público de Sá Pinto a Adrien configura um comportamento muito feio, potencialmente (se Adrien não fosse o profissional sério que mostrou ser) atentatório da verdade desportiva. Sá Pinto lembrou, em tom ríspido em vésperas de um jogo decisivo, que Adrien era pago pelo Sporting, o que pode ser visto como uma tentativa de o condicionar. O mesmo Sá Pinto, após o jogo, desrespeitou a Académica ao dizer que "o Sporting não pode perder uma final com a Académica".

2) João Pereira voltou a merecer a expulsão e a exibir comportamentos reprováveis nos campos de futebol.

3) Uma jornalista da SIC foi incomodada e empurrada bruscamente por um adepto do Sporting, enquanto outros lhe gritavam "Benfica, a SIC é do Benfica"...

4) O árbitro Paulo Baptista foi, enquanto subia a escadaria em direcção à tribuna do Jamor, alvo de tentativas de agressão, de insultos e (dizem, isso não vi) cuspidelas por parte de adeptos do Sporting, por se ter recusado a arbitrar o Sporting na segunda jornada do campeonato.

Vi num outro blog um adeptos dizer algo do estilo: "para que estão agora a atirar pedras aos sportinguistas? São todos iguais!".

De facto, maus comportamentos existem em todos os clubes, embora nem todos sejam iguais. O que tem diferenciado o Benfica de outros clubes, é que os seus dirigentes, comentadores e mesmo a grande maioria dos seus adeptos, condenam veementemente tais comportamentos e deixam claro que eles não representam a forma de estar do Benfica. Os outros, que se afirmam "diferentes", insinuando que o Benfica é o clube da ralé e eles são de sangue azul, pelo contrário sempre se desresponsabilizam e escusam a condenar os comportamentos lamentáveis.

Quando houve a lamentável cena da batalha campal de adeptos na final de juniores, a culpa foi dos adeptos do Benfica, quando era claro que tinha havido arremesso de pedras de ambas as partes. Quando houve confrontos com adeptos do Atlético de Madrid e as claques do Sporting ameaçaram atacar mulheres e crianças do clube espanhol, a culpa era dos outros. Quando, há uns anos, invadiram o campo, após um golo de Giovanni, a culpa era da ffrustração. Quando recentemente se envolveram à pancada com a polícia em Alvalade, a culpa foi da brutalidade policial. Quando deitaram fogo ao estádio da Luz, a culpa era das condições pré-históricas. E agora a culpa foi do Adrien, do árbitro, etc.

Uma última nota. Fiquei hoje a saber, através da crónica do próprio no jornal "A Bola", que Eduardo Barroso se recusou a cumprimentar o árbitro da final e o deixou de mão estendida.

É nisto que hoje se manifesta a "diferença" do Sporting.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Modalidades - decisão basket é amanhã

Alguns internautas têm aqui deixado comentários no sentido de que aquilo que se passa no futebol se replica nas modalidades e mesmo nos escalões de formação do futebol. A saber: prejuízos arbitrais inexplicáveis a que se juntam falhanços das nossas equipas em momentos cruciais. Estes dois factores combinados estão a fazer com que nas competições extra-futebol profissional se verifique a mesma hegemonia portista e a mesma ausência de títulos. Naturalmente isto é muito negativo e abala o benfiquismo, ao passo que reforça a posição do clube do sistema.
Também aqui há que inverter a situação, apelando à identidade e valores benfiquistas. Os nossos atletas têm que ser apoiados pelas estruturas directivas (porque pelos adeptos já o são) e têm sobretudo que ser imbuídos de mentalidade competitiva e vencedora. Têm que, como disse antes, substituir o medo de falhar pela determinação e espírito de vitória.
Na formação o balanço foi misto, mas o Benfica tem que para o ano impôr o seu peso no sentido de que se não repitam situações de flagrantes atropelos não apenas à verdade desportiva mas aos valores mesmos do desporto. Aqui sim, há matéria para exigir à tutela - o Secretário de Estado do Desporto - que intervenha, no sentido que a formação não seja desde logo uma escola de vícios e um campo em que tudo é permitido. Mais do que o futebol profissional, esta é uma área de intervenção do Governo, na qual os saudáveis valores do desporto têm que ser respeitados, sob pena de se estarem a formar arruaceiros e não homens e desportistas.
No andebol a época foi negativa, não há como o esconder. No vóleibol a equipa falhou no momento da verdade e deve ser feita uma reflexão interna.
Mas no basquetebol e no hóquei as épocas estão a ser boas e têm tudo para ser coroadas de sucesso. Isto se percebermos que para ser vencedores temos que trabalhar mais do que o adversário e ser melhores. Isto se percebermos o que é o Benfica e não falharmos. E eu acredito que assim acontecerá e que se pode daí começar a edificar um novo ciclo de vitórias.
Quarta-feira a nossa equipa de basquetebol joga no pavilhão adversário o campeonato. Estaremos com eles em espírito, sabendo que já nos deram muitas alegrias no passado, sobretudo Carlos Lisboa, esse grande treinador e grande benfiquista, já nos deram alegrias esta época e que acreditamos neles para nos darem nova alegria amanhã.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cultura de vitória - Parte II

A perda de identidade do Benfica, aliada ao esmorecimento do seu espírito de vitória, levou-o à actual situação.
No último jogo com o Porto (na Luz, 2-3), foi bem visível, para quem gosta de analisar as coisas, que o Porto entrou melhor no jogo. Mais forte, mais seguro, mais confiante, com mais garra e vontade de vencer.
O facto do Benfica ter perdido com um golo em fora de jogo e ter visto um jogador seu injustamente expulso não altera este facto.

É preciso perceber por que razão isto acontece recorrentemente. A meu ver será talvez a mesma razão que faz com que o Benfica tenha sistematicamente falhado nos momentos decisivos das últimas décadas, com uma ou outra excepção. Este facto está aliás, melhor do que em qualquer outra competição, espelhado na contabilidade das Supertaças: em 27 presenças, o Porto ganhou 18 (66,6%). Em 15 presenças o Benfica ganhou 4 (26,6%). Em onze finais contra o Porto, imaginem quantas o Benfica ganhou. Pois é... uma! Perdeu 10!

É preciso inverter esta situação, o que se faz de várias formas.

Em primeiro lugar, o Benfica precisa de ter bons jogadores e treinadores, o que objectivamente já acontece hoje. Veja-se como Ramirez e David Luiz se sagraram campeões europeus pelo Chelsea - e que papel tiveram nessa conquista! (a propósito os meus parabéns para estes dois grandes atletas) - e Di Maria campeão de Espanha.
Rodrigo e Nélson Oliveira são avançados de enorme qualidade e características singulares e Cardozo, apesar de ter alguns problemas de motivação ou convicção e algumas limitações no plano técnico, é um avançado de topo - dos que marcam golos, que é o mais importante. No meio campo também há enorme qualidade, desde o meio às faixas. É na defesa que o Benfica precisa de melhorar, sobretudo ao nível dos laterais. A direcção do Benfica tem que trabalhar. É nestes pormenores que a estrutura tem que se sobrepor ao treinador na identificação das necessidades e prioridades de um plantel, deixando claro que nenhuma teimosia se pode sobrepor aos interesses colectivos.

Em segundo lugar, há que definir um modelo de jogo e jogadores para o interpretar. O Porto fez isto nos anos 80, com um modelo sobretudo assente na segurança defensiva e foi ajustando este modelo ao longo dos anos, dotando-o de características mais ofensivas mas sem perder a identidade. Cultivou um jogador "à Porto", que trabalha e batalha muito e não vira a cara à luta. No Benfica, pelo contrário cultivou-se demasido a estrela e o vedetismo. É preciso mudar isto, inculcando nos jogadores a mentalidade de que a equipa e o clube estão sempre acima dos interesses individuais. Jesus conseguiu implementar um modelo ofensivo, adequado à matriz histórica do Benfica, mas teve duas pechas fundamentais, que a estrutura de apoio técnica e directiva deveria ter corrigido: fez uma equipa sem portugueses (o que dificulta a recuperação e preservação da mística e raça benfiquistas e uma identidade de equipa que perceba a realidade da rivalidade Benfica-Porto e saiba interpretar o sentimento dos adeptos quando defrontamos este adversário) e o descurar da solidez defensiva.

Quanto à primeira lacuna, que resulta também de uma falta de qualidade da formação do Benfica, parece estar-se a trabalhar para a colmatar mas é preciso fazer mais, apostar mais em jogadores portugueses e da casa. Não apenas contratar mais portugueses mas também usar mais os que já temos, como Miguel Vítor, que nunca nos deixou mal e merece mais oportunidades, seja no centro da defesa, seja à direita. Quanto à segunda, há que contratar (ou recuperar os emprestados) defesas laterais de qualidade.

Mais uma vez resulta claro dos dois parágrafos anteriores que o Benfica precisa de uma estrutura mais sólida, que apoie o treinador, que o proteja e preserve (também em relação às polémicas com as arbitragens) e que o chame à razão quando necessário. Pois todos, até os melhores, erram e Jorge Jesus tem errado com alguma frequência nos últimos anos. Uma boa estrutura de futebol, profissional e competente, poderia ter evitado alguns dos erros.

Em terceiro lugar, há que trabalhar a mentalidade e o lado psicológico dos jogadores, no respeitante aos jogos decisivos, através da afirmação da identidade benfiquista. Há que afirmar os valores benfiquistas, o seu espírito desportivista e leal, o seu carácter e seriedade (acabem com os speakers por favor!, assim como com manobras patéticas como apagar as luzes e discursos mal medidos e errantes), bem como a sua dimensão mundial. Este aspecto tem que ser constantemente valorizado, pois o Benfica é um clube ímpar, com adeptos e Casas por todo o mundo. Esta dimensão que as Comunidades Portuguesas e os países de Língua oficial Portuguesa dão ao Benfica, de integração, sem discriminação entre estatuto ou raça, tem que servir para afirmarmos a nossa diferença e identidade em relação a um clube que se assume regionalista e que prima pelo fomento do divisionismo da sociedade portuguesa.

Em quarto lugar, há que, também no plano da moral e da mentalidade, recuperar e fomentar nos jogadores e técnicos uma cultura de vitória e de grandeza, que infelizmente não tem existido nos últimos anos. Uma cultura de ambição, de desejo de conquista de títulos. Hoje os benfiquistas têm medo de perder. Amanhã têm que ter sede de ganhar. O Benfica tem estado nas grandes decisões, mas tem perdido a maioria, precisamente por medo de falhar, por tremer nos momentos decisivos, por achar que algo pode correr mal e por isso correrá mal. Alterar este estado de coisas passa pela liderança do Benfica, Presidente em primeiro lugar, mas também por todos os benfiquistas que têm sido demasiado descrentes e ansiosos nos últimos anos.

Fazendo o trabalho, como tem que fazer, com rigor e disciplina, com a qualidade que existe e libertando-se de medos e fantasmas, o Benfica tem todas as condições para vencer. Percamos então o medo de falhar e substituamo-lo pelo espírito de conquista - não de um mas de muitos títulos. A vitória do Chelsea na Liga dos Campeões e da Académica na Taça mostrou mais uma vez que não há imbatíveis e que a vontade e a determinação, quando se está convicto do que se está a fazer e do emblema que se representa, são factores decisivos. A ambição do Benfica tem que ser a de estabelecer um domínio a nível interno que lhe permita dar o salto para um patamar europeu, a que só episodicamente temos acedido, quando temos condições para dele fazer parte.

Por fim, o Benfica tem que batalhar sempre pela Verdade Desportiva, assumindo-se como defensor intransigente da Justiça no jogo e nas competições, do que temos amplamente falado em diversos posts.

Se estes princípios forem inculcados nos benfiquistas, a começar pelos jogadores e acabando nos adeptos, afirmando-se sempre o clube pela positiva, sem insultos aos adversários, sem ser contra ninguém mas sempre tendo presente a responsabilidade que acarreta a sua dimensão, o Benfica entrará num novo ciclo de vitórias. Que ele comece já na próxima época e que estejamos daqui a um ano a festejar a "dobradinha" (e já agora também com a Taça da Liga, se possível) são os meus desejos de fim de época.

Cultura de vitória - a diferença entre vencer e perder

No rescaldo do jogo de ontem, Nuno André Coelho, que passou pelo Porto, pelo Sporting e agora está no Braga, dizia na RTP que seria muito difícil o Porto perder a final de ontem, pelo espírito de conquista que se vive naquele clube.
Já tenho aqui abordado esta questão e tenciono voltar a fazê-lo. Se por um lado é um facto indesmentível que o Porto beneficiou nos últimos anos de várias ajudas do sistema do futebol português, não podemos porém, sob pena de não mudarmos de vida e continuarmos a perder, ignorar que falta no Benfica uma cultura de vitória e de conquista.

E isto vem de há vários anos e não tem que ver nem com Jesus, nem com Vieira. Tem que ver com a história e com uma mentalidade que importa primeiro perceber e depois modificar.

Não é nenhuma novidade e tem sido amplamente referido que Pinto da Costa e Pedroto forjaram há 30 anos uma estratégia que passava antes de mais pelos seguintes vetores: ataque ao "centralismo" de Lisboa, promoção de uma "cultura do Norte" de afirmação bairrista, definição de um modelo de jogo e de um jogador "à Porto", ambição e cultura de vitória. Esquecendo por agora as questões de arbitragem e sistema (como qualquer boa estratégia, a do Porto foi implementada a diversos níveis e naturalmente passou pela conquista do poder dos bastidores do futebol, através da Associação de Futebol do Porto e do Conselho de Arbitragem - lideradas por Adriano Pinto e Pinto de Sousa - que com Pinto da Costa fizeram formaram o triunvirato dos três Pintos), há que reconhecer que esta estratégia foi coroada de sucesso e que de um clube perdedor e com pouca dimensão, Pinto da Costa e Pedroto conseguiram fazer um colosso europeu.

A estratégia tinha portanto várias vertentes, desde a identidade (foi até "inventado" o emblema do dragão) à afirmação regional como bandeira de um "povo" supostamente mal tratado, a um modelo de jogo e cultura desportiva de ambição e vitória.

Inversamente, no Benfica, depois dos gloriosos anos 60, atravessou-se, sobretudo a partir da década de 80 um período de descaracterização. Havia o que por vezes se chama na gíria um cansaço competitivo e de vitórias. Instalou-se alguma acomodação, algum comodismo.
Uma geração de jogadores brilhantes chegava ao fim e abriu-se a porta aos jogadores estrangeiros. A cultura de Benfica - a mística - que significava uma raça muito grande, uma grande abnegação, humildade, um grande desportivismo e uma grande  ambição aliadas à confiança de todos em si mesmo e nos companheiros, levaram o Benfica a ser surpreendido por um Porto que não tinha os mesmos valores desportivos (de lealdade, de ética, de respeito pelo adversário) mas um grande espírito competitivo e de conquista.

Passados 30 anos, já seria tempo do Benfica ter criado um antídoto para esta estratégia portista, mas a verdade é que isso não acontece. Tendo o clube vivido em situação de estabilidade e continuidade dirigente nos últimos anos (ao contrário do que se verificou desde Damásio a Vilarinho), e até no plano do treinador, com Jesus a completar 3 épocas no comando da equipa, há então que identificar as causas da continuada falta de sucesso.

Há que perceber por exemplo, porque continua o Benfica a perder na maioria das vezes os jogos decisivos, nomeadamente com o seu rival Porto, por vezes de forma inexplicável.

Fim de festa

Acabou ontem a época e com uma grande surpresa: a Académica venceu a Taça e o Sporting fecha o ano com uma derrota e sem nenhum título.
Não nos devemos comprazer nas derrotas e tristezas alheias, é uma máxima que nos vem à memória. Na verdade, como ontem também me lembrava um amigo, todos temos familiares e amigos que são sportinguistas, que naturalmente ontem terão sentido a "tremenda desilusão" de que Sá Pinto falou. Mais do que isso, como ontem também disse aquele treinador, estão de "de luto", o que é mais uma razão para respeitarmos a sua desgraça.

Mas sendo tudo isso verdade, há porém algumas coisas que convém lembrar.
Em primeiro lugar, recordar que o Sporting não merecia estar na final: nas duas mãos das meias finais o Nacional jogou melhor e só foi eliminado através de um golo já bem para lá da hora em Alvalade e um outro através de um penalty mais do que duvidoso. Em segundo lugar, mesmo depois de apurado, o Sporting poderia (e se calhar deveria) ter sido desclassificado devido às manobras de Paulo Pereira Cristovão (que aliás continuam por explicar em toda a sua extensão). Finalmente, convém recordar que os sportinguistas passaram a época a desmerecer e desvalorizar o Benfica, nomeadamente a sua conquista da Taça da Liga. Logo na altura eu disse e repeti aqui no blog: conquistar títulos não é fácil, todos os títulos são importantes e servem para alimentar o espírito de conquista.
Em anterior artigo caracterizei  o sentimento anti-benfiquista de muitos sportinguistas, que ultrapassa largamente a rivalidade e entra no plano do doentio, como esquizofrénico. Há sportinguistas - e não são poucos - que chegam a desejar a derrota do seu clube se dela resultar prejuízo para o Benfica. Por outras palavras, colocam o anti-benfiquismo (que não encontra explicações na realidade, pois tem sido do Porto a hegemonia quase completa do futebol português das últimas 3 décadas, por diversas vezes através de benefícios do sistema) antes do seu sportinguismo. Para esses e para os que atearam fogo ao Estádio da Luz, bem como para os que, em vez de condenarem terminantemente o ato selvagem e incivilizado, disseram "não se reverem" naqueles atos, dedico a vitória de ontem da Académica. Em relação aos outros sportinguistas, que sobretudo desejam as vitórias do seu clube, digo que temos pena. Acontece.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Entrevista do Presidente da Arbitragem

Vítor Pereira, Presidente do Conselho de Arbitragem, deu uma entrevista hoje publicada n' "A Bola".
Aconselho a respetiva leitura, sobretudo àqueles que têm cargos de responsabilidade no Benfica.

Deixando de lado aquilo que para mim é uma certa desresponsabilização dos árbitros e do seu próprio papel, nos erros a que todas as semanas se assitiu este ano, refugiando-se no "treino" que é ministrado e nos "testes" a que estes se submetem, destacaria o seguinte: Vítor Pereira assume que os árbitros foram sujeitos a uma enorme pressão e que se deixaram condicionar. Isto é de uma enorme gravidade, especialmente vindo do responsável pela Arbitragem.

Cito as palavras de Vítor Pereira, para que vejam que não estou a adulterar ou a subverter o que ele disse:

(a propósito da divulgação de dados pessoais dos árbitros)

"Foi uma coisa muito grave (...) logo que saíam as nomeações, os árbitros começavam a receber ameaças (...) que iam ao ponto de pôr em risco a integridade e a segurança física das famílias. (...) Isto criou uma grande instabilidade e levou os árbitros a (...) dizerem muito claramente, que se a situação continuasse assim, eles deixavam  de apitar, porque a situação estava a tornar-se insustentável".

Ora noutra parte da entrevista, Vítor Pereira admite que as decisões são condicionadas por estas e outras formas de pressão:

"(Questão d'"A Bola") - Muitos dos árbitros que estão a caminhar para o final da carreira parecem carregados de vícios e manhas, estão muito mais perto da geração anterior do que estavam quando começaram...
(resposta) - Não posso fazer nada. Os árbitros são seres humanos. E não digo isto para desculpabilizar os erros. Os árbitros ajustam-se ao meio ambiente e este é muito adverso. Têm de encontrar defesas. Hoje em dia, os árbitros não podem sair à rua (...) são agredidos (...) Há factores psicológicos de defesa, que levam os árbitros a atuar de acordo com as situações que lhes criam."

Penso que esta citação dispensa comentários e só confirma, através do testemunho do próprio Presidente do CA, o que há muito sabemos: os árbitros estão condicionados nas suas actuações. Daí o Benfica ter errado redundantemente quando anunciou aos 4 ventos que não falaria de arbitragem.

Quanto às questões dos observadores, Vitor Pereira, apesar de tentar iludir habilmente a questão, acaba por admitir a existência de um vasto problema ("procuraremos que os relatórios transmitam a verdade do jogo" - algo que, pelos vistos admite, agora não acontece), anunciando que "esse vai ser um dos grandes eixos de intervenção para o futuro". Neste momento, diz-nos, "a maioria dos observadores vêm o jogo ao vivo... Veem-no de longe sem pormenor (...) Há claras possibilidades de começar a ser implementado um sistema de observação mista, em que para além do observador ao vivo haja uma observação por via da televisão". Se por um lado isto parece um desenvolvimento positivo, por outro ... cuidado

Aliás, logo no início da entrevista ficamos a saber quão credível é o sistema: "Tivemos 5,72 % de jogos com desempenho abaixo da expectativa, com eventual prejuízo dos resultados finais, mais 3 % dos jogos onde houve eventuais erros disciplinares". E isto no total das duas divisões profissionais.

O que realmente seria uma boa notícia, caso se confirmasse, era a nomeação de árbitros estrangeiros de topo para apitar em Portugal: "estamos abertos a isso, desde que haja reciprocidade".

Sem comentários...

Lisboa, 17 mai (Lusa) - O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, considerou hoje que a nomeação do árbitro Pedro Proença para dirigir a final da Liga dos Campeões "enche todos de alegria e orgulho".
"É o reconhecimento, ao mais alto nível, das qualidades de Pedro Proença e daqueles que o têm acompanhado, que terão a oportunidade de dirigir o mais importante jogo entre clubes da Europa e, certamente, o mais mediatizado do mundo", afirmou o dirigente federativo ao sítio da FPF na Internet.
Para Fernando Gomes, este é "o momento (...) de estender esta congratulação à arbitragem portuguesa, que, apesar das constantes criticas internas, continua a dar mostras de vitalidade e qualidade, sendo objeto de admiração internacional".

terça-feira, 15 de maio de 2012

Resultados de sondagens - Assembleia Geral

Fizemos já aqui algumas sondagens. Apesar do número de participantes ter sido limitado, queria partilhar os resultados.
Jorge Jesus: a maioria dos participantes considerou que ele se deveria manter como treinador do Benfica na próxima época, até terminar o seu contrato.
Árbitros I: a grande maioria considerou que o que se passou este ano foi ainda mais descarado do que o que aconteceu durante os anos do Apito Dourado, pelos quais o Porto e Pinto da Costa foram condenados por corrupção.
Árbitros II: a pergunta era sobre o que deveria fazer o Benfica para moralizar a arbitragem. A resposta mais votada foi a de que o Benfica deve convocar uma Assembleia Geral para, entre os sócios, debater a questão e definir uma linha a seguir. Seguidamente as opções mais votadas foram: exigir a demissão de Fernando Gomes e Vítor Pereira, começar a usar na Luz os mesmos métodos (mais musculados) que outros usam nas suas casas, com menos votos, exigir a demissão de apenas Fernando Gomes ou apenas Vitor Pereira e por fim dar mais entrevistas a meios de comunicação social.

Comentário: é clara a convicção dos benfiquistas de que o campeonato perdido este ano, se bem que com alguma dose de culpas próprias, se deve sobretudo a arbitragens altamente tendenciosas. Houve por parte dos árbitros uma intenção que chegou a parecer flagrante de prejudicar o Benfica.

Nessa medida, torna-se necessária uma acção decidida e firme por parte da direcção. Não basta protestar é imperioso EXIGIR medidas que garantam que as coisas não se repetem no futuro. O Sporting foi prejudicado em um ou dois jogos e fez um ruído tremendo, com audiências junto do Secretário de Estado e lamentos que duraram toda a época. Depois vieram os benefícios em diversos jogos, sem os quais muito dificilmente estariam no Jamor. Pelo meio houve o caso Pereira Cristovão... O Porto foi prejudicado num lance de penalty (num jogo que até ganhou) e no dia seguinte o árbitro (Duarte Gomes) estava a fazer mea culpa no Facebook. Depois de perder em Barcelos, o treinador do Porto disse que "podiam entregar as faixas ao Benfica" e depois disso foi o que se viu...

Em conclusão, parece-me que a direcção deve tomar medidas para moralizar de vez a arbitragem. Se há coisa evidente, e que se percebe pelo parágrafo acima, é que os árbitros são altamente influenciáveis e permeáveis a pressões. Isto não é aceitável numa competição profissional.

A ideia de convocar uma Assxembleia Geral pode dar à direcção força e legitimidade para EXIGIR medidas de moralização. Se integrámos na sondagem a opção de uso de meios mais "musculados" na Luz, foi apenas no sentido de se fazer perceber aos árbitros que também não aceitaremos impavidamente que outros os usem e retirem disso benefícios, ao passo que nós, por os considerarmos ilegítimos e consequentemente não os usarmos, acabarmos por ser prejudicados. É portanto, mais do que outra coisa, pois não faremos aqui a apologia da violência (o desporto não é isso), uma forma de dizer que não andamos a dormir e não aceitaremos ser os bombos da festa.

Aliás, eu discordo da política dos jogadores não poderem falar com os árbitros ou reclamar das suas decisões (política que foi assumida pelo Benfica). Se olharmos para as equipas de Mourinho, ou mesmo o Barcelona e outras grandes equipas europeias (as inglesas são um pouco a excepção), vemos os jogadores pressionarem os árbitros.
Julgo que é também por sermos os "alunos bem comportados" que acabamos por ver nos ser aplicado um critério de rigor que não se usa contra outras equipas. Que outra equipa teve um jogador expulso por dar um murro na relva? Eu defendo que depois de uma decisão escandalosa como a de não assinalar o penalty em Coimbra, a equipa deveria - SIM, defendo-o - rodear o árbitro e exigir explicações. E no fim do jogo o mesmo. Mesmo que acabássemos o jogo com menos um ou dois, o espírito de grupo sairia reforçado e os jogadores descarregariam um pouco a sua frustração, não sentindo tanto (como aconteceu este ano) que era sempre COMER E CALAR. Por outro lado, o clamor público seria maior e da vez seguinte talvez os árbitros se sentissem menos à vontade para tomar determinado tipo de decisões.

Por fim, aproveito para lembrar que há uma nova sondagem. Para aqueles que quiserem participar está na barra direita.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O apagão

Este post estava escrito há muito, mas não o publiquei antes por falta de oportunidade. Aproveito agora o balanço do "Tempo Extra" de ontem (Rui Santos tem ultimamente dito muita coisa) para o fazer.

"Quando o Benfica aqui joga passam-se coisas do outro mundo" - Artur Moraes, após o jogo Braga-Benfica.

Há pouco menos de um ano, o Benfica assistiu ao consagrar do Porto como campeão na Luz. Foi um momento difícil para todos os benfiquistas. O que então alguém fez só serviu porém para nos diminuir. Foi um acto ridículo, que nos rebaixou ao nível de determinados adversários, incompatível com a história do Benfica e dos seus valores. Falo do apagão.

Alguns meses depois, na primeira volta do presente campeonato, passou-se em Braga algo de grave, que permanece por explicar e de que muitos benfiquistas já se esqueceram.

O Benfica vinha de uma grande série (apenas dois empates, em Barcelos e Antas) e estava a entrar muito bem nos jogos, marcando cedo. A vencer em Braga ficaria a faltar apenas a deslocação a Alvalade, das três mais difíceis do campeonato, com toda a segunda volta à frente.
O Benfica entrou muito bem no jogo, pressionando e ameaçando o golo. Veio então o primeiro apagão. Seguiu-se o segundo e o terceiro, para desespero dos nossos atletas. O Benfica viria a empatar o jogo, num remate fraco de Rodrigo que Douglão desviou do alcance de Quim, depois do Braga se ter adiantado, no fim da primeira parte, num penalty muito discutível (daquele tipo de que o Benfica nunca beneficiou este ano) assinalado por...Pedro Proença.

Muitos benfiquistas se indignaram (e bem) com este triste episódio de apagão, assim como com os constantes incentivos gritados pelo speaker através do sistema de som do Estádio, em pleno decurso do jogo. No que os benfiquistas se enganam é quando dizem que nenhum episódio do género aconteceu em Braga, aliás um dos mais modernos estádios portugueses, construído para o Euro 2004.

Ora isso não é verdade, porque um novo episódio deste género  aconteceu, precisamente na jornada passada. Falo do Braga-Porto.

Nesse jogo, que poderia marcar a subida do Braga de novo ao primeiro lugar do campeonato, ainda que à condição e à espera do que faria o Benfica em Alvalade, assistiu-se a um estranho apagão de alguns jogadores do Braga. Falo sobretudo de Hugo Viana.

Contra o Benfica Hugo Viana costuma fazer exibições impressionantes tendo já marcado golos das distâncias e os ângulos mais improváveis. Na anterior jornada, na Luz, não marcara mas colocara a bola de tal forma perigosa que Elderson só teve que encostar. No entanto, contra o Porto Viana a poucos metros da baliza não conseguiu nela acertar. Além do remate, Viana destaca-se pelo passe. Mas curiosamente neste jogo com o Porto o grande passe de ruptura que fez foi o que deu o golo do Porto. São situações que se enquadram num padrão de coincidências que teima em se verificar.

Alan e Mossoró, contra o Benfica também sempre tão perigosos e aguerridos (Mossoró chegou a socar Cardozo por trás, há dois anos, ao passo que Alan acusou Javi Garcia de racismo), também se apagaram contra o Porto. De Alan até se disse que se teria ressentido da lesão e da paragem, tão fraca foi a sua prestação. Leonardo Jardim aliás substituiu-o aos 68m. O que é curioso é que Alan já jogara (e que bem) na Luz, na semana anterior.

Houve um jogador que não se resignou. Tratou-se de Lima. É curioso observar quão diferente foi a sua linguagem corporal de outros jogadores do Braga. Tentou, correu, foi perigoso, exactamente como fez na Luz, onde criou várias ocasiões, uma das quais até talvez parada ilegalmente por Javi Garcia no limite da linha de grande área. E nas antas fez o mesmo, tendo marcado dois golos.

Nas bancadas do Axa o ambiente também foi desde o início sorumbático e resignado, muitíssimo diferente de quando ali joga o Benfica. O próprio speaker esteve estranhamente silencioso durante quase todo o jogo.

No futebol português há muitas coisas estranhas.


Adenda: Temos que dar os parabéns a Pedro Proença pela nomeação para a final da Champions League e desculpá-lo pelo mal que nos fez esta época. Afinal de contas, ele sabia muito bem o que estava a fazer, porquê e para quê... Parabéns também a Platini... Num ano em que fez arbitragens como fez (Braga-Benfica, Benfica-Porto, Nacional-Sporting, Porto-Sporting), Proença está a ser premiado por o quê, exactamente? Platini saberá.

domingo, 13 de maio de 2012

Como é emocionante o futebol quando não há batota

Parabéns ao Manchester City, campeão com dois golos já nos descontos. O título inglês foi disputado até aos últimos minutos do último jogo e conquistado dentro de campo, pelos protagonistas - os jogadores. Foram eles, sobretudo Aguero com um golo pleno de classe e frieza, a decidir quem viria a festejar no fim. E que festa emocionante a dos adeptos do City. Quão diferente de cá do burgo, onde os artistas são outros...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O que é o "sistema" - Parte II

Descrevi no anterior post o que é o sistema na sua face mais visível: o poder do futebol, que, através da posição consolidada durante 30 anos de Pinto da Costa, do Presidente da Federação, Fernando Gomes, ex-Administrador da Porto SAD e de Joaquim Oliveira, patrão da Controlinveste, está totalmente desequilibrado em favor do Porto. Da influência de Joaquim Oliveira convém ainda aqui reiterar que, através do seu controlo da TSF, JN, DN, "O Jogo" e Sporttv, ele se exerce de forma tripla:

  1. quer influenciando os clubes e impondo os nomes daqueles que lhe são próximos para cargos dirigentes;
  2. quer através da opinião que vai modelando no público do futebol, através da cobertura tendenciosa e pró-porto que os seus órgãos de comunicação social promovem (sobretudo o seu "Tribunal" d' "O Jogo" mas também as análises de Freitas Lobo que "não fala de arbitragens" e até, em muitos casos, os relatos da TSF, para não falar do caso caricato do JN);
  3. quer ainda através da criteriosa selecção dos lances de "dúvida" que a Sporttv faz e que são utilizadas pela Comissão de Análise da Liga para avaliar os árbitros.
Pretendo agora referir-me à outra peça, mais oculta e talvez ainda mais perniciosa do "sistema" (absolutamente corrusiva para a verdade desportiva e o futebol português): a avaliação e classificação dos árbitros.

Em Portugal existem 25 árbitros de primeira categoria e 9 internacionais.
Só os árbitros de primeira categoria podem apitar jogos profissionais. Só os internacionais podem apitar jogos organizados pela UEFA e a FIFA.

Para perceber a importância disto, há que entender que , ao contrário do que se pode pensar, a arbitragem é bem paga:
1.272 euros por cada jogo na I Liga, 890 na Honra, a que acrescem 118 euros se o jogo for durante a semana e 400 euros mensais de "subsídio de treino". Ou seja, um árbitro pode facturar uma média de 3.700 euros mensais (brutos). Isto fora jogos europeus. Para um trabalho em part-time, não está mal.
Mas, para alcançar tal estatuto, o árbitro precisa de uma coisa: boas avaliações. Isto mesmo nos dizem os regulamentos da Liga:
"Ao atingir o 3ª escalão nacional, o árbitro passa a ser promovido em função do relatório dos observadores. Na 2ª categoria a passagem para o escalão mais elevado requer, além de relatórios positivos dos observadores, a realização de testes físicos e escritos."

Chegamos então a estas personagens centrais do nosso futebol, aqueles a quem os destinos das competições estão em última análise confiados: os misteriosos observadores.

Com efeito, é com base nas avaliações feitas por eles que é elaborada a classificação dos árbitros. No final de cada jogo, o observador faz um relatório, onde assinala os "casos" e atribui uma nota à arbitragem.

E é aqui que está o busilis da questão.
Os árbitros portugueses não estão preocupado em realizar boas arbitragens, em ser imparciais e justos. OS ÁRBITROS PORTUGUESES, SE QUISEREM TER BOAS CARREIRAS, TÊM ANTES DE MAIS NADA DE AGRADAR AOS OBSERVADORES.

E quem nomeia e controla os observadores? Nominalmente é o Conselho de Arbitragem, que por sua vez depende de Fernando Gomes... Mas, como se isto não bastasse, há ainda que referir que a Comissão de Análise (órgão do Conselho de Arbitragem que pode rever o rigor dos relatórios dos observadores) se baseia ... nas imagens das televisões, SPORTTV sobretudo. A qual é controlada por... Joaquim Oliveira.

Todos sabem onde está o poder e todos compreendem qual o seu lugar neste sistema. Há eminências pardas a quem ninguém quer desagradar. Para que o haveriam aliás de fazer? Para verem as suas carreiras conhecerem um final antecipado?

Mas há ainda outros aspectos do secreto mundo dos observadores que devem ser denunciados.

Vejamos. Existem 30 observadores da primeira categoria. Porém, não deixa de ser curioso que, desses 30, apenas um seja de Lisboa.
Já do Porto existem 3, assim como de Braga. Também de Leiria (onde, como sabemos, há uma paixão enorme pelo futebol, conseguindo o clube local assistências de 300 e 500 pessoas por jogo...) são oriundos 3 observadores. Um pouco mais a norte, em Coimbra, o número passa para 6. Será impressão minha ou há aqui algo que não bate certo?

Havendo várias explicações possíveis para isto - não especularei sobre as razões - o que salta à evidência é que mais uma vez, no capítulo chave dos observadores o poder inclina-se para o Norte.

Mas mais importante ainda do que a Associação de onde são oriundos é, a meu ver, a questão dos relatórios continuarem a ser confidenciais. Porquê? A quem aproveita essa falta de transparência?

No entanto, os regulamentos são absolutamente claros sobre este ponto (artigo 19º da Arbitragem):

"1. Os relatórios dos observadores serão dados a conhecer aos respectivos árbitros e árbitros assistentes no prazo máximo de cinco dias úteis após a realização do jogo, obrigando-se os mesmos a guardar confidencialidade.
2. Os relatórios dos observadores serão, igualmente, dados a conhecer aos Clubes, a pedido destes e com referência aos jogos em que tenham participado, no prazo máximo de cinco dias úteis após a realização dos jogos a que disserem respeito, obrigando-se os mesmos a guardar a inerente confidencialidade."


Curiosamente, quando o Sporting ou o Porto são alegadamente prejudicados pelas arbitragens, à segunda-feira já todos sabemos que os árbitros em causa tiveram avaliações negativas, às vezes as piores da época. Já quando, semana após semana, o Benfica é autenticamente espoliado de pontos, nada se sabe.

Isto, meus amigos, é o sistema. Considero que o meu trabalho, está, sobre esta temática e pelo momento, concluído. Gostava que o meu clube estivesse atento a estas situações e fizesse também o seu. Por exemplo: quantas vezes foram solicitados os relatórios dos observadores? Talvez se o Benfica estivesse mais activo nestas matérias, os seus adeptos tivessem menos desgostos.

Dar entrevistas na praça pública é importante e pode ter algum efeito, mas se não se mexer nestes meandros nada se conseguirá. O Benfica tem que iniciar uma luta sem descanso pela transparência no futebol português. É preciso que pessoas como Proença, Olegário, Soares Dias e outros não voltem a apitar, sobretudo jogos do Benfica. E que os que os substituirem não tragam a mesma atitude, a mesma vontade de agradar a quem manda, a custo dos nossos resultados e dos nossos sucessos desportivos.

Os observadores têm que ser nomeados de forma isenta, às claras e os seus relatórios têm que ser tornados públicos! O mesmo tem que suceder com as regras para as transmissões televisivas.

É preciso transparência, coerência e equidade no futebol. É tempo de o EXIGIR.



quinta-feira, 10 de maio de 2012

O que é o "sistema"? - Parte I

1. A expressão "sistema", aplicada à falta de verdade desportiva no futebol português foi pela primeira vez usada por Dias da Cunha, ex-presidente do Sporting.

Para ele, o "sistema" tinha "dois rostos: Valentim Loureiro e Pinto da Costa" (entrevista à RTP, 2004). Mais tarde acrescentaria um terceiro: Joaquim Oliveira, então patrão da Olivedesportos e portanto da Sporttv.

Oliveira é hoje dono da Controlinveste, que detém participação maioritária nos seguintes orgãos de comunicação: "O Jogo", TSF, "Diário de Notícias", SPORTTV, "Jornal de Notícias" e ainda participações na Agência Noticiosa Lusa e na Agência de viagens Cosmos (agente oficial UEFA para a Península Ibérica). Nos últimos tempos Joaquim Oliveira tem cultivado as relações com o poder político e ganho uma aura de maior respeitabilidade.

Fica assim caracterizada a primeira peça do sistema.

2. As suspeitas levantadas por Dias da Cunha (na verdade o que se passava estava à vista de todos), as denúncias que o presidente do Benfica Luís Filipe Vieira fez (disse ter entregue um dossier à PJ) e as acusações de Carolina Salvado levaram ao processo Apito Dourado, que culminou com várias condenações. Estranhamente porém, o processo é "parado" na relação do Porto, conduzindo à impunidade dos condenados. Não sou eu que o digo:

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=45649

De qualquer forma, e através da coragem de Hermínio Loureiro, há um processo disciplinar autónomo (Apito Final) que, ainda que demasiado brandas, impõe condenações aos clubes corruptores, nomeadamente o Porto (e seu presidente) e o Boavista.

Pinto da Costa é castigado e o seu poder no futebol parece desagregar-se. Parece finalmente iniciar-se uma era de transparência e responsabilização no futebol português. Puro engano.

3. Trinta anos depois, o sistema assume uma nova vida. Com - é importante dizê-lo - a colaboração passiva do Benfica, que acreditou demasiado ingenuamente em histórias da "carochinha". Com efeito, o Benfica cometeu um erro colossal ao apoiar Fernando Gomes para a presidência da Liga (e agora da Federação), acreditando que a suposta "zanga" entre este e Pinto da Costa era um sinal de que Gomes defendia a transparência. A dimensão desse erro manifestou-se logo no primeiro acto oficial de Fernando Gomes como presidente da Liga - a demissão de Ricardo Costa, então presidente da Comissão Disciplinar da Liga. Com essa acção, Gomes mostrou desde logo a todos os agentes do futebol onde estava o poder e implicitamente deu razão ao Porto e às suas queixas quanto ao "túnel", às vigílias e a outros momentos lamentáveis do futebol português. Castigos ao Porto pelo ambiente de terror, bolas de golfe, apedrejamentos, galinhas em campo e outros comportamentos inqualificáveis nem vê-los.

(A este propósito, um à parte: Rui Moreira, antes de abandonar o Trio d'Ataque da RTP, defendeu que Hulk não poderia ser castigado, baseando-se na tese de que os stewards não são agentes do jogo. O que os agredidos deveriam fazer, disse Rui Moreira na altura, era apresentar queixa junto do Ministério Público. Ora, quando a imprensa noticiou que o Ministério Público decidira avançar com processos-crime contra os jogadores do Porto, Moreira escreve, na sua crónica d' "A Bola", que estamos perante uma "vergonha". Fica tudo dito sobre o carácter e a honestidade mental desta figura pública.)

4. A conclusão é que o capital conquistado pelo Benfica com a vitória no campeonato em 2010, o élan daí resultante, tudo se perde. A mensagem de Fernando Gomes tinha passado e os árbitros haviam-na compreendido. A época "perfeita" do Porto de Villas-Boas muito se ficou a dever ao conforto que desde cedo a sua equipa sentiu, como quem tem as costas quentes, com arbitragens inqualificáveis nas primeiras jornadas do campeonato que quase nos arredaram do título.

5. Mas para além dos poderes fácticos do futebol português (Pinto da Costa, Fernando Gomes e Joaquim Oliveira) continuarem a manter vivo o sistema, há um outro poder, igualmente iníquo, mais discreto e talvez ainda mais eficaz, que o perpetua e assassina a verdade desportiva no futebol português. Esse poder será objecto do próximo post.


Ver também:

O que é o sistema - Parte II.
O sistema - as transmissões televisivas.

terça-feira, 8 de maio de 2012

O despertar tardio

Antes tarde do que nunca, costuma dizer-se, mas de facto desta vez os responsáveis benfiquistas acordaram demasiado tarde para a realidade que os árbitros (certamente com cobertura dos poderes dirigentes do futebol) resolveram esta época criar. De facto, muitos benfiquistas há algum tempo que advertiam que se estava a montar um "caldinho". Assim que Jorge Jesus e a equipa facilitaram, os árbitros aproveitaram a deixa. A direcção deveria ter falado quando o Benfica estava em 1º lugar e não apenas quando o título estava praticamente perdido.
Entretanto surgiu Jesus a dizer que sem habilidades o Benfica seria campeão, António Carraça, a dizer que queremos ganhar limpo e ainda João Gabriel a afirmar que o campeonato era um tributo dos árbitros e que não necessitávamos de mudar de treinador mas sim de árbitros.
Entretanto ontem Rui Gomes da Silva afirmou que Fernando Gomes tem que se demitir, pois é o responsável máximo pelo que se passou e não está a actuar de acordo com os pressupostos que motivaram o apoio do Benfica: verdade, seriedade, transparência.
Finalmente hoje Vieira terá, de acordo com o "Correio da Manhã" cancelado a participação da equipa num torneio em Angola, em retaliação pelo jantar, que vários blogs já haviam denunciado, entre Joaquim Oliveira, Pinto da Costa, Miguel Relvas e Fernando Seara após o jogo Benfica-2 Porto-3.
É de facto um jantar estranho e algo inexplicável. Em particular a presença de Fernando Seara. É por estas e outras que Seara nunca chegou nem chegará a um lugar de decisão no Benfica.
Mas em relação ao Ministro, sportinguista e coadjuvado por um chefe de gabinete portista, a sua pasta, embora não organicamente mas na prática, acaba por tutelar o Secretário de Estado do Desporto, pelo que, apesar de não gostarmos, tem direito a jantar com Pinto da Costa. Fica portanto a dúvida sobre se Vieira cancelou a digressão apenas por este jantar ou por outros factos que neste momento não conhecemos.
Seja como for, é evidente a agitação e o desconforto no seio da estrutura benfiquista. A manifestação de indignação vem tarde, porque se tivesse sido atempadamente expressa talvez os árbitros não se atrevessem ao despudor que realizaram até à penúltima jornada do campeonato. De qualquer forma é melhor do que o silêncio, tem sido firme, clara e directa nas denúncias  - e isso merece elogios.
Mas atenção, denunciar, protestar, falar não chega. Há que exigir mudanças. Fernando Gomes tem que sair, diversos árbitros têm que ser irradiados. O Benfica não pode deixar cair o caso Pereira Cristovão. Caso contrário, para o ano todos se farão de sérios, deixar-nos-ão esquecer do que se passou esta época e, quando nos apanharem distraídos, tal como este ano, atacarão de novo.
É preciso um novo começo, partir do zero, com novas caras, total transparência e sem trapaças. Um começo limpo. Caso contrário não vale a pena. Caso contrário o Benfica deveria ponderar medidas extremas. Sem verdade desportiva o futebol em Portugal já cansa.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Proença, o benfiquista



Pedro Proença, o árbitro, é um grande benfiquista e é por isso que o Porto tanto gosta dele.
Proença é, segundo se diz por aí, um dos melhores árbitros portugueses.
Eu diria de outra forma: Proença é um dos maiores expoentes da árbitragem portuguesa.
Proença, que este ano conseguiu afastar o Benfica do título, colocar o Sporting na final da Taça de Portugal e finalmente participar na festa de consagração do Porto, tem interessantes estatísticas.
Em 23 jogos que nos apitou, o Benfica conseguiu apenas 10 vitórias, 7 empates e 6 derrotas. Em jogos grandes (e conto aqui o Boavista no Bessa na época seguinte a ser campeão, assim como os jogos com o Braga nas últimas épocas), em 8 jogos com Proença a comandar, o Benfica tem o seguinte saldo: 1 vitória (contra o Braga na Luz), 4 empates e 3 derrotas (duas com o Porto e uma com o Sporting). Nesses 8 jogos Proença expulsou 4 jogadores do Benfica e assinalou 4 penalties contra a nossa equipa, deu um vermelho aos nossos adversários e não assinalou nenhum penalty a nosso favor. Em todos os 23 jogos, Proença só viu 3 penalties a nosso favor mas 7 contra. É curioso.
Já em relação ao Porto, o saldo é outro: 26 jogos, 14 vitórias, 11 empates e 1 (uma) derrota. Proença só viu 2 penalties contra o Porto mas 5 a favor. Em termos de vermelhos, Proença mostrou-o por 8 vezes aos adversários do Porto mas apenas 1 (uma) ao clube de Pinto da Costa. Em jogos grandes, Proença nunca deu um vermelho ou assinalou um penalty contra o Porto. Mais do que curioso, é admirável.
Pedro Proença é de facto um grande árbitro, talvez mesmo o melhor de todos os tempos.

Hóquei em patins

O Benfica perdeu o campeonato de voléibol, um enorme desapontamento considerando que mostrou durante a época ser a melhor equipa e que ao longo do playoff teve oportunidades para vencer a final, tendo acabado por a perder em casa. Parece que certas falhas de mentalidade, espírito competitivo e de conquista que se notam no futebol se verificam também em certas modalidades.
Por outro lado, em futsal, o Benfica venceu este fim de semana a Taça de Portugal, o que tem a sua importância, considerando que o clube precisa de títulos como de pão para a boca e que nesta modalidade já tínhamos vencido a supertaça. Fica a faltar o campeonato.
Campeonato que está ao alcance numa outra modalidade: o hóquei em patins. De facto, o Benfica está em primeiro lugar a poucas jornadas do fim e receberá o Porto na penúltima.
No entanto, a notícia deste fim-de-semana relativa ao hóquei é a de que o Porto venceu por 7-6 o Juventude de Viana. Isto depois de ao intervalo o resultado ser de ... 6-1 para o Juventude!
Eu não vi o jogo mas a cambalhota no marcador, face aos actores do costume, dá que pensar... Já ouvi aliás rumores de que terão existido algumas anormalidades, isto é algumas arbitrariedades.
Tenho falado muito da época futebolística mas a verdade é que o mesmo que ali acontece está-se a passar noutras modalidades, com especial destaque para o hóquei. Começa a ser doentio o estado de falsidade desportiva que grassa no desporto português. Ninguém estará atento a esta realidade?
E por aqui fico, porque me começo a lembrar do árbitro Pedro Proença e não quero estragar o meu sono numa altura em que a noite já vai alta.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O sistema - as transmissões televisivas.



Já por mais do que uma vez prometi a quem segue este blog aqui escrever sobre o que é o "sistema". Não o fiz ainda porque tenho a pretensão de escrever um artigo que seja simultaneamente claro e revelador, completo e objectivo.
Para tal efeito, tenho levado a cabo uma pequena investigação. Digo pequena porque a maioria dos dados estão à disposição de quem os quiser consultar e não exigem uma particular vocação de detective. Exigem, outrossim, que uma pessoa se dê ao trabalho de os conhecer e, na sua posse, ser capaz de ligar as coisas. Face à evidência de que ano após ano o Porto é constantemente beneficiado pelas arbitragens (ao ponto de ser, em termos comparativos, de longe o clube mais dominador no futebol mundial) recuso-me a, como alguns fazem, encolher os ombros, dizer que é "estranho" e defender que o Benfica é que deveria jogar mais, porque aí não haveria prejuízo arbitral que valesse.
Não, peço desculpa mas ainda não existe uma regra no futebol que diga que, para vencer, uma equipa tenha que jogar o dobro e o triplo das outras.
Esta tem sido uma posição clara deste blog e continua-lo-á a ser.
Ora ainda não sendo este o post em que melhor caracterizarei o "sistema" na sua globalidade, queria no entanto desde já abordar um dos seus aspectos, nunca devidamente valorizado pelos comentadores da realidade futebolística portuguesa: as transmissões televisivas.
Já tenho anteriormente notado que os programas de análise e comentário televisivo são por regra desfavoráveis ao Benfica. O "aqui d' El Rei" que se levanta quando o Benfica é alegadamente beneficiado (e o prolongado silêncio a este respeito bem mostra quanto este campeonato foi tendencioso) não tem paralelo quando o Porto é beneficiado, algo que aliás acontece sistematicamente. Nesses casos assiste-se ao silêncio cúmplice da generalidade dos comentadores. Assim se cria a mentira de que o Benfica é beneficiado pelas arbitragens. A este propósito, reconheça-se aliás a coragem de Rui Santos que, goste-se ou não, tem vindo nos últimos anos a dizer várias verdades. No passado Domingo, Rui Santos teve a frontalidade de (a propósito das arbitragens e em especial da última jornada) dizer com todas as letras: "este campeonato é uma farsa".
Há porém algo que deve ser acrescentado no que toca às televisões e que é de uma importância ainda maior. É que, de acordo com o Regulamento da Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol, a Comissão de Análise (que é um dos orgãos que avaliam as arbitragens) faz a sua apreciação "com base na gravação integral dos jogos transmitidos pelos operadores legalmente autorizados (RTP, SIC, TVI ou SPORTV)".
Ou seja, as imagens que as televisões (e muito em particular a SPORTTV, que transmite a esmagadora maioria dos jogos) seleccionam são um factor importante para a avaliação e classificação dos árbitros e, em última análise, para a avaliação que a Comissão de Arbitragem certamente não deixará de fazer sobre os benefícios e prejuízos dos clubes.
Agora eu pergunto-me, quem não reparou ainda que os lances na área do Benfica são repetidos de todos os ângulos, com câmera lenta e imagens paradas, até à exaustão, ao passo que na área contrária por vezes nem uma repetição é dada, obrigando os benfiquistas a partilharem em redes sociais imagens dos lances que alguém por mero acaso conseguiu obter. E em relação ao Porto então nem vale a pena falar.
Quem acredita que isto é inocente?

Uma nota final: iniciei este blog em Março, quando o campeonato estava ainda em aberto. O que então escrevi acerca da necessidade de defesa do Benfica contra o sistema e em nome da verdade desportiva parece-me hoje quase premonitório do que vinha a caminho. Mais do que nunca, parece-me hora de os benfiquistas em conjunto, sócios, direcção e profissionais de futebol, se unirem numa batalha, leal mas sem tréguas, que só pode ser dada como terminada quando o sistema que ameaça de morte o futebol português for totalmente exposto, desmontado e derrotado.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Entrevista de Jorge Jesus

Numa entrevista hoje dada a "A Bola", Jorge Jesus diz querer continuar no Benfica, onde está de alma e coração. Admite erros, nomeadamente o de ter colocado demasiados "ovos" na Champions quando a prioridade deveria ter sido o campeonato. Refuta porém qualquer falta de motivação ou de dedicação e descarta em absoluto uma ida para o Porto.

São considerações interessantes e que confirmam muito do que temos vindo a dizer neste blog (Jesus tem muitas vezes "mais olhos do que barriga" e faz opções demasiado arriscadas, quase suicidas).

Porém talvez ainda mais importante é que JJ coloca o dedo na ferida, como também aqui temos insistentemente feito, no que respeita à arbitragem. Diz ele: "Mas por que razão os critérios para a marcação de penalties são uns para o Benfica e outros para outro clube? Há alguma razão? Porque é que uma mão na nossa área é sempre motivo para a marcação de um penalty e na área adversária nunca é?" E continua, assinalando outro aspecto que também já tinha apontado, que é o do desgaste que os contantes roubos (não se trata de outra coisa) provocam nos jogadores: "os erros de arbitragem afetam desde logo a motivação dos jogadores nos jogos seguintes e, em consequência, o rendimento daqueles. A revolta e indignação na maioria dos casos retira tranquilidade e provoca um desgaste anímico muito grande"; e, adiante: "a dado passo há um desgaste e cansaço psicológico que é difícil contrariar. Quando os jogadores interiorizam que estão a ser prejudicados e que não conseguem sair daquela situação, como é que isso se resolve?". Jesus diz ainda sobre o castigo de Aimar: "como é que se explica a um jogador que vai ficar de fora dois jogos por uma entrada dura mas leal, enquanto todos os restantes jogadores que foram expulsos durante a época apanharam apenas um jogo, que um jogador que agrediu outro a soco levou apenas um jogo. Tudo isto pesa, não tenha dúvidas".
Jesus disse quase tudo e se não disse mais foi para evitar, como inclusivamente admitiu, ser castigado pelos poderes iníquos do futebol português que, em vez de combaterem situações de grosseiras adulterações da verdade desportiva, ainda castigam que as denuncia.

Penso que os benfiquistas devem entender que enquanto o sistema vigorar no futebol português, o Benfica só será campeão quando for esmagadoramente superior aos seus adversários. Isso só acontece uma vez em cada quatro ou cinco anos, ou mesmo mais. E mesmo assim, sendo muitíssimo superior em campo, ganhará, como aconteceu há 2 anos, apenas tangencialmente, na penúltima ou última jornada. Por outro lado, quando os nossos adversários nos forem superiores, como foi o caso do ano passado, vencerão com 15 ou 20 pontos de avanço sobre nós, como sucedeu no ano passado.

As coisas têm que mudar no futebol português, mas não com estes árbitros, não com estes dirigentes. A sua credibilidade, se alguma vez existiu, está totalmente esgotada. Quer o treinador, quer os jogadores do Benfica sabem que entram em campo já em desvantagem. Olegários, Jorges Sousas, Capelas, Proenças, Miguéis e tantos outros não têm honorabilidade para arbitrar jogos. Só quando forem erradicados do futebol, juntamente com as estruturas que os condicionam e comandam, poderá haver justiça e o melhor vencerá. Esta verdade tem que ser assumida sem rodeios pelo Benfica - ontem já era tarde - e daí serem retiradas consequências. É preciso uma limpeza completa no futebol português, a começar com o Presidente da Federação, Fernando Gomes, cuja saída é uma condição sine qua non para a recredibilização do campeonato nacional. Caso contrário, volto a insistir, não vale a pena sequer competir.

Em rigor, esta é uma batalha em que não cabe ao treinador do Benfica estar na linha da frente. Aguardam-se notícias sobre o que estão o presidente e a estrutura dirigente do Benfica a fazer neste domínio.

terça-feira, 1 de maio de 2012

É inevitável falar de arbitragem

O previsível aconteceu mas não sem que o Benfica fosse de novo, mais do que prejudicado, insultado. Não vale sequer a pena recordar o que se passou e enunciar os lances. Mais uma vez eu pergunto a todos os que dizem não acreditar que os árbitros errem deliberadamente: é possível não ver aqueles lances? E como não é e as imagens das televisões inclusivamente mostram que o árbitro os viu perfeitamente, eu pergunto de seguida: é possível ter duas interpretações sobre aqueles lances? Lamento mas não é e aqui acaba (como aliás já tinha sido patente em Alvalade e em inúmeros jogos do Porto) qualquer dúvida sobre a intencionalidade dos árbitros em beneficiar o Porto e prejudicar o Benfica.
Sinceramente (eu sei que corro o risco de me tornar repetitivo mas tenho que o dizer) não me lembro, nem em Portugal nem noutro país de ver arbitragens tão escandalosa e continuadamente tendenciosas. A desvergonha é completa. Este campeonato é a maior farsa do futebol português. Ele demonstra que os árbitros não apenas podem fazer mas de facto fazem um campeão.
No Porto todos se riam. Eles próprios sabem que nada disto é sério e que a sua vitória tem pouco mérito. Mas o seu ódio ao Benfica é de tal ordem que na sua mentalidade tudo fica justificado. Mais do que uma vitória no campeonato, os portistas festejam o Benfica tê-lo perdido.
Com culpas próprias? Certamente - já o disse e farei em breve o meu balanço final da época, apontando o que considero terem sido falhas imperdoáveis que tornaram possível esta situação.
É indiscutível que se o Benfica tivesse entrado em Guimarães como devia e vencido esse jogo seria já muito difícil tirarem-nos o campeonato. Mas não o é menos que a partir daí, assim que sentiram a mínima fraqueza da nossa parte, os árbitros nos caíram em cima de uma forma que eu julgava possível apenas em países do terceiro mundo, onde a opinião é controlada e não há suficiente massa crítica para desmascarar situações de flagrante manipulação, como foi o caso deste ano.
Este campeonato é uma vergonha. O futebol português, vidé também o caso do União de Leiria, está a bater no fundo.